Religiões

A atividade espiritual e a realidade

Hoje, vamos fazer um balanço destes quase dois anos de estudo de O Livro dos Espíritos. O tema hoje é ‘Espiritismo – a doutrina dos espíritos’ e, dentro dele, quero muita participação de vocês, principalmente daqueles que conhecem a doutrina espírita humana, fazendo perguntas para que possamos, então, falar mostrar a diferença entre as duas doutrinas.

Participante: Sobre a magia negra, se os atos já estão planejados, onde entram os efeitos de tal prática?

No teatro, na encenação que vocês chamam de vida... Se todos os atos já estão planejados, como compreendemos depois de estudar O Livro dos Espíritos, a atividade de fazer a magia já está planejado e o que acontece através dela (o resultado) também.

Veja bem. A ação de se executar uma magia, bem como as possíveis reações que serão sentidas, é uma cena da encarnação dos espíritos onde o ser humanizado pensa que está participando, fazendo ou recebendo a ação, quando na verdade apenas provas estão sendo propostas para o espírito.

Este conhecimento, que é fruto do estudo que fizemos na doutrina dos espíritos, serve para a compreensão dos atos de magia branca, negra, passe, macumba, etc. Enfim, serve para compreender qualquer acontecimento que queira imaginar.

Saiba sempre: ato é teatro.

Participante: E nesse caso, há leis físicas que explicam tais efeitos?

Pode até haver lei física, ou seja, lei que seja conhecida pelo ser humano e que, aparentemente, explique estes fenômenos. No entanto, não podemos nos basear nela. Isso porque toda lei física é sempre relativa, ou seja, serve para um determinado tempo e para determinados elementos. A lei física não é universal, ou seja, tem sempre a mesma reação ao longo dos tempos e dá o mesmo resultado em todos os elementos que se submetem ao mesmo princípio.

Por isso não podemos confiar nela. Se a lei física é relativa, pode ter certeza que um dia ela será desmentida. Se você confia primariamente na lei física um dia se surpreenderá porque ou ela não será mais válida (nova descoberta a desqualificou) ou poderá não ter o resultado que você esperava.

Mas, por que a lei científica humana é relativa? Porque não existe nem o físico, o elemento material, como foi conversado durante o estudo de O Livro dos Espíritos. Que dirá, então, uma lei que o reja. Na verdade o Universo é regido por uma lei energética, que é a espiritual. E essa, como oriunda de Deus é Universal e, portanto, jamais será desmentida ou produzirá efeito diferenciado, não importando quais elementos se submetam a ela.

Mas, esta lei, enquanto encarnado, o espírito não conhece na Realidade. Possui apenas uma compreensão material dela, mas não sabe realmente como ela funciona. Por isso, não queira pedir comprovação científica de nada, para que você não fique atrelado a verdades relativas que um dia perderão a validade.

Quando o homem entender a Realidade espiritual poderá comprovar tudo o que estamos falando. Mas, para se acreditar sem comprovação material é preciso haver fé em Deus e nos ensinamentos recebidos, não importa de que mestre.

Hoje, o ser humanizado, não importa qual a doutrina religiosa que siga, não põe em ação essa fé. Submete o espiritual a leis físicas, ou seja, para ele só existe o espiritual quando comprovado fisicamente.

Isso faz parte, no caso de nosso assunto de hoje, da doutrina espírita humana. Vamos aqui falar exatamente disso: da doutrina espírita dos espíritos, aquela que não pode ser comprovada pela ciência humana e da materialização a que ela foi submetida quando foi exigida a comprovação científica humana.

Por enquanto saiba que pedir comprovação a lei física de coisas espirituais é inverter o processo do Universo, o que leva a formar verdades relativas conferindo a elas valores de absoluto.

Participante: E quando alguém vai fazer uma oferenda na mata, no mar, na cachoeira, ou mesmo quando se acende uma vela, quais são os elementos que realmente existem aí? Existe o pensamento de quem faz a oferta ou o dos trabalhadores da espiritualidade que a recebe? Onde entra o livre arbítrio?

Em O Livro dos Espíritos, codificação da doutrina dos espíritos, está escrito que a oração é um sentimento, uma energia.

Então, veja. Acontece, mesmo que na ilusão virtual da ação, o ato da oferenda, mas ele é pré-programado, ou seja, não ocorre por decisão naquele momento. Neste ato ocorrem, também ilusoriamente, os pensamentos de pedir, de ofertar e de receber.

Tudo isso existe, mas apenas no campo do imaginário criado pelos egos dos espíritos envolvidos. Agora você e a entidade, como espíritos que são, podem participar deste ato com diversos sentimentos. E aí se consiste no seu livre arbítrio.

