Conhece a ti mesmo

Não racionalize os ensinamentos

Voltando ao nosso estudo, concluímos que este é o trabalho da reforma íntima: você, bombardeado pelas informações do ego, não acreditar no que ele lhe diz, não vivenciar o que ele cria como realidade. Agora, como fazer isso?

A maioria não realiza o trabalho da reforma íntima porque diz que não sabe como fazê-lo, apesar de, pelo planeta, já haver passado diversos enviados de Deus que transmitiram os ensinamentos necessários para tanto. Falarei, então, com bastante calma os passos para se colocar em prática a libertação do ego.

Primeiro passo: ter a consciência de tudo que foi falado aqui nestes dias. Ou seja, conscientizar-se do que é o ego, da sua função, da criação do mundo externo e interno a partir dele, dos motivos pelos quais você representa determinados papéis na vida e que é Deus quem faz funcionar o programa do ego. Este é o primeiro passo.

Agora, reparem bem que falei em conscientizar-se e não em compreender os ensinamentos. Eu falei em ter consciência e não em entender como funcionam estes elementos universais.

O que vou falar agora é muito difícil de ser dito. Se não for muito bem compreendido pode lhe levar a abandonar tudo o que ouviu até aqui. Por favor, não me interprete mal.

As pessoas que dão palestras, que falam em público pretendendo ensinar alguma coisa, devem compreender melhor o que vou dizer agora, mas, mesmo quem nunca fez isso, pode entender o que vou dizer.

Quando um ser humanizado ouve alguma coisa, tudo que for ouvido será raciocinado. Este raciocínio trata-se de um processo de comparação daquilo que é ouvido com elementos já existentes na memória, ou seja, com o que ele já sabe. Só a partir do raciocínio é que o ser humanizado acredita ou não no que está ouvindo.

Mas o que será que determina o não acreditar? Quando não há lógica, não há razão, racionalidade. Ou seja, quando o que for dito não combinar com o que o ser humanizado já sabe. Se o que está sendo ouvido não combina com a lógica racional do ser humanizado ele, então, diz que não acredita.

Aí pergunto: de que adianta ouvir coisas novas se o parâmetro que será utilizado para julgá-las é a sua crença pré-existente, o que você já sabe? De que adianta buscar novidades se elas serão julgadas pelo que já existe na memória?

Aí está a diferença entre conscientizar-se do que conversamos nesses dias e tentar entender o que foi dito. Conscientizar-se é ter consciência, ter conhecimento, sem que necessariamente o que foi recebido como ensinamento tenha sido aceito racionalmente pelos parâmetros que você já possuía antes.

Volto a repetir: por favor, não me entendam mal. De nada adianta para você querer entender o que eu disse, pois isto lhe é impossível.

Primeiro porque, como estudamos, todo som que você capta é interpretado pelo seu ego. Desta forma, existe uma diferença imensa entre o que eu falo e o que você ouve.

Segundo: se você for quer julgar o que eu sei a partir do que sabe, perde tempo me ouvindo. Isto porque eu não vim aqui dizer amém à sua cultura, mas despertá-lo do sono ilusório que está vivendo.

Portanto, o primeiro passo para a reforma íntima que declaro como fundamental para a elevação espiritual é ouvir o que está ouvindo e acreditar naquilo que foi dito, mesmo que não tenha entendido, compreendido.

Mas, não pense que estou falando isso apenas para os ensinamentos que estou passando nesta série de palestras. Esta premissa para a reforma íntima vale para qualquer ensinamento que você receba dos amigos espirituais através de qualquer segmento religioso.

Não importa a que segmento religioso você esteja ligado, porque mestre mais se simpatize: seus ensinamentos são para serem seguidos e não compreendidos ou questionados.

Se Cristo ensina que o ser humanizado deve amealhar bens no céu, de nada se adianta perguntar por que, é preciso começar a abrir mão dos prazeres mundanos. Se Buda diz que é preciso desapegar-se de suas paixões, de nada adianta questionar de qual delas é preciso libertar-se: é preciso desapegar-se de todas. Se Krishna afirma que a equanimidade é o caminhar que leva a Deus, de nada adianta se indagar para que: é preciso libertar-se das emoções.

No entanto, o ser humanizado continua caminhando sobre o planeta sempre perguntando por que, como, quando, onde e para que. Na verdade quem faz isso é o ego, comandado por Deus, para testá-lo. Para ver se você se prende àquilo que o ego lhe diz o endeusa.

Quem precisa primeiro compreender, entender, aceitar, para só depois colocar em prática o ensinamento do mestre, mentor ou guru ao qual se liga são como os judeus que idolatravam o bezerro de ouro quando do retorno de Moisés depois de receber as tábuas das leis.

