Senhor da yoga - Cap. 8 - Caminho do Imortal Brahman

Versículo 6

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Versículo 6

06. Ó filho de Kunti, se um homem, no momento de morrer, pensa em qualquer coisa (objeto, pessoa ou deva), por estar constantemente absorto nisso, para isso se dirige quando abandona o corpo.

Neste trecho Krishna nos explica a figura do obsessor. Este é aquele que ao desencarnar morre ligado na ação que o matou. Quem no momento do desencarne está ligado ao ego, ou seja, aos pensamentos que comentam o momento morte, continua vivendo preso à personalidade humana.

Por causa disso, aquele que no momento do desencarne está apegado aos pensamentos que construíram sofrimentos para o ser e que apontaram determinada pessoa como causadora deles se transforma em obsessor daquela. Quem, no momento do desencarne não se dá com outro ser encarnado, continuará, mesmo sem carne, desgostoso daquele e assim como quando estava na carne procurará vingar-se do que o outro lhe fez. É isso que vocês chamam de obsessão...

É por conta desta obsessão que na Bíblia Cristo diz: se alguém tem alguma coisa contra você, vá correndo fazer as pazes, pois senão ela pode representar contra você junto ao juiz. Todo aquele que sai da carne ligado às idéias humanas continua vivendo a mesma coisa no mundo espiritual.

Só que esta obsessão não se dá apenas por sensações consideradas como negativas, mas também pelas chamadas positivas. Quem sai apegado a uma ligação sentimental amorosa que a mente cria a respeito de outro ser encarnado, seja pai, mãe, marido/mulher, filho ou filha, continua vivendo esta mesma sensação depois do desencarne. Por causa dela, como fazia durante a encarnação, tentará dirigir a existência do outro dizendo o que é certo e errado para ele, o que é bom ou mal de ser feito.

Participante: a obsessão espiritual é tratada no mundo humano como a presença de um espírito do mal que busca atrapalhar a vida de um encarnado. Quer dizer que isso é errado, ou seja, que existe obsessão por amor?

Não existe espírito maligno.

Você chama de mal aqueles que, encarnados ou não, lhe contraria, ou seja, que não age em benefício de seus desejos. Mas, se como já vimos, tudo é emanação de Deus. Portanto, aquele que age assim está vivenciando uma emanação de Deus. Por este raciocínio, quando você chama outro ser de mal, está classificando desta forma o próprio Pai.

Voltando à questão da obsessão, ela é muito mais ampla do que vocês imaginam Como vimos, ela acontece quando o espírito sai preso ao ego e vive como real aquilo que o pensamento afirma existir, seja esta relação marcada por sensações positivas ou negativas. Mas, ela pode acontecer também entre encarnados e desencarnados e entre dois seres humanizados. Isso acontece porque toda relação criada pela mente é fundamentada no egoísmo o que confere a quem se gosta o título de ‘é meu’...

A mãe é obsessora do filho, o amigo daquele por quem nutre amizade. Quem fica obsedia aquele que desencarna.

Participante: nós chamamos isso de saudade...

Sim, eu sei que vocês utilizam este termo para designar esta relação e que consideram esta sensação como prova de amor, mas isso não é verdadeiro. Sempre que se coloca a denominação é meu, não importando seu o que, o que existe é uma obsessão, já que esta mesma expressão é usada para se criar uma possessão.

Participante: como trabalho de desobsessão nós costumamos realizar um trabalho no sentido de orientar apenas o desencarnado para acabar com a obsessão. Quer dizer que devemos também doutrinar o ser humanizado?

Perfeito. É preciso orientar o encarnado no sentido dele desligar-se das verdades criadas pelo ego, pois senão, como afirma Krishna, depois do desencarne estes continuarão se obsediando.