Senhor da Yoga - Cap. 6 - Caminho da meditação

Versículo 20

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Senhor da yoga - versículo 20

20. Nesse estado, quando a mente está completamente subjugada, graças à prática da yoga e alcançou a serenidade, nesse mesmo estado, vendo o ser por meio do ser, o yogue fica satisfeito somente no ser.

Prática da yoga é a concentração completa nos seus pensamentos, não uma série de exercícios físicos. Quem se concentra plenamente em seus pensamentos consegue subjugá-los, ou seja, não mais vivencia a dualidade. Este alcançou a serenidade.

Mas, Krishna fala mais neste versículo. Ele diz: ver o ser por meio do ser. Vamos falar sobre isso.

O que Krishna está dizendo é que o espírito encarnado deve ver o ser por suas próprias características e não pela humanidade que vive durante a encarnação. Já repararam que vocês aplicam aos espíritos desencarnados os mesmos valores de certo ou errado que a humanidade usa? Se um ser humanizado acha alguma coisa, vocês acreditam que o espírito deve ver da mesma forma. Se o ser humanizado acha errado, para vocês o espírito também deve achar. Isso é ver o ser por meio da humanidade. Este não consegue percorrer a yoga.

Vocês precisam entender que como diz o Espírito da verdade, logo que cessa a ilusão (a idéia de se achar um humano) outra é a forma de pensar do espírito. Sendo assim, ele não pode viver pelos mesmos valores dos humanos. Quantas coisas são valorizadas pelos humanos a partir da sua curta visão sobre as coisas do mundo que se colocadas sob a lente da eternidade, que é a Realidade do ser universal, perdem o valor que têm agora? Um exemplo disso é a própria preservação da vida humana. Será que o espírito, que conhece a existência eterna e a Realidade universal quer se prender a esta massa física e viver neste mundo onde não existe nada Real?

Outro aspecto deste ensinamento de Krishna são os valores que dão às coisas humanas. Vivem num mundo de formas e por isso julgam as coisas a partir delas. A beleza, por exemplo, depende da forma dos objetos. E os espíritos, que vivem num mundo sem formas, será que para eles os critérios de belo são os mesmos? Vocês chamam de bons apenas aqueles que atendem os reclames do ser humanizado. Será que o espírito, que sabe que os desejos e paixões de um ser humanizado são apenas a sua prova, se prende a estas questões da mesma forma?

Estas são questões para serem pensadas por aqueles que querem interpenetrar no Universo, pois quando atribuem aos seres universais anseios e valores iguais aos humanos, não conseguem realizar o seu intento. Ficam presos à sua humanidade achando que chegaram a algum lugar.

Ver o ser pelo ser, não é julgar um espírito pelo contexto material, mas sim vivenciar o seu relacionamento com os demais seres do Universo, encarnados ou não, pelas coisas espirituais. Quem vive assim não tem filhos, não tem mulher, não tem marido. Quem vive o ser pelo ser não tem inimigo e nem amigo. Convive com todos como espíritos que são, convive como filhos de Deus, como irmãos de caminhada.

Para estes não existem maridos ou mulheres, ascendentes ou descendentes, alto ou baixo, magro ou gordo, branco ou preto, bonito e feio. Para o iogue seja quem for a pessoa com quem ele convive, ela é apenas o princípio inteligente que habita o Universo: um espírito.

Conviver com os demais seres encarnados como espírito que são é o mínimo que se espera daquele que acredita existir em si algo além da matéria. Muitos sabem disso e até tentam vivenciar esta realidade. O problema é que querem tratar o outro como espírito, sem abrir mão da materialidade.

Falando como estamos do caminho da meditação, você deve entender que durante o tempo que analisar os pensamentos que