Progressão dos Espíritos

Pergunta 97

As ordens ou graus de perfeição dos Espíritos são em número determinado?

São ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente. Todavia, considerando-se os caracteres gerais do Espírito, elas podem reduzir-se a três principais.

Na primeira colocar-se-ão os que atingiram a perfeição máxima: os puros Espíritos. Formam a segunda os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é o que neles predomina. Pertencerão à terceira os que ainda se acham na parte inferior da escala: os Espíritos imperfeitos. A ignorância, o desejo do mal e todas as paixões más que lhes retardam o progresso, eis o que os caracteriza.

Apesar da resposta ser longa e conter diversas classes de espíritos, o primeiro parágrafo já diz tudo o que precisamos saber: “são ilimitadas em número, porque entre elas não há linhas de demarcação traçadas como barreiras, de sorte que as divisões podem ser multiplicadas ou restringidas livremente”.

Veja: se o grau de evolução dos espíritos é ilimitado, podemos dizer que cada espírito está num grau de elevação. Mas, onde encontraríamos embasamento para dizer isso? Na Verdade que diz que cada ser é uma individualidade diferente dos outros. Se não existem dois espíritos iguais entre si, cada individualidade corresponde a um grau de elevação.

É claro que se quisermos, podemos agrupar os espíritos dentro de qualquer nível. Podemos criar critérios que gerem grupos de espíritos a partir de nossa vontade, mas dentro de qualquer grupo que se crie, os espíritos não serão inteiramente iguais entre si.

É isso que o Espírito da Verdade está dizendo nessa resposta: podemos agrupar os espíritos do jeito que quisermos, mas eles sempre serão diferentes entre si. Por isso, a escala de elevação, por mais que sejam detalhados os critérios dos grupos criados, não condirá com a verdade.

É por esse motivo que peço a vocês: não levem em consideração o restante da resposta. Se nos prendermos a essas classes que estão em O Livro dos Espíritos podemos cometer sérias injustiças. Por quê? Porque vamos querer padronizar espíritos enquanto o que devemos compreender é que no mundo espiritual não há padrões.

Criando um grupo que afirme que existem espíritos brincalhões, por exemplo, vão achar que o ser humanizado que conta piada é um espírito brincalhão e pode não ser. Dividindo a plêiade espiritual dentro dos grupos que estão aqui, criaremos um grupamento de espíritos mal. Com isso vamos achar que o ser humanizado que é reconhecido na carne como bandido é um espírito mal, e pode não ser.

Sobre o assunto, o que precisamos entender não são rótulos que podem ser dados a espíritos, mas que a escala espiritual é muito grande. Precisamos compreender que, na verdade, existe um grau de evolução para cada espírito e, se quisermos generalizar, se quisermos dividir espíritos em grupos, vamos cometer injustiças. Por isso é preferível ficar só com a informação de que existe uma escala espiritual, que essa é feita por ascensão moral e que ela é individualizada.

Saiba que cada espírito tem um grau de evolução: não existem dois seres com o mesmo grau de evolução. Se isso fosse possível, haveria duas individualidades iguais. Isso é impossível no Universo.

Participante: meu amigo Kardec elencou por forma de elevação. Meu amigo Kardec atendeu a resposta de mais cinquenta mil espíritos. Se não fizermos da maneira que eles disseram, não se estuda espiritismo.

Você está certo: se não for feito da forma que Kardec fez não se estuda espiritismo. Mas, desculpe, não estou estudando espiritismo. Estou estudando O Livro dos Espíritos numa visão espiritualista, ecumênica e universalista.

Já na introdução desse livro falamos exatamente disso. Quando nela Kardec diz que o espiritismo se prende como uma das partes do espiritualismo, dissemos que os ensinamentos não podem ser tratados isoladamente. É o próprio Kardec que diz que os ensinamentos de O Livro dos Espíritos se subordinam ao espiritualismo, pois são uma das partes deste.

Por isso disse lá e repito aqui: não estamos estudando o espiritismo, mas espiritualismo, usando para isso O Livro dos Espíritos. Justamente por isso precisamos não criar para os padrões que existem no espiritismo. Digo ainda: é por isso que não vamos estudar a escala espiritual como proposta em O Livro dos Espíritos.

Como espiritualistas precisamos entender que o Universo é dinâmico. Essa escala foi muito importante naquela época, mas hoje as provas dos espíritos são outras e se você se prender a essa escala não vai conseguir evoluir dentro da visão espiritualista.

Participante: Kardec diz que apenas colocou um tijolo no edifício.

Perfeito: é exatamente isso. Kardec diz isso, mas, no entanto, o espiritismo não diz. O espiritismo diz que a sua doutrina, por si só, é o todo do conhecimento espiritual. Que não precisa da correlação com os ensinamentos de outros mestres.

