Expiação e arrependimento

Pergunta 999a

Se, diante disto, um criminoso dissesse que, cumprindo-lhe, em todo caso, expiar o seu passado, nenhuma necessidade tem de se arrepender, que é o que daí lhe resultaria?

Tornar-se mais longa e mais penosa a sua expiação, desde que ele se torne obstinado no mal.

Traduzindo em miúdos, posso dizer que a pergunta é a seguinte: ‘não posso só pagar os meus débitos, ou seja, vivenciar as minhas expiações, as minhas vicissitudes sem mudar a consciência’? O Espírito da Verdade responde: ‘não, porque não se reformou, não mudou a nada; continuou apegado aos mesmos valores’.

Outro dia alguém me disse: aprendi que não devo tomar partido em nada. É isso que a mudança de consciência precisa realizar: libertar-se de tudo.

Quando o ser passa a sentir-se conscientemente uma emanação de Deus nunca toma partido. Não acha nada certo, bom, bonito. Por quê? Porque cede a Deus a prerrogativa de saber as coisas.

‘Quem sou eu para saber se alguma coisa está certa ou errada? Somente Deus, que é a Inteligência Suprema tem a capacidade de realizar esse reconhecimento’.

Quando o ser não muda a sua consciência, continuará vivenciando o mundo fundamentado no individualismo, nos seus conceitos individualistas. Por causa da necessidade de defender seu ponto de vista, acaba se chocando com os outros e com isso gera mais carmas. Esse processo de lutar para defender suas verdades endurece o ser no tocante as suas paixões e com isso acaba ferindo os outros.

Portanto, não adianta só vivenciar as vicissitudes: é preciso mudar a forma de vivenciar os acontecimentos da vida. Foi isso que falamos lá atrás quando dissemos da questão do ato.

O ato é a expiação, a provação. Se apenas passar ele, de nada adianta porque não houve mudança alguma. O que interessa é com que intenção se passa por ele.

Passando de uma forma universal, amando a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, o ser vive com uma intenção. Passando preocupado consigo mesmo, vivencia com outra intenção.