Conhece a ti mesmo

A montagem do ego

Apesar de jamais poder ser compreendido por inteiro e profundamente o tema de hoje, continuaremos ainda falando dele para poder lançar um pouco mais de luz na sua realidade.

Até aqui conceituamos o banco de dados planetário e suas subdivisões. Vamos, agora, aplicar estes conhecimentos à sua vida, à sua personalidade, pois o objetivo deste trabalho é conhecer a si mesmo.

Na última conversa definimos o ego como um programa de computador e hoje falamos que este programa é montado a partir de comandos que estão disponíveis em micros bancos. Ou seja, cada papel que se representa no mundo carnal é originado em um banco de dados que possui comandos que dão determinadas características de personalidade ao ser humanizado. Vou explicar melhor isso.

Quem trabalha ou conhece programação (fazer programas de computador) sabe que nem tudo precisa ser escrito. Existem mini programas que podem ser copiados e acoplados ao seu programa para poder se atingir determinados fins que se quer alcançar.

O espírito quando vai fazer o programa com o qual irá criar suas realidades, ou seja, quando escreverá o ego, define, por exemplo, que irá lutar contra a ação da personalidade temporária que lhe induzirá ao materialismo.

NOTA: Todo o ensinamento passado neste trecho da palestra parece coisa extremamente nova, sem ensinamentos que tenham o precedido. Mas, isso é irreal. Tudo aquilo que será falado aqui, de forma simplificada, foi comentado no da Vida Espírita, subtítulo Escolha das Provas, de O Livro dos Espíritos.

Para ilustrar e fazer referência, iremos, aos poucos, referindo-nos ao ensinamento do Espírito da Verdade.

“258. Quando na erraticidade, antes de começar nova existência corporal, tem o Espírito consciência e previsão que lhe sucederá no curso da vida terrena? Ele próprio escolhe o gênero de provas porque há de passar e nisso consiste o seu livre arbítrio”.

Este espírito, que já vive agregado ao orbe terrestre, irá procurar nos bancos de dados disponíveis no planeta Terra os comandos relacionados com a luta ao materialismo, dentro da intensidade que ele quer trabalhar.

Vou a um exemplo mais prático para poder ser bem compreendido. No entanto, quero deixar bem claro que tudo que falarei a partir de agora é apenas exemplificação, pois verdades de um mesmo micro banco podem servir para diversas provações.

Sendo assim, se um espírito decide como gênero de sua provação atacar profundamente o materialismo buscará o banco de dados de um país onde os comandos criem na personalidade que vivenciará durante a encarnação um forte apego ao materialismo. Neste caso ele irá anexar ao seu ego comandos que estão disponíveis no banco de dados pátria rotulado como Estados Unidos.

NOTA: “260. Como pode o Espírito desejar nascer entre gente de má vida? Forçoso é que seja posto num meio onde possa sofrer a prova que pediu. Pois bem! É necessário que haja analogia. Para lutar contra o instinto do roubo, preciso é que se ache em contato com gente dada à prática de roubar”.

Por que isso? Porque lá, notadamente, o materialismo, a paixão pelo mundo material, é muito forte. O espírito buscará, então, os comandos que já estão prontos e guardados sobre o nome pátria Estados Unidos e agregará estes comandos ao ego de sua futura encarnação.

Quando isto é feito, ou seja, quando os comandos são agregados ao ego, cria-se, então uma realidade ilusória que será vivenciada durante a encarnação. Neste caso, o espírito que anexou os comandos do arquivo pátria Estados Unidos terá, durante a encarnação a realidade ilusória de nascer neste país.

Desta forma o patriotismo, orgulho patriota, com o qual os seres humanizados vivem não existe, não é real. Isto porque o espírito não escolhe pátria para nascer por achá-la bonita ou gostar dela, mas porque nela estão os comandos que se adaptam àquilo que ele quer vivenciar com o sentido de negar a realidade que está vivendo. A escolha dos programas fará, necessariamente ele nascer naquele país.

Depois disso o espírito escolherá ainda, cidade, estado, região, bairro e os papéis que serão vivenciados naquela encarnação e as sociedades com o as quais conviverá. Mas não faz tudo isso aleatoriamente: todas as escolhas serão feitas a partir da determinação de lutar contra o materialismo, gênero inicialmente escolhido pelo espírito para servir de provação nesta encarnação.

NOTA: “269. A que se devem atribuir as vocações de certas pessoas e as vontades que sentem de seguir uma carreia de preferência a outra? Parece-me que vós mesmo podeis responder a esta pergunta. Pois não é isso a consequência de tudo o que acabamos de dizer sobre a escolha das provas e sobre o progresso efetuado em existência anterior?”

Da mesma forma, o espírito, antes da encarnação, não procura uma profissão pela própria profissão. Ele criará para o seu ego a ilusão de ser determinado profissional a partir da aglutinação de comandos de determinados bancos de dados ao seu ego.

No caso do nosso exemplo (um espírito que escolheu o gênero materialismo para lutar contra) ele poder ser médico, pois aqueles que exercem esta profissão têm a ilusão de ter o poder de dar a vida ou a morte. Ele pode ser um economista, que lida com o dinheiro e com a ganância sua e dos outros.

Enfim, o espírito vai a partir da ideia central de combater determinada atitude espiritual (ser materialista) buscar nos bancos de dados disponíveis no planeta programas que criem ilusões para que ele as vivencie. A partir da programação do seu ego formada por comandos dos bancos de dados do planeta Terra, o espírito vai criando o seu destino na vida.

Então, o espírito escolhe comandos que estão rotulados como pátria Brasil e nascerá neste país. Escolhe o programa que represente uma sociedade carente, e nascerá numa favela. Escolhe um programa de busca de evolução material pelos próprios valores materiais e terá um como destino uma personalidade que pode ser definida como ‘um pobre soberbo’. Escolhe alcançar a vitória material (fama) para poder libertar-se do orgulho e com isso decide antes da encarnação que se formará numa faculdade.

Por isso lhes afirmo: o destino da vida material do espírito será escrito automaticamente de acordo com as suas escolhas para vivenciar esta ou aquela realidade. Escolhas estas que são opções de comandos que estão disponíveis nos micros bancos de dados do planeta Terra.

NOTA: Aparentemente esta informação leva àquilo que é conhecido como determinismo. No entanto, não é bem assim. Há outras opções que o espírito pode viver durante a encarnação além de ‘criar’ seu destino. Senão vejamos:

“851. Haverá fatalidade nos acontecimentos da vida conforme ao sentido que se dá a este vocábulo? Quer dizer: todos os acontecimentos são predeterminados? E, neste caso, que vem a ser do livre arbítrio? A fatalidade existe unicamente pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar, desta ou daquela prova para sofrer. Escolhendo-a, instituiu para si uma espécie de destino, que é a consequência mesma da posição em que vem a achar-se colocado. Falo das provas físicas, pois, pelo que toca às provas morais e às tentações, o Espírito, conservando o livre arbítrio quanto ao bem e ao mal, é sempre senhor de ceder ou de resisti”. (O Livro dos Espíritos).

 Podemos dizer, então, que as situações da vida são predeterminadas, mas que cada espírito vivendo a mesma realidade ilusória é livre para escolher se passará por ela na depressão do sofrimento, no êxtase do prazer ou ainda com a felicidade eterna que o Pai concede.

Quem vivencia as realidades ilusórias com a felicidade eterna são aqueles que foram chamados pelo Espírito da Verdade de submissos; quem vive tanto na dor quanto no prazer são os que passam pelas suas provações murmurando como foi falado pelo Espírito da Verdade na resposta à pergunta 115 que já citamos.