Conhece a ti mesmo

O agente da realidade

Acho que agora começa a ficar claro a funcionalidade do ego e sua operação. Mas, vamos complicar um pouco mais para poder compreender perfeitamente.

Ora, se a sua razão espiritual de existir na carne, ou seja, ligado àquele ego é passar por determinadas circunstâncias para que sejam criadas determinadas realidades ilusórias pelo ego, não seria justo que você ficasse dependente do mundo. Ou seja, que você ficasse dependente dos acontecimentos para que houvesse a criação da realidade ilusória que você precisa para sua elevação espiritual.

Portanto, além de ter elaborado no ego o conjunto de comandos que cria a realidade ilusória no mundo interno, você programa as movimentações (atos) que perceberá. Dentro do exemplo que dei (agressão) afirmo que você, para se submeter a esta interpretação, também criou a necessidade da movimentação externa (mundo externo) com o ato do tapa.

Ou dizendo mais claramente, você pediu para ser esbofeteado, antes da encarnação. Por que fez isso? Porque se você não pedisse para vivenciar este determinado mundo externo de que adiantaria programar o seu ego com um comando para interpretar um tapa como agressão?

O ego, portanto, além de ser um conjunto de verdades, também é programado para vivenciar um conjunto de movimentações, ou atos, pré-determinados. Para isto é necessário que o seu ego criasse determinadas movimentações.

Não sei se estou conseguindo me fazer entender, mas o que quero dizer é que o seu ego criou a movimentação da mão do outro em direção à sua carne.

Participante: como assim?

Vou explicar.

O ato, ou a atitude, para os seres humanizados é gerado por moto próprio, ou seja, por motivação própria, mas isso é uma ilusão. Quem lhe dá o tapa não está agindo desta forma porque ele quer dar, mas age dessa forma porque o ego dele foi programado para dar tapa.

O ego de quem precisa receber sabe que para a prova daquele espírito ele precisa receber o tapa. Juntando-se uma coisa à outra, o ego de quem tem que receber pede ao universo a presença no mundo externo em determinado momento da pessoa que tem que dar tapas.

Quando afirmo que o ego cria a movimentação não estou dizendo que ele criou o levantar do braço do outro, mas que criou a oportunidade de haver o tapa conclamando alguém que tenha o ego que lhe faz dar tapa a se relacionar com você no momento pré-determinado para que o tapa aconteça.

Esta é a lei da interdependência das coisas que Buda ensina. Ela é ativada através de um pedido do seu ego, da sua programação anterior à encarnação.

Portanto, dizer que o ego criou o tapa não é afirmar que ele esbofeteou você, mas que conclamou o tapeador e criou a situação (realidades ilusórias) para que o tapa acontecesse.

Participante: esta conclamação é feita na programação de vida antes de encarnar?

Sim. Você programa o ego antes da encarnação para que em tal momento ele conclame um tapeador, para que em determinado momento haja a percepção da movimentação da mão e também para que ele crie determinada interpretação para aquele ato.

Mas, preste atenção em um detalhe. Ainda não estou dizendo como o ego funciona.

Afirmo isso porque se o ego é só um programa, um conjunto de comandos, precisa que alguém (um ser inteligente, que haja) ligue esses comandos, ative o funcionamento deste ou daquela ordenação. Vamos falar disso na segunda palestra. Por enquanto só estamos falando de funcionamento e não explicando como ele funciona.

Participante: existe a possibilidade de por um deslize fugir da programação ou mudá-la?

Jamais. Isto porque toda programação é operada por um operador e eu garanto que quem opera os comandos dos egos não comete deslizes. Vamos falar disso na segunda palestra.

Participante: mesmo porque se houver uma mudança isso mexerá com diversos outros egos programados na nossa interdependência de carmas, não?

Isto. Na verdade mexeria com o Universo inteiro porque todo ele é interdependente.

Participante: como se fosse um quebra cabeças?

Exatamente.

Além do mais, se houvesse um deslize, se não acontecesse algo que deveria acontecer, não valeria a pena ter encarnado, pois você não teria feito a prova à qual se dispôs a fazer.

Participante: quando se diz que uma pessoa deveria perder um braço e por merecimento ela perdeu só uma mão, isso também já estava pré-programado?

Sim. Este merecimento está no aprimoramento da consciência espiritual e não da vivência com o ego nesta vida. É um merecimento anterior à vida e não durante a vida.