O poder da felicidade

Possibilidade de morte

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Possibilidade de morte

38. Estado anormal do ser

Uma pessoa me fala que está com dores e ao ir ao médico ele pediu exames complementares. Por causa disso ela está com medo do futuro. Esta é a questão que vamos abordar agora. Vamos ver como usar o poder da felicidade em situações análogas, que são muito comuns entre os seres humanizados, seja neles próprios ou na vivência de outras pessoas que passam por este momento.

De início queria ressaltar uma coisa. A preocupação com a saúde futura para vocês não parece um sofrimento, uma contrariedade, mas é. O estado natural de vida de um ser humano é a paz, a ausência de argumentos para ir contra os acontecimentos do mundo, e a harmonia. Esse é o estado natural do ser. Por isso, tudo que é contrário a ele não é natural, não faz parte do ser. Portanto, é algo criado e gerado para o ser.

Sendo assim, a preocupação com o acontecimento futuro é algo anormal quando olhamos à partir de uma visão espiritualista. Claro que humanamente falando é normal, é natural, que o ser humano se preocupe com o futuro, com a sua saúde. Mas, na realidade, universalmente falando, essa preocupação não é normal, pois é vivida com uma possível desarmonia com os acontecimentos.

Sendo um estado anormal e se o normal é a felicidade, isso é uma infelicidade, um sofrimento. Por isso, aquele que detém o poder da felicidade precisa agir de alguma fora para estancar essa situação. Havendo essa necessidade de agir e se estamos estudando essa forma de ação, vamos, então, conversar sobre esta contrariedade, sobre este estado anormal do ser.

39. Qualidade de vida

Vou começar nossa conversa falando de saúde. É por este tema que precisamos começar a destruir conceitos gerados pela mente para poder libertar-se do sofrimento e viver a felicidade.

No mundo humano existem diversos equívocos com relação à saúde. Um desses é dizer que para uma qualidade de vida, para uma vida com qualidade, é necessário se ter saúde. Desculpem, mas isso é equívoco, ilusão.

Existem muitos que não têm saúde, mas que possuem uma vida com qualidade. Existem muitos que tem, mas não possuem qualidade de vida. Isso porque a qualidade de vida não está no tempo que se vive, mas na forma que se vivencia cada momento da existência. Vou tentar explicar isso.

Uma vida com qualidade é aquela em que o ser vivencia os momentos da existência em paz, harmonia e felicidade. Essa forma de vivenciar os acontecimentos pode ser classificada como uma vida boa. Existem diversas pessoas que possuem doenças, inclusive terminais, que estão em paz, harmonia e felicidade com a sua existência.

Exemplos? Acho que vocês conhecem muitos. Pessoas que estão com doenças terminais, sabem que vão morrer, mas ao conversar com elas, estão bem, tranquilas. Pessoas que tiveram que amputar membros e ao invés de caírem na depressão, descobrem a vida com qualidade quando se encontram numa cadeira de rodas.

Enquanto isso, existem milhares de pessoas que não possuem doença alguma nem nenhum problema e não sabem fazer outra coisa a não ser reclamar da vida que têm. Será que esses possuem uma vida com qualidade? Acho que não.

Eis aí um equívoco que aquele que quer exercer o poder da felicidade precisa desfazer: a ideia de que a vida com qualidade depende da saúde física do corpo. Vida com qualidade é um estado emocional, é um estado de espírito. Possui vida com qualidade aquele que vivencia os acontecimentos, e não estou falando apenas dos bons ou maus, mas de todos, em paz, harmonia e felicidade.

Então, aquele que detém nas suas mãos o poder da felicidade sabe disso e por isso não se preocupa com problemas de saúde. Ele pode ir ao médico, tomar remédios, pode fazer exames, pode até ser diagnosticado como um doente, mas não vivencia os acontecimentos da sua vida a partir deste estado, mas está sempre buscando a paz, a harmonia e a felicidade.

Este é o primeiro trabalho no tocante desta questão para aquele que pretende se utilizar do poder que tem pra ser feliz. Mas, há outro. Vamos continuar nossa conversa.

40. Preocupação

A pessoa que nos enviou a questão diz que está preocupada com o seu futuro por causa da doença que imagina ter e por causa dos exames que o médico pediu. A minha pergunta a essa pessoa seria a seguinte: será que existe preocupação que vá resolver alguma doença? Será que na farmácia se vende preocupação em comprimidos para realizar uma cura? Eu nunca vi.

Eu nunca vi preocupação curar nada. Já vi, como vocês humanos dizem, remédios curarem. Já vi a fé curar, o passe, a operação espiritual serem classificadas como responsáveis, dentro da ilusão que vivem, pela cura. A preocupação nunca vi curar ninguém.

Esse é um conhecimento que aquele que detém na sua mão o poder da felicidade possui. Chorar, se lamentar, se preocupar com o futuro não cura ninguém. Pelo contrário, pode atrapalhar a cura. Pode fazer o ser viver doente a doença.

