Expiação e arrependimento

pergunta 1007

Haverá Espíritos que nunca se arrependem?

Há os de arrependimento muito tardio; porém, pretender-se que nunca se melhorarão fora negar a lei do progresso e dizer que a criança não pode tornar-se homem. SÃO LUÍS

A evolução é uma realidade no universo. Todos os espíritos um dia vão se elevar-se. Por isso já disse: ninguém pode obrigar o outro a elevar-se. Cada um decide o momento que quer fazer isso. Apesar dessa liberdade, inexoravelmente sempre chegará a cada um o momento da elevação ou do despertar.

Essa consciência é muito importante para quem trabalha em centro espírita com orientação de encarnados, para quem quer ajudar o próximo. Digo isso porque achamos que temos que fazer o outro despertar, temos que fazer o outro tornar-se bonzinho. É a historia do garoto escoteiro que atravessa a velhinha na rua sem saber se ela queria atravessar.

Saibam disso: nenhum espírito tem o direito de impingir nada ao próximo, nem a elevação espiritual. Quem trabalha em centro espírita, igreja ou em orientação de qualquer forma, precisa ter a consciência de que ele deve orientar, mas nunca exigir o comprimento daquilo que orienta.

Participante: a ideia de sermos parte de Deus e Ele agir por nós não é uma ideia panteísta? A criatura faz parte do criador?

Vou responder inicialmente como o Espírito da Verdade responde em O Livro dos Espíritos a questões semelhantes: falta de palavras. Vamos entender a questão Deus primeiro para depois olharmos a questão do panteísmo.

Existe um Deus ser, espírito, Senhor Supremo do Universo. Mas, nem não é só esse ser que é compreendido como Deus. O Universo como todo, ou Todo Universal, também pode ser definido pela palavra Deus, já que tudo é emanação Dele. Há mais uma coisa que pode ser designada pelo termo deus, mas não vem ao caso nessa conversa.

Então veja. Se nos fixarmos nesse segundo Deus, ou seja, o Todo Universal, posso dizer que cada espírito faz parte de Deus, pois os seres estão presentes no Todo Universal. Já fiz essa comparação: o Universo é como um grande quebra cabeça; cada elemento (matéria ou espírito) dele é uma peça. Somente quando todas as peças estão fundidas existe a realidade.

Então, nesse caso, voltar a Deus não significa voltar para dentro de um espírito, mas ao Todo Universal.

Além do mais, esse voltar também é subjetivo. Se a realidade só existe quando há a fusão do Todo, não podemos dizer que algo ou alguém possa sair do Universo. O espírito nunca sai do Todo; ele só não tem consciência de estar fundido a ele. Sendo assim, o voltar não é retornar, mas ter novamente a consciência de estar fundido ao Universo.

Apesar dessa minha resposta, você poderia continuar achando que estou usando a doutrina panteísta, mas não. Há uma grande diferença do que estou falando para o panteísmo.

No panteísmo, quando o ser volta ao Universo, à Deus, perde a sua individualidade. Não é isso que estou dizendo. O que estou falando é que a individualidade do espírito permanece eternamente, mesmo quando não tem consciência de estar ligado ao Todo Universal. O que acaba no ser com essa consciência é o individualismo e não a personalidade.

Então, o espírito que volta a ter consciência da sua posição de ser apenas uma peça do quebra cabeça, continuará sabendo que é uma peça do quebra cabeça, uma individualidade. Apenas deixará de achar-se a peça mais importante, a mais bonita ou a que define o desenho do quebra cabeça.

Essa é a diferença do ensinamento do Espírito da Verdade, que é o que estamos conversando, e a doutrina panteísta. No panteísmo o espírito perde a individualidade. No espiritismo a individualidade permanece sempre e morre o individualismo.