Ego (IPPB)

O ego é bom?

Então, o ego é isto: um conjunto de verdades que você acredita que sejam reais e suas e por isto se subordina a elas.

Pergunta: O ego é bom?

O que é bom? O que é uma coisa boa? Para poder lhe responder preciso saber o que é ser bom para você.

Resposta: alguma coisa que satisfaça meus valores.

Que valor e que você? Se você está falando no eu material e os seus valores são a busca do bem material, o ego é bom, pois vai lhe ajudar na busca da fama. No entanto, se a sua busca é espiritual, o ego é ruim porque lhe atrapalha a elevar-se.

Só que a minha resposta não para por aí. Digo mais: se está falando do eu espiritual em busca de valores materiais, o ego é ruim porque atrapalha a conquista deles, mas se busca amealhar bem no céu, o ego é bom e daqui a pouco entenderemos o porquê.

Neste primeiro momento estamos apenas definindo o ego, mas depois vamos falar de sua criação evolução e da vitória sobre ele. Aí, então, entenderá o que quero dizer.

  Neste mundo, quando falamos de bom ou mal temos que ter em mente que tudo depende do que você gosta, ou seja, do que é bom para você. Ser bom ou mal é relativo, ou seja, surge a partir de verdades que o ego cria. Se gosta da cor vermelha, por exemplo, e a vê como algo bom, esta classificação é oriunda de uma ação do seu ego.

Voltemos ao nosso assunto: o ego.

Posso, então, dizer que o ego é você, porque você é uma soma das verdades que acha que é. Acredita que é homem? Você é. Acredita que é doutor, casado, pai? Você é estas coisas.

Portanto, em regra, o espírito humaniza-se para combater o ego, mas ao invés de destruí-lo, o vive como se fosse ele mesmo. Dá credibilidade ao ego, imaginando ser ele mesmo, o espírito.

Pergunta: Mas Joaquim, pelo que estou vendo o ego é bom. Ele me faz viver a paternidade, a relação com minha esposa, meu sexo, ou seja, as coisas que eu gosto. Onde está a coisa ruim que me obriga a derrotar o ego?

Individualismo. Enquanto torcer por um time, por exemplo, vai criticar quem torce por outro. Só quando abdica do individualismo (o que quer, o que gosta) poderá amar ao próximo como ama a si mesmo.

Por isto que Cristo ensinou: eu não vim trazer a paz, mas a espada. O ensinamento dos mestres não é para que o ser humano consiga viver em paz consigo mesmo, mas para matar a ele mesmo.

E o mestre nazareno ainda diz mais: em verdade em verdade vos digo que ninguém chegará ao reino do céu enquanto não renascer. Reparem que ele não fala em reencarnar, mas em nascer de novo nesta mesma vida.

Para que você renasça para o reino do céu o que precisa antes acontecer? Morrer para esta vida. Isto é o vencer o ego que Krishna sugeriu como caminho. Ou seja, os dois falaram a mesma coisa, mas com palavras de acordo ao seu povo e à sua época.

Portanto, os dois ensinamentos são idênticos, só que ninguém quer seguir o caminho ensinado pelos mestres. Todos querem renascer, mas não morrer. Acontece que para renascer o ser precisa necessariamente morrer antes. Precisa se matar, matar todas as verdades que formam o seu eu material.

Esta ação de matar-se com a espada (os ensinamentos) que Cristo trouxe é o que é conhecido como a promoção da reforma íntima.

Está, portanto, clara a necessidade de se matar o ego. Continuemos em nossa conversa de hoje.