Caridade espiritual

Ajudando a resolver o problema espiritual

Todos os seres humanos não gostariam de ter, mas têm problemas durante a sua existência. A vida, na verdade, se consiste numa sucessão de problemas.

Para auxiliar estes seres na solução destes problemas é que se criam casas espirituais, espiritualistas, igrejas, templos, etc. Elas são criadas no sentido de auxiliar os seres humanos na resolução de seus problemas e eles vão até estes locais para buscar auxílio. Por isso posso dizer que a intenção de cada um que participa ou cria uma casa ou templo é sempre auxiliar o ser humano na vivência de seus problemas.

Acontece que, durante a existência humana, o espírito encarnado ou ser humanizado não possui apenas um tipo de problema, mas sim dois: o material e o espiritual. No que se consistem estes dois tipos de problemas? Vamos ver.

O material diz respeito à personalidade humana que o ser está vivenciando durante a encarnação: problemas emocionais, sentimentais, financeiros, familiares, profissionais, etc. São todos aqueles acontecimentos que ocorrem no dia a dia de um ser humanizado e que são tratados como problemas.

Existe, portanto, uma série de problemas que são vinculados à existência material. Só que a vida do ser humanizado não diz respeito apenas às coisas materiais, pois ele é espírito e ser humano ao mesmo tempo. Por isso, posso dizer que este ser tem problemas espirituais. Vamos falar um pouco disso ...

Sei que falei em problemas espirituais, mas na verdade o ser humanizado só possui um problema deste tipo: a necessidade de realizar um trabalho que o leve à elevação espiritual. O ser humanizado possui durante a sua existência um problema espiritual e esse é causado pela necessidade que tem de aproveitar a encarnação para se elevar.

Participante: Isso é uma oportunidade e não um problema...

Concordo com você que é uma oportunidade, mas ela se transforma num problema porque o ser não sabe o que fazer com ela. O ser espiritual humanizado tem uma oportunidade de elevação espiritual, mas ela se transforma num problema porque ele não sabe como aproveitá-la.

Portanto, o ser humanizado possui dois tipos de problemas: o material e o espiritual. Isto deveria estar consciente para as casas espíritas ou espiritualistas quando elas se propõem a auxiliar os seres humanizados a resolverem seus problemas, mas infelizmente não é verdade.

As casas espíritas e espiritualistas agem fortemente no auxílio aos problemas de cunho material, mas se esquecem de ajudar o ser humanizado no seu problema espiritual. Por isso, não vamos falar aqui do auxílio à vivência dos problemas materiais, mas exclusivamente do apoio que deveria ser dado para que o ser humanizado resolvesse seu problema espiritual.

Sei que muitas casas deste tipo vão dizer que se preocupam com o aspecto espiritual do ser e possuem atividades neste sentido, mas isso não é real. O que elas oferecem para ajudar o ser humanizado no seu problema espiritual? Passe, desobsessão, descarrego, etc.? Elas acreditam que com isso estão ajudando o espírito na sua existência espiritual, mas estes trabalhos não têm nada a ver com a este aspecto, pois todos eles nada têm a ver com a busca espiritual, mas sim com a intencionalidade de produzir uma vida mais amena, uma vivência humana mais tranquila ...

Libertar-se de uma obsessão ou estar mais harmonizado não tem relação com o problema espiritual único do ser humanizado, pois estes trabalhos não têm nenhum reflexo sobre a necessidade da elevação espiritual. Eles podem ser facilitadores do trabalho, mas não realizam nada.

O ser humanizado, livre de um obsessor ou mais harmonizado tem mais condição de realizar o trabalho necessário para a elevação espiritual, mas para conseguir fazer isso, ele precisa ser orientado sobre como realiza-lo, já que não sabe o que fazê-lo. É por isso que afirmo que a ajuda que os centros espíritas ou espiritualistas oferecem não resolvem o problema espiritual que o ser humanizado possui.

Quando digo isso não estou criticando as casas, mas apenas dando um alerta sobre esta necessidade que não é lembrada. Não posso criticá-las porque elas são um reflexo dos seres humanizados como um todo e não entidades isoladas do mundo humano.

O ser humanizado, ou seja, o espírito que está vivenciando uma oportunidade de elevação espiritual, também não se lembra deste problema que possui. Vive a vida diuturnamente preocupado com a solução dos problemas materiais e não se ocupa com este outro lado que pertence a ele já que é, ao mesmo tempo, humano e espírito.

Existe uma frase que gostaria que vocês tivessem sempre em mente:

“Vocês não são seres humanos que vivem experiências espirituais, mas seres espirituais que estão vivendo uma experiência humana”.

A realidade de vocês é espiritual. Só o que é espiritual em você é eterno e por isso nunca deixa de existir. O que é material é efêmero e irreal. Por isso, a prioridade deveria ser sempre as coisas espirituais que lhe afeta.

Por causa de sua essência espiritual, o ser humanizado deveria se preocupar com o seu trabalho deste gênero. Aliás, mais do que se preocupar: deveria se ocupar dele. O ser humanizado deveria ter tempo para resolver este problema, pois a sua existência eterna depende disso. Da mesma forma, as casas espíritas ou espiritualistas deveriam disponibilizar instrumentos para ajudar os seres humanizados a resolver este problema.

