Religiões

Deus se faz homem

07 - Ó Bhârata, toda vez que a Autêntica Religião declina e predo¬mina a irreligiosidade, EU TOMO CORPO!

Religião é religação com Deus. Religiosidade é a crença na ligação com Deus. Ou seja, cada vez que a religação falta, Deus se faz homem. Não que Ele próprio se faça homem, mas manda um enviado para divulgar a verdadeira religiosidade.

Participante: Deus pode encarnar no corpo de um homem?

Os hindus acham que Krishna é Deus, mas não é. Krishna é um espírito enviado de Deus.

Como ia dizendo, então, Deus se faz presente através dos mestres, dos enviados. Ele próprio não vem. Ou seja, da boca desses enviados saem as palavras de Deus para a religação ao próprio Senhor e não ao enviado.

O problema é que as religiões do planeta fazem a religação com o enviado – no hinduísmo é com Krishna, no catolicismo é com Cristo – mas, a religiosidade deve ser a crença em Deus e não no enviado. Esse último será sempre um enviado que representa Deus e não ele mesmo.

Portanto, essa história de Krishna ou Cristo são o próprio Deus não é verdade. São espíritos, individualidades diferentes do Pai.

08 - Para a proteção dos justos e para a destruição dos malfeitores, e para o restabelecimento da virtude e eterna religião (ou "Dhar¬ma"). Eu renasço de tempo em tempo.

Quem é o justo? É o que faz sem intencionalidade. Quem são os malfeitores? Os que agem com intencionalidade do individualismo (eu gosto, eu quero).

Mas, deixe-me fazer uma pergunta para ver se vocês fazem um esforço de memória e conseguem se lembrar. Qual o mestre que seguiu uma determinada religião? Nenhum, não é mesmo? Todos os mestres vieram para afrontar o poder religioso estabelecidos. Jesus era judeu e era contra a religião dos judeus; Buda acabou com a distinção de castas que havia na Índia, que era imposta pela religião; o Espírito da Verdade foi contra o Cristianismo; Lutero foi contra a igreja católica. Sempre um mestre, um enviado de Deus, vem contra a religião.

Participante: Mas, Lutero acabou fundando uma religião.

Nem ele nem nenhum dos outros fundaram religião. Elas foram fundadas por outros com base em seus ensinamentos...

A partir disso, torno a perguntar: qual é a verdadeira religião dos mestres? Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. É isso que os enviados de Deus vêm proteger. Eles não vêm proteger os poderes religiosos estabelecidos, mas para estabelecer a verdadeira religação com Deus: amor a Deus acima de todas as coisas e o amor ao próximo como a si mesmo. Foi isso que todos os mestres vieram fazer.

A partir dos seus ensinamentos foram fundadas as religiões, mas não se deve seguir a religião e sim o próprio mestre. Quem segue a religião segue o que outros disseram e concluíram a partir dos ensinamentos mestres. Mas, quando fazem isso, estão motivados pela humanidade que vivem e, por isso, alteram a intenção de quem trouxe o ensinamento. Deve-se se buscar diretamente o ensinamento do mestre porque ele, seja de quem for, é sempre o mesmo: amar a Deus acima de todas as coisas.

É isso que precisamos entender em qualquer revolução no mundo religioso. Qualquer revolução que venha para criar uma nova religião não é bem-vinda, mas qualquer uma que venha para religar a Deus é bem vinda. Na hora que você adorar Cristo não adora a Deus, ou diz que o mestre é o próprio Deus.

Portanto, os mestres vêm para combater os poderes estabelecidos, os poderes religiosos estabelecidos.

09 - Aquele que deste modo verdadeiramente compreende Meu Divino nascimento e forma de agir ("Jñana Yoga"), quando aban¬donar este corpo não voltará a nascer, senão que se reunirá Co¬migo, ó Arjuna!

Divino nascimento é a vinda de um mestre. Ou seja, Krishna diz que quem compreende a vinda de um mestre não vai renascer.

Todos os mestres ensinaram a amar a Deus acima de toda e qualquer compreensão que se tenha sobre os acontecimentos. Cristo dizia: 'foi meu Pai que quis assim'. Ou seja, ele vivia para Deus. Essa religação e aceitação, essa vivência ou comunhão com o espírito, com Deus, é a característica de todos os Mestres.

Quem compreende o meu nascimento, ou seja, a vinda do seu mestre e a sua forma de viver (que é viver para Deus) não vai nascer novamente, pois quebra o ciclo encarnatório quando alcança a comunhão com a parte espiritual. Ele não encarna novamente porque não se vê mais como ser humano.