O que digo sobre o assunto é o seguinte: Kardec foi bem claro afirmando que estava colocando apenas uma pedrinha, só que dessa pedrinha fizeram um altar e estão santificando a pedrinha ao invés de continuar a construir o prédio.

Agora quero voltar a falar da escala espiritual.

Quero falar de uma coisa que não está escrita aí, mas que criaram a partir desse ensinamento: a escala espiritual vertical, ou seja, um acima do outro. Isso é impossível de existir.

No Universo não existe ninguém acima do outro. O Universo é um todo, é formado pela junção de todos. Sendo assim, se um estiver acima acaba com a igualdade que é necessária para existir um Todo.

Para compreender como é a escala espiritual vou fazer uma figura. Pegue uma caneta e um papel. Faça um risco na horizontal. Essa é a escala espiritual. Ela é horizontal e não vertical, ou seja, todos os seres estão no mesmo nível, são iguais, e formam o Todo.

Agora no meio dessa linha que riscaram, acima dela, coloquem um ponto que esteja fora da linha. Chamem a esse ponto de Deus.

Na escala espiritual Real, essa que desenharam, quem está mais perto do meio da linha, está mais perto de Deus. Quem está mais à direita ou à esquerda, está mais longe de Deus. Apesar disso, todos estão na mesma linha, ou seja, estão no mesmo patamar.

Esta escala é Real porque atende os ensinamentos dos mestres que dizem que não existe um superior a outro. Todos estão na mesma escala, na mesma linha, porque são filhos de Deus e, portanto, iguais entre si.

Todos foram gerados idênticos pelo Pai, por isso não podem estar acima ou abaixo. O que se pode é estar mais perto ou mais afastado e nesta distância do Pai se encontra a diferença entre as individualidades.

Participante: por isso Kardec não fala em igualdade e sim afinidade moral.

Isso mesmo: a afinidade moral é a igualdade...

Participante: então todos têm a mesma moral?

Sim, todos têm a mesma moral. Podem não se guiar por ela, mas todos têm a mesma moral.

Foi o que já estudamos: todo espírito é puro, perfeito. Ele pode estar sujo, mas tem dentro dele tudo o que pode ter. Sendo assim, tem a moral, mas pode não usá-la. Por isso coloquei todos numa linha horizontal e não vertical.

Participante: o senhor pode repetir este ensinamento que diz que todos são iguais?

Sim.

Disse que o espírito é luz e para compreender bem esse ensinamento, o comparamos com uma lâmpada. Ou seja, afirmei que todo espírito é uma lâmpada e que todas elas, ou todos os espíritos do Universo, têm a mesma voltagem e, por isso, o mesmo poder de brilhar. Só que algumas lâmpadas estão recobertas por uma camada opaca.

A conclusão disso é a compreensão que todas as lâmpadas brilham de forma idêntica, mas algumas não conseguem irradiar seu brilho quanto outras porque a camada de sujeira não permite que o fulgor alcance o exterior. Essa é a diferença entre os espíritos: todos são iguais, mas não conseguem vivenciar a igualdade porque estão sujos, estão presos ao individualismo, ao ego, as verdades individuais.

Participante: ou não recebem a mesma energia, assim brilham menos que as outras?

Impossível não receberem de forma igual. Se isso acontecesse, Deus não seria o Senhor. Não seria Justo e Amoroso, pois estaria dando diferente a cada um.

Saiba de uma coisa: o problema nunca está fora de nós: sempre é dentro. Deus dá a mesma energia ou o mesmo amor a todos os filhos. Agora se você pega o amor de Deus e altera a polaridade dessa energia, ou seja, se vira para o individualismo, usa o amor de Deus para amar a si acima de todas as coisas e do próximo.

Um detalhe: a alteração de polaridade não é criada por Deus, mas por você, espírito, que, usando o seu livre arbítrio, escolhe fazer.

Participante: mas, segundo o mesmo O Livro dos Espíritos, Deus dá a cada um por suas obras. Aliás, quem falou isso foi Jesus.

Cada um recebe de Deus de acordo com as suas obras: perfeito. Isso é o carma, é a lei do carma, mas isso não vale para o amor.

Recebe-se de Deus segundo as obras os acontecimentos da vida, não o amor. O Amor de Deus é infinito. Ele dá Amor para todos a todo momento.

Se não fosse assim, Deus poderia dizer assim: eu não gosto muito de você, não fui com a sua cara porque está fazendo o que Eu não gosto. Por isso não vou lhe Amar. Se fizesse isso, não seria mais O Senhor do Universo, pois teria perdido as características que já estudamos. O Deus que você quer acreditar que existe, aquele que dá sem amor, é um julgador enquanto que o Pai é a Fonte Luminosa do Amor.

Por isso afirmo: Ele ama a todos igualmente... Aliás, isso Cristo também disse.