Os seres humanizados se preocupam em trabalhar mais para que a família cresça materialmente, se preocupam com a necessidade de dar estudo aos filhos para que eles também cresçam dentro do mundo material, mas não se preocupam em dar a eles condições de evoluírem espiritualmente. Da mesma forma, as casas espíritas ou espiritualistas se preocupam em ajudar os seres humanizados na ascensão social, mas se esquecem de fornecer ferramentas para auxiliá-los no seu processo de elevação espiritual. Elas se preocupam em disponibilizar trabalhos de cura, de aconselhamento nos problemas materiais, de apoio aos sentimentais, mas não se preocupam em dispor trabalhos que incitem e apóiem os seres humanizados na resolução do seu problema espiritual.

Está dando para compreender o que quero dizer? Todo ser humanizado possui dois tipos de problemas, mas como vocês que trabalham em casas espíritas ou espiritualistas se consideram seres humanos que vivem experiências espirituais e não seres universais vivendo uma experiência humana, preocupam-se apenas em disponibilizar instrumentos para ajudar o ser encarnado nos seus problemas relacionados à sua existência material. Quando pensam no aspecto espiritual do espírito encarnado, a única coisa que fazem é disponibilizar instrumentos que facilitem a vida humana e não que resolvam o problema espiritual do ser.

É sobre isso que quero conversar hoje. Quero, através desta conversa, levá-los a encarar o seu lado espiritual. Com isso não quero incitá-los a virar as costas para o lado material, porque isso é impossível. O que gostaria nesta conversa é de levar cada ser humanizado e cada casa espírita ou espiritualista a ter a consciência de que o espírito encarnado possui um problema espiritual que precisa ser resolvido, que com a encarnação ele tem uma oportunidade que precisa aproveitar.

Vamos, então, à nossa conversa de hoje...

Para que o ser humanizado aproveite a oportunidade que está tendo, precisa fazer a reforma íntima. Isso, todos aqueles que lidam nas correntes espiritualistas e espíritas sabem. Todos sabem que é necessário reformar o seu interior, o seu íntimo, para alcançar a elevação espiritual. Mas, como fazê-la? Vamos começar por aqui...

Para se fazer a reforma íntima é preciso antes conhecer três coisas. Para falar delas vou comparar a reforma íntima com a reforma de uma casa.

A primeira coisa que precisa ser sabida por quem pretende realizar uma reforma é conhecer a sua realidade de momento, conhecer como está agora aquilo que se pretende reformar. Como é que alguém pode realizar uma reforma, se nem sabe o que precisa ser reformado?

Depois que conhece a realidade e decide o que pretende reformar é preciso, então, saber como aquilo ficará depois de reformado. A segunda coisa que precisa ser sabido antes de fazer uma reforma íntima é saber como deverá ficar o que for reformado depois da reforma. Como alguém pode reformar uma casa sem ter uma ideia do que quer no lugar do que está?

Para se fazer uma reforma é preciso antes de tudo que se saiba como aquilo que vai ser reformado está no momento, a realidade de agora, e conhecer a realidade que ele deverá ter depois que for reformado. Uma pessoa só pode começar uma reforma de sua casa depois de decidir o que vai ser reformado e qual a aparência terá depois de executado o trabalho. Para promover a reforma íntima é do mesmo jeito: o ser humanizado precisa saber como ele está intimamente e onde deve chegar. Sem este conhecimento ele não consegue fazer nada e fica perdido agindo onde não deve agir ou promovendo mudanças que não o leva à elevação espiritual.

Eis, então, as duas primeiras coisas necessárias para aquele que pretende realizar a sua reforma íntima: conhecer como está no momento e conhecer o que encontrará quando se mudar. Mas, para caminhar, ou seja, para realizar realmente a elevação espiritual é preciso conhecer mais uma coisa: o que será usado para causar a transformação...

Quem reconhece a existência de uma parede em sua casa que quer reformar, precisa planejar como ficará o espaço sem ela. Depois disso, precisa decidir que instrumentos serão usados para derrubá-la: pá, picareta, marreta, caçamba para o entulho, etc. Estas coisas são os instrumentos que serão utilizados na reforma. O ser humanizado que pretende fazer a reforma íntima, da mesma forma, precisa identificar como está no momento, como ficará depois de reformado e o que utilizará como instrumento para promover a reforma. Sem estas três coisas, nenhum ser humanizado aproveita a oportunidade da sua encarnação, não resolve o seu problema espiritual.

Antes de continuarmos, um detalhe. Ao citar os três elementos que precisam ser conhecidos antes de se iniciar um processo de reforma íntima coloquei-os em uma ordem seqüencial que precisa ser seguida. Ou seja, é preciso primeiro se conhecer como está agora, depois como ficará para só então pensar nas ferramentas. Mudando a ordem das coisas é impossível se realizar a este trabalho. Ainda usando o exemplo da reforma de uma casa, se alguém pensar primeiro no material que usará, pode ser que acabe comprando uma tinta que não será usada.

Por isso, pergunto: como está o espírito encarnado agora? Centrado no eu...

