A lei e a fé - Carta aos romanos

Aceitos por Deus

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Agora que fomos aceitos por Deus por meio da fé, temos paz com ele por intermédio de Jesus Cristo, o nosso Senhor. Foi Cristo quem nos trouxe, pela nossa fé, para a graça de Deus; e agora nós continuamos firmes nela. Portanto, nos alegramos na esperança de participar da glória de Deus. E também nos alegramos nos sofrimentos, pois sabemos que os sofrimentos produzem a paciência, a paciência traz a aprovação de Deus, e esta aprovação cria esperança. (Capítulo 5 – versículos 1 a 4).

Participante: Esperança de que?

De viver na glória de Deus. De viver a vida espiritual pelos valores universais; viver a felicidade universal.

Paulo é bem claro: é preciso passar pela situação de sofrimento com amor universal (incondicional). Desta forma de reagir aos acontecimentos da vida surge a paciência para esperar o retorno ao mundo espiritual.

Agora, se o ser humanizado passa por estas mesmas situações gritando, brigando, exigindo seus direitos, esta postura sentimental não produzirá a paciência necessária. Com isso, cada vez mais brigará e gritará, exigindo sempre mais para satisfazer o individualismo que fundamenta as formações mentais do ego.

A única forma de se reformar é alterar a forma como se vivencia as situações ditas como de sofrimento através do amor incondicional. Esta forma de agir traz a paciência necessária para a espera do retorno à sua plenitude espiritual. Quando não se reage dessa forma, ou seja, exige-se o contentamento ainda durante a carne, não se atinge a bem-aventurança.

Essa esperança não nos decepciona, pois Deus tem derramado o seu amor nos nossos corações, por meio do Espírito Santo, que ele nos deu. (Capítulo 5 – versículo 5)

Quando Paulo afirma que a esperança gerada pela reação com o amor incondicional à todos os acontecimentos da vida não decepciona quer dizer que a forma de viver espiritualmente os acontecimentos da existência não decepciona aquilo que é imaginado como tal: a vida num paraíso, a felicidade incondicional, a glória eterna...

Mas, para poder atingir tudo isso, o ser universal precisa começar a treinar (tentar realizar) quando encarnado. Quando de retorno à consciência dita espiritual (após a libertação da ligação à identidade temporária humana), não há como ser alcançada tal forma de viver.

É preciso se treinar a forma espiritual de ser (aprender a amar universalmente) durante a encarnação porque, depois dela, não há como alcançar a plenitude da existência espiritual, a não ser como desintoxicação (abandono dos conceitos humanizados de uma determinada encarnação) para poder assumir uma nova identidade (encarnação). Como o Espírito da Verdade diz a elevação espiritual só se consuma durante a encarnação.

Porque, quando éramos fracos para fazer o bem, Cristo morreu por nós, os maus, no tempo escolhido por Deus. (Capítulo 5 – versículo 6).

“Quando éramos fracos para fazer o bem”, ou seja, quando fazíamos o bem objetivando primariamente satisfazer os nossos próprios conceitos de certo e errado, bonito e feio, etc. Cristo se entregou à cruz para que o mal (o individualismo, a vontade de se satisfazer mesmo quando se serve o próximo) acabasse e o ser humanizado pudesse se regozijar na glória de Deus.

Participante: Achei interessante quando ele diz que Cristo morreu no tempo escolhido por Deus. Quer dizer que o Pai já sabia que ele iria morrer na cruz como aconteceu.

Sim. Deus sabia antes do próprio início da encarnação Jesus Cristo (nascimento) que ela acabaria da forma que terminou.

Como ensina o Espírito da Verdade, ninguém morre antes ou depois da hora pré-determinada pelo Pai. Além disso, lá também se afirma que Deus conhece o gênero da morte de cada ser humano e o espírito pode também sabê-lo. (O Livro dos Espíritos – pergunta 853a). É por isso que Cristo sempre afirmou que seria crucificado...

Para aqueles que vêem nesta situação um ato de injustiça, pergunto: se Deus e Cristo sabiam, por que eles não mudaram a situação? Por que não agiram de forma diferente para que isso não acontecesse? Porque tudo tinha que acontecer daquele jeito e naquela hora.

Apesar deste conhecimento já ter pertencido a Paulo há mais de dois mil anos e, posteriormente ter sido trazido através de Allan Kardec, a humanidade ainda continua acusando os judeus, os romanos, Judas e Pilatos como traidores, injustos e assassinos.

É difícil que alguém morra por uma pessoa que obedece às leis. Pode ser que alguém tenha a coragem de morrer por uma pessoa boa. Mas Deus nos mostrou o quanto nos ama: quando ainda éramos pecadores, Cristo morreu por nós. E agora, já que fomos aceitos por Deus por meio da morte de Cristo na cruz, com muito mais razão ficaremos livres, por meio dele, do castigo de Deus. Éramos inimigos de Deus, mas ele nos fez seus amigos por meio da morte do seu Filho. (Capítulo 5 – versículos 7 a 10)

Ou seja, por meio daquele que passou, mesmo que ilusoriamente, pelas conseqüências de toda a ação individualista (julgar a parti de conceitos próprios) dos seres humanos.

Agora que somos amigos de Deus, com muito mais razão seremos salvos pela vida de Cristo. Além disso, nós nos alegramos por causa daquilo que Deus fez por meio do nosso Senhor Jesus Cristo, que agora nos tornou amigos de Deus. (Capítulo 5 – versículos 10 e 11).

Os seres universais se tornam amigos de Deus, quando priorizam este relacionamento em detrimento do relacionamento consigo mesmo. Ou seja, quando, acima de seu próprio interesse, o ser vivencia a glória de Deus, então se tornou amigo do Pai.