Caridade espiritual

Aquele que a casa serve

Neste trabalho estamos falando sobre casas espíritas e espiritualistas. Falamos das bases necessárias para a fundação ou manutenção de uma casa, falamos do trabalho mais importante. Agora vamos falar sobre os trabalhadores. Vamos conversar sobre as posturas necessárias por parte dos trabalhadores para que a casa possa atingir seus objetivos.

Aquele que a casa serve

Os seres humanizados se referem às casas espíritas e espiritualistas como casas de caridade. Seja praticando a caridade material (ajudar o ser humanizado a resolver humanamente seus problemas) ou a espiritual (ajudar no processo de elevação espiritual), as casas sempre buscam auxiliar o próximo. Este é o objetivo primário de cada casa e precisa ser lembrado constantemente pelos seus trabalhadores.

As casas não são criadas para a glória pessoal de um ser humanizado, nem para a sua própria glória. Ela existe para que os carentes sejam auxiliados. Como se processa esta ajuda? Através dos trabalhadores da casa, sejam eles médiuns ou não. O trabalhador da casa não é o artista da trupe, mas apenas um instrumento para que a caridade seja realizada.

Esta é uma postura que os trabalhadores devem adotar: servir de instrumento para o auxílio aos carentes. Infelizmente não é isso que vemos muitas vezes. Trabalhadores, seja no processo mediúnico ou não, acabam usando a casa e aqueles que a ela recorrem para sua própria glória, para a sua promoção pessoal. Para estes quero dizer algumas palavras...

Ser médium não é glória para ninguém. Ao contrário, é oportunidade de crescimento...

Apesar de muitos se acharem especiais por serem médiuns, isso não é real. A mediunidade é o instrumento que alguns espíritos recebem para poder executar o seu próprio trabalho de elevação espiritual e não uma glória conquistada na existência eterna do ser universal. Portanto, é preciso que o espírito humanizado que trabalhe como médium numa casa tenha esta consciência: ele está ali para fazer o seu trabalho da elevação espiritual e não para abrilhantar um show.

Mas, como se alcança a elevação espiritual? Cristo nos ensinou: amando ao próximo como amamos a nós mesmos. Será que usar alguém carente, seja afetivamente, moralmente, materialmente ou espiritualmente para alcançar uma glória é amar ao próximo? Eu diria que não...

A elevação espiritual é conseguida pela capacidade de amar ao próximo, por isso ela jamais será alcançada por outro meio. Vou aproveitar este momento e falar de uma coisa muito importante e que escapa à consciência do ser humanizado...

Quem quer trabalhar a reforma íntima visando apenas conquistar a sua própria elevação, buscando alcançar a sua própria evolução, nada alcança. Isso porque, como já dissemos aqui, Deus julga a intencionalidade de cada um. Qual a intenção de alguém que quer alcançar a sua elevação? Ganhar, vencer... Estas coisas combinam com doação e amor ao próximo? Com certeza não...

Se quem apenas busca a sua elevação para que ele evolua não consegue, porque não ama o próximo. Sendo isso verdade, imagine, então, aquele que ainda por cima utiliza os outros como instrumentos da sua conquista, da sua glória.

Ora, se como falamos, a mediunidade não é glória, mas instrumento para a elevação espiritual e se ela é alcançada apenas pelo serviço ao próximo, qual deveria ser a postura de um ser humanizado que trabalhe numa casa espírita ou espiritualista? Servir ao próximo. Como se faz isso? Vamos ver...

O trabalhador que serve ao próximo não é aquele que se preocupa em fazer as coisas certinhas dentro de normas e padrões, mas aquele que faz o melhor para aqueles que lhe procura. Não é aquele que se preocupa em atender muitos carentes, mas aquele que gasta todo tempo que for preciso para auxiliar um só. Não é aquele que se preocupa em fazer, mas que o trabalho seja feito. Por isso, ele não tenta privatizar o consulente, ou seja, obrigá-lo a sempre buscá-lo. O trabalhador que serve ao próximo não é aquele que fica no final do trabalho alardeando tudo o que fez para buscar o elogio de ter trabalhado bem, mas regozija-se apenas pelo fato daquela pessoa ter tido sua carência diminuída. Aliás, ele nem comenta sobre o seu trabalho...

Estas são posturas de um trabalhador que realmente sabe para quem a casa existe e reconhece a sua posição dentro do processo de atendimento.

Da mesma forma, a casa deve ter ciência do que aqui falamos. Existem muitas casas que acabam buscando a glória para si. Fazem, mesmo que indiretamente, propaganda de suas conquistas, alardeiam a ajuda que conseguem dar, dão destaques àquilo que é feito como serviço ao próximo. Estas posturas não enobrecem uma casa. Pelo contrário, as denigre...

O objetivo da casa é auxiliar ao próximo e conseguir isso deve ser o total de sua atividade e nada mais. Depois de conseguir deve lembrar-se do ensinamento de Cristo: não deixe a mão direita ver o que a esquerda fez...

Como já disse anteriormente, as casas espíritas e espiritualistas podem ter diversos trabalhos sem que com isso firam nada. Agora, cada trabalho que ela tiver precisa ser motivado pelo auxiliar melhor e não para lhe conferir status. Que adianta uma casa ter um trabalho se não dispõe de médiuns que realmente possam auxiliar o próximo? Apenas para dizer que tem?

A casa, portanto, existe para servir àqueles que a procura e não a si ou aos médiuns. Ter consciência disso e executar seu trabalho apenas pensando no próximo é uma das posturas que os trabalhadores devem ter.