Religiões

A ação humana

Continuemos a falar das diferenças entre a compreensão da doutrina espírita dos espíritos e a humanizada sobre o elemento espírito.

A doutrina espírita humana considera o ser humano independente, ou seja, que ele age por motivações próprias individuais, seja nos atos externos (acontecimentos) ou internos (pensamentos). A doutrina espírita dos espíritos não fala isso, muito pelo contrário.

A doutrina espírita dos espíritos fala que a inteligência menor é comanda em suas obras pela inteligência maior (pergunta 9 de ‘O Livro dos Espíritos), ou seja, fala que Deus é Causa Primária das formações mentais, que geram ilusoriamente a motivação para a ação, de todos os espíritos encarnados. E se assim é, o espírito não faz porque quer, mas porque Deus lhe dá, através do pensamento, a ilusão de ter esta motivação para agir.

Existe ainda outro trecho do ensinamento da doutrina espírita que também contempla esta informação. Segundo o que vimos da pergunta 132 a doutrina espírita afirma que a alma é um espírito vestindo um corpo de acordo com o mundo em que vive para, obedecendo ordens de Deus, contribuir para a obra geral. Sendo assim, ele não faz, mas representa o que Deus lhe manda fazer.

Portanto, nem a intenção nem a ação são do ser humano, mas apenas ações da Causa Primária construindo a obra geral do Universo: o progresso moral dos espíritos.

Agora veja. Para a doutrina humana existe uma intencionalidade ao fazer as coisas e uma liberdade de ação ou não. Mesmo os espíritas acreditam que cada um faz aquilo que quer (livre arbítrio de fazer) fundamentando-se em suas intencionalidades, que também são frutos do seu querer. Mas, para os espíritos, aqueles que seguem a doutrina espírita dos espíritos, o ser universal encarnado não faz nem quer fazer: age em nome de Deus para a obra geral.

A prática destes ensinamentos (consciência sobre a verdade e a realidade) cria uma diferença muito grande a partir destes dois aspectos. Isto porque aquele que está lhe agredindo (consciência humana) não faz isso porque quer, mas é um espírito comandado por Deus, agindo em nome de Deus para criar para você a sua vicissitude. Mesmo que ele também acredite que está fazendo por que quer, na verdade está sendo induzido por Deus para fazer o que precisa ser feito para a evolução do outro, ou seja, criando a vicissitude daquela outra encarnação.

Mas, isso não deve ser visto apenas no mal, mas em todos os aspectos da vida carnal. Aquele que está lhe amando, materialmente falando, sendo seu amigo, dando carinho, também não está fazendo isso. Está simplesmente sendo instrumento de Deus para criar o outro lado da sua vicissitude.

Portanto, aí está um elemento de razão mais espiritualizado do que aquele que hoje é acreditado pelos espíritos encarnados. Os espíritos não fazem o que querem, mas cada um, vestido com o corpo de acordo com o mundo que vive, é dirigido por uma inteligência superior, para gerar a vicissitude que faz parte da provação, que é a encarnação daquele outro espírito.

A conscientização deste elemento espiritual muda completamente a visão do mundo. Ao invés de ter um inimigo, terá um espírito trabalhando em nome de Deus para criar a sua vicissitude, que deve ser vivida na glória de Deus. Ao invés de ter um amigo, terá um espírito trabalhando em nome de Deus para criar outra vicissitude, que deve ser vivenciada com a felicidade que Deus prometeu aos seus filhos e não no prazer.

É isso que precisamos entender... É isso que a humanização da doutrina escondeu dos espíritos encarnados...

A humanização não contemplou estes aspectos porque criou a vida ao invés de vivenciar a encarnação; porque contemplou a independência do ser humano do universo, ao invés de vivenciar a causa primária de todas as coisas.

Neste outro aspecto já se vê mais diferenças entre as duas doutrinas. Mas, continuemos nossa análise.