O poder da felicidade

Família

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112. Calcanhar de Aquiles

O problema da pessoa que me procura agora está relacionado com a falta de carinho no seio de sua família. Segundo ela, tanto o pai como a mãe são pessoas autoritárias, materialistas, prepotentes, que nunca lhe deram um carinho familiar. Ela nunca se sentiu envolvido por um sentimento familiar.

Diz que já estudou muitas coisas que conversamos e que já conseguem superar em relacionamentos muitas coisas, mas que no tocante a convivência com seus pais não consegue superar. Por isso me pede ajuda a esse respeito.

Primeiro quero lhe agradecer a questão, pois ela será muito boa para conversarmos um pouco sobre a questão familiar. Já falamos sobre uma mãe super protetora, que exige muito do filho. Agora vamos falar de uma mãe que também exige, mas não tem sentimentos comuns àqueles que representam este personagem na Terra.

 Antes de qualquer coisa, um parênteses. Você me disse que está estudando, que está buscando aprender a viver esta vida de uma forma mais leve e que consegue colocar em prática os ensinamentos. Só acho que neste caso específico, ou seja, assunto familiar, você não consegue isso.

Quando vê, a coisa já desandou, já foi levado pelo ego, pela mente e viveu toda carência e a revolta que essa situação lhe traz. Isso é importante de percebermos porque quando entendemos e conseguimos colocar em prática em algumas coisas e não em outras, quando é muito difícil se conseguir em alguns momentos, descobrimos o que chamo de calcanhar de Aquiles. Estou falando do ponto fraco que todos temos.

Ao descobrir que este assunto, este tema, esta convivência é o seu ponto fraco, descobre-se algo muito importante: este é o seu maior trabalho nesta encarnação. São aqueles assuntos onde dificilmente conseguimos colocar em prática os ensinamentos que são os pontos mais importantes da encarnação que está sendo vivida.

Este, portanto, é o primeiro grande detalhe. Não há falta de conhecimento da sua parte, displicência sua. O que há é que esta é uma prova capital na sua encarnação. Por isso, esse assunto é muito mais difícil de ser vivenciado com felicidade. É uma prova que é muito mais difícil de ser vencida.

Este é o primeiro aspecto. Entenda desse jeito: esse seu problema de não sentir-se abraçado por uma família e a vontade e necessidade de ser é a prova capital da sua encarnação. Essa mesma lógica vale para qualquer um em qualquer situação. Se o ser humanizado não consegue vencer determinadas situações, por exemplo, o preconceito de cor, de escolha sexual ou contra pobre, ali está a prova capital deste ser. É a isso que ele precisa dedicar mais tempo, dedicar-se na outa mais profundamente.

Afirmo isso porque o resultado positivo, se conseguido, será de grande louvor para este ser.

113. Quem precisa de família

Agora, vamos falar do segundo aspecto. Vamos falar da necessidade de ser acolhido por uma família, de ser acarinhado por parentes.

Para falar disso começo lhe perguntando: essa necessidade é real? Essa necessidade é universal? Ou seja, será que todos têm essa necessidade o tempo inteiro? Não. Tem uns que nem ligam para família. Existem alguns que possuem mãe super amorosa e o filho nem liga para ela. Ele não quer ligar-se à família, foge dela.

Essa observação lhe leva a entender uma coisa: você não tem esta necessidade. Ela é criada pela sua mente e lhe apresentada para que você tenha a sua prova. Se não compreender isso, se achar que é normal precisar de um carinho, de um acolhimento num seio familiar e achar que isso é o certo, que todos precisam ser acolhidos, jamais vencerá sua prova.

Porque? Porque estará ligado ao ego e por isso só viverá o que ele falar. E, tenha a certeza: ele não facilitará as coisas para você, pois esta é a sua prova. .

Portanto, o primeiro trabalho que você precisa fazer é trabalhar em si mesmo no sentido de desmentir em si mesmo essa necessidade. Saber que ela não é algo que você realmente tenha, mas que é algo criado externamente pela mente. Criado como prova e não como verdades.

Este é um detalhe muito importante. Já conversei muito tanto nos estudos como particularmente com pessoas que afirmavam que amavam, que tinham carinho por outras. A estas a única coisa que digo é: você não entendeu nada do que disse. Não viu que sua mente está criando estórias dizendo que é você quem está sentindo aquilo e está caindo na onda dela.

Como já conversamos no estudo ‘Conhece a ti mesmo’, é preciso que se crie a dupla personalidade: você, o espírito e você, o ser humano, a mente humana. Além disso, é preciso compreender que aquilo que você, a mente humana, cria não é aquilo que você, o espírito, vive.

Sendo assim, toda angustia e carência que você vive é decorrente de uma criação da sua mente que foi aceitada como realidade, aceitou como se você realmente quisesse isso. Você viveu as coisas que me relata na sua pergunta porque não se separou da mente e por isso imaginou que foi você quem sentiu aquilo.

