Religiões

Orientando espíritos

Participante: Quando numa sessão de desobsessão encontramos espíritos ainda ligados ao ego (raivosos, rancoroso, vingativos, etc.) o que devemos fazer?

Amar. O problema é que a maioria quer dar bronca ou ensinar. Pare e ame... Se ele tem raiva, rancor ou está buscando vingança, só o amor pode auxiliá-lo a reformar-se. Sentimento, isso pode ajudar; palavra, de nada vale...

O problema é que vocês querem doutrinar por palavras e esta, para o espírito, não vale nada, porque ele é consciente da sua motivação interna (sentimento, padrão vibracional moral) quando está falando com ele. Eu já vi espírito em sala de desobsessão dizer ao doutrinador: ‘cala a boca que você está falando tudo isso da boca para fora. Você está aqui falando, dizendo-se preocupado comigo, mas no fundo seu pensamento está na sua vida, no seu trabalho, no seu dinheiro, na sua família’.

O espírito sente isso e compreende a hipocrisia que está por trás das palavras do doutrinador que está presente apenas fisicamente e não sentimentalmente. O importante é o que sai do coração, ensinou Cristo. Ou seja, o auxílio vem de dentro e não de fora. Por isso é importante está consciente do que está vibrando naquele momento.

Se alguém tem raiva de você, ame. Se alguém lhe ataca, ame. Só o amor constrói.

Participante: E com os espíritos sofredores, é o mesmo comportamento?

É a mesma coisa: ame... No entanto, com eles você tem que unir ao amor a fé, a confiança e a entrega a Deus. Não por palavras, mas por sentimentos: a sua entrega sentimentalmente. .

Conversar com ele não vibrando no eu, mas entregando seu coração a Deus, sentindo-se como instrumento do Pai. O médium precisa entregar-se na mão de Deus, para poder alcançar na plenitude o trabalho de Deus.

Quantos médiuns fazem isso? Pouquíssimos. Decoram textos e agem apenas fundamentado naquilo que eles acham de devem falar. É como o garoto que ajuda a velha a atravessar a rua para ganhar sua boa ação do dia, mas esquece de perguntar se ela queria ir para o outro lado.

Participante: Pelo que o senhor diz, até o processo corrente de doutrinação dos espíritos desencarnados é algo parcial. Correto?

Sim, pois a doutrinação que você fala é com voz e promete elementos materiais: satisfação de desejos. Este falar é um teatro e faz parte da provação desse espírito.

O prazer animal, como o Espírito da Verdade chama a felicidade alcançada por elementos materiais, é irreal. Faz parte do teatro que encena as provações, expiações e vicissitudes. Só isso.

Sempre digo o seguinte: mesmo o que eu falo é ilusão. Vai gerar uma compreensão racional mais espiritualizada, mas ainda humanizada.

Para que eu fosse fiel àquilo que prego, deveria sentar aqui e ficar calado, apenas amando vocês. Mas, ainda é necessário para o ego de vocês estas palavras, este teatro. Agora, se por dentro eu não estiver vibrando no amor universal, de nada vale ter vindo aqui.

Dentro disso que você está falando (doutrinação de espíritos desencarnados), certa vez alguém me disse que numa sessão de apometria tinha conseguido socorrer um espírito sofredor, criando para ele uma perna que lhe faltava e que era a origem de seus sofrimentos. Eu disse, então, que ele realmente não tinha socorrido o espírito, porque a ausência da perna é uma vicissitude. Por isso, ele e seu grupo podem até ter dado uma perna para aquele espírito, mas ele ainda corria o risco de perdê-la mais à frente, porque não havia encerrado aquele ciclo de provações, que vocês chamam de carma.

Aquele espírito, mesmos estando desencarnado, corre o risco de perder novamente a perna porque, sendo vicissitude a ausência deste membro, quem a tirou foi Deus, quem a colocou novamente também o foi, e se tiver que ficar ou não só Ele saberá. Se você no atendimento não fizer esse espírito entender esse processo e, com isso, alcançar a equanimidade (manter o mesmo padrão sentimental com ou sem perna) de nada adianta fazer apometria.

E é por isso que eu dou um recado ao ser humanizado de qualquer doutrina. Se você pretende auxiliar o próximo, é preciso primeiro se espiritualizar para depois querer fazer qualquer coisa. Porque senão, vai agir humanamente achando que está agindo espiritualmente.

É essa diferença. Você quer doutrinar espíritos, mas usa uma doutrina com valores humanos, atendendo às necessidades humanas, priorizando a felicidade material. Quer fazer apometria, dar passes, servir de orientador a encarnados, mas faz com valores humanos. Primeiro é preciso a mudança do seu interior. Sem ela não existe como se resolver realmente a questão. Faz-se parte do teatro, mas não há uma ajuda real e não há um aproveitamento para você. Digo que não aproveitamento para você, porque, ao participar de um trabalho espiritual, que por ser acontecimento da vida humana é uma provação, ainda participa do teatrinho egoisticamente, ou seja, participa buscando a auto realização.

Daí surge as expressões ’olha como eu sou um bom doutrinador’, ‘olha como eu ajudo os outros na apometria’. Isso não é amor universal, mas amor próprio, egoísmo, busca da fama, disfarçada em realização espiritual.

É por isso que estou falando e batendo nesse tema. Não adianta transformar qualquer outra coisa, mesmo que seja a prática da caridade ou o trabalho espiritual, em objetivos primários da sua vida. Isto porque o aproveitamento espiritual (elevação espiritual) de tudo que faz na sua vida depende do entender Deus e suas propriedades, o espírito e sua vida, a matéria e sua ação, do ponto de vista espiritual e não material.

Quando você se espiritualizar tudo muda.