O exemplo de Francisco

Espiritualismo e religiosidade

Participante: Me lembrei da informação que diz que o homem não controlaria seu instinto se não tivesse alguém o castrando. Só quando há um freio externo, o homem é capaz de frear seus instintos.

Realmente, se não houvesse um Senhor neste universo, se Ele não fosse Onipotente, Onipresente e Onisciente, se não desse a cada um segundo as suas obras, as coisas aconteceriam ao deus dará. No entanto, como há, não existe necessidade alguma de haver um freio em nada.

Você fala que a religiosidade castra a natureza agressiva do ser humano. Deixa eu te falar uma coisa sobre religiosidade, que você talvez ainda não tenha percebido.

Fizeram um levantamento nos Estados Unidos, com pacientes em estado terminal. Sabe quais eram os mais revoltados pelo seu estado? Os religiosos. Os que eram ateus declarados, diziam que iam morrer mesmo, não tinha jeito, e enfrentavam seus últimos dias em relativa paz. Agora, os religiosos diziam: “não, meu Deus, não permita, eu não posso morrer, meus filhos, como vão ficar? ” Será que esta é a expressão de um espiritualista?

Participante: Talvez ele não tenha aprendido nada sobre o espiritualismo ...

Porque só foi religioso, ou seja, só seguiu o que lhe disseram para seguir. Se tivesse ido ler os ensinamentos de Cristo, veria que este era o momento de reencontro com o Pai.

Participante: Vai ver estava querendo proteger os filhos ...

Você falou algo interessante: proteger os filhos. Dentro do mundo espírita, dentro do mundo religioso da doutrina espírita, qual valor tem uma mãe que depois de desencarnada protege os filhos? Uma santa!

Pois bem, em O Livro dos Espíritos foi perguntado assim: há algo de sublime na mãe que, depois de desencarnada, volta para tomar conta dos filhos? O Espírito da Verdade responde: isso acontece. Tem espíritos que foram mães, que voltam para cuidar dos que ficaram. No entanto, depende do nível de elevação de cada um. Quanto mais atrasado o espírito, mais preocupado ele está com aqueles que ficaram.

Esta é uma resposta muito clara, não? Os espíritos atrasados se preocupam com os que ficam. Mas, apesar disso, o espiritismo, apesar de fundamentado em O Livro dos Espíritos, ainda vende a ideia da santidade, a ideia da mãe que volta para proteger os filhos.

Sabe qual o nome dessa mãe para um espiritualista, para aquele que frequentando qualquer religião ocupa-se primariamente com o bem celeste? Obsessor.

Não é esta a figura do obsessor? O obsessor não é um ser sem carne que volta para atormentar a vida dos que ficam? Então, é a figura da mãe, que mesmo tendo partido, permanece por aqui ...

Participante: Existe mãe encarnada que também obsidia o espírito.

Sim, existe. No entanto, não gostaria de conversar sobre obsessão, já que ainda nem dei a notícia que vim trazer. Tudo aqui é preâmbulo para a notícia que vou dar a vocês. Outro dia conversamos mais profundamente sobre obsessão.

A única coisa que quero falar sobre obsessão, é dizer que em O Livro dos Espíritos é dito: o obsessor é colocado por Deus. É Ele quem gera a obsessão, para ver se um dos dois toma vergonha na cara. Só que, apesar disso, no centro espírita, quando há um trabalho de desobsessão, o santo do ser humano é dispensado depois que se consegue trazer o obsessor. É a mesma coisa que dizer: vá embora, bonitinho, você não tem mais nada para fazer aqui. Você é um santo. Ele é que é o diabo e precisa ser exorcizado.

Participante: Existe uma visão toda mudada atualmente, quando se conversa hoje com o obsessor ...

O problema não é o que se conversa, mas deixar o ser humano ir embora. Os dois são cúmplices na obsessão e, por isso, ambos precisam ser doutrinados. O ser humano precisa ficar presente e ouvir as acusações do obsessor. Se aquela pessoa não estivesse fazendo algo diferente daquilo que se espera de um espírito encarnado, não haveria obsessão. Portanto, coloque o ser humano sentado e diga a ele: ouve e mude-se!

Só que isto, mesmo que se tenha mudado qualquer coisa no trabalho de desobsessão, não é feito? Por que? Porque se houver alguma acusação contra o ser humano, a religião perde o fiel. Só que elas esquecem do ensinamento bíblico: você tira um obsessor, ele vai embora, mas a casa permanece desarrumada; então, ele não tem aonde ir, por isso volta e traz mais sete junto com ele.

Participante: Eu não entendi.... Como é que é? Desculpe ...

O que disse é que se tira o obsessor, mas como o ser humano não se muda, ou seja, todos os motivos pelos quais sofreu obsessão continuam existindo, aquele que foi mandado embora da relação, se não achou o caminho dele, volta e traz mais sete junto com ele.

Participante: Isto está na Bíblia?

Isto está na Bíblia! Só que lá ele não fala em obsessor, mas sim em demônio. Sinônimo.

É essa visão diferenciada das coisas, que difere o espiritualismo da religiosidade: enquanto uma é formada privilegiando a coisa espiritual, a outra se forma concedendo privilégios à coisa material. Acho que agora estamos prontos para falar da notícia que tenho que trazer. Lógico, vou abordá-la dentro da visão espiritualista.