Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Conversando

Participante: o senhor mesmo questiona o que diz afirmando para não acreditarmos no que é dito. E se eu quiser acreditar? Vou perder o meu tempo ...

Não, jamais pode perder seu tempo.

Isso é uma coisa interessante. Tempo é a única coisa que não se perde, pois não importa o que estiver fazendo, usou para alguma coisa, nem que seja para não fazer nada.

Se fizer isso, simplesmente se prenderá a anovas verdades, se prender a novos conceitos e com isso ainda viverá o prazer e a dor.

Participante: se faço uma pergunta estou perturbando minha paz?

Se acredita que está fazendo uma pergunta, sim.

Quando usou o verbo na primeira pessoa, me disse que acredita que está fazendo. Neste caso, a sua felicidade vai depender da resposta. Se ela for agradável, você terá prazer; se for desagradável, o que não esperava ouvir, sofrerá. De um jeito ou de outro, a crença que fez a pergunta lhe leva a perde-la.

Quando da sua mente sair a ideia de que você fez uma pergunta, mas você souber que foi o dedo ou a mente que fez isso, aí pode não correr este risco.

Vivendo a ideia de que escreveu, conecta-se à pergunta. Por isso torna-se dependente da resposta.

Tem pessoas que escrevem as suas perguntas na tela e não conseguem esperar a ordem para ser respondida. Nem um minuto depois começam a cobrar que a pergunta deles seja lida. Esse está conectado com a pergunta.

Agora, se você escreveu e por acaso a resposta demorou ou não veio e isso não lhe causou nenhuma reação, não está conectado com ela.

Participante: quando falou sobre monismo, mencionou que estávamos no primário e que aquele assunto era pós-graduação. Mas, o que o senhor está falando hoje é monismo, não é mesmo?

Sim, e é por isso que peço para não tentarem entender.

Se uma criança do primário for assistir uma aula da faculdade ela saberá ouvir ou até escrever o que está sendo dito, mas não entenderá o assunto que está sendo conversado. É isso que venho dizendo: ouçam o que estou dizendo ao invés de querer entender os processos que cito.

Participante: mas, do processo de meditação não vou tirar novas verdades? Devo acreditar nelas? Não é para dizer sempre não sei?

Sim, tirará novas verdades.

‘Eu não quero que meu chefe me dê bronca porque o considero um incompetente’. Isso é uma verdade que surge da meditação, mas é uma coisa que não deve também acreditar. Acontece que quando você não acredita numa verdade que surge dentro do processo de meditação seca a fonte que gerou a verdade que estava mais na superfície.

Não estou falando para fazer o trabalho de meditação para ouvir verdades e toma-las como verdadeiras. É apenas para reconhecer que elas existem e que estão gerando outras.

Voltando à comparação com o exército, eu diria que quando você ataca apenas a verdade superficial está matando o soldado descartável que falamos. Quando descobre a raiz daquela realidade, mata o cabo. Com isso mata o cabo que comanda um grupo de soldados.

Vá fazendo isso e paulatinamente vá matando os que comandam os soldados inimigos. Agora, nunca espere chegar ao general, porque isso nunca acontecerá.

Participante: as vezes me vejo fazendo perguntas, mas as vezes vejo a pergunta sendo feita com estas mãos. Não dá para entender, mas percebo a diferença.

Louvado seja Deus.

Participante: noto que a medida que mais verifico a mente e vejo que aquilo não sou eu, noto que cada vez me afasto mais da matéria. Noto, também, que com isso falta um contato espiritual para enraizar esta nova verdade. Não consigo ainda perceber este mundo.

É sinal de que você não caminhou tanto quanto acha que caminhou. Só isso. Continue fazendo e vá se afastando aos poucos.

Veja, você está caminhando numa trilha, andou um quilômetro e acha que encontrará quem já andou cem. Precisa caminhar o mesmo espaço para encontrar quem está à frente.

Participante: uma pessoa me ajudou a perceber que quando pergunto estou querendo entender. Quero entender em quase todos os momentos. Uma pessoa me fez enxergar isso.

Esse realmente é o seu problema. Liberte-se dele. Como? Não querendo entender nada. Para isso tenha a consciência de que por mais perguntas que faça, nunca conseguirá saber nada.

É o exemplo que fiz. Você é uma criança de escola primária que está numa sala de aula de faculdade e, ao invés de apenas escrever o que é dito, está querendo entender o que é conversado.

Participante: tudo que nos causa insatisfação quer dizer que queremos prazer em algo?

Tudo que lhe causa insatisfação é porque existe um desejo que não aconteceu. Se não gosta de ir a um determinado lugar, é porque naquele momento gostaria de estar em outro. Sentindo-se chateado porque uma pessoa lhe fala determinada coisa, é porque queria que ela falasse outra coisa. Sentindo-se triste porque gastou muito dinheiro, isso é sinal de que não queria gastar tanto.

O desejo é sempre antagônico àquilo que não gosta. Por isso, é preciso conhecer a verdade que formou o desejo para poder estancar a contrariedade.

Participante: na semana que vem vou a um centro espírito onde há dois pais Joaquim. Um deles é de Aruanda. Através dele consigo chegar ao senhor e saber mais do seu trabalho?

Não chegará em mim. Com relação ao meu trabalho, este é o que você está vendo acontecer aqui há algum tempo. Com relação ao dele, não faço a mínima ideia.

