Expiação e arrependimento

Pergunta 1014a

Concebe-se que assim procedam os Espíritos que nos querem instruir. Como, porém, se explica que, interrogados acerca da situação em que se achavam, alguns Espíritos tenham respondido que sofriam as torturas do inferno ou do purgatório?

Quando são inferiores e ainda não completamente desmaterializados, os Espíritos conservam uma parte de suas ideias terrenas e, para dar suas impressões, se servem dos termos que lhes são familiares. Acham-se num meio que só imperfeitamente lhes permite sondar o futuro.

Essa a causa de alguns Espíritos errantes, ou recém-desencarnados, falarem como o fariam se estivessem encarnados. Inferno se pode traduzir por uma vida de provações, extremamente dolorosa, com a incerteza de haver outra melhor; purgatório, por uma vida também de provações, mas com a consciência de melhor futuro. Quando experimentas uma grande dor, não costumas dizer que sofres como um danado? Tudo isso são apenas palavras e sempre ditas em sentido figurado.

Duas ideias: palavras são palavras, nada mais do que palavras; cada palavra é uma representação gráfica de alguma coisa. A partir disso posso afirmar: eu posso estar usando uma palavra, você a mesma, mas estamos falando coisas completamente diferentes. Foi por isso que já disse que ninguém lê: interpreta o livro.

Quando o ser humanizado lê um texto cria uma compreensão. Essa compreensão não é normalmente a mesma de quem escreveu o livro.

Sendo assim, é preciso ter muito cuidado ao ler para libertar-se das compreensões que temos das coisas. Só depois disso podermos entender o que está escrito.

Foi também por esse motivo que comecei o estudo desse livro que o espiritismo, a doutrina espírita humana, e a doutrina dos espíritos são coisa completamente diferentes. Como estamos vendo, muita coisa que estamos vendo que foi ensinada pelos espíritos não é contemplado pela doutrina espírita humana.