Senhor da mente - textos - livro 2

Versículo 14 a 18

Uddhava disse:

‘Oh Krishna, oh senhor da mente, oh tesouro dos yogues e personificação da yoga. De ti emana a sabedoria suprema para a minha própria libertação aconselhaste-me o sendeiro da renúncia’.

‘Todavia, oh Deus infinito, essa renúncia total aos desejos parece assaz difícil para os indivíduos de mente mundana principalmente para àqueles que não se devotam a ti, ó SER de todos’.

‘Eu pessoalmente sou um tolo, posto que estou apaixonadamente apegado a este corpo com suas respectivas relações, simples sobreposições do seu próprio Maya, misterioso poder, que tudo encobre e tudo disfarça, e considero este corpo como um eu verdadeiro e tudo que com ele se relaciona considero como meu. Oh senhor, tem paciência e instrui este seu servidor para que possa cumprir firmemente tudo aquilo que me ensinas’.

‘Oh senhor, até mesmo entre os Devas (deuses, espíritos da natureza) não se encontra outro mestre seu próprio SER como tu, que és alto refulgente, que és o Atma (ou alma suprema) e és a verdade de tudo. Por exemplo Brahma (o criador, um dos Deuses relativos da trimurti indiana) e todos os demais seres dotados de corpo, por meio do qual acabam sendo conhecidos, são enganados por teu próprio Maya e sendo tudo aparências eles mesmos se confundem e consideram este mundo objetivo como se fosse real’.

‘Por conseguinte, perturbado por minha própria ignorância e trevas refugio-me em ti, que és o ser supremo e amigo do homem’.

Aqui só fala de Uddhava. Aliás, ele parece vocês, não é? Lembrei até das perguntas de uma pessoa, mas vamos lá.

O que Uddhava faz nesse trecho é pedir a Krishna para ensiná-lo para que alcance o controle da mente e dessa forma realize a sua saída do ciclo de encarnações, como foi falado no versículo 5. Pede essa orientação porque sabe que nem mesmo os devas escapam da ação do ego.

Devas são os santos da igreja católica, os orixás da umbanda, os mentores do espiritismo. São seres que ainda estão em contato com o humanismo. Não encarnam mais, mas ainda vivem realidades fundamentadas no humanismo. Vivem com as ideias humanas. Por isso, apesar de estarem desencarnados, vivem em uma realidade criada pelo Maya.

A necessidade de libertar-se da humanidade é algo que já conversamos, mas quero aproveitar esse momento e lembrar três coisas que são importantes para o controle da mente. .

Primeira: não deixe o ego exigir condições para se auto realizar. Realize-se por si mesmo na sua relação com Deus. Não cobre do mundo determinadas condições para que se sinta realizado, nem mesmo de Deus

Segundo: lute contra os padrões de mérito e demérito criados pelo ego. Lute para não se prender a aplicação desses padrões que o ego faz frente aos acontecimentos da vida e as pessoas. Ou seja, liberte-se dos adjetivos criados pela razão para qualquer coisa.

Terceiro: lute contra o ego para não vivenciar as inimizades ou amizades materiais criadas pela razão. Mantenha-se firme na amizade espiritual com o outro. Não aceite o que o ego fala dos outros para que possa vivenciar a amizade espiritual e assim poder ser o agente carmático do que o outro precisa sem tirar nenhum proveito para si da situação da vida.