Senhor da mente - textos - livro 2

Versículo 25 a 30 - A instrução do sábio

Vendo ao Bramani avadhuta, jovem e erudito, que vagava sem medo algum, perguntou-lhe Yadu, a respeito de religião em relação, a qual era muito versado.

Yadu perguntou:

Oh Brâmane, estando livre do fruto das ações como estás, de onde obtiveste tão grande discernimento, graças ao qual andas pelo mundo como uma criança, não obstante, sejas um grande sábio?

Geralmente e na maioria dos casos os homens se esforçam por alcançar virtudes para conseguirem riquezas ou são saudados por um forte desejo de conhecer o Atma, alma suprema, quando, em verdade, tal desejo é um simples propósito de alcançar vida longa, fama e prosperidade.

Tu, porém, que és capaz de tudo, que és instruído, hábil, bem apessoado e possuis uma fala agradável, nem trabalhas nem te esforças o mínimo necessário como se fosses um idiota, um louco ou um “Azura (demônio; espírito do mal)”.

Enquanto as pessoas são abrasadas pela fogueira da luxúria e da cobiça, tu nem sequer sentes os deletérios efeitos de dito fogo, o fogo do desejo que nunca se apaga e ficas livre de sua influência, como um elefante no meio do rio Ganges.

Oh nobre Brâmane, para nós que ti estamos interrogando, conta-nos de onde te provém a felicidade de seres como tu mesmo, unicamente vivendo uma vida solitária e ficando totalmente passível diante dos objetos sensoriais.

Então, Yadu pergunta ao Brâmane como consegue realizar-se em si, por si e com Deus. Com isso ele quer saber como libertar-se da fogueira das paixões e do desejo. Vamos ouvir, então, o que o Avadhuta tem a dizer. Vamos ver como aprendeu a silenciar os desejos.

Participante: pai Joaquim, o Deus do meu irmão é meio grosso, mas mesmo assim é Deus.

Enquanto for grosso, não é. Deus não pode ser grosso e nem educado. Ele é tudo e não é nada.

A ideia que você está colocando sobre Deus é simplesmente uma análise racional. Por isso precisa libertar-se do grosso que acredita ser para poder ver realmente Deus.

Tem uma coisa que foi falada durante a fala do Yadu: o brâmane que conseguiu ultrapassar os apegos materiais é instruído, mas não estudo, é livre sem realizar uma libertação, é instruído sem trabalhar para conhecer. É isso mesmo: o verdadeiro sábio não precisa estudar, não precisa de compreensões racionais, não precisa que ninguém diga que Deus está ali ou é o seu irmão.

Portanto, não é estudar ou alcançar uma compreensão racional de que seu irmão é Deus que você precisa. É ver Deus sem ser com os olhos, é falar com ele sem emitir palavras, é ouví-Lo sem precisar haver sons.