Você, ou até mesmo a entidade que está recebendo a oferenda, pode participar da ilusão da ação de uma forma egoísta (querendo levar vantagem) ou de uma forma universal. Estas são as opções que todos os espíritos têm ao vivenciar as cenas do teatro da vida.

Participante: E, que espírito recebe estas oferendas?

De que oferendas você está falando, das coisas materiais? Ninguém, porque a coisa material não existe. Do sentimento? Este é recebido pelo Universo, pelo Todo.

Na verdade todo sentimento vai primeiramente para o Universo e não para um espírito específico, mesmo que o emissor o tenha direcionado. Posteriormente pode ser redirecionado do Todo para um determinado espírito, mas inicialmente foi encaminhado ao éter.

Participante: Sendo assim, porque os guias solicitam coisas materiais?

Que guia? O espírito através do médium, através da fala? Teatrinho. O espírito trabalhador sabe que faz parte do teatro da vida solicitar aquelas coisas. Para que? Para fazer uma prova para o espírito. Que prova? Para ver se ele vai participar do ato com amor universal ou egoisticamente.

Então, a entidade pede para ir ao mar e jogar uma rosa branca... Isso é uma cena de uma peça de teatro. Mas, para que a entidade pede isso se sabe que é um teatro? Para propor uma prova ao espírito encarnado, ou seja, para ver se ele vai lá jogá-la pedindo a Deus para si mesmo (ganhar individualmente) ou se, internamente, está louvando a Deus sem nada esperar em troca.

Isso no caso do espírito que está interpretando o papel de guia possuir esta compreensão. Se não for assim, ou seja, se ele acreditar que realmente precisa jogar uma flor no mar e que este ato pode influenciar, é apenas um instrumento de Deus para a provação de alguém, mas que também está vivendo sua própria prova.

Aliás, como entendemos do estudo da base da doutrina dos espíritos (‘O Livro dos Espíritos’), que é o que acontece em todo relacionamento entre dois espíritos.

Participante: No caso das oferendas, os espíritos que pedem essas oferendas ainda têm ego, certo?

Certo. Podem não ser dominados por ele, mas ainda os têm com certeza.

Participante: Então eles também acham que, se não forem cumpridos os pedidos, podem causar mal a quem não cumpriu? Devem pensar isso por conta da ação do ego, não?

Você está falando que todos os espíritos que trabalham em religiões que utilizam desse teatro (oferendas, trabalhos) pensam isso? Não, tal compreensão não é verdadeira.

Existem alguns que não estão mais subordinados a um ego, apesar de estarem ligados a um como criador de realidades. Esses compreendem a necessidade da criação desta determinada cena na peça da vida de cada um e, por isso, participam dela, mesmo conhecendo a Realidade.

Agora, para aqueles que ainda estão presos ao ego, ou seja, que ainda acreditam ser uma determinada personalidade, também não podemos afirmar que todos pensarão igualmente. Isto porque a compreensão que o espírito ligado a uma personalidade recebe através do seu raciocino é criada por Deus e trazida pelos espíritos amigos.

Sendo assim, naqueles que Deus fizer surgir esta compreensão, ocorrerá a crença nisso. Aqueles que Deus der esta consciência, não acreditarão.

Participante: Com relação à provação (fazer a oferenda egoisticamente ou universalmente), não entendi sua resposta, porque quando se chega ao ponto de fazer uma oferenda já se foi egoísta e já se pediu alguma coisa ao guia.

Não necessariamente.

Você pode participar da ação do oferecimento dentro de uma ligação com Deus, ou seja, estar em sintonia amorosa com Ele, mesmo que ainda espere receber alguma coisa em troca por este amor. Agora, existem muitos que nem se lembram do Pai neste momento, mas estão fixados exclusivamente no que vão receber.

Participante: No ato de um encontro de magia eu pedi com sentimento a ajuda dos amigos espirituais e percebi a presença deles. Como funciona isso?

Esta sua percepção é racional porque tem formas. Sendo assim, é ego, é elemento do teatrinho da vida. Apenas se esta percepção não tiver forma, nomes ou qualquer outro elemento material, ela é espiritual.

Quando se fala em teatrinho vocês acreditam que estou falando apenas nas atividades dos elementos percebidos pelos órgãos do sentido do corpo físico, mas não é isso. Mesmo aqueles que são percebidos apenas através do raciocínio são materiais, pois existem apenas nas formações mentais que Buda nos ensinou que é apenas um agregado ao espírito e não algo original dele.

Por isso afirmo: todo o Universo participa do teatro da vida humana. Mesmo os espíritos desencarnados participam do teatro, ou seja, da realidade ilusória que é perceptível ao ser humanizado.

Ouça bem isso: a única coisa que o espírito faz é pulsar, receber e emitir sentimentos; todo resto é teatro.