Em busca da Felicidade - Prática - Relações trabalhistas

Rotina

Voltando ao nosso assunto principal, vimos, então, que quando começa num emprego a mente lhe diz que está empregado e por isso precisa aprender o trabalho. Mais: lhe diz o que deve aprender. Tudo isso deve ser observado e não acreditar que você está fazendo e que tudo que é dito é verdadeiro.

Só que a partir de um determinado momento, trabalhar passa a se tornar algo habitual, ou seja, você passa a ter o hábito de fazer. Porque o hábito é inimigo, é criador de armadilhas que leva ao ciclo do prazer e da dor? Porque ele gera o vício.

O que acontece primeiro quando você se depara com alguma coisa nova para fazer é tentar aprender como fazer. Depois você se habitua a fazer aquilo. Mais tarde, depois que se habitua a fazer o trabalho, começa a acreditar que aquilo precisa ser feito daquela maneira e naquela hora.

Será que o que estou falando nunca aconteceu com vocês? Será que não estão habituados a fazer determinada coisas de uma maneira e aparece alguém e lhe diz que há outro jeito de ser feito? Acho que sim.

Quando isso acontece, qual a reação normal de uma mente humana? Dizer que o outro é abelhudo, que está se metendo onde não é chamado, que mal saiu das fraldas e já está querendo ensinar a você, que está há tanto tempo fazendo, como deve proceder. Não é assim que a mente humana age? Portanto, se você compactua com a obrigação, que é a expressão do vício, de realizar uma atividade da forma que a mente diz que deve ser feita, irá vivenciar todo este sofrimento quando a sua mente cria-lo.

Esse é o grande problema de criar hábitos, maneiras de fazer determinadas coisas: chegar à conclusão que sabe como aquilo deve ser feito. Quando sabe a forma como deve ser feita alguma atividade e quando sabe a hora que tal serviço deve ser realizado, você está se arriscando a viver no prazer ou na dor e nunca na felicidade.

Mais: quando a mente cria o que vocês chamam de rotina, ela diz que tê-la é bom. Fala em comodidade, em facilidade para fazer as coisas.

Essa questão está ligada a pergunta que me fizeram sobre o cansaço de realizar o trabalho de observar a mente. Ela diz que este cansaço está vinculado à questão de ter que pensar o pensamento, porque ela sempre vincula o resultado de pensar muito numa coisa com o cansaço. É por isso que vocês imaginam que ter uma rotina é bom.

Quando se tem uma rotina, segundo o que a mente humana cria, não há necessidade de pensar. Segundo ela, quando se cria uma forma padrão de ação, existe uma automatização da ação, o que leva a um comodismo que não traz cansaço pela execução da ação.

Ela lhe incita a não pensar, a não prestar atenção ao que é pensado durante a execução. Para que você aceite isso ela lhe diz que já sabe o que fazer, como fazer, quando fazer. Ela lhe lembra que você já está acostumado a chegar no seu emprego no mesmo dia, na mesma hora. Para que pensar sobre essas coisas? Com isso ela lhe distrai e não lhe deixa realizar o trabalho da busca da felicidade. Por isso acreditar nestas afirmações é expor-se a uma armadilha muito grande para aquele que pretende realmente ser feliz nesta vida.

Aquele que quer ser feliz deve, como observador da mente, da vida, deve fazer de cada dia do seu trabalho o primeiro. Deve viver cada dia como aquele em que não sabia de nada, onde era um aprendiz. Digo isso porque se sabe o que tem que ser feito, se sabe a hora que cada coisa deve ser feita, estará na beira do abismo, pois a mente sempre criará alguém para desafiar a sua rotina e com isso lhe levar para a dor.

Este é um aspecto com relação a questão da relação trabalhista. Quando se está empregado em um mesmo lugar muito tempo ou se está numa mesma função por longo período, é preciso estar atento à questão de criar-se o hábito de fazer, a rotina de como trabalhar. Isso porque esta rotina se torna num vício, numa dependência de acontecer para que exista o prazer, a satisfação.

Quem tem um rotina vive aprisionado à mente. Por isso está sempre à beira do abismo, está sempre sujeito a viver o prazer e a dor. O sofrimento ronda quem vive desse jeito.

Você não deve acreditar que a mente sabe fazer as coisas, que faz sempre o certo, pois em determinado momento ela cria alguém para combater este certo ou lhe faz agir de uma forma que ela chama de errado para lhe gerar a culpa. Faz isso porque a função dela nessa vida é gerar o prazer ou a dor.

Eis aí, portanto, um grande aspecto que precisa ser atentado quando falamos de segurança nas relações trabalhistas que ocorrem durante a vida carnal.