Conhece a ti mesmo

Não conheça nada

Com certeza você já visitou um lugar que não conhecia. Nesta visita digamos que esteve pela primeira vez em uma residência que não conhecia. Com certeza se lhe pedisse para descrever essa casa, você seria capaz fazê-lo, não? Por quê?

Porque o ego criou imagens e você as aceitou como reais, como realidades. A partir desta aceitação as imagens que descrevem o ambiente foram arquivadas na memória e criou-se um conceito: uma verdade sobre aquele lugar.

Até aqui não haveria problemas com relação à elevação espiritual, pois crer em uma descrição ilusória criada pelo ego não é tão comprometedor para quem pretende realizar a reforma íntima. Mas, não foram apenas as imagens do lugar que o ego levou à racionalidade, mas também uma adjetivação. Compreendamos melhor...

Junto com a imagem do quadro na parede veio o adjetivo bonito; com a sensação de estar sentado no sofá veio a classificação de desconfortável; com a imagem dos móveis da sala a sentença de sujos. Enfim, além das imagens o ego determinou valores às coisas.

Acreditar nestes valores, vivê-los como reais, é comprometedor no sentido da elevação espiritual, pois eles nascem de um julgamento a partir de valores individualistas. Aquele que aceita estes valores que o ego cria em conjunto com as imagens e os vivencia como realidades quebra o amor que deve existir entre todos os filhos de Deus.

Este desamor pode ser muito melhor compreendido se alterarmos as imagens percebidas: ao invés de objetos, uma pessoa é percebida. Sempre que você se relaciona com alguém, além das imagens do momento, o ego conclui valores do relacionamento e arquiva na memória.

Digamos, por exemplo que o seu ego lhe diz que aquela pessoa é chata. Quando você aceita esta definição ela é arquivada na memória. A partir daí, cada vez que esta pessoa for percebida o ego trará novamente à consciência esta definição.

Só neste julgamento o desamor está provado, mas a ação do ego vai além. Mais do que lhe trazer à consciência a verdade de que aquela é uma pessoa chata, o ego irá criar o desejo de afastar-se dela.

Porém, digamos que isto não tenha sido programado como ilusão de ação para aquele momento, ou seja, que você não consiga afastar-se da pessoa. O que acontecerá? Você terá que ficar perto dela sofrendo (chateado, amolado, etc.).

Por que sofreu? Por estar frente a alguém chato e não conseguir livrar-se dele? Não, sofreu porque deixou o ego armazenar na memória a adjetivação sobre aquela pessoa, ou seja, achou que a conhece. Se isso não houvesse acontecido esta pessoa jamais seria chata e você nunca se chatearia ao vivenciar a ilusão da ação de estar relacionando-se com ela.