Progressão dos Espíritos

Pergunta 115

Dos Espíritos, uns terão sido criados bons e outros maus?

Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, isto é, sem saber. A cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição, pelo conhecimento da verdade, para aproximá-los de si. Nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade. Passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e prometida felicidade.

Vamos estudar essa resposta aos poucos porque ela contém muitas informações. Primeira: Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes. Ou seja, sem saber.

Foi por causa dessa afirmação que disse anteriormente: todo espírito é igual. Eles são iguais porque foram criados iguais.

Todos os espíritos são puros, simples, mas não possuem conhecimento. Eles, no seu nascedouro, são ignorantes. É partir dessas duas consciências que podemos entender a evolução espiritual.

Evolução espiritual é adquirir conhecimento para acabar com a ignorância sem perder a simplicidade, sem perder a pureza. Isso é evolução espiritual.

O problema é que o conhecimento traz embutido em si uma coisa: o poder. O achar-se superior ao outro. Com isso acaba a simplicidade, a pureza e por isso é preciso, posteriormente, readquirir a pureza.

Apesar de dizer que a evolução espiritual se consiste em adquirir conhecimentos, não entendam este conhecimento como material. Evolução é adquirir a sabedoria espiritual, que se caracteriza pelo sentir. Evoluído é aquele que sabe amar e não aquele que conhece informações técnicas espirituais.

Este amor mantém o espírito na humildade. Aquele que conhece as coisas do Universo e mantém-se humilde, alcançou a elevação espiritual. Já aquele que passa a conhecer as coisas universais e com isso acha-se melhor do que os outros, ou seja, busca uma ascensão falsa, forçada, nada consegue.

Como já foi dito, a ascensão é moral, ou seja, é sentimental. Quem tem maior ascensão espiritual é quem tem mais amor e não quem sabe mais.

Continuemos com o texto: a cada um deu determinada missão, com o fim de esclarecê-los e de os fazer chegar progressivamente à perfeição.

O espírito nasce puro, simples e ignorante. Deus, então, o coloca em lugares, ou seja, lhe dá as provas para que aprenda. Mas, ao aprender, esse espírito não pode perder a simplicidade.

Sendo assim, posso dizer que a provação espiritual é uma prova de conhecer e continuar amando. Passar por provação é ser arguido por Deus com a seguinte pergunta: ‘você conheceu, e agora? Continuará simples, ou seja, amando a tudo e a todos ou irá sentir-se superior por causa deste conhecimento? Continuará puro, simples ou, a partir disso que conheceu, vai querer sentir-se melhor que os outros? Achar-se-á mais capaz que os outros’?

Essa é mais uma das informações desse texto, mas como disse há muitas aqui. Vamos em frente: nesta perfeição é que eles encontram a pura e eterna felicidade.

Este trecho é bem claro: só quando o espírito alcançar a perfeição, ou seja, a cultura com pureza, com simplicidade é que conseguirá entrar na verdadeira felicidade. Mas, essa felicidade não tem nada a ver com aquilo que hoje vocês chamam de ser feliz.

A felicidade humana é fruto de uma cultura sem simplicidade. Isso porque para que vocês sintam-se felizes hoje é necessário que a sua cultura seja contentada. Ou seja, se o que sabem acontece, sentem-se feliz.

Se o que o ser humanizado sabe que é bom, certo ou bonito acontece, então diz: ‘que maravilha, estou feliz’. Mas, se o que ele sabe não acontece, sofre.

Essa felicidade, a condicionada ao seu saber, não é a felicidade Real: é o prazer, a satisfação. Ela é fruto do poder de dizer: ‘eu sei e consegui impor ao outro o que queria’. Ou seja, do individualismo. Por isso eu afirmo que essa felicidade é falsa, pois falseada pelo individualismo.

Enquanto o ser humanizado tiver prazer, não tem simplicidade. Mas, para acabar com ele, é preciso mais uma coisa: não ter desejos, ou seja, saber o que tem que acontecer. Por isso os mestres ensinam: enquanto houver desejos e vontades que precisem ser satisfeitos, o ser não consegue atingir a verdadeira felicidade.

A verdadeira felicidade está na cultura com simplicidade. O feliz verdadeiro é aquele que é simples, que só tem amor. Por causa desse sentimento, não precisa que o que quer aconteça para que seja feliz. Esse atingiu a verdadeira felicidade.

Visto isso, vamos à parte final do texto: passando pelas provas que Deus lhes impõe é que os Espíritos adquirem aquele conhecimento. Uns aceitam submissos essas provas e chegam mais depressa à meta que lhes foi assinada. Outros só a suportam murmurando e, pela falta em que desse modo incorrem, permanecem afastados da perfeição e da prometida felicidade.

Aqui estão as duas formas de viver as provas, ou seja, os acontecimentos da vida. A primeira é sendo feliz; a segunda é murmurando, ou seja, acusando, sofrendo, chorando, rogando a Deus que não deixe determinada coisa acontecer.

Mas, como o Pai pode deixar determinada coisa não acontecer se aquilo é a prova desse ser? Aquilo é o que ele precisa para provar que é capaz de conhecer e ainda assim manter a sua simplicidade?

Sendo assim, por que o ser humanizado chora? O que está acontecendo não é algo ruim, mas uma prova. É exatamente o que precisa para fazer a sua evolução espiritual, para alcançar a sua grandeza espiritual. Se não fizer essa prova, não atinge a verdadeira felicidade. Com isso fica preso no que Krishna e Buda chamam de roda de encarnações, ou seja, vai ter que estar sempre reencarnando para fazer a mesma prova, já que ainda não alcançou a verdadeira felicidade que nasce da cultura com simplicidade.