Fé, confiança, entrega: é disso que estou falando aqui. Sem confiança absoluta e irrestrita que leve a uma entrega absoluta ao ensinamento de um mestre, mentor ou guru que o espírito humanizado siga nada pode ser conseguido.

Quando o ensinamento só é colocado em prática depois que passa pelo crivo da sua razão, ou seja, só depois que ele foi analisado e julgado como correto, a confiança não está em quem ensinou, mas no ego. Quem precisa primeiro avaliar e analisar para, só depois de concordar, realizar, está entregando-se ao ego e não a Deus.

Nenhum espírito vem ao mundo ilusório da vida carnal para brincar, dominar ou criar um movimento para seu próprio prazer. Todo espírito vem ao planeta para o trabalho espiritual de trazer informações necessárias para a elevação espiritual, para ajudar os encarnados a realizarem suas provações. Aí os seres humanizados ficam julgando o que é ensinado a partir de sua restrita visão da Realidade.

Como eu disse não me entendam mal. Não estou querendo ser presunçoso, mas ensinar o caminho que leva à realização da reforma íntima. Sem a confiança em mim ou em qualquer mentor ao qual se ligue, sem a entrega àquilo que é ensinado e a partir destes dois aspectos, aceitar, crer no que é dito sem que seja preciso gerar uma razão, uma racionalidade, uma lógica racional, vocês não fazem nada, não realizam reforma íntima alguma.

É por isso que, carmaticamente, tem muito espírito vivendo a vida ilusória pulando de galho em galho, ou seja, mudando constantemente de religião ou orientação espiritual.

Sempre que o que é dito ou acontece dentro de determinado templo e que desagrada às verdades do ego do ser humanizado, este procura outra que mais se adapte ao que ele acha das coisas. Diz que está procurando Deus, mas na verdade busca encontrar um lugar onde os ensinamentos combinem com aquilo que ele sabe.

Este, portanto, é o primeiro aspecto que deve ser levado em consideração por aquele que quer realizar a reforma íntima. E é um dos mais importantes, pois é por esse aspecto que a maioria não consegue. Isto porque quer entender, criar uma cultura para si, quando elevação espiritual não é cultura, mas amor e fé como já ensinou o apóstolo Paulo.

Se você tem fé em meu ensinamento, então o ponto de partida para a sua elevação espiritual é reler tudo o que falamos e atentar a cada ensinamento para poder colocá-lo em prática. Não estou falando em reler para compreender, mas sim ler e acreditando que aquilo que foi falado é Real, mesmo que não tenha compreendido.

Se você não confia em mim, então o seu ponto de partida é abandonar tudo o que disse e buscar os ensinamentos nos quais tem confiança e executá-los, sem questionamentos. Não importa a doutrina religiosa que você siga é isto que precisa ser feito, pois, como ensinou Cristo, há muitas moradas na casa de meu Pai.

Pratique o que já sabe, coloque como base da sua vida o ensinamento que recebeu de quem confia, pois não importa qual seja, se você colocá-lo em prática, chegará a Deus.

Desculpem, volto a repetir, não me entendam mal. Não achem que estou querendo formar seguidores que sejam cegos. Até se fosse isso seria bom, pois Cristo disse que o cego é quem vê espiritualmente enquanto que o que quer enxergar é cego.

Aqui no grupo tem pessoas que me conhecem e sabem que nunca liguei se havia ou não uma grande plateia. Já fiz, inclusive, palestras neste grupo incitando pessoas a não vir mais aqui, pois elas já tinham recebido todo ensinamento necessário para a sua obra.

Apesar disso, tenho que insistir neste ponto, pois esta fé ou confiança mútua entre você e quem segue precisa existir. Se você não confia no que eu ou qualquer outro diz, mas só no que entende, para que ouvir?

Agora quanto àquilo que conversamos nestes dias, tudo que dissemos está nos ensinamentos de Krishna, Buda, Cristo, Lao-Tsé, do Espírito da Verdade e do Anjo Gabriel através de Maomé. Sendo assim, não estou dizendo nada de meu, mas reproduzindo o que os mestres disseram.

Estes ensinamentos podem não fazer parte das doutrinas religiosas, mas não contrariam uma linha que tenha sido ensinada pelos mestres. É por isso que digo que podem confiar no que estou falando, mesmo que não compreendam ou que a doutrina religiosa criada sobre as transmissões de determinado mestre não expliquem desse jeito. Afinal de contas o que é uma doutrina religiosa senão uma realidade virtual?

Mais uma vez peço desculpas, mas isto precisava ser falado um dia.

Durante todo o mundo de provas e expiações espíritos mensageiros do Senhor vieram à esta vida ilusória, ligados à egos humanos ou desencarnados para ensinar a promover a reforma íntima, mas as pessoas continuam afirmando: ‘eu não sei fazer...’

