Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Misticismo e orgulho

Participante: aqui está a decodificação. O orgulho nos faz a espada do escárnio nos dividir. O orgulho faz as paredes de ouro a nos sepultar. O orgulho definha nosso povo que morre. O orgulho faz nossos governantes vacilarem e são poucos os que dizem: Deus da Terra e do altar, se curvem e escutem: nossos governantes terrenos vacilam, nosso povo definha e morre, as paredes de ouro nos sepultam.

Esta não é a primeira passagem do Velho Testamento que você me pede para falar. Isso não tem problema de ser conversado, mas quero lhe deixar um recado muito mais importante do que a compreensão deste texto.

Você está se deixando guiar pela mente. Está preso em buscas que nada têm a ver com a busca da felicidade. Está lendo todas estas passagens, pensando e questionando tudo o que é dito e por causa disso não está atento às criações mentais. Sabe quando será feliz? Nunca. O máximo que alcançará é o prazer de escutar essas palavras e achar que está tendo felicidade.

Já disse no início dessa série de conversas e vou repetir agora: o maior inimigo da felicidade é o misticismo. É o acreditar em coisas místicas, naquilo que não sabem o que é.

Quer ver a grande jogada da mente neste texto que você leu? Dizer que o orgulho é o culpado da derrocada. Ele não é, espiritualmente falando, negativo. Pelo contrário, é a mola propulsora para lhe fazer continuar a caminhar.

Sem ter orgulho do que já fez, já alcançou, não consegue ir além. Paulo é muito claro neste sentido: eu me orgulho das coisas que fiz.

Sabe, a mente diz que ter orgulho é algo errado, ruim, mas não é. O que ela quer é que você entre na falsa humildade e com isso pare de tentar fazer alguma coisa pela sua felicidade. Se você não se orgulha do que já fez, não fará mais nada.

Está todo mundo de queixo caído agora porque a mente humana diz que não se deve ter orgulho. Mas, continuo dizendo e afirmando isso. Se você não tiver orgulho, não conseguirá fazer mais nada. Ter orgulho é ter a compreensão de já ter avançado, nem que seja meio passo.

O problema não ter orgulho do que já fez, mas ter soberba. O que é soberba? É jogar o que já fez e conquistou em cima de outro. É considerar-se melhor do que o outro porque fez algo. É achar que já conhece e sabe e que o outro não.

Está vendo como você não vai conseguir? Porque você acha que sabe mais que os outros. Mesmo que externamente mantenha uma postura de humildade, internamente você se sente bem em me perguntar estas frases que copiou e que os outros não conhecem. Isso é soberba.

Enquanto não esquecer tudo o que imagina saber, ficará preso ao prazer e a dor. O prazer quando faz a pergunta e vê que os outros não conhecem a passagem que citou; a dor de ouvir uma resposta como essa.

Estava esperando a sua pergunta justamente para poder continuar a introdução de hoje. Vamos lá.

As palavras possuem significados. Muitas vezes as pessoas me dizem quando respondo que elas queriam dizer a mesma coisa que eu, mas que erraram as palavras. Isso não é real. Ninguém erra uma palavra: a mente usa as palavras de acordo com o significado delas.

Toda palavra é atrelada a um significado e por mais que elas sejam sinônimas, nenhuma palavra possui o mesmo significado que outra. Por isso é muito importante conhecerem o significado das palavras.

Por exemplo, quando se fala em vicissitude. Em O Livro dos Espíritos está dito assim: viver as vicissitudes da vida, e nisso se consiste a expiação. Como para a mente humana esta palavra quer dizer carência, falta, apesar de não ser esta a definição do dicionário – lá está escrito que é alternância de situações – os seres humanos julgaram que expiação é sofre, passar necessidades, receber o mau, ter problemas. Em cima desta definição errada de um termo, o espírita diz que é preciso sofrer.

Só que vicissitude, como disse, é a alternância das situações da vida. Se a expiação se consiste em viver as vicissitudes, isso quer dizer que ela é a vivência das alternâncias das situações.

Isso quer dizer que no momento que está vivendo um prazer, que recebe um presente, que está abastado ou que recebe o que queria, está vivendo uma expiação. Só que quem está preso àquela ideia que falei antes, chega no momento de expiação acha normal ter júbilo e prazer por ter recebido. Acha que não existe expiação alguma neste momento porque está ganhando, já que a mente humana diz que receberá os frutos do seu trabalho espiritual nesta vida.

Portanto, estava esperando esta pergunta e ela foi muito providencial. É a partir dela que posso dizer: esqueçam citações bíblicas. Esqueçam essas frases de efeito porque se ficarem atrelados ao que não entendem, jamais conseguirão alcançar a felicidade. Ficarão sendo jogados entre o prazer e a dor: o prazer quando mostrarem o que sabem e a dor quando alguém disser que vocês nada sabem sobre o que estão falando, como eu estou dizendo agora.

Participante: você disse que não estamos preparados para saber dessas coisas. Porque, então, nos é dada de alguma maneira essas informações?

