Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Conversa sobre o trabalho junto a mente

Participante: a não identificação com a mente é perceptível além da razão ainda na encarnação?

A não identificação com a mente é perceptível apenas pela mente. É uma ideia racional de não estar identificado.

Participante: isso pode acontecer ainda durante a vida?

Sim. Enquanto você estiver vivo a mente pode criar a ideia de que houve uma não identificação, assim como cria a ideia de estar identificado.

Participante: porque é tão difícil não ser iludido pela mente? Porque nos mantemos acreditando que fazemos e pensamos?

Porque você acha que é a mente. Acha que é a pessoa física que a mente diz que é.

É por isso que é tão difícil. Você está identificada com o ser. Acha que o pensamento é seu, criado por você e reflete o que é.

Participante: quando ouvimos parece que está tudo entendido. Saímos e continuamos navegando na mente e voltamos aqui e fazemos as mesmas perguntas. Que trem doido. Comente algo se puder.

É o trem doido mesmo.

Agora isso é bom para constatar que você não faz nada. Quantas informações sobre este mesmo assunto já não recebeu ao longo da sua vida? Se você pudesse realmente fazer alguma coisa, acho que já teria feito, não?

Aqui não há pessoas novinhas que possuem pouca experiência de vida. A maioria dos que me ouvem já estão num processo de busca há algum tempo. Todos são macacos velhos e já ouviram conselhos semelhantes aos meus diversas vezes. Porque não colocaram em prática até hoje, mesmo achando que o resultado seria satisfatório para vocês? Porque não é para fazer, quando não fizer.

Participante: uma pergunta é uma pergunta. Quem a escreve? Mãos, pura ilusão? Não sei. De onde veio? Não sei. Porque você julga que acredito em alguma coisa? Pela simples formulação das perguntas? Apesar de o eu saber e formular as perguntas ele continua preso?

Você me ouviu falar que disseram que Joaquim é capitalista? Essa afirmação não foi proferida em alto tom, mas sim pensada por vocês. Como, então, eu sei? Porque me trouxeram.

Você me pergunta se julgo, mas eu não faço. Quando digo algo é porque alguém disse aquilo. Não pense você que estamos longe. Há uma corrente que liga você a mim onde quer que esteja.

‘Ah, então me diz o que estou pensando agora’, você diria. Não posso, porque fazer mágica não é bem o meu estilo. Aquilo que sei é porque é relevante para o trabalho e não por pura diversão.

Quando me dizem algo tem algum motivo para isso. Além de me dizerem o que você está pensando, também me informam o que devo falar. É assim que as coisas funcionam: tudo tem um motivo para acontecer.

Como digo sempre, estou sempre tocando um disco que alguém fez com músicas que alguém compôs. Se você não acredita em mim, mas prefere acreditar na sua mente que afirma que você já não acredita no que ela produz, isso não tem problema algum.

Agora, se mandaram eu dizer algo, pode ter certeza de que há um motivo.

Sabe qual o pior cego? Aquele que não quer enxergar, que acha que já vê a vida.

Participante: somos mauzinhos ou bonzinhos no trabalho e na vida para provar que nos destacamos uns dos outros?

Não, somos mauzinhos ou bonzinhos para nos empurrar para o prazer ou para a dor.

Participante: a mente nos prega peças o tempo todo?

A mente não prega peças: ela conta uma história. É igual à sua mãe. Ela lhe contava histórias que hoje você sabe que são fantasias. Eram histórias bonitas, outras tristes. Nelas haviam mocinhos e bandidos, princesas e príncipes. Pois é, a mente faz a mesma coisa. Ela cria histórias com um mocinho, você, e um bando de bandidos, os outros. No passado você delirava com essas histórias, mas hoje já não acredita mais.

A mesma coisa acontece com a mente. Ela cria uma série de histórias e quando você é criança, está iludida com a vida humana, acredita nelas. Quando ficar adulta, ou seja, souber que este mundo é uma ilusão, poderá acreditar ou não nelas.

Toda história, seja ela lida pela sua mãe ou contada pela sua mente, contém ingredientes que podem lhe levar para o prazer ou a dor. Você é que escolhe. Enquanto criança acho justo acreditar que as histórias são reais e se deixar levar por estas emoções. Agora que já cresceu um pouco acho que como ser humano adulto deve ter um outro relacionamento com estas histórias.

O problema é que vocês ainda são crianças que acreditam em fadas: fada madrinha, anjo da guarda, que Deus vai lhe salvar, etc. Também ainda acreditam que um dia chegará um príncipe num cavalo branco e nunca mais terão problemas nesta vida.

Participante: no assunto da intenção versus funcionamento da mente sendo o patrão mole ou durão, se disser o não sei isso não fará diferença.