Por que não sabe? Porque quer compreender o que é incompreensível para um ser humanizado ou quer escolher o que realizar e o que não realizar dos ensinamentos.

Este, portanto, é o primeiro aspecto para quem quer realizar a reforma íntima. Existem outros, mas este é o primeiro, o primordial.

Conscientizar-se de todos os ensinamentos que recebeu até hoje sem procurar entendê-los, sem questioná-los, é o ponto de partida de qualquer ser humanizado que queira realmente promover a sua reforma íntima. É preciso ‘trabalhar’ as informações no sentido do caminhar para Deus que fazem parte do seu ego como verdades e não querer mudá-las, alterá-las ou usar delas o que lhe interessa e esquecer o que não interessa.

Volto a repetir não me levem a mal. Não é desabafo, briga ou busca de dominação, mas simplesmente uma orientação de um preto velho.

Participante: estranho este seu comentário...

 Não é estranho: é a seriedade do momento que o exige.

A época que vivenciam os espíritos que estão encarnados na vida ilusória do planeta Terra pede que sejamos totalmente francos. O momento presente pede esta informação.

Já não há mais condições de ficarmos presos ao culto aos mestres, mentores ou gurus vivenciando apenas a compreensão que cada um cria de seus ensinamentos a partir do que quer entender, da forma que quer compreender e na hora que interessa saber. É preciso, além de cultuá-los, praticar o que eles praticaram quando ligados a egos.

Além do mais, comentamos aqui que não é você que está compreendendo nada, mas sim o ego. É ele que está interpretando e usando a compreensão do jeito que quer, ou melhor, do jeito que precisa fazer para criar ilusões. Falamos também que você precisa se libertar do ego e, se isso é verdade, é preciso ser claro em dizer que você não deve buscar compreender nada.

Então, não é estranho o que disse: é decorrência natural do próprio estudo. Porque estudamos que tudo que lhe vem à mente, todo processo de raciocínio através de ideias, imagens, é fruto do ego.

Então, o que foi dito agora, é simplesmente decorrência natural de tudo que conversamos nestes dois dias.

Participante: eu não compreendi uma coisa. Nós não devemos acreditar no que o ego me diz a não ser neste conhecimento que estamos tendo através do senhor. É isso?

Não. Você não deve acreditar em nada e isso inclui o que está compreendendo de tudo o que eu falei.

Participante: mas, você acabou de abordar a questão da confiança, do crer sem compreender...

O que falei nestes três dias, em resumo, foi: tudo que vem à sua consciência é fruto da criação do seu ego. Isto é Verdade e não porque eu falei, mas porque os mestres ensinaram assim.

A partir da conscientização desta Verdade que é universal, pois foi ensinada por todos os mestres, gera-se a necessidade de se libertar de tudo, inclusive das compreensões que foram se formando ao longo destes dias.

Vou repetir para ficar bem claro que não estou querendo ser o certo, o único que conhece a Verdade. Você precisa se conscientizar de tudo o que falamos. E, o que falamos? Que toda compreensão que lhe vem à mente é fruto do ego. Então, liberte-se de toda compreensão e não apenas de parte dela.

Aliás não é a primeira vez que digo isso. Já conversamos anteriormente sobre este assunto e você, tanto daquela vez como desta, está recebendo do seu ego um raciocínio que afirma que estou querendo dizer que você deve acreditar no que eu digo e em mais ninguém. Mas, não é isso.

O que quero é que acredite que deve desacreditar de tudo, inclusive do que eu ensino. Quando você se conscientizar de tudo o que foi dito ontem, anteontem e hoje não sobrará nada para você acreditar, nem o que foi dito nestes dias.

É isso que falei agora. É preciso se conscientizar de que não há nada a se apegar. Não há um fio de cabelo em que possa acreditar piamente nele.

Os mestres foram categóricos: no mundo material não há uma única corda na qual o ser humanizado possa se segurar. Nem os ensinamentos podem servir de corda para você se apoiar, pois um dia eles também terão que ser suplantados. A conscientização de tudo o que foi dito nestes três dias leva a isso.

No entanto, este não crer não pode se transformar numa crença para você, ou seja, tem que acreditar que não deve crer em nada. Isto porque se quiser entender que tem que não acreditar, não entende nada, e, ao viver assim, não consegue fazer.

Então veja, a única coisa que ensino (e como já disse não estou inventando nada, mas reproduzindo o que os mestres ensinaram), é não acredite nada. Nem em mim.

Participante: conscientizar-se é saber que é assim, sem procurar saber como funciona, já que não temos parâmetros para entender o processo de funcionamento?

Exatamente. Saber que você não saberá como se libertar: esta é a única coisa que deve lhe ficar claro.

Saber que não saberá como funciona o libertar-se, mas saber que tudo que você acredita é fruto do ego.