Então, aquele que tem o poder da felicidade nas suas mãos pode, quando a mente começa a trabalhar com a preocupação a partir de um acontecimento, alcançar a qualidade de vida. Reparem bem que não falei de cura, pois isso vale para qualquer preocupação.

Aquele que consegue viver feliz libertar-se da preocupação com o futuro. Como? Concentrando-se no aqui e agora.

O futuro a Deus pertence, vocês mesmo dizem. Sendo assim, para que se preocupar? Deixe deus agir, espere Ele agir. Faça por onde merecer Deus agir. Só que isso só pode ser feito no aqui e agora. O futuro não existe e o passado já passou. Por isso, neles nada pode ser feito.

É isso que faz aquele que consegue viver feliz. Ele liberta-se das preocupações que a mente cria dizendo a si mesmo: ‘o futuro acontecerá no futuro. Eu tenho o agora, tenho uma vida neste momento para viver. Por isso vou me concentrar em viver a minha vida que está agora na minha frente, ao invés de me preocupar com o que acontecerá depois’.

É esse o trabalho daquele que detém o poder da felicidade. No caso de quem está doente o viver no aqui e agora consiste em: se for ao médico, foi; se tomar o remédio que ele passar, tomou; se fizer os exames que ele passou, fez. Cada coisa no seu momento, na sua hora, sem querer adiantar passos, ter prognósticos, saber o futuro que advirá daquilo.

Concentra-se em cada momento naquilo que precisa nele e deixa o futuro chegar para poder vive-lo. Quando o futuro chegar, ou seja, quando ele for presente, aquele que está habituado a viver o presente o viverá. Já aquele que está habituado a viver o futuro, quando ele tornar-se presente, continuará no futuro e não viverá o que está acontecendo novamente. Com isso os seus presentes se escoam e esse ser não viveu nada.

É isso que faz aquele que detém o poder da felicidade. Ele se concentra no aqui e agora, vive cada etapa, cada momento da sua vida com as coisas que estão presentes no aqui e agora e deixa o resto acontecer naturalmente, normalmente. Quando as coisas acontecem, ele está preparado para viver o que lhe fora apresenta.

Já aquele que vive com a preocupação, ou melhor, com a ocupação em acontecimentos futuros, sofre, não tem jeito. Isso porque a mente dificilmente dará, de uma forma firme, líquida e certa, ao ser a ideia de que tudo correrá bem. Mesmo que diga que tudo correrá bem, ainda continuará instigando o ser dizendo: será que vai mesmo?

Portanto, para aquele que não vive o agora, o sofrimento é inevitável.

41. Medo da morte

Eis, então, o segundo aspecto dessa conversa. Aquele que usa o poder da felicidade no caso de sofrimento causado por uma doença primeiramente não trata o ter saúde como qualidade de vida e também não se preocupa com o futuro, mas vive cada momento, cada presente, por ele mesmo. Só que há uma terceira coisa que precisamos analisar. Aliás, disse no início dessa conversa, que é preciso ir ao fundo desta questão, pois muitas vezes a causa da contrariedade está mais abaixo do que vocês imaginam.

Quem perde a sua saúde, na verdade, não sofre por conta dessa perda. O que lhe angustia é a possibilidade da morte.

‘Ah, Joaquim, é a mesma coisa’, vocês poderiam dizer, mas não é. Digo isso porque pode ter uma doença simples, como uma gripe, por exemplo, que sabe que não poderá normalmente ser a causa do desencarne e por isso sofre menos do que um diagnóstico de câncer. Porque isso acontece? Porque o diagnóstico de câncer traz a possibilidade da morte enquanto que o da gripe não traz isso consigo. Portanto, o que faz as pessoas sofrerem não é a perda da saúde, mas sim a possibilidade da morte.

Estou falando que a perda da saúde causa contrariedade por conta do medo da morte. Só que muitas pessoas me dirão que não têm medo da morte, mas a perda da saúde me causa contrariedade. Acham que isso é verdade, mas não é.

Aqui está algo que todo ser humano precisa compreender e que a mente esconde dele: todos têm medo de morrer. Por mais que diga que não tenha, por mais que elabore motivos para não ter (‘não tenho medo da morte, mas sim da perda da consciência’, ‘não tenho medo da morte, mas pena de deixar meus filhos’) o medo da morte é algo inerente a todas as mentes humanas. Todas elas têm contrariedade à ideia de morrer.

Não importa. Por mais espiritualizado que seja, por mais que imagine que conhece e sabe da existência do mundo espiritual, todos sofrem no momento da morte.

Saber que toda mente humana tem medo da morte é importante para aquele que detém o poder da felicidade. Para que? Para agir retirando este medo da mente? Impossível. Esta informação é importante para saber que este medo existe e por isso não se deixar levar pelas histórias que o mundo mental cria afirmando que este medo não existe.

