Expiação e arrependimento

Pergunta 1014

Como se explica que Espíritos, cuja superioridade se revela na linguagem de que usam, tenham respondido a pessoas muito sérias, a respeito do inferno e do purgatório, de conformidade com as ideias correntes?

É que falam uma linguagem que possa ser compreendida pelas pessoas que os interrogam. Quando estas se mostram imbuídas de certas ideias, eles evitam chocá-las muito bruscamente, a fim de lhes não ferir as convicções. Se um Espírito dissesse a um muçulmano, sem precauções oratórias, que Maomé não foi profeta, seria muito mal acolhido.

Buda diz assim: o verdadeiro sábio fala de acordo com a plateia que vai ouvir. Ou seja, o discurso se adapta a quem vai ouvir. Só um detalhe: ao falar, nunca falta com a verdade.

Por isso, tanto faz falar em inferno quanto em umbral, se estou falando de penalidade, de castigo, é tudo a mesma coisa. É isso que precisamos compreender, porque o ser humano se apega a palavras e ideias. Apegado, vai querer ensinar a quem pensa diferente o que é ‘certo’.

Criticamos os outros porque estamos apegados a ideias e a palavras. Se não estivéssemos, poderíamos falar a mesma coisa sem adotar o tom de superioridade, a intenção de ensinar o outro.

Se o outro acredita no inferno, fale sobre o inferno. Diga que o inferno existe para quem não aproveita a oportunidade da encarnação para aproximar-se de Deus. Ah, ele não acredita em encarnação? Não vá ensiná-lo sobre isso, mas não deixe de conversar sobre o aproveitamento da única vida que possui, no entender dele, para aproximar-se de Deus.

Elevação espiritual não tem nada a ver com cultura, com sabedoria conhecimento, mas com a sabedoria sentimental: amar. Quem quer ensinar não ama. É um professor da lei.