Caridade espiritual

Respeito à dor de cada um

Tem muitas pessoas que comparecem a uma casa espírita ou espiritualista em busca de consolo para problemas que são aparentemente fúteis. Quando isso acontece, é comum os trabalhadores se queixarem de desperdiçar seu tempo com este tipo de problema quando existem tantos com problemas maiores.

Não existem problemas pequenos ou grandes: existem acontecimentos que são vividos como problemáticos pelas pessoas. Não existe dor mais suave ou mais profunda: existe a dor que cada um sente. Por isso é preciso respeitar a dor de cada um...

O ser humanizado não tem a menor capacidade de mensurar a dor que o outro está sentindo. Como se diz na Terra: só quem está com um calçado sabe onde o calo lhe dói... O que faz doer para alguns não faz para outro, mas isso não quer dizer que quem está sentindo-a não esteja com dor.

Mesmo que o problema seja aparentemente fútil, mesmo que a dor pareça aparentemente pequena, o trabalhador de uma casa espírita ou espiritualista precisa respeitar o que quem busca alento está sentindo ou compreendendo. Quem menospreza a causa ou a intensidade da dor do outro não ama e, com isso, não consegue ajudá-lo.

O ser humanizado que quer saber o certo busca, na verdade tornar-se guia do outro. Mas, como ele pode guiá-lo se não respeita a dor dele?

Saibam de uma coisa: não existe dor fútil. Ela só parece assim a alguém quando este quer comparar aquela dor à sua ou a de outros. Dor é dor e ela só dói em quem está sentindo-a. E este doer precisa ser respeitado pelo trabalhador que irá atendê-lo. Para isso, o trabalhador não deve agregar ao objetivo primário do seu trabalho (ajudar o próximo) nenhuma outra intencionalidade. Quem quer usar o trabalho como glória individual não respeita a dor dos outros, pois precisa de casos reconhecidamente como dores profundas para atender.

Respeitar a dor dos outros usando para isso a intencionalidade primária do trabalho é, portanto, a ferramenta ideal para aquele que quer alcançar a elevação espiritual.