Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Exploração

Participante: mas o chefe que explora não é injustiça? Devemos compartilhar com injustiças? E se for racionalização da mente do chefe e não da minha?

Claro que é racionalização da mente da mente dizer que a empresa explora. Nenhuma empresa explora o empregado.

Me diga uma coisa. Quando você começa numa empresa não sabe o trabalho que tem que fazer? Quando é contratado não lhe é proposto um salário que é o mesmo que é pago no final do mês? Então, onde está a exploração a cobrança de que você trabalhe e no valor que recebe ao final do mês?

O salário não muda, o trabalho também não. Onde está a exploração?

Participante às vezes o salário muda porque muda a função. Somos contratados para uma coisa e acabamos fazendo outra.

Aí é outra coisa. Se acontecer isso, você tem todo o direito de pedir demissão e ir procurar outro emprego.

Agora, se forem mantidas as condições de contratação, não há exploração, por mais que a empresa cobre seu trabalho. Se você aceita uma condição por qualquer motivo na hora da contratação, não pode posteriormente se dizer explorado pela empresa.

Deixe eu dizer uma coisa: ninguém é obrigado a ir trabalhar. Se você não gosta da sua empresa, se não gosta do tipo ou do volume do trabalho lá, peça demissão e vá para casa.

Veja a hipocrisia. Na hora da contratação você aceita tudo porque quer ter um emprego, depois que entra quer mais. Quer menos trabalho e mais salário. Quer coisa diferente? Sai da empresa e procura em outro lugar.

É a mesma coisa daqueles que flama mau da empresa. Se ela paga pouco ou muito, se lhe dá muito trabalho ou não, se não lhe deixa tomar cafezinho nem fazer festinha de aniversário, é ela que põe o prato de comida debaixo da sua boca. Se não está satisfeito com ela, antes de falar mal, saia dela. Já que se julga melhor do que ela, um profissional que pode ser melhor do que a sua empresa, saia e vá procurar outra. Procure uma que pague o que você quer, que lhe dê a função e o volume de trabalho que sonha.

Só que não. Querem que a empresa de adapte àquilo que querem. É desse alarme que estou falando. Isso a mente que está criando para lhe jogar precipício abaixo do sofrimento. Vocês dizem que acreditam no livre arbítrio. Se creem, vão lá e peçam demissão.

‘Ah, mas Joaquim emprego está difícil, se eu não achar outro’? Se pensa assim, ou seja, se tem medo de tentar achar o que quer, aceite o que a sua empresa lhe dá, fique nela. Só que na hora que decidir ficar, pare de falar mal dela. Não fale mal porque você aceitou as condições propostas.

Por isso, repito: não há empresa que explore alguém, pois todo que é explorado tem o direito de ir embora e com isso a exploração acaba. Ninguém lhe amarra no pé de uma mesa para ficar na empresa. A época de trabalho forçado já acabou.

 Me desculpe, mas a sua pergunta é papo de sindicato. São as sociedades de classe que acham que o empregado tem que ganhar muito e trabalhar pouco.

Aliás, deixe eu falar mais. Anteriormente você mesmo me fez uma pergunta onde questionava se no trabalho não deveria ajudar as pessoas que estão com problemas, que se deve amparar os outros. Na época eu não respondi porque disse que haveria uma hora para isso neste trabalho. A hora chegou.

Não. Se quer ajudar alguém, faça isso não na hora do trabalho, mas depois que sai. Se acha tão importante fazer isso, ao invés de ir para casa ficar com a sua família, ao invés de assistir televisão, tomar chope ou passear, faça isso. Na hora do trabalho é hora de realizar aquilo para o que ela lhe paga. Depois do trabalho, você é livre para prestar assistência aos outros.

A maioria das pessoas dizem que é muito bonito dar assistência ao próximo, mas não abre mão de nada do que quer fazer para poder ter tempo para isso. Por causa disso, acha que é no horário do trabalho que imagina que deva fazer.

Estão vendo a hipocrisia da mente humana?

Eu disse no início dessa conversa: quem não estiver disposto a ser confrontado no espelho não venha aqui. Eu vou pegar no pé de vocês humanos sem pena. Preciso fazer isso porque vocês não veem que a mente é egoísta e por isso está sempre planejando ganhar alguma coisa. Os outros? Eles estão aí só para lhe proporcionar prazer.

Participante: como subordinado eu deveria apenas servir como um escravo sem questionar nada do chefe? Assim eu poderia ser feliz no trabalho?

Desculpa, volto a repetir o que falei no início da conversa passada e dessa. Eu não estou programando atos nem pensamentos.

Não estou dizendo como deve agir. O que estou querendo mostrar é que pela lógica vocês deveriam pensar e agir de um jeito, mas a mente pensa e age de outro. Pela lógica deveria entrar nos eu trabalho, fazer o que tem que fazer, sair e ir embora. No período que estiver lá, deveria produzir o máximo possível, pois é para isso que recebe salário.

Pela lógica seria isso, mas não é assim que a mente lhe diz que as coisas devem ser. Além disso, ela lhe cria a palavra escravo para deixar ainda mais dolorida a prática da lógica. Só que vocês não fazem a mínima ideia do que é ser escravo.

Escravo não ganha dinheiro. Escravo não tem direito de reclamar. Escravo tem que trabalhar acima do esperado. Escravo não acaba a jornada diária e pode ir para casa descansar e assistir televisão. Apesar disso, ainda acham que apenas não ter tempo para um cafezinho e para comemorações na empresa é um trabalho escravo. Realmente vocês não tem a menor noção do que é ser escravo. Por isso, não aceite quando a mente diz que cumprir o seu dever, que fazer aquilo para o qual é pago é ser um escravo. Cumprir o seu dever, pela lógica, seria apenas retribuir por aquilo que recebe.