Não fará diferença no ato mesmo. A diferença estará em você, no seu mundo interno. Você não sentirá a dor quando a mente a criar, nem sentirá o prazer quando isso fizer parte da história da vida.

Não faz diferença é para o outro, para quem está participante do acontecimento, mas só para você. Aliás, tudo nesta vida é entre você e sua mente. Mais nada.

Não existe mais ninguém, pois o outro que você imagina existir é também criação da sua mente, como vimos no início deste trabalho.

Participante: O Livro dos Espíritos diz que somos julgados por nossas intenções. Se o observador só observa as intenções, elas estão na mente. Agora, se não somos a mente, como fica?

Você é julgado pela sua intenção. Quando vive a intenção que está na mente, é julgado por ela.

Quando você tem a intenção que está na mente? Quando acredita que o que ela diz é real, verdadeira.

Aliás, quem fala isso não é O Livro dos Espíritos, mas Cristo. Ele diz: Deus julga cada um pela sua intenção.

Participante: amizade, o gostar de alguém, a afinidade, é ilusão então? Pelo que minha mente entendeu, quando aceitamos estas coisas como verdade estamos presos no prazer da aceitação e da dor da não aceitação. O que fazer com esta compreensão? É só dizer não sei?

Isso.

‘Você está dizendo que é isso, mente, mas eu não sei se é. Você está dizendo que ela é minha amiga, mas eu não sei se é’.

Quando você faz isso se prepara para o momento em que a mente disser que ela traiu a sua amizade. Agora, quando não fala isso para o racional, nunca estará preparada para isso. Aí a sua amiga lhe trairá, a mente lhe dará a dor da traição e você cairá.

Participante: a mente sou eu. Eu sou alguém que não conheço e sou a mente também. Percebo-me observando a mente, mas ela tem total domínio sobre mim, ou seja, sofro e me regozijo com o prazer. Ainda não captei a maneira de me libertar disso e de só observar sem sofrer ou ter prazer.

A única coisa que posso lhe dizer é que essa libertação acontece. Portanto, vá fazendo e a hora que acontecer aconteceu.

Participante: é descobrir a mente com ela mesmo? O que o senhor nos fala é argumentado pela própria mente. Porque ela de vez em quando fala alguma e nos lembramos do que nos foi ensinado?

Porque a mente falou. Agora, se você acreditar nisso porque foi Joaquim que falou, ela está lhe preparando o terreno para lhe jogar no precipício.

Participante: é possível viver as percepções plenamente sem as interpretações mentais?

Sim, através da mente. Viver é uma coisa que só a razão faz.

Participante: nos dê uma boa notícia ao menos porque parece que o lado de dentro está bem sujo. Danou-se. Vou ter que voltar para a fila do sansara novamente ...

Como diz Krishna, se fizer até no último segundo de vida escapa desta roda. Essa é a boa notícia. Não existe espaço de tempo mínimo para fazer.

Participante: a mente age no sentido de nos sentirmos melhores para que nos separemos uns dos outros e assim não vermos a unidade, não é?

Não ela age no sentido de ganhar dos outros. Ela está pouco ligando com unidade ou dualismo. O que ela quer é que você queira ganhar, porque toda vez que quer ganhar, quer ter prazer, que ser reconhecido e elogio está na beira do abismo. De um lado se encontra o prazer; do outro a dor.

Participante: estou formulando a pergunta e no final digo: deixa isso para lá. Com isso acabo não fazendo pergunta alguma. Nem me conheço mais, cada dia mais vazia. Não é depressão? O que é isso?

Isso é vida. Isso é a vida que tem para viver.

A vida daquele que consegue superar o dualismo do prazer e da dor é um vazio. Se ela tivesse alguma coisa, é humano e não a vida eterna. Essas coisas, por causa do dualismo deste mundo sempre serão instrumentos quer do prazer ou da dor.

Participante: você responde de um jeito para mim e de outro para outra pessoa a mesma questão. Para mim é ruim, mas isso deve ser bom sinal.

Não sei, quem julga se é bom ou ruim é você, ou melhor, a sua mente.

Participante: se me permite, quero saber como você nos considera: amigos, inimigos ou nada?

Se eu colocar em palavras a consideração que tenho por vocês, esta palavra estará cercada por ideias de como é ser aquilo.

Poderia lhes chamar de irmão, mas vocês acham que irmão tem que agir de determinada forma. Aí aqueles que respondo de uma forma mais seca ficarão chateados, pois acham que irmão tem que ter paciência um com o outro.

Por isso, para não se prender em determinadas interpretações, não tenho como colocar em palavras a consideração que tenho por vocês.