Porque é importante não se deixar levar pela afirmação de que não se tem medo da morte? Para não cair na armadilha que estamos falando. Aquele que acredita que não possui este medo, ao se deparar com a informação de uma doença que pode levar à morte, acredita que o sofrimento que vivencia é oriundo da possibilidade de se afastar dos filhos ou de deixar ao leu pessoas que dependem dele. Só que tudo isso é irreal.

Acreditando na motivação irreal do sofrimento, o ser humano que quer deter o poder da felicidade o ataca, mas não consegue resultado: continua vivendo contrariedades. O ser não ataca realmente aquele motivo que está causando a contrariedade.

Por isso, aquele que quer ter o poder da felicidade nas mãos tem a consciência de que na mente existe o medo da morte e por isso não aceita os argumentos que ela usa onde está implícito que não existe o medo da morte. Ele encara de frente o medo. Deixe-me tentar explicar o que é encarar de frente o medo da morte.

42. Enfrentando o medo

Ter medo é uma situação natural e normal da mete humana. Esta emoção não pode ser destruída, evitada, porque faz parte da personalidade humana à qual o espírito está ligado para a encarnação. Deste ponto é surge o grande problema para aquele que quer a felicidade.

Muitos buscando a felicidade querem atacar o sentir medo, querem deixar de tê-lo, mas isso é impossível. O problema não está no sentir medo, mês em tê-lo. É achar que ter aquele medo, vive-lo é algo natural, normal, mas não é.

Aquele que detém o poder da felicidade sabe que sua mente tem medo, mas não vive o que ela cria. Porque? Porque não cai nas histórias que a mente cria para justificar medo. Não cai na armadilha que ela cria para justificar o medo.

Não sei se estou conseguindo me fazer entender, porque a coisa é realmente um pouco mais complicada do que imaginam. Digo isso porque apesar de saberem que são espíritos, ainda estão humanizados. Por isso, ainda acham que existem ações que levarão a determinada vivência. Isso é irreal.

Neste caso, por exemplo, não há como se destruir o medo que a mente cria. Não há como não tê-lo. O que existe é não vive-lo. Como se faz isso? Dizendo a si mesmo: ‘eu estou com medo? Estou. E daí’? Este caminho lhe faz observar que na mente existe medo, mas não o vive.

Esta forma de interagir com a criação mental, como disse anteriormente, é um dos instrumentos que o senhor da felicidade se utiliza. Chamamos esta forma de interação de choque com a realidade: ‘eu estou com medo, estou, mas e daí’? Ter medo, receber o medo da mente, é a realidade deste ser. Quando ele não se entrega a esta emoção ou quando não quer alterá-la, consegue, enfim, viver a felicidade.

Quem vivencia o choque da realidade não vive com medo. Agora, aquele que diz que realmente está com medo, que sentir-se assim é uma desgraça, que não gosta senti-lo, vive aquilo que a mente propõe. Isso porque se deixou levar pela história que afirma que ele está sentindo medo, quando apenas a mente está.

Temos aí, portanto, mais um elemento que precisamos ressaltar na questão da perda da saúde gerar uma contrariedade. Saber que a sua mente tem medo da morte e, por isso, não acreditar em nenhum argumento que ela use para afirmar ao contrário ou justificar essa emoção. É preciso, ainda, ter a consciência de que apesar deste trabalho o medo aparecerá, mas que ele não deve ser aceito, pois pertence apenas à mente. Aquele que detém o poder da felicidade deixa a mente tê-lo, mas não vive o que ela cria.

Isso é fundamental não só na questão da saúde, mas do medo de qualquer coisa. Saber que o medo não poderá ser vencido, mas apenas amenizado e que isso acontece quando o ser não deixa essa emoção lhe dominar. É isso que faz aquele que tem na mão o poder da felicidade.

43. Dor física

Existe ainda um último detalhe que queria abordar: o medo do sofrimento físico oriundo da doença. Havendo um sofrimento físico, o ser deve usar as mesmas armas que comentamos anteriormente.

Primeiro: se ocupar com o presente. Neste momento está com dor? Não. Então, esqueça. Espere a dor aparecer para aí se ocupar com ela. Por isso não se preocupe no momento em que não sente dor com o possível aparecimento futuro dela.

Para se libertar disso, lembre-se que a sua preocupação com o sofrimento futuro não vai mudar em nada a sua dor. O que tiver que vir de dor por conta da doença virá, independente do quanto se preocupe com ela.

Segundo: precisa saber que o a dor faz parte da vida. Como já dissemos inúmeras vezes, a vida é composta de vicissitudes, alternância de situações. Sendo assim, não tem jeito. Se existem momentos sem dores, com certeza terá outros onde elas aparecerão. Isso porque a alternância entre as situações da vida é constante e inexorável.

Aquele que detém o poder da felicidade nas suas mãos sabe disso e por isso não sofre nem se lastima no momento da dor. Ele aguarda o momento da não dor placidamente. É assim que se liberta da dor causada pela doença.

Acho que com isso este tema fica bem esgotado.