Para ver se declaram-se incompetentes de saber.

O próprio Cristo afirmou que falava por parábolas, mas vocês seguem o ensinamento ao pé da letra. Quem sabe que aquilo é só uma parábola precisa estudar o que está sendo dito para poder encontrar a moral da história. Quem aplica as palavras ao pé da letra usa o que ouve sem entender o que quer dizer.

Isso aconteceu conosco quando estudamos principalmente as Cartas de Paulo. Quantas coisas os seres humanos imaginavam que estava escrito ali que nós encontramos uma nova visão, que muitas vezes foi contrária ao entendimento geral. Isso também aconteceu com os trechos do Novo Testamento, O Livro dos Espíritos e com todos os outros que estudamos.

Um grande exemplo do que estou dizendo é a Parábola do Semeador que está no Novo Testamento. Ela é a única que teve o seu sentido explicado pelo próprio Cristo. Tente lê-la sem tomar conhecimento da explicação. Com certeza ao ler isoladamente não chegará àquilo que Cristo que queria dizer.

Deixe-me falar uma coisa que falo há algum tempo: da sua declaração de incompetência completa para viver a vida nasce a sua competência para vive-la. Só que não querem se declarar incompetente para as coisas. Acham que são capazes de entender as coisas.

Participante: dentro do processo que o senhor fala, o observador é apenas uma testemunha. Neste caso, o fim é a morte do ser humano?

Não, o fim é a morte da humanização do ser. Como você não consegue diferenciar uma coisa de outra, não preocupe com isso.

Aliás, como diz Cristo através do Evangelho de Tomé quando é questionado pelos apóstolos de como será o fim deles: vocês não sabem o princípio, como querem saber o fim?

Participante: o meu chefe é muito duro comigo e me humilha. Em contrapartida deixo fazer o que pensa que faço. É saudável a nossa relação? Minha relação com ele pode melhorar?

O seu chefe lhe humilha? Será que existe alguém no mundo capaz de fazer alguma coisa a você se não deixar? Não é ele que lhe humilha, mas você que se sente humilhado com o que ele faz. Porque se sente assim? Porque não aceita a autoridade dele. É isso que vamos conversar daqui a pouco.

Outro detalhe. A sua relação com ele é saudável? Não. A relação saudável a nível universal é aquele que é vivida com amor geral. Se ainda se sente humilhado e não amado, está numa relação não saudável para o universo.

Mais um. A sua relação com ele pode melhorar? Claro que sim. Basta você deixar de se sentir humilhado. Como se faz isso? No seu caso, aceitando a autoridade que o cargo dele dá. Mas, como disse, é sobre isso que iremos conversar.

Participante: porque ter orgulho de Deus é Causa Primária?

Boa pergunta. Me responda. Porque ter orgulho de Deus é Causa Primária? Porque você não vive com Deus.

Você não vive a sua vida com a ideia de que Deus é a Causa Primária das coisas. Sendo assim, imaginam que fazem. Por isso, se orgulhem do que fizeram, mesmo que Deus seja a Causa Primária.

Olha o que venho avisando desde o início. Esqueçam Deus, esqueçam as coisas espirituais. Se não fizerem isso não conseguirão conseguir a felicidade. Estarão presos no místico.

Participante: então, não existe mestre na Terra? Porque tudo será racionalização?

Procure na Bíblia Cristo dizendo que não se deve chamar ninguém de mestre neste mundo, porque vocês só têm um e este está no céu.

Não, não há mestre na Terra.

Participante: peço desculpas se minha pergunta está fora do assunto. O observador é apenas a testemunha e nada faz?

O problema não é a sua pergunta, mas a sua preocupação com o que o observador faz. Ele observa: só isso.

Acontece que enquanto está preocupado em querer saber, em querer identificar o que o observador faz, não está fazendo o que tinha para fazer. Por isso, o problema.

Participante: o que é ser humilde?

É não ter, não ser, não amar, não possuir nada, mesmo tendo, amando e possuindo.

O humilde não é aquele que diz que a casa não é dele, mas aquele que diz que esta é a casa dele onde Deus entre, manda e desmanda. O humilde sabe que a casa é dele, mas que sabe que não tem controle sobre ela. Essa é a diferença.

Vocês confundem humildade com pobreza. Isso não é real. Isso é humilhação e não humildade. Humilde é aquele que tem as coisas, sabe que são suas, mas não tem a posse, sabe que não tem o domínio das coisas.

Esse é o humilde.

Participante: você também não pode ser criação da mente do seu médium? Com todo respeito.

Com todo respeito lhe respondo: posso. Quem diz que eu sou ou não? Só você. Ter a certeza absoluta se sou ou não, nem você nem ninguém poderá ter.

Agora, se o que eu falo lhe faz bem, ouça o que digo. Não se preocupe com quem eu sou e ouça o que digo. Buda ensina assim: o importante não é quem traz, mas a mensagem que é trazida. Por isso, lhe digo para ouvir a mensagem e ver se ela lhe é cara. Se for, não se preocupe com quem traz.