Ego (IPPB)

Humanização

A partir desta sua pergunta podemos, então, evoluir em nossos estudos de hoje. Já definimos o ego e vimos como ele é criado e agora descobrimos para que existe: para criar a dualidade que serve de prova ao espírito encarnado.

A vida, portanto, começa na programação do ego antes da encarnação e se desenrola através do encontro deste com os acontecimentos também pedidos.

Com esta consciência o espírito entra no processo de nascer. Ele, apesar da existência do ego, ainda possui a consciência espiritual, mas durante o início da vida (infância e juventude) começa a receber impulsos externos (os ensinamentos que a sociedade passa) que combinam com as verdades que estão no seu ego. Isto solidifica estas informações até o ponto em que as verdades espirituais acabam ficando esquecidas.

Por isto as mães não devem ser culpadas pela forma como educam seus filhos. Nenhuma mãe deve temer pela educação que transmitirá aos seus filhos, pois quando agem de qualquer forma, estão prestando um serviço ao espírito.

Não aquele serviço que ela acha que está fazendo (ensinando-o a viver), mas o serviço de solidificar verdades que no futuro servirão como campo de provas para o espírito.

Depois do nascimento os pais, família, sociedade e escola vão solidificando verdades e o ser humanizado vai esquecendo as verdades espirituais e passa a vivenciar as verdades materiais como realidade, o que é necessário para que a provação do espírito aconteça.

Este processo de esquecimento, no entanto, não pode ser traduzido por um abandono completo das verdades espirituais. Na verdade o espírito não acaba com as verdades espirituais, mas as esquece, as abandona, as troca pelas verdades materiais.

A melhor palavra para definir esta ação seria a de jogar o véu do esquecimento sobre as realidades espirituais que possui e gerar mayas (ilusões) que servirão de guia para as provas que irá executar.

Vamos explicar isto melhor. Todas as verdades que um ser possui estão guardadas na memória ou consciência. Se falarmos que existem verdades materiais e espirituais, é justo também afirmarmos que existe uma memória material e outra espiritual, ou seja, consciências diferentes para guardar estas verdades.

Quando fora da carne o espírito opera apenas as verdades contidas na memória espiritual. Quando vai encarnar cria uma memória material (ego ou conjunto de verdades) que gradualmente vai se sobrepondo à espiritual.

O espírito quando assume a sua materialidade por completo não consegue mais acessar a memória espiritual que está encoberta pelas verdades materiais. Este é o abandonar que falei.

No entanto, esta transferência de valores não ocorre apenas de uma vez. Vamos fazer uma figura apenas para que possam compreender o que estou dizendo. Isto não é realidade, mas apenas uma figura para que possa haver compreensão por parte de vocês que precisam de formas para compreender as coisas.

A memória material é como se fosse um pedaço de madeira cheio de buracos. Em cada furo está guardada uma verdade sobre cada elemento do mundo material. Quando estes furos estão cheios o espírito não consegue acessar à consciência espiritual porque a memória material está sobreposta à espiritual.

Quando o espírito, através do processo raciocínio vem buscar verdades para avaliar as percepções, só consegue acessar as que estão acima, na consciência material, porque o furo está cheio. Enquanto o buraco estiver vazio o espírito conseguirá acessar à espiritual.

Por isto dissemos que gradativamente a sociedade vai humanizando o espírito, ou seja, vai transferindo verdades materiais que ocupam estes furos não permitindo o acesso à Realidade universal. Isto é o que ocorre na infância do ser humano.

O espírito nasce com consciência espiritual, mas aos poucos não mais consegue ter acesso a elas porque todos os furos estão ocupados”. Aí vive só com as verdades espirituais. Ao longo do processo de reforma íntima, ou seja de troca de valores, vai destruindo estas verdades materiais desobstruindo os furos e aí pode, então, acessar as verdades espirituais que estão abaixo delas.

Pergunta: Mas, assim, não vou me lembrar de nada que aconteceu nesta vida?

Você está confundindo memória de lembranças com verdades embutidas no ego. Não estou falando da memória que guarda a lembrança dos acontecimentos, mas daquela que dita as verdades da sua vida.

As verdades que estão nesta memória consciência que estou falando podem ser eliminadas, mas isto não quer dizer, por exemplo, que esquecerá a cena do seu casamento.