Caridade espiritual

Decorando a casa

Depois que se escolhe o objetivo da casa, a sua doutrina e o objetivo desta, se reconhece a ação correta para aplicação desta doutrina e se entende a importância e função da sangha que a compõe, qualquer coisa pode acontecer dentro da casa. Qualquer trabalho mediúnico ou não pode acontecer, qualquer dizer pode ser usado para os trabalhos, qualquer devoção pode ser realizada, pois a casa já possui um trilho para guiá-la.

Tendo comparado o Buda às fundações, o dharma com a parede e a sangha com o telhado que cobre uma casa, posso dizer que nossa casa já está criada, mas ainda não está pronta. Falta agora decorá-la, ou seja, torná-la habitável. Os trabalhos que uma casa executa são como objetos que adornam uma casa e que a torna habitável.

O tipo de trabalho que é desenvolvido dentro de uma casa é apenas decoração, pois pode ser alterado sem se comprometer a estrutura da casa. Hoje, por exemplo, a casa pode ter um trabalho de reiki e amanhã não tê-lo. Que diferença isso fará à casa? Nenhuma... Tanto faz se ter um trabalho de reiki ou de energização ou de passe, o importante é a ajuda que se dá e ela será sempre a mesma porque é praticada pela sangha de uma forma dharmática, ou seja, está vinculada ao Buda escolhida e executada dentro do direcionamento pré-estabelecido. Nenhum trabalho específico influenciará a casa, pois ela, na verdade, é a fundação, as paredes e o telhado que a cobre. O resto, é objeto de adorno, é decoração.

Por isso afirmo: os trabalhos específicos que são executados dentro de uma casa espírita ou espiritualista é de menos importância. O importante é que ela tenha a sua parte estrutural feita com elementos sólidos, ou seja, que seja fiel a ela. Em outras palavras, que ela seja feita seguindo uma doutrina específica e com o direcionamento que foi escolhido para aplicá-la, o que o torna uma ação dharmática, e por uma comunidade que esteja comungue de tudo isso.

A discussão sobre quais trabalhos serão realizados é efêmera, pois a pessoa mora na casa e não no móvel. De que adianta se caprichar no mobiliário de uma casa se suas fundações, paredes e telhado são frágeis: tudo isso desaba sobre os móveis e acaba com eles. Este, aliás, é o grande problema daqueles que criam ou administram uma casa espírita ou espiritualista: eles estão sempre preocupados em embelezar uma casa e não com as estruturas delas. Por isso muitas desabam...

 Como disse no início de nossa conversa, tudo o que for dito com relação à formação de uma casa serve para o trabalho individual de cada um no sentido da elevação espiritual, pois para que o ser humanizado alcance a sua elevação espiritual ele precisa ter um Buda definido e uma aplicação deste também definida, deve ter o dharma, ou seja, uma ação fundamentada no seu Buda e deve procurar uma coletividade com a qual tenha afinidade. Sendo assim, também não importa que trabalho ele freqüente...

Como já disse, cada trabalho é como uma casa na morada de Deus. Freqüentando qualquer um, o ser humanizado estará inconscientemente indo àquele que pode lhe ajudar, pois a sua participação é direcionada pelos espíritos sem carne como um auxílio para aproveitar a oportunidade da encarnação. Portanto, tanto faz se o ser humanizado freqüenta a umbanda ou o culto evangélico, sendo fiel às suas diretrizes da busca, ele alcançará êxito.

Aí está, portanto, no aspecto geral, o básico para se organizar uma ajuda ao próximo ou a você mesmo. Não importa o que vai ser criado (casa, igreja, templo, centro), é preciso que o que vai ser criado esteja solidamente amparado pelo tripé que conversamos: o Buda, o dharma e a sangha. Se estes três aspectos não estiverem definidos e claros para todos os que participam do mesmo processo, nada será alcançado.

Todo o resto que compõe a casa (espaço físico, elementos materiais, trabalhos específicos) girará em torno do tripé que vai sustentá-la. Eles precisam ser escolhidos visando unicamente atender ao objetivo da casa, à doutrina e seu direcionamento que foi escolhido e do tamanho da sangha que irá freqüentar a casa.