Senhor da mente - textos - livro 2

Versículo 39 - Extraviar a mente

Nem se extravia a força da mente centralizada com a sua fala gentil

O ego propõe verdades e realidades que poluem a percepção, mas não faz isso de um modo incisivo, mas de uma forma muito gentil: ‘coma determinado alimento porque faz bem para saúde, não coma determinados alimentos, pois eles fazem mal para saúde, beba determinados líquidos porque possuem um sabor bom, não beba outros porque não são gostosos’. Ele não usa de determinismo, mas de conselhos acompanhados de uma suposta preocupação com você.

A partir disso, o conselho de Krishna: por mais inocente, bem intencionado ou real que pareça, o pensamento trazido à sua consciência pela razão é um contaminante das suas percepções. Por mais bonita que seja a descrição que ela faça de determinados elementos (animais, plantas, paisagens, pessoas), não se deixe contaminar pelo que é dito.

Vou dizer uma coisa: no universo não há beleza. O que existe é praticidade. Nada é feito para ser belo, mas para ser prático, útil na no processo de evolução do espírito. A ideia da beleza é um elemento gerado pelo ego para enrolar o ser mantendo-o preso a posses, paixões e desejos.

Esse é um grande ensinamento para o senhor da mente. Ele deve controlar a sua relação com a mente para não deixar a poluição gerada pelo ego seja considerada como real ou certa. Deve compreender a busca de extraviar a força da mente para não se apegar a ideia criada.

Volto a repetir, e isso vou falar o trabalho inteiro: o trabalho do senhor da mente não é criar novas concepções. Não é achar feio o que hoje acha bonito, mas sim não se deixar contaminar pelo que a mente cria. Não acreditar no que a razão afirma.

Se o ego faz uma afirmação, contamina a percepção visão com a ideia de beleza, não acredite. Não tente não achar bonito o que está sendo visto, pois você não pode mudar ou destruir o que a razão fala. Para se libertar, simplesmente diga: ‘eu não sei se é bonito ou feio. Por isso, não vou acreditar na feiura que a mente cria, mas também não vou dizer que aquilo é feio. Minha conclusão é apenas que não sei o que é aquilo’.

Esse é o trabalho. Esse é o ensinamento de Krishna no sentido de viver com controle da mente e por isso ser feliz: não deixe a razão contaminar as percepções com a fala que às vezes parece até muito bonita ou real.