Caridade espiritual

Não querer ensinar aos outros

Este é um problema muito sério que acontece com grande parte dos trabalhadores: achar que é capaz de ensinar aos outros. Ninguém é capaz de ensinar nada a alguém, pois a caminhada de cada um é individual. Vamos entender isso...

Os trabalhadores de casas espíritas ou espiritualistas, por acharem que a mediunidade é uma glória consideram-se os sãos. Acham que por causa disso assumem a posição de mestres, gurus ou médicos que estão ali para salvar quem lhes procura. Isso é impossível.

A salvação só acontece quando o ser humanizado faz a sua reforma íntima. Como este trabalho é feito no íntimo de cada um, só o próprio espírito encarnado pode fazê-lo. Mais: cada um possui um grupo de coisas para reformar e instrumentos individuais para fazer o trabalho. É por isso que ninguém pode ser mestre ou guru de outro...

Esta compreensão precisa ser alcançada por aqueles que trabalham nas casas espíritas ou espiritualistas para que o trabalho possa ser levado a cabo. Aquele que não adota esta postura torna-se cego guiando cego e nada faz pelo auxílio ao próximo.

Mas, se não pode ensinar nada o que fazer ao próximo, o que deve fazer o trabalhador? Mostrar o seu caminho, falar da sua caminhada. O trabalhador pode e deve falar dos instrumentos que está utilizando para fazer suas reformas, mas sem com isso dizer que aquilo é o certo e que por isso o outro deve fazer e sem dizer que a aplicação por parte daquele desta ferramenta pode salvá-lo.

A orientação que o trabalhador deve dar não é no sentido de apontar o caminho certo, mas de mostrar a caminhada que está fazendo de modo que o outro, se achar aquilo válido para si mesmo, possa seguir. Ou seja, o máximo que o trabalhador pode dizer a quem lhe procura é: ‘eu fiz isso e para mim deu resultado’.

O trabalhador não deve falar de uma doutrina tentando doutrinar, mas indicando que aquela pode ser uma solução, se o outro aceitá-la e identificar-se com ela. Para isso ele deve falar de sua própria experiência sem colocá-la como a certa, mas como uma proposição de caminho.

O que abordei nesta conversa não tem nada a ver com o trabalho que se faz em qualquer casa. Toda a casa pode e deve ter trabalhos que transmitam ensinamentos para ajudar o próximo na sua caminhada, mas este trabalho não pode ser desenvolvido por um trabalhador com a postura de ser o professor que ensina aos outros o certo. O que ele vai dizer não importa, pois muitas são as moradas na casa de Deus e por isso sempre haverá alguém que fará uso do que está sendo dito. Estou falando é da consciência interna que precisa ser levada em conta para que o trabalhador possa usar o instrumento da mediunidade para a sua elevação espiritual.

Ter determinada consciência é assumir determinadas posturas. É disso que falei nesta conversa...