O exemplo de Francisco

Relacionamentos difíceis

Participante: Só mais uma pergunta.

Eu estou esperando esta pergunta.

Participante: Pessoas difíceis são bênçãos na vida da gente? Pessoas que a gente acha que são difíceis, como filhos, etc.

Pessoas difíceis, situações difíceis, são aquilo que o espírito mais pede antes de encarnar. Deixe-me tentar te explicar isso.

Cristo ensina assim: se você só abraça o seu amigo e não cumprimenta o inimigo, o que acha que faz de bom? Qualquer ateu faz isto. Quero ver você cumprimentar o seu inimigo. Só fazendo isto, prova que é um cristão. É daqui que retiro a resposta à sua pergunta.

A pessoa ou a situação difícil de se lidar, existe justamente para que você tenha uma oportunidade de superar o sistema humano, que diz que seria muito melhor se relacionar só com pessoas fáceis, com situações fáceis. As difíceis lhe dão uma oportunidade de colocar o amor incondicional em prática.

Por isso, digo: ame a pessoa difícil, ame a doença difícil, ame a carência material, porque sem o amor a elas, não existe elevação espiritual. Isto é o que digo para fazerem, mas sei que para vocês, enquanto humanos, a mente repudia isto. Ela não aceita o amar as pessoas que são diferentes – falo assim porque a dificuldade do relacionamento está sempre na diferença – e quer logo catequizá-la, ou seja, ensinar o seu certo.

Apesar desta propensão da mente, lhes relembro um ensinamento que está em O Livro dos Espíritos. Neste livro, o Espírito da Verdade é arguido da seguinte forma: já que o espírito escolhe as suas provas, não seria lógico que todos escolhessem as menos dolorosas? Acho que esta pergunta é mais ou menos a que você me fez agora.

A ela, a resposta do Espírito da Verdade foi: “para você, humano, sim, o espírito deveria pedir provas menos dolorosa. No entanto, para o espírito, quando liberto da influência da matéria, do sistema humano de vida, não. Isto porque, primeiramente, esse sofrimento não causa mais expressão nenhuma a ele, e, segundo, porque sabe que esse sofrimento é o caminho mais rápido para ele chegar ao porvir espiritual.

Por causa deste ensinamento, quando estiver num relacionamento com pessoas difíceis, agradeça a Deus. Diga a si mesmo: “olha aí a minha oportunidade de exercer a minha cristandade, que digo que tenho. ”

 Tem um detalhe que eu falo sempre, e quero encerrar nossa conversa com esta questão: cristão não é aquele que carrega cruzinha no cordão. Cristão é aquele que coloca em prática o ensinamento do Cristo. É preciso mais do que frequentar um culto ou recitar os versículos da Bíblia; é preciso uma ação íntima cristã, ou seja, amar, para poder se dizer seguir o Cristo.

Pois bem, se isto é real, no momento em que está lidando com pessoas ou situações difíceis, está tendo uma grande oportunidade de provar que é cristão. Está tendo a oportunidade de “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. ”

Vocês tratam essas pessoas como inimigos. Trate bem as pessoas e coisas com as quais tenha um relacionamento difícil, no sentido de não querer o que você quer e não no sentido de lhe atacar. Sabe o que Cristo fala sobre o inimigo? Se teu inimigo te pede a capa, dê a túnica também; se ele te pede emprestado, dê; se emprestar algo, não cobre juros. Se um soldado inimigo te faz carregar um tronco por um quilômetro, carregue dois por dois quilômetros. Veja como a forma cristã de lidar com aquele que pensa de outra forma é completamente diferente, de como a razão humana trabalha esta questão.

Sobre a razão humana, já que a grande maioria aqui é espírita, segue e professa a religiosidade espírita, quero deixar o último recado. Trata-se de um que também está em O Livro dos Espíritos: a razão não é um guia infalível. Não sigam a razão, melhor seria se seguissem o instinto.

Apesar disto ser um ensinamento do Espírito da Verdade, o que mais se fala dentro do espiritismo é trabalhar a razão, tanto assim que uma das grandes máximas é: “passe tudo pelo crivo da razão. ” Isto existe, apesar do mentor do espiritualismo dizer para você não seguir a razão, pois ela é orgulhosa, vaidosa e egoísta.