Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 11

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Versículo 11

11. Aquele estado que os conhecedores dos vedas descrevem como o Imortal, Aquilo no qual penetram os renunciadores descomprometidos e por cujo anelo praticam a castidade e pureza, descrever-te-lo-ei em poucas palavras.

‘Renunciadores descomprometidos’... O que Krishna está querendo dizer com isso é que quando o ser humanizado renuncia as coisas deste mundo sem se comprometer com novas, chega a Deus. Não adianta apenas renunciar: tem que haver uma renúncia sem novos comprometimentos.

Anteriormente tínhamos conversado aqui sobre o fato de uma pessoa bater à porta de outra. Quando perguntei à pessoa que atendeu quem bateu ela, achando que estava renunciando à compreensão da mente, me disse: ‘porque Deus o fez bater’. Ela achou que deste modo estava colocando em prática a renúncia das compreensões mentais, mas na verdade assumiu uma nova verdade. Com isso nada fez...

A renúncia precisa ser completa, ou seja, não se pode compreender nada do que está acontecendo para poder se chegar a Deus. Enquanto ainda houver alguma compreensão, seja ela Deus está fazendo, nada se conseguiu, pois esta foi dada pela mente. Desta forma, este ser humanizado, imaginando que está fazendo alguma coisa, ainda está preso à personalidade humana, às idéias criadas pela mente.

Por que alguém bate em sua porta? Porque ele bate. Qualquer outra afirmação sobre este ato ainda é uma verdade relativa, um patrimônio humano que buscará ser preservado pelo egoísmo do se humanizado.

Quem consegue promover esta renúncia completa, por causa do anelo a castidade e pureza chega a Deus. A que castidade Krishna está se referindo? O termo castidade no planeta Terra é vinculado àquele que não realiza atividades sexuais. Este é casto. Quem não realiza atividades sexuais não tem o que? O gozo individualista, prazer. O Bendito Senhor, portanto, está nos dizendo que aquele que consegue a renúncia total não tem gozo individualista, prazer... Nem pela realização da renúncia...

Aquele que se locupleta com a realização da renúncia nada conseguiu. Aquele que se sente bem por ter conseguido colocar em prática a renúncia, não renunciou a nada... Quem vive deste jeito ainda está comprometido com a matéria, ainda está na busca do prazer. Ele não é um renunciador de nada, mas um consumidor de prazer.

O verdadeiro renunciador, portanto, é casto nas suas ligações com a mente, ou seja, não vivencia qualquer prazer gerado pelo ego, nem aquele que diz respeito às realizações no caminho reto. Para este, tanto faz se ele está aqui ou lá, se consegue ou não percorrer o reto caminho.

Participante: pois é, o mais difícil para nós é diferenciar prazer, satisfação da felicidade. Nós confundimos as duas coisas; não conseguimos distinguir uma coisa da outra.

O prazer existe quando você quer ir a algum lugar ou fazer qualquer coisa consegue realizar seu anseio. A real felicidade acontece quando querendo ir vive a mesma sensação se conseguir ou não. Desta visão ressalta a importância do libertar-se dos desejos gerados pela mente.

Sendo assim, a primeira coisa que você precisa renunciar é ao desejo. Inclusive o desejo que a personalidade humana gera referente o caminhar pelo reto caminho. Quem deseja fazer a reforma íntima para alcançar a elevação espiritual deve renunciar ao desejo de fazer. Sem isso, o que conseguirá será apenas o prazer e não a felicidade pura e eterna...