Volto a falar. A mente, que quer levar vantagem, jamais vai declarar que você tem que trabalhar para receber. Ela acha que por estar empregado tem o direito de receber, mas não lhe dá o dever de trabalhar para poder receber. Ou melhor, ela sugere que você trabalhe no intervalo entre seus descansos e sua socialização.

É isso que estou dizendo. O que estou fazendo é mostrando o funcionamento da mente humana, mostrando a ação do egoísmo que está presente nas ideias, versus a lógica. Estrou mostrando isso para que quando a sua mente funcione desse jeito, você não aceite a dor que vem embutida nela ou o prazer que vem junto com este pensamento.

É só isso que estrou fazendo. Não estou defendendo ninguém. Seu chefe amanhã continuará a ser quem é e você continuará também sendo quem é pensando o que pensava hoje. A diferença é que depois de nossa conversa estará atento às armadilhas que a mente gerar e com isso não se deixará se arrastada por estas armadilhas do egoísmo mental e com isso nem sofrerá nem cairá no prazer.

Agora o que você pensa sobre tudo isso, é a sua mente que está esperneando para não perder.

Participante: mas aquelas famílias que tem muitos filhos, que tem que se sujeitar a qualquer situação para levar comida para casa. Muitas vezes são explorados e não tem como mudar isso.

Você está falando de exploração, mas deixe eu falar algo.

Me diga uma coisa: quanto vale um real?

Participante: um real.

Você está completamente enganado. Sabe quanto vale um real? O valor que você der a ele.

Você está me falando que tem gente que é explorada, ou seja, ganha pouco. Porque? Porque dá pouco valor ao dinheiro. Acha que devia ganhar mais, para poder ter mais.

Sei que você me falou de uma família que passa necessidades é uma, mas a família que passa necessidades e acha que não deveria passar é outra. A última se sente explorada. Aquela que consegue viver em paz consigo, mesmo que tenha apenas uma refeição com um único grão de arroz, ganha pouco, mas não se sente explorada. Pelo contrário: agradece as migalhas que recebe. Esse não se sente explorado. Ele, que normalmente trabalha muito fisicamente, diz: ‘graças a Deus tenho este emprego e vou poder comer um grão de arroz à noite’.

Na verdade quem tem a visão de ser explorado normalmente é aquele que não tem carências tão profundas, mas que sonha em ter coisas que não possui. Este sente falta de dinheiro e acha que o que ganha, seja qual for o valor, é uma exploração.

Portanto, a sua visão, apesar de aparentemente estar envolvida com um aura de piedade denota que você tem e acha que eles querem ter o que você tem. Isso é ilusão. Tem muita gente que não sonha com o que você sonha nem com o que tem. Eles aprendem a conviver em paz com aquilo que possuem e por isso não sofrem a falta.

Para as pessoas que querem que os outros tenham o que tem, pergunto: quem disse que o mundo é justo, que todos terão sempre as mesmas coisas? Desde que o mundo é mundo existe a pobreza, a carência e os abastados. Isso jamais mudará, porque a vida é assim.

Como ensina o Espírito da Verdade é preciso que exista vicissitude neste mundo. Sendo assim, sempre haverá aqueles que têm e aqueles que não. Por isso, o ser humano, mais do que se preocupar em ter o que não possui, precisa aprender a conviver com o que a vida lhe dá em paz.

Não estou fazendo apologia da pobreza. Se você não tem e sonha em ter, busque meios para isso. Estude, procure um emprego melhor e tente conseguir valores monetários para ter o que deseja. Agora, enquanto não consegue, aprenda a viver com aquilo que possui, pois senão, não terá mesmo as coisas e ainda por cima sofrerá.

Portanto, ao invés de se preocupar com estas pessoas, eu, sem brigar, mas exercendo a função de orientador, lhe digo que não se ocupe com essas pessoas, mas com a sua própria mente pois ela está lhe empurrando para o sofrimento. Ela lhe joga a ideia de que existem pessoas que sofrem por causa da carência e por isso são exploradas para que você sofra.

Já cansaram me perguntar como se pode ser feliz vendo uma criança passando fome. Eu sempre respondi: não querendo que ela tenha comida. As pessoas insistiam: como posso querer isso? Tendo a consciência de que neste mundo uns terão em excesso, outros o necessário, alguns pouco e outros quase nada.

A vida é assim e não adianta querer mudá-la. A pobreza e a carência existe desde que o mundo é mundo e, apesar de milhares de pessoas de boa vontade, isso nunca deixou de existir.

‘Ah, Joaquim, aí eu vou ficar frio’. Sim, mas na hora que ficar frio poderá ser feliz, pois somente o quente vive o prazer ou a dor.

Portanto, ao invés de se preocupar com a exploração dos outros, ocupe-se com você, pois está sendo empurrada para o precipício e nem está vendo isso acontecer.

Participação: você acertou em cheio. Às vezes tenho remorso por ter aquilo que os outros não podem ter.

Eu não acertei por acaso. As suas palavras me disseram isso.

Vocês ainda não entenderam que as palavras falam muito mais do que pode ser ouvido. O que as suas palavras me falaram é sofrer por causa da carência dos outros. Ninguém diz que alguém é explorado se vangloriando; só sofrendo.

Participante: falando em escravo, o empregado acaba sendo escravo de si mesmo, do seu ego?

Todo observador é escravo da mente. Porque? Porque acredita no que a razão diz. Por causa dessa crença vive o que ela cria.

Foi o caso que me foi perguntado sobre ser inevitável sofrer em determinados momentos, ou como me falaram outro dia: é natural o ser humano ter prazer e dor. Não, isso não é natural.