É por aqui que é preciso que comece o seu trabalho. ‘Não sou eu que quero, não sou eu que preciso, não sou eu que espero. Tudo isso é uma criação da mente humana a qual estou ligado para minha encarnação’. Se não fizer isso, não conseguirá continuar no trabalho que diz ser importante fazer.

114. A família humana e a espiritual

Agora posso entrar num assunto para lhe ajudar a deter o poder da felicidade. Ele se consiste na raiz do seu problema: família. Vamos falar um pouco de família.

No mundo humano existe a sagrada família. Existe a ideia da santidade do núcleo familiar. Agora, como essa família humana se organiza? Quem é da sua família? Aqueles que por laço sanguíneo ou sentimental possui uma convivência física ou não.

Esta é a definição de família. Ela é pai, mãe, avô, avó, filhos, sobrinhos, irmãos. No entanto, se nos profundamos um pouco mais nesta questão e entendemos que existe um universo imenso onde muitos seres nem sangue tem, veremos que a questão família como vista pelo ser humano possui uma visão muito restrita.

Mais: se você acredita em espírito e em encarnações e conhece as informações do mundo espiritual sobre o período de provação, sabe que hoje pode ter um filho que nunca teve relação consanguínea com você. Pode ter um pai que nunca pertenceu ao núcleo familiar de agora. Aliás, mais do que nunca ter participado dela, este ser pode ser um desafeto seu de longa data.

Além disso, levando-se em conta as informações disponíveis sobre a encarnação, sabe que mesmo sendo um filho hoje, em outras vidas pode ter sido marido da sua mãe. Pode ter sido pai daquela que hoje é sua mãe.

Esta é uma realidade que não se pode fugir. Para quem acredita em reencarnação e sabe que o espírito vive múltiplos papeis ao longo das existências carnais, deve existir a consciência de que o núcleo familiar de hoje no passado pode ter sido bem diferente.

Quem observa friamente todos conceitos humanos a respeito da família e os coloca a luz dos ensinamentos espíritas, os vê cair por terra. Esse é o segundo trabalho que você precisa fazer: se desligar do conceito humano sobre família. Desligar-se da ideia humana da sagrada e santa família. Para aquele que e espiritualista, ou seja, para aquele que acredita haver em si algo além da matéria e vive para ele, conceitos deste tipo não deveriam ter o menor sentido, não deveriam ter a menor força.

115. Família universal

Mas, será que com isso estou dizendo que não existe família? Não, não é isso que estou dizendo. Vou tentar lhe explicar isso mais calmamente.

Em O Livro dos Espíritos, consciente dos reflexos das verdades de que seres ocupam papeis durante a encarnação, Kardec e outros chegaram à conclusão que as ideias humanas sobre família não tinham nenhum sentido a luz dos ensinamentos recebidos dos espíritos. Por isso o Codificador fez a seguinte pergunta para o Espírito da Verdade: dizem que os ensinamentos sobre reencarnação vieram para destruir a família. Isso é verdade? A resposta é a seguinte: Não. O espiritismo veio para ampliar a sua família de tal forma que o seu senhor, ou seja aquele que está acima de você, é superior, e seu escravo, ou seja, aquele que está baixo de você, portanto fora do seu núcleo familiar, pertença à sua família.

É isso que a ideia de que se vive diversas vidas vivenciando diversos papéis traz: a ampliação da família e não o fim dela. Ampliação no sentido de que todos estejam numa só família.

Portanto, não estou dizendo que não existe família. O que estou falando é que não existe um núcleo familiar que os seres humanos dizem que existe. O que estou dizendo é que existe uma família universal.

Cristo ensina: todos são filhos de Deus. Por isso todos pertencem a uma mesma comunidade, que é uma família: a universal.

Esse tem que ser o seu terceiro trabalho. O primeiro é não acreditar no que sua mente diz. O segundo é entender que você não precisa daquela família humana, porque possui uma universal, ideia esta que sai do terceiro trabalho.

Pronto, seu problema está resolvido. Se sua mãe e seu pai biológicos não lhe dão atenção, carinho, tem outros membros familiares que podem suprir esta carência. Você pode conviver com seu vizinho, com seu amigo ou qualquer outro ser sentindo-se parte de uma família universal. Pode suprir a sua carência com a amizade do seu colega de trabalho.

É isso que estou querendo lhe fazer entender. Para que possa alcançar a verdadeira felicidade, é preciso que se liberte das carências humanas. Para fazer isso é preciso que expanda a sua existência para além dos seus núcleos, seja de amizades, de parentes, de nacionalidade, de cidade ou bairro. É preciso expandir todos os núcleos que frequenta.

Já que você busca a coisa espiritual, procure aquele que possuem essa mesma intencionalidade. Procure aqueles que vivem a ideia da família universal e entre em congraçamento com eles. Lhe garanto que dificilmente sentirá falta do amor do seu pai ou da sua mãe.

Sei que este trabalho é difícil e como comecei dizendo, sei que para você é mais difícil ainda. Para alguns isso é fácil, mas pra você não, pois esta é a sua prova capital. O que lhe disse hoje é o caminho que precisa ser trilhado para vencê-la.

Esteja em paz. Espero que tenha lhe ajudado.