Participante: tenho muito empenho quando começo alguma coisa nova, mas depois desisto. Não consigo me especializar em nada. Será que meditar sobre isso deixarei de ser do jeito que sou? Só um detalhe: sou fraco nas decisões, mas sou feliz.

Se meditar será um indeciso realmente feliz. Hoje já acha que é, mas apenas tem prazer e dor. Se fizer o trabalho da meditação aí sim será verdadeiramente feliz.

Falo isso porque apesar de se dizer feliz, mas ainda quer se esforçar para fazer alguma. Se existe o desejo de fazer o que não faz, é sinal de que não está feliz com o que é. Por isso lhe digo que é infeliz, mesmo se dizendo feliz.

Aliás, a sua infelicidade fica bem clara na intenção de me fazer a pergunta. Se estivesse feliz com o que é, será que precisaria me perguntar o que fazer para deixar de ser?

Participante: como a mente funciona quando vamos realizar uma prova para um concurso? Ao vermos a questão, ela escolhe a resposta correta na primeira pergunta, mas depois questiona se outra resposta é certa. Fica brigando até que escolhe a errada. Depois fica falando: quem mandou não acreditar na primeira intuição? Pode explicar isso?

Posso. Você está se banhando de mente.

Está achando que escolheu, que fez, que respondeu, que duvidou, enquanto que este processo é todo mental. Sendo assim, que explicação quer sobre isso? Nada disso é seu, é real. Tudo isso é só uma história da mente.

Poderia lhe responder como conviver com isso, mas não é essa a sua pergunta. O que você me questiona é sobre porque acontece esse funcionamento. Sendo assim, a única resposta que posso lhe dar é: porque faz. Além disso, não generalize, como fez na pergunta. Não é toda mente que funciona assim. Pelo jeito este é o funcionamento da sua, mas necessariamente não é de todos.

O que interessa para aquele que busca a sua paz não é conhecer o funcionamento da mente, mas se libertar daquilo que ela produz. Se for esperar saber porque ela faz isso ou aquilo, vai sofrer.

O importante não é como funciona a mente, o emprego que tenha, se é casado ou não, se mantém o entusiasmo até o fim do trabalho ou não, mas sim o quanto sofre ou tem prazer enquanto vive a vida que o ego cria. É isso que precisamos entender e nos concentrarmos não na ação física nem na mental. A nossa concentração deve estar na ação emocional. É aí que se ganha ou se perde a elevação espiritual, a felicidade incondicional.

Não se acha esta felicidade lutando contra o trabalho que não gosta, contra a sala que ocupa lá, mas no fato de não gostar de alguma coisa. É aqui que se ganha ou se perde o jogo. E o problema é que vocês estão concentrados em conhecer, saber e não se concentram no que sentem.

O que você sente é o que precisamos mudar. Eu gostaria muito que Deus desse a vocês que dizem que estão buscando um presente: lhes fizessem cegos. Peço isso a eles para ver se param de viver para o mundo exterior.

Enquanto você está preocupado com o funcionamento da mente, está correndo dentro de si um mundo emocional que não está vendo. Hoje, por exemplo, uma pessoa disse que vê a mão escrevendo. Enquanto ele observa isso, achando que está fazendo algo muito importante e consistente no caminho para a felicidade, não vê que há um mundo emocional correndo que ele não está observando.

Por isso respondi apenas: louvado seja Deus. O que você quer que eu responda? Elogiar por causa disso? Isso não tem importância alguma.

Pouco faz se tem a consciência de que é você ou o dedo que escreve. O que me interessa é como lida com o que sente enquanto o dedo está escrevendo. Pode ser, por exemplo, que a mente desta pessoa esteja lhe dando soberba por fazer esta observação, pode estar lhe dizendo que ele é melhor, pois muitos não conseguem ver isso. Estas coisas ele não está observando e por isso está deixando se enraizar na sua consciência. Assim, no futuro, será usado para ele sofrer.

Eu não falo em atos. Digo isso há mais de dez anos. Falo de sentimentos, de emoções, da forma emocional de viver a vida, seja ela qual for. Para mim pouco interessa se tem emprego ou não, se está bem no trabalho ou não, como está emocionalmente neste momento. Por isso disse que a felicidade é um estado de espírito, é a forma como se vive as emoções que a mente cria.

Na verdade, não se trata nem da própria emoção criada, mas a vivência dela.

Participante: a consciência Joaquim está dentro de mim. Se morrer agora levo essa ilusão?

Leva. Vai continuar procurando um computador para poder me ouvir.

Participante: observar o sentimento apesar da sensação? É isso?

Observar a forma como você se relaciona com o sentimento. Vou dar um exemplo.

A mente possui uma verdade que lhe leva a sentir raiva por alguma coisa. Ao invés de querer extinguir a raiva, entender porque aquela verdade lhe deu raiva ou porque a mente a usou, preocupe-se como está vivendo a raiva que a mente cria.

Participante: Existe inteligência emocional?

Não se ligue a este assunto, por enquanto. Porque não sabe que é inteligência nem emoção.

Posso lhe dizer que ela existe, mas não é nada do que acredita.

Participante: o que é pensar? O que é refletir?

Pensar é receber uma história pela mente. Refletir é pensar a história que a mente está criando.