Ego (IPPB)

A vida e o ego

Pergunta: Mas, noventa e nove por cento não vence o ego?

Eu diria que se você colocasse nos noventa e nove por cento mais uma casa decimal (vírgula nove) estaria mais perto da realidade. Vocês estão encanando e desencarnando a sete mil anos, pela contagem de tempo de vocês.

Pergunta: O sofrimento faz parte do ego?

Não, o sofrimento é o sentimento que você escolhe para reagir entre a relação do que acha (do que o ego lhe diz que deveria estar acontecendo) e os acontecimentos do mundo. Ele surge da subordinação à verdade transmitida pelo ego.

O ego lhe diz, por exemplo, que você é um excelente profissional e por isto deveria ter um emprego. No entanto, o acontecimento atual de sua vida é que está desempregado. No encontro destas duas coisas (o que está ocorrendo de verdade e o que deveria estar ocorrendo para você) o espírito escolhe sofrer porque acredita na verdade do ego (você deveria estar empregado).

Não foi o ego que sofreu, mas você, o espírito, que, subordinando-se às verdades criadas por ele como verdadeiras optou por sofrer com a situação. Por isto já tinha respondido a uma pergunta hoje dizendo que o sentimento não é do ego, mas reflete uma opção do espírito quando do encontro da verdade do ego com a realidade material.

Você espírito possui o livre arbítrio entre o bem e o mal, ou seja, pelo amor a Deus ou a subordinação ao ego (individualismo).

Pergunta: A vitória sobre o ego, então, é a salvação?

Salvação do que? O espírito não está em perigo nenhum para ser salvo. Está em processo de evolução. A vitória sobre o ego é a evolução no mundo de provas e expiação.

Algumas palavras mal usadas podem trazer verdades que não correspondem com a realidade. Nenhum espírito está perdido para que possa ser salvo. Ele está na hora certa, no lugar que deveria estar, fazendo o que deveria fazer.

A vitória sobre o ego é a realização do espírito no mundo de provas e expiações e não a sua salvação.

Pergunta: Mas, o ego pode causar uma frustração também?

Não, o sentimento do ego, mas o seu. Sentindo-se frustrado pelo ego, foi você quem se sentiu assim e não o ego que se sentiu.

Pergunta: Mas, se eu não perseguir o objetivo que o ego me dá, que o ser humanizado tem, não vou me sentir frustrado?

Depende do seu ponto de vista, ou seja, depende do seu objetivo de vida. Mesmo que não persiga os objetivos humanos que o ego lhe transmite (perseguir os desejos humanos), você ainda assim poderá ser feliz.

O espírito, independentemente de estar humanizado ou não, sempre tem o livre arbítrio concedido pelo Pai: o de amá-Lo sobre todas as coisas ou amar a si mesmo. Quando o objetivo da existência de um espírito é alcançar a Deus, ele sempre opta pelo amor ao Pai e por isto não se frustra em não realizar o que o ego propõe. Mas, quando se ama acima de todas as coisas, escolherá frustração quando seus desejos não forem realizados.

Pergunta: Sempre haverá duas opções?

A presunção do livre arbítrio sempre leva a uma dualidade. Como exercer um livre arbítrio se não houver pelo menos duas opções para escolher entre elas?

Sim, para o espírito sempre haverá a possibilidade entre amar a Deus e viver na Sua glória (felicidade incondicional) ou exaltar-se quando suas expectativas forem correspondidas ou afundar-se na depressão da dor quando não.

Tanto o prazer quanto a dor satisfazem o ego, reforçam a verdade. Na libertação da verdade ou seja, relacionar-se com o mundo dentro do amor universal que não admite frustração nem exaltação você venceu o ego.

Pergunta: Então a vida não tem objetivo?

Tem sim. Como Cristo ensinou: vencer o mundo.

Vencer o mundo é libertar-se da ação do ego não sendo submisso a ele. “Eu queria tanto aquilo”: acreditar que você realmente quer algo material é submissão ao ego, pois é ele quem lhe dá, racionalmente, este desejo.

Este é o objetivo espiritual da vida. Agora, vencer na vida, alcançar objetivos materiais, profissionais, realizar-se socialmente, como mulher ou como homem são objetivos materiais que só servem para nutrir o ego, pois profissão, família, sexo, é tudo fruto do ego, verdades que só valem para humanidade. O espírito não tem cor, raça, sexo ou profissão.

Pergunta: o desapego, então, é a lei do amor universal?

O desapego só acontece quando o espírito escolher o amor universal no encontro entre um acontecimento e ação do seu ego (pensamentos que ditam realidades). Então, ele não é a lei: é a consequência da ação do amor universal.

Quando você ama universalmente as pessoas, acontecimentos e objetos deste mundo alcança o desapego. Se não amar dessa forma jamais se desapegará.

Por isto sempre afirmo: não existe uma mãe que ame seus filhos. Elas não os amam universalmente, mas individualmente. Por isto, a mãe na verdade os possui: “é meu filho, não pode acontecer nada com ele, tem que ser o que eu quero, o que eu acho que é o melhor para ele”.

Ela diz que tem amor universal com ele, mas na realidade o possui, pois o ama condicionalmente às suas verdades e não com desapego.