Todo ser humanizado vive a partir do seu eu: só o que ele acha certo está certo, só o que ele gosta é bom, a limpeza só existe quando ele acha que está limpo. O espírito quando encarnado vive centrado no seu eu, ou seja, ele se considera o centro do Universo. Quando falo isso não estou acusando ninguém de nada, mas mostrando uma característica inerente a todos os seres humanizados. Não existe um espírito encarnado que consiga viver a vida a partir do outro ou da comunidade onde vive. Ele vive apenas a partir de si mesmo, ou seja, a partir dos seus conceitos...

Conceitos são as crenças que todo ser humanizado tem sobre as coisas. É o fato de achar alguma coisa boa, algo certo, alguma coisa limpa. Cada qualificação que o ser humanizado possua sobre os elementos que conhece é um conceito. Estar centrado no eu, portanto, é viver a realidade a partir de suas próprias crenças...

Esta é uma característica de todos os seres humanizados: vive a partir dele mesmo, a partir das suas crenças sobre as coisas. Aliás, esta é a única coisa que todos os seres humanizados têm em comum, pois as próprias crenças em si mesmo variam de acordo com cada ser humanizado ou grupo deles. O bom de um não é bom para todos, o que é considerado certo varia entre os humanos, o limpo de um é sujo para outro.

Ora, se o trabalho da reforma íntima é comum a todos os seres humanizados e se viver a vida a partir destes conceitos é a única característica comum a todos os espíritos encarnados, este é o elemento que precisa ser reformado. O primeiro elemento que é preciso ser conhecido para se promover a reforma íntima é, portanto, reconhecer que é preciso viver de uma forma diferente, ou seja, não viver a partir do eu.

A reforma íntima não consiste em trocar conceitos (achar bom algo diferente do que acha hoje), pois estes não são em si o objeto da mudança. Ela é realizada pela descentralização do eu. Vou dar um exemplo para ficar mais claro.

Gostar da cor amarela é ter um conceito. Quem diz que prefere a cor amarela porque a acha mais bonita, precisa compreender que isso não é uma verdade, mas apenas uma posição individual. O amarelo não é mais bonito que o verde para todos, mas apenas para aquele que acha dessa forma.

Gostar do amarelo não é problema e por isso a reforma íntima não se consiste em passar a gostar do verde. O problema, como já vimos, é viver a partir do eu. Viver a partir do eu, neste caso, é querer que os outros também prefiram esta cor àquelas que eles preferem.

Quem vive a partir do eu, critica quem gosta de outra cor e quer provar aos outros que a cor que ele gosta é a mais bonita. Quem promove a sua reforma íntima, ou seja, se descentraliza do eu, continua gostando da cor amarela, continua achando-a a mais bonita, mas aceita que os outros tenham preferência por outra cor.

Promover a reforma íntima, ou seja, mudar o seu interior é isso aí. Não se trata de mudar crenças ou assumir as dos outros, mas sim ter a consciência que tudo que você acredita é apenas uma opinião pessoal e respeitar a opinião pessoal dos outros. O processo de reforma íntima não é um processo de mudança de conceitos, mas de tirar a sua crença individual do centro do Universo, tirar dela a força de verdade que precisa ser seguida por todos.

Isso é verdade? Sim, e vou provar...

Descentralizar-se do seu eu, retirar das suas crenças a força de verdade é a única forma de amar ao próximo. Ou seja, descentralizar-se do seu eu é a única forma de cumprir o mandamento que Cristo deixou... Por isso afirmei que este é o trabalho necessário para a evolução espiritual.

Tem muita gente que diz que ama o outro, mas será que quem ama reconhece erros nos outros? Será que quem ama critica e acusa o próximo? Quem ama não cobra mudanças nem critica, mas respeita o direito do outro de pensar diferente. Para se amar o próximo não é preciso pensar como ele, ter o mesmo conjunto de crenças, mas dar a ele o direito de ter suas próprias crenças.

Como Cristo também ensinou, para se amar o próximo é preciso não julgar, é preciso retirar a trave do seu olho, ao invés do cisco que está no olho do outro. Como fazer isso se você ainda acha que suas opiniões são a verdade que todos precisam seguir?

Viver a vida sem estar centrado no seu eu, ou seja, respeitar as opiniões dos outros como certas e boas também, é a única ação que pode levar o ser humanizado a amar a todos. Amar o próximo não é fazer carinho, não é passar a mão na cabeça, não é ajudá-lo apenas a resolver os seus problemas materiais, mas sim, dar a ele o direito de acreditar no que quiser e de viver a vida dele do jeito que quiser.

Descentralizar-se do eu é a reforma que cada ser humanizado precisa executar. Estar encarnado é a oportunidade que o espírito tem para fazer isso. Por isso, este é o único problema espiritual que o ser humanizado tem para resolver nesta vida.

O problema espiritual que o espírito encarnado tem é libertar-se da obrigação que acredita que os outros tenham de ser, estar e fazer aquilo que ele acredita que deva ser feito, da forma que acredita que devam estar e que sejam aquilo que ele acredita que deva ser.

Com esta análise, mostramos, então, as duas primeiras etapas da reforma íntima que é a solução do problema espiritual do espírito: o reconhecimento do como se está e a antevisão de como deverá se estará depois de concluída a reforma. Isto serve não só para cada espírito humanizado como também para as casas espíritas ou espiritualistas.

Estas casas, como são criadas com a intenção de ajudar o ser humanizado a resolver seus problemas, deveriam ter trabalhos que orientasse neste sentido. Ou seja, um trabalho de conscientização do que o ser é hoje e como ele deve ser para alcançar a elevação espiritual. Este trabalho deveria existir para ajudar o ser encarnado no seu processo de elevação espiritual. Mas, para que ele existisse as casas deveriam ter a consciência de que não estão aqui para agradar o ser humanizado, mas para dar a ele a solução para os seus problemas.

Uma casa dificilmente executará um trabalho deste tipo enquanto estiver preocupada em agradar o ser humanizado, em manter fiéis, pois, mostrar ao outro o que ele é e ajudá-lo a libertar-se da centralização em si mesmo não agrada aos espíritos encarnados. Todos aqueles que frequentam estas casas sabem da necessidade de promover a reforma íntima, mas não estão dispostos a abrir mão de sua humanidade (do apego aos seus conceitos) para fazer isso.

É por causa disso e por ser formada por seres humanizados que pensam assim, que as casas não realizam trabalhos neste sentido. Com isso elas acabam, voltam-se só à solução dos problemas materiais dos seres humanizados, mas não os ajudam a resolver o seu problema espiritual.

 Por saber disso, gostaria de deixar hoje uma fórmula simples para que as casas possam ajudar o ser humanizado também neste aspecto. Uma fórmula que não as leve a uma posição antagônica aos conceitos dos seres humanos, mas que ajude estes seres a promoverem a sua reforma íntima. Esta fórmula está fundamentada no terceiro ingrediente necessário para a reforma que já vimos: a ferramenta para a execução do trabalho.

Os instrumentos que o ser humanizado possui para o trabalho da reforma íntima são os ensinamentos dos mestres: a Bíblia, os livros de Krishna, os sutas budistas, o Pentateuco de Kardec. Nestes livros o ser humanizado encontra os instrumentos para agir em si mesmo com a intenção de descentralizar-se do seu eu.

Cada mestre foi um enviado de Deus que trouxe os instrumentos necessários para que os seres que se humanizam possam alcançar a elevação espiritual. É por isso que Cristo diz: eu sou o caminho. Caminhar no sentido da elevação espiritual não é seguir Cristo fisicamente, mas sim praticar aquilo que ele ensina que deve ser vivenciado. Ou seja, viver a vida a partir dos ensinamentos deixados por ele. O problema é que a maioria dos que caminham por este caminho, ou seja, buscam a elevação espiritual, não compreendem isso.

Nos meios espíritas e espiritualistas os seres humanizados, e, por conseguinte, as casas, se preocupam em conhecer os ensinamentos que falem do mundo espiritual. Dão ênfase ao estudo da realidade e ciência espiritual, mas se esquecem da aplicação dos conceitos daquele mundo, neste. Querem saber como será a vida depois da morte, mas não se ocupam em mostrar que esta depende da forma como se vive aqui.

Os conceitos que estão na mente dos seres humanizados não se dissolvem magicamente com a morte ou com o fim da encarnação. O ser que encerra a sua encarnação (morre) continua a viver a sua existência espiritual com os mesmos conceitos que possuía quando encarnado. Se, além disso, ele vive centrado no eu hoje, continuará vivendo desta forma depois do desencarne. Ou seja, de nada adianta para a evolução espiritual se conhecer a ciência do mundo espiritual, pois isso não será de nenhuma valia para a incorporação deste ser quando no retorno à sua pátria espiritual. O que adianta é se conhecer como os seres libertos da humanidade se relacionam entre si e eles fazem isso colocando em prática os ensinamentos que os mestres trouxeram e que estão disponíveis neste mundo. Por isso, apenas este estudo, e principalmente a prática do que se aprende, pode realmente ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual: a promoção da reforma íntima.

Portanto, os seres humanizados deveriam se preocupar em vivenciar os ensinamentos nesta vida e as casas, por conseguinte, deveriam ter a preocupação em auxiliá-los nisso, ao invés de se preocuparem em atender o seu apego ao eu. Deveriam reforçar neles a necessidade do amor a todos ao invés de querer livrá-los de ataques ao seu eu, aos seus conceitos, aos seus desejos, as suas vontades.

Hoje, as casas espíritas e as espiritualistas, além de templos de outras religiões, utilizam os ensinamentos deixados pelos mestres para resolver os problemas materiais dos seres humanizados. Mas, por que um espírito encarnado tem um problema de ordem de material? Porque a sua vivência a partir do seu eu, dos seus conceitos, das suas vontades, dos seus desejos, não foi contemplada.

Os ensinamentos dos mestres não servem para isso. Eles foram proferidos no sentido de ajudar os seres humanizados a alcançarem a elevação espiritual e não para alcançar o gozo dos prazeres terrestres. Isso, Cristo deixou bem claro quando afirmou que ele não veio para trazer a paz, mas a espada. Os ensinamentos dos mestres não estão aí para que cada um alcance seus objetivos materiais e com isso consigam viver em paz, mas sim para que cada um use em si mesmo e destrua a necessidade de vivenciar aquilo que acredita e deseja. Só assim este ser pode vivenciar a felicidade que não é deste mundo.

Quando afirmei que as casas espíritas e espiritualistas não ajudam os seres humanizados a resolverem o seu problema espiritual, sei que muitos devem ter pensado: ‘Mas, na minha estudamos o evangelho’. Não discordo disso: muitas casas possuem o trabalho de estudo dos ensinamentos. Mas, será que elas utilizam este estudo como instrumentos para o fim da centralização no eu ou reforçam os conceitos deste ser? Vamos ver isso...

Cristo diz que não devemos julgar. Este é um ensinamento de um mestre, portanto, um caminho para a evolução espiritual. Quando um palestrante fala deste tema lhe ensina que não deve julgar ninguém. Mas, quando ele fala disso, diz que você não deve achar erro em ninguém ou lhe ensina que aqueles que julgam estão errados? Ele diz que quem julga está errado, não é mesmo? Mas, será que não vê que ele mesmo está ferindo o que acabou de ensinar? Sim, está ferindo, pois dizer que alguém está errado é julgar...

Ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual não é criar mais um conceito que será utilizado por este ser para viver centrado no eu dele, mas fazê-lo ver que quando ele se centraliza em si mesmo fere o ensinamento. Mesmo que não veja, sempre que um ser humanizado se centraliza nele mesmo, ou seja, segue o seu conceito, faz exatamente aquilo que está acusando o outro de fazer. Quem julga o julgador está julgando, quem critica o criticador está criticando...

É por isso que afirmo que apesar de as casas espíritas e espiritualistas terem trabalhos de divulgação dos ensinamentos dos mestres, elas não ajudam o ser humanizado a solucionar o problema espiritual que tem. Elas não ajudam porque transmitem os ensinamentos como um conceito que deve servir para se julgar o próximo e não como uma arma para cada um ferir, em si mesmo, a ideia de que todos têm que seguir os ensinamentos.

O amor não exige conceitos para existir. Quem ama verdadeiramente não ama apenas quando determinadas condições são satisfeitas. Por isso quem ama, ama o outro do jeito que ele é e não exige que o próximo cumpra qualquer exigência para ser amado, mesmo que esta esteja vinculada a um ensinamento de um mestre.

A questão da obrigação de se fazer a reforma íntima é polêmica neste ponto porque, para os espíritas e os espiritualistas, ela acaba virando um conceito, ou seja, acaba se transformando numa obrigação que eles imaginam que todos devem cumprir. Mas será que todos precisam fazê-la? Acho que não...

Os espíritas e espiritualistas acreditam no livre arbítrio, ou seja, na livre opção de se fazer alguma coisa. Este livre arbítrio é amplo e irrestrito e se aplica a todas as coisas, inclusive à realização da elevação espiritual. Todo ser humanizado é livre para querer fazer ou não o trabalho da reforma íntima. Se ele optar por não fazê-la é direito dele e aquele que quer fazer a sua deve respeitar isso.

É por isso que os trabalhos de divulgação de ensinamento dos mestres, como atualmente realizados pelas casas espíritas e espiritualistas, não ajudam o ser humanizado. Transmitindo-os com força de lei, de obrigação para todos, acaba criando mais uma ideia individual que o ser humanizado usa para centralizar-se no eu.

Para que este trabalho tivesse realmente o resultado que se espera (ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual) as casas espíritas e espiritualistas deveriam conscientizar o ser humanizado que aquilo não é lei, mas um caminho que cada um tem o direito de escolher seguir ou não. Deveriam ensinar que todos têm o direito de não fazê-lo e não, quem não fizer está perdido ou é errado. Deveriam conscientizar o ser humanizado que se ele quiser faça, mas que não deve obrigar os outros a fazer ou criticar quem não faz. É por isso que mesmo tendo trabalhos deste cunho, afirmo que as casas espíritas e espiritualistas não ajudam o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual.

A partir do momento que entendemos isso, como deveria, então, ser um trabalho de uma casa espiritualista ou espírita que ajudasse o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual. Vou dar um exemplo para entendermos. Para isso vou citar um trecho da Bíblia:

“Vocês sabem o que foi dito aos seus antepassados: ‘não quebre a sua promessa, mas cumpra o que jurou ao Senhor que ia fazer’. Porém eu lhes digo: não jurem de jeito nenhum. Não jurem pelo céu, pois é o trono de Deus; nem pela terra, pois é o estrado onde ele descansa os seus pés; nem por Jerusalém, pois é a cidade do grande Rei. Não jurem nem mesmo pelas suas cabeças, pois vocês não podem fazer um só fio de cabelo ficar branco ou preto. Digam apenas sim ou não, pois qualquer coisa mais que disserem vem do Diabo”. (Mateus – Capítulo 5 – Versículos 33 à 37).

Digamos que este tema tenha sido lido num trabalho de uma casa espírita ou espiritualista. Após a leitura, deve haver uma explanação para deixar claro o que o mestre ensina. O que Cristo quis dizer com este texto? Não jure por nada... Não jure pelas coisas do céu, não jure pelas coisas do céu e não jure pelas coisas da sua cabeça, ou seja, por suas próprias ideias...

O que quer dizer jurar por alguma coisa? Afirmar categoricamente, afiançar, ter certeza... Ou seja, Cristo ensina neste trecho que o ser humanizado não deve ter certeza de nada do céu (mundo espiritual), da Terra e nem de suas próprias ideias ou convicções.

Pronto, está ensinado o texto. Qualquer explicação a mais (porque não se deve jurar, para que não se deve jurar ou como é não jurar) como nos ensina o próprio Cristo vem do Diabo, ou seja, do tentador, da humanidade que o ser está vivendo. Qualquer explicação agregada à informação que o ser humanizado não deve afiançar às coisas deste mundo estará além do sim ou do não citado por Cristo e por isso de nada adiantará no caminho da elevação espiritual. Portanto, não devem fazer parte de um trabalho que objetiva a ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual.

Depois de lido este trecho e dada a explicação necessária para a sua compreensão, o que deve fazer o palestrante deste trabalho? Continuar a explicação, já vimos que não é aconselhado por Cristo... Será que ele deve passar a outro texto? Acho que não... Vou explicar porque digo isso...

Existe uma coisa que os seres humanizados fazem muita confusão: a sabedoria. Para eles ser sábio é ter uma quantidade vasta de informações, saber muito. Mas, isso não é real. Se possuir muitos conhecimentos fosse sinônimo de sabedoria, a estante seria a coisa mais sábia do mundo, pois em seus livros guarda milhares de conhecimentos...

Sábio não é quem conhece muitas informações, mas quem realmente sabe o que conhece. Será que saber é só ter conhecimento? Não... Saber é pôr em prática aquilo que se conhece. Quando o ser humanizado consegue praticar aquilo que conhece, se transforma num sábio...

Sendo tudo isso verdade, o que deve fazer, então, o palestrante? Trazer o ensinamento para a prática. Ou seja, abordar aspectos comuns da vida humana que envolva a prática daquilo que foi objeto do trabalho.

Ao invés de partir para outro ensinamento, aquele que realmente se propõe a ajudar o ser humanizado a resolver seu problema espiritual deve conversar com os que estão lhe ouvindo sobre aplicações do que foi estudado. No entanto, cuidado: a aplicabilidade deve ser voltada a cada um consigo mesmo e não de uma forma genérica.

O ser humanizado, por causa de sua centralização no eu que o leva a achar que está sempre certo, quando ouve um ensinamento não busca aplicá-lo em si mesmo, mas sempre no próximo. Ao invés de usar o ensinamento para se libertar de seus conceitos ele julga os outros que agem em desacordo com o ensinado. Isso não leva ninguém a realizar a sua reforma íntima...

O palestrante que está conduzindo um trabalho de ajuda ao ser humanizado a libertar-se de sua centralização em si mesmo, precisa nesta conversa enfatizar a aplicação do que foi aprendido em si mesmo. Precisa exortar o ser humanizado a olhar para dentro de si mesmo e ali ver que ele não pratica o que está querendo cobrar do outro. Assim se ajuda o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual.

Isto é o que pode ser feito para se ajudar o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual. Ele não tem nada a ver com aquilo que hoje é realizado nas casas espiritualistas ou espíritas. Hoje nestas casas se estudam os textos sagrados, mas o processo que descrevi nada tem a ver com estudo: tem a ver com se informar... Informa aquilo que cada um precisa fazer consigo mesmo se quiser alcançar a elevação espiritual.

Os seres humanizados acreditam que os livros sagrados foram feitos para serem estudados, que devem ser decorados, mas isso não leva ninguém a lugar nenhum. Conhecer os ensinamentos destes livros não adianta nada, porque o que realmente importa é a prática. Por isso é que o trabalho no sentido de orientar o ser humanizado na realização de sua elevação espiritual deve levar a informação e falar sobre a prática dos ensinamentos.

Este, portanto, é o trabalho que ajuda o ser humanizado a resolver o seu problema espiritual. Mas, ainda com relação a ele quero fazer mais um comentário.

Os seres humanizados, quando se trata de compreender os livros sagrados, preferem usar livros escritos por outros seres humanizados. Eles preferem ler comentários aos textos sagrados ao próprio texto. Acreditam que desta forma seja mais fácil compreender o que está escrito, mas isso não é real.

Todo mundo que lê um livro, na verdade, está fazendo uma interpretação do que está escrito. Ou seja, cria uma compreensão individualizada daquilo que leu. Para fazer esta interpretação ele utiliza do seu próprio conjunto de conceitos. Ele lê um texto e cria uma compreensão formada a partir dos valores que já acredita. Se alguém, por exemplo, acredita no processo de reencarnação, ao ler um texto utilizará este conceito para ter uma compreensão daquele texto; se não acredita, com certeza terá uma compreensão diferente.

Acontece que não existem duas pessoas com o mesmo conjunto de conceitos em gênero, número e grau. Ou seja, não existem dois seres humanizados que acreditam na mesma coisa com a mesma intensidade ou aplicabilidade. Isso quer dizer que não existem duas pessoas que alcancem a mesma compreensão ao ler um texto. Por isso, duas pessoas que lêem a mesma coisa divergem de opiniões sobre o que foi lido.

Se o conceito que cada um tem é aquilo que deve ser reformado para solucionar o problema espiritual que o ser humanizado tem, tentar reformá-lo obtendo mais conceitos, faz com que o trabalho fique mais difícil. Mais: muitas vezes impossibilita ou mascara o trabalho. Quem reforma o seu íntimo mudando de um conceito para outro não fez nada, pois a reforma consiste-se em libertar-se de conceitos e não trocá-los.

Por isso oriento aos seres humanizados e às casas espíritas e espiritualistas a usarem no trabalho de ajuda ao ser humanizado para a solução do seu problema espiritual a utilização do próprio livro sagrado, seja ele de que mestre for. Com isso, fica muito mais claro o que precisa ser reformado.

Resumindo, então, o que estou dizendo é que as casas espíritas e espiritualistas podem se preocupar em ajudar os seres humanizados nos seus problemas materiais, mas devem também auxiliá-los na resolução do seu problema espiritual. Para isso, é preciso mais do que trabalhos de passe, desobsessão ou energização, mas sim orientá-los na vivência do seu dia a dia libertos do seu aprisionamento no eu. Esta orientação deve ser feita através de um trabalho onde se busque informar o caminho ensinado pelos mestres e a prática destes e não através de simples transmissão de conhecimentos.

As duas ajudas, material e espiritual, são muito parecidas, mas são completamente diferente. São parecidas porque nas duas é preciso ouvir os seres humanizados que procuram a casa para conhecer os seus problemas. São diferentes porque em um se procura a solução material (dar alimentos, apoio moral e sentimental, etc.) e em outro se procura transmitir a solução espiritual do problema (a descentralização do eu). As duas soluções podem até serem dadas ao mesmo tempo, mas não pode se esquecer da ajuda para solucionar o lado espiritual da questão.

Vou dar um exemplo para ficar mais claro o que digo: uma pessoa com problema de saúde procura uma casa espírita ou espiritualista. Quando isso acontece, por ser composta por seres humanizados, a casa se preocupa em cuidar da saúde deste ser humanizado através das ferramentas que possui: cromoterapia, passe, vibração, trabalho com ervas, etc. Isso é importante, mas não resolve o problema espiritual daquele ser.

Cristo já nos ensinou que não existe curador, mas sim a cura alcançada pela fé.

“Certa mulher, que fazia doze anos que estava com hemorragia, veio por trás dele e tocou na barra da sua roupa. Ela pensava assim: ‘Se eu apenas tocar na roupa dele ficarei curada’. Jesus virou, viu a mulher e disse: ‘Coragem, minha filha! Você sarou porque teve fé’. E naquele momento a mulher ficou curada”. (Mateus – Capítulo 09 – Versículos 20 a 22).

Quem alcança a cura não é porque um médium agiu neste sentido, mas aquele que teve, através do exercício da fé, o merecimento para tanto. Sendo isso verdade, o mais importante é ajudar o ser humanizado a alcançar a fé e não curá-lo.

Fé é confiança com entrega a Deus. Por que o ser humanizado não tem fé? Porque confia apenas em si mesmo, em seus conceitos. O ser humanizado que vive centrado no eu não consegue ter fé porque para ele apenas o que acredita é certo, bom e limpo. Portanto, o trabalho que falamos aqui para a solução do problema espiritual do ser humanizado é um caminho para se alcançar a fé.

O trabalho material é importante, pois aquele que está na crise (sem saúde no momento) não consegue realizar o seu trabalho espiritual. Portanto, ter um trabalho de restauração da saúde, que é um problema material, é importante, mas só ele não resolve. É necessário que o trabalho para a solução do problema espiritual complemente o tratamento. Ele deve ser executado em conjunto com o material.

O ser liberto da sua doença material e consciente do trabalho que deve realizar para alcançar a fé está curado neste momento e está imune a novas doenças. Além disso, ele terá promovido a sua reforma íntima e terá, então, realizado o seu trabalho da elevação espiritual. Sem se promover os dois trabalhos simultaneamente o ser pode, até por merecimentos anteriores, ter a cura, mas não resolve o seu problema espiritual: fazer a elevação espiritual. O exemplo da doença é muito bom para entendermos esta impossibilidade...

Um ser humanizado, quando é atingido por uma doença que traga marcas profundas ou que se apresente como letal, por conta da sua centralização no eu, por mais que tenha fé a perde. Começam logo os questionamentos: ‘Por que eu? Por que foi acontecer comigo? Eu busco sempre seguir os ensinamentos, porque foi acontecer isso comigo?’ O instinto de não querer morrer ou de ver-se limitado em algumas ações sempre atiça a centralização no eu. Por isso, este ser tem o seu problema espiritual complicado. Somente quando se trabalha os dois lados do auxílio pode se realizar um apoio completo.

Partindo deste ponto quero falar de mais um trabalho que as casas espíritas e espiritualistas deveriam fazer para ajudar o ser humanizado no seu problema espiritual. Ele é igual ao que já estamos falando, mas tem uma particularidade importante: deve ser realizado individualmente...

Tudo no ser humanizado é individualizado, ou seja, é vivenciado de uma forma única. Os conceitos de cada um são diferentes dos outros, as dores de cada um só podem ser avaliadas por ele mesmo. Tentar tratar de uma forma generalizada os problemas de cada um não leva a um bom aproveitamento da ajuda por parte do ser humanizado.

O trabalho que falei até agora deve ser feito de uma forma generalizada. Ele deve ser executado como uma orientação de grupo para todos os que buscarem ajuda. Mas, além dele é preciso que haja um trabalho particularizado para que possa se alcançar uma ajuda mais profícua.

Os palestrantes em geral imaginam que enquanto estão falando de um ensinamento para um grupo cada um dos elementos deste está aplicando àquilo que está ouvindo para o seu próprio mundo, para os acontecimentos de sua vida. Isso não é real. Por causa da centralização no eu, que é característica de todo ser humanizado, isso não acontece. Por viver com a ideia que está sempre certo, o ser lembra logo de pessoas que precisariam ouvir aquilo para mudar, mas não atacam a sua própria centralização.

Por isso é necessário, também, um trabalho individual onde cada ser humanizado tenha oportunidade de expor sua centralização para que um trabalhador da casa habilitado para tanto possa ajudá-lo a compreender o seu problema espiritual. Expondo sua forma de pensar, o trabalhador da casa pode, então, ajudá-lo a descentralizar-se do seu eu. Vou dar um exemplo para poder ficar mais claro.

Um ser humanizado procura uma casa espiritualista e diz que tem dificuldades para se relacionar com algumas pessoas porque é constantemente contrariado. São pessoas que não aceitam o seu certo e isso o faz sofrer. Este ser está sofrendo de centralização no eu e nem sabe disso...

Será que realmente alguém pode nos fazer sofrer por nos contrariar constantemente? Eu diria que não... Isso só faz sofrer àquele que quer ser reconhecido como certo. Quem não busca este reconhecimento, pouco se dá se os outros concordam com ele não...

Por que alguém quer que os outros concordem consigo? Porque se acha certo... Ou seja, porque está centralizado no eu: eu estou sempre certo... Esse, como já vimos, é uma forma de viver que não leva o ser humanizado a solucionar o seu problema espiritual.

Por causa desta centralização, mesmo que este ser participe das conversas gerais que falamos anteriormente, jamais compreenderá que ele é que deve mudar-se e não o outro. Se nestas conversas for abordado o ensinamento que diz que não se deve julgar, ele certamente dirá que quem lhe contraria deveria ouvir aquilo e com isso não mais contradizê-lo. O que ele não vê é que quando faz isso está julgando o outro porque diz que ele está errado...

Somente com este ser conversando diretamente com alguém que seja capaz de mostrar a sua centralização no eu poderá compreender que o suposto erro não está no outro, mas nele mesmo. Somente quando lhe for informado diretamente que ele precisa descentralizar-se do eu e poder assim dar o direito aos outros pensarem diferente dele, poderá amar a todos como a si mesmo e assim alcançar a elevação espiritual.

Por isso, a ajuda aos seres humanizados no seu problema espiritual por parte das casas espíritas e espiritualistas deveria ser executada em dois momentos ou trabalhos distintos. O primeiro público, onde em linhas gerais são abordados ensinamentos e sua vivência prática, e um segundo, onde estes ensinamentos fossem usados individualmente no problema de cada um, na centralização de cada um.

Este trabalho, que nós chamamos de ‘Espiritologia’, como ficou claro, que é o instrumento fundamental para o auxílio do ser humanizado na resolução do seu problema espiritual. Por isso vamos tratar dele à parte em outra conversa. O importante aqui é ficar bem clara a necessidade da existência de trabalhos específicos para ajudar os seres humanizados na solução dos seus problemas espirituais. Isto não pode ser alcançado com os trabalhos hoje existentes nas casas espíritas e espiritualistas.

Quando falo assim, não quero dizer que a casa deva ter apenas este trabalho, mas que ele também deve existir. Realizar trabalhos de incorporação, de energização, apométricos, de reiki ou qualquer outro trabalho dito mediúnico não é proibido para as casas espíritas ou espiritualistas: eles podem e devem continuar a existir de acordo com as disponibilidades mediúnicas existentes nas casas. O problema é achar que apenas eles bastam para atender aos seres humanizados na solução de seus problemas.

Que a casa tenha todos os trabalhos que tenha pessoal capacitado para desenvolver. Não interfiro nem falo disso. O que quero nesta conversa é deixar bem clara a necessidade de que estes dois trabalhos que falei aqui devem existir paralelamente aos outros. Aliás, os próprios trabalhadores da casa deveriam querer que eles houvessem...

Quando se ajuda o ser humanizado a se descentralizar do eu, este ser não vivencia mais problemas materiais. Todos os problemas materiais que um ser vive durante a sua existência carnal são criados a partir da centralização no eu.

Problema é algo que contraria o conceito, a verdade, o desejo e a posse do ser humanizado. Estas coisas só possuem a necessidade de serem contempladas por causa da centralização no eu. Se ela não houvesse, o acontecimento que hoje é tratado como problema deixaria de ser classificado desta forma. Seria apenas mais um acontecimento da vida e não um problema...

Sendo assim, os trabalhadores da casa deveriam querer que estes trabalhos existissem, pois assim os seres humanizados teriam menos problemas e com isso os trabalhadores teriam menos trabalho

Nas casas espíritas e espiritualistas, portanto, os trabalhos mediúnicos devem existir, mas o trabalho de transmissão dos ensinamentos deve ser alterado. Ao invés de se usar um palestrante ensinado, ou seja, transmitindo a sua compreensão sobre os ensinamentos achando que cada um que está ouvindo está conseguindo resolver o seu problema espiritual, deveria haver um trabalho apenas de informação e de auxílio à prática do que é comentado. Isso porque, como provamos, apenas este trabalho pode ajudar o ser humanizado na solução do seu problema espiritual.