O homem de firme entendimento, mesmo que se ache oprimido por seres, que por sua vez são regidos pelo respectivo carma, não deve se desviar do seu caminho, esta é a lição que aprendi da terra.
O homem de reto entendimento não deve se desviar do seu caminho, mesmo oprimido por outros homens que são regidos pelo seu carma.
Vou usar como exemplo o que acabou de ser falado: o meu irmão é grosso. Sabe por que você acredita nisso? Porque se sente oprimido pela “grossura” dele. O seu irmão não é grosso: esse é o carma dele.
Ele é grosso porque é regido por uma pré escolha, um carma, como resultado da opção do espírito antes da encarnação. Ele vivencia esse carma na sua frente porque isso é carma seu. Ou seja, ele é grosso, porque tem como prova vencer o prazer de ser grosso; você recebe a grosseria dele porque tem o carma de não se sentir ofendido com a forma como ele age.
Essa é a verdade do universo. Ninguém faz nada. Deus, através dos egos, cria as ações interdependentes, ou seja, faz cada um viver o seu carma e ao mesmo tempo ser instrumento do carma do outro.
Sobre aquele que vive as situações, Krishna ensina: o homem de reto entendimento (que sabe da existência da ação carmática), mesmo sofrendo uma ação desse tipo não se desvia do seu caminho. Qual o caminho? Estar em Deus, ser por Deus e viver com Deus.
O que isso quer dizer? Que quando o ego do homem de reto entendimento cria razões, emoções ou percepções a respeito de estar sofrendo uma grossura, por exemplo, diz: ‘não ego, o meu caminho não é reparar nos outros, não é muda-los ou ensinar qualquer coisa e eles, não é julgar os outros, mas encontrar Deus em tudo. Para isso, preciso ir além do que fala. Por isso não aceito o que está afirmando como verdade’.
É esse o trabalho do senhor da mente e é isso que a terra ensina àqueles que querem ser como a terra.
A terra segue o seu destino para lá e para cá. Passa pela água, dá a volta nas raízes das plantas, mas não se prende em nada. Esse é o trabalho do senhor da mente. Ele, observando a terra que segue sempre em frente deve dizer a si: ‘eu quero chegar no meu horizonte e não ficar preso aqui neste lugar’. Ficar preso no mesmo lugar é ficar julgando os outros, observando o que eles fazem, tendo ideias sobre eles.
Esse é o primeiro elemento que leva o espírito a ser um Avadhuta, ou seja, a apagar o fogo das paixões e do desejo.