Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

O trabalho é de observar as verdades que a mente cria

Estão entendendo a prática do trabalho que estamos realizando? Estão conseguindo alcançar a importância destas conversas? É por conta desta condição para ser feliz (abandonar a ilusão da ação) que disse na última semana: quem não estiver disposto a mudar-se não nos ouça mais.

De nada adianta ficarmos discutindo apenas teoria. O que precisamos conversar, e muito, é sobre a prática.

O que é um trabalho? Como se vive o emprego? Há alguma função que nos afaste da felicidade incondicional? É isso que precisamos conversar para ajuda-los a viver a felicidade incondicional.

Sei que vocês que estão aqui têm tentado colocar em prática os ensinamentos, mas não conseguem. Por exemplo, sabem que eu disse que é necessário viver o presente, no presente, pelo presente, só que não sabem como coadunar isso, por exemplo, com a questão do julgamento ou fechar um contrato de venda como conversamos agora pouco.

O que precisam entender é que por si só vocês não são capazes de levar a teoria para a prática. É por isso que estou realizando estas conversas. Depois que já mostrei toda a teoria sobre o ser feliz, o que pretendo é conversar sobre a prática para poder orientá-los na busca da felicidade.

Uma pessoa acabou de me falar que a ação esperada no emprego dele é julgar os outros. Outra pessoa já me disse que o seu é negociar. A partir disso, vamos tentar entender como julgar ou como negociar mantendo a felicidade incondicional. É isso que é importante.

 Participante: quando somos autônomos, ganhamos apenas pelo que fazemos. Como fica quando ganhamos pela nossa capacidade de realizar e não por um salário proposto?

Você não recebe salário e nem recompensa pela sua realização. Aliás, você nem realiza nada ... Tudo isso é feito pela mente. Quem trabalha é ela, quem faz é ela. Por isso, pouco importa se você tem um salário ou se é autônomo: observe a mente fazer as coisas ...

O que é importante na sua vida é não achar que ganha nada, que realiza ação, pois tudo isso é a mente realizando e você aceitando que está fazendo. O que precisamos nos concentrar para sermos felizes é descobrir como se relaciona com a criação mental que ocorre durante a ação e não descobrir como agir fisicamente.

 Participante: ao observar os pensamentos, eles se movem? Tento acompanhar a observação, mas é neste momento que me perco na vida.

O pensamento não pode se mover. Ele nem existe para se mover: é apenas algo que é pensado.

O pensamento, digamos assim, anda, mas isso não se trata de locomoção. O andar dele é uma continuidade de uma ideia, uma história que é formada.

Por isso, é preciso ouvir tudo o que ele diz do princípio ao fim antes de se libertar do que é pensado e não correr atrás dele.

Participante: temos que ser sempre observador? Se sim, é o observador que resolve os problemas no trabalho?

Não. Quem resolve os problemas é a mente. Aliás, quem os cria também é ela. Você deve apenas observá-la resolvendo. Lembre-se: não é você que faz e por isso não pode ser você que resolve nada.

Todo acontecimento humano é a mente que realiza. Para isso ela trabalha verdades. É no momento que ela realiza alguma coisa que você precisa observar as verdades que ela usa para não aceita-las como verdadeiras. Aceitando, você gerou uma condicionalidade para ser feliz, ou seja, criou uma condição que gerará apenas o prazer ou a dor.

Participante: quem vai ao trabalho é a mente? Quem ganha ou deixa de ganhar dinheiro também é ela? Reconhecer isso e estar presente para constatar é o caminho?

Sim, este é o primeiro passado.

Reconhecer que quem vai ao trabalho e quem realiza as ações nele e recebe o dinheiro é ela. Quanto a você, deve apenas se colocar na posição de observador. ‘A mente está recebendo dinheiro, não eu’.

Observe a mente exercendo a atividade empregatícia e quando ela disser que o que foi feito naquele momento é o certo, é o que deveria ser realizado, diga a ela: ‘não sei. É você que trabalha e não eu’.

É isso que é preciso ser feito para poder se obter a felicidade plena durante a atividade empregatícia. Mas, deixe-me dizer uma coisa: mais importante do que observar as ações que a mente está fazendo é observar as verdades que estão sendo criadas durante o desenrolar da ação. Digo isso porque são as verdades que são usadas para condicionar a felicidade não as ações.

O problema pelo qual vocês não conseguem viver a felicidade plena é que não observam as verdades que são usadas pela mente e por isso vivem apenas a felicidade condicionada que ela gera. Não fazem isso porque imaginam que são vocês que estão trabalhando, que estão realizando as ações. Por isso concentram-se no que é realizado e não nas verdades que estão embutidas naquele acontecimento.

Como imaginam que são vocês que fazem a ação, não encontram tempo para observar a mente. Não se preocupem com a ação. Quem faz tudo é a mente e por isso o trabalho sai, mesmo que você não esteja concentrado no que é realizado.

Uma vez uma pessoa me disse que precisava aumentar sua produção no trabalho porque estava ficando muita coisa acumulada. Ela me disse que não sabia o que fazer, já que se entregava em todos os momentos que estava no emprego e mesmo assim não conseguia colocar o sérvio em dia.

Eu disse a esta pessoa: se você se entrega o tempo inteiro e mesmo assim, não consegue fazer tudo o que precisa, aumente o tempo que permanece na sua empresa. Chegue mais cedo, saia mais tarde. Com isso terá mais condições de fazer coisas.

A pessoa fez o que eu orientei. Durante um mês ela chegou mais cedo e saiu mais tarde. Sabem o que aconteceu ao final deste período? O trabalho continuava atrasado. Esta pessoa, então, me procurou e disse que o meu conselho não dava certo. Em resposta eu lhe disse: se você fez tudo o que podia e não deu resultado, será que o trabalho que tem para fazer é realmente para ser feito?

Vocês imaginam que são capazes de controlar o mundo e que podem fazer o que querem. No entanto, mesmo que se esforcem no sentido de realizar o que sonham, as coisas não dão certo. Neste momento é preciso que você esteja consciente de que o que deseja fazer não é para ser realizado.

Na verdade não é você quem acredita que tem que resolver todos os problemas, mas sim a sua mente. É ela que cria a verdade que é preciso resolver todos os problemas dentro do seu âmbito de ação funcional, mas a resolução, se tiver que ser dada, quem vai dar é ela mesma e não você. Se a mente não resolver as questões, você jamais conseguirá resolve-las.

Resolver os problemas: esta é uma ideia que a mente gera enquanto pratica ações no emprego. Como você não está vigilante, acha que isso é um desejo seu e por isso imagina que deve fazer. Como não consegue, vive a agonia de não ter resolvido que a própria mente cria.

Se soubessem que é ela que trabalha, que resolve, que cria as coisas do emprego e ao invés de se concentrarem nas ações estivessem concentrados nas verdades geradas pela mente, poderiam se libertar desta agonia de tentar resolver e a posterior decepção de não ter conseguido.

Participante: o problema é o esgotamento que vem desta função. Parece um trabalho para Hércules.

Eu não diria que é um trabalho para Hércules, mas para formiguinha, aquela que trabalha todos os momentos sem se preocupar com o quanto já fez. É um trabalho para testar a sua constância e não a sua mega capacidade de mudar.

Este é um trabalho para aquele que trabalha sob sol ou chuva, sem se preocupar se está na hora de parar ou não. É um trabalho para aquele que possui paciência e persistência e não para aquele que pensa apenas em usar a força e resolver a questão rapidamente.

Participante: quando no trabalho tenho que demitir um funcionário fico dividido se sou mero observador ou se sou agente do carma alheio. Quando consigo apenas observar a mente, fico incomodado por não me incomodar com a situação do demitido.

Quem demite é a mente. Por isso, apenas observe ela demitindo os outros e não aceite as verdades que ela criar neste momento.

Se a mente diz que você é o instrumento carmático daquele ser, não aceite essa verdade. Diga para ela: não sei se sou isso ou não. Se ela diz que isso trará problemas para aquela pessoa, responda a ela: não sei se isso trará problemas.

Na verdade, a sua fala neste momento traz dois elementos que acabam lhe fazendo sofrer. O primeiro é imaginar que o carma precisa de um agente. Ele vive por si mesmo e não depende de ninguém para acontecer. Por isso, se por carma aquela pessoa precisar ser demitida, ela será de qualquer jeito. A demissão carmática acontece por ela mesma e não porque alguém age para que aconteça.

Segundo: a ideia de que carma é um pena, um castigo. A mente possui a verdade, que você acha que é real, que a demissão desta pessoa é um castigo, algo ruim, mas será que é? Será que ao demiti-la deste emprego você não está abrindo a oportunidade para que ela consiga um emprego melhor? Será que ela não aproveitará essa chance para se aperfeiçoar mais e com isso arranjar um emprego que ganhe mais? Você não sabe, por isso não aceite quando a mente lhe disser que está agindo contra aquele ser.

É isso que pode lhe deixar de viver o incômodo por não estar incomodado com a situação daquela pessoa. Não aceite a crise existencial que a mente gera pelo fato dela estar demitindo alguém. Para isso, apenas observe o que ela faz e o que pensa, verdades que são criadas, enquanto ela age.

Participante: sob a negociação, como funciona na prática? Pergunto isso porque durante a negociação o pensamento está envolvido nela. Tem como observar a mente enquanto se está negociando?

Se não tivesse como fazer, estaria aqui jogando conversa fora e perdendo o meu tempo e o de vocês, pois estou propondo exatamente isso.

Este trabalho pode ser feito? Sim, pode. Mas, a primeira coisa para realizar é que deve se conscientizar que não é você que fará a negociação? Como poderá estar observando as verdades que são criadas se acha que é você quem está negociando? Se acha que é você que está criando a ação que está ocorrendo? Achando isso, é impossível se concentrar nas verdades criadas pela mente, não?

Portanto, a primeira coisa que precisa ser feita é conscientizar-se que quem faz é a mente, que quem realiza as ações é ela e que você deve estar observando o que ela faz. Que deve estar observando o que ela está pensando enquanto faz.

Participante: certa vez consegui atingir uma boa performance em vendas e analisando os resultados observei que na realidade queria ajudar os clientes e não objetivava o lucro. Engraçado era que o lucro era consequência e não intencionalidade. É assim que se vive espiritualmente?

Tudo isso que você diz que observou são verdades criadas pela mente. É ela que está afirmando que a sua intenção era ajudar os outros e não obter lucro. Digo isso porque esta verdade é uma razão e não algo sentido.

Sendo assim, todas estas criações são apenas para lhe injetar verdades que mais tarde podem lhe fazer perder a felicidade. Por exemplo, ela pode lhe dar esta verdade e mais tarde lhe fazer sofrer um baque financeiro. Como aceitou que estava trabalhando para o benefício do outro, o que lhe deveria garantir bons resultados, já que é considerado um ato bom, no momento em que tiver poucos ganhos vai aceitar a ideia de que é um injustiçado. Neste momento não estará sendo feliz.

Por isso, lhe digo: apenas observe tudo isso que foi criado pela mente e não aceite que o que é verdade. Diga a ela: não sei se estou trabalhando para ganhar dinheiro ou para ajudar os outros. Com isso, tenho a certeza de que estará livre de sofrer no momento de um baque.

Saiba que a mente sempre trabalha com a intenção de ganhar, com ter o prazer, de ser reconhecido pelo que faz e para receber elogios. Observe se estas questões não estão presentes no pensamento que você desenvolveu. Portanto, é tudo mente e são verdades que servirão futuramente para condicionar a sua felicidade.

Você não pensa com formação de histórias de vidas. Quem cria, através do pensamento, as histórias da vida é a mente. A sua única ação é acreditar ou não na história e nas verdades que estão embutidas nela.

Participante: minha mente julga que se não trabalhar, vou ser criticado. Só que há dentro de mim outra voz que contraria este pensamento. São vozes que se contradizem. Só tenho que observar este conflito?

E rir da cara delas ... Deixe elas brigarem à vontade.

Se você não trabalha, se não faz as ações, se o seu emprego não depende do seu desempenho, já que muitas vezes as pessoas trabalham muito, mas são mandadas embora e o quem não faz nada acaba ficando, deixe as vozes internas discutirem à vontade. Deixe elas se debaterem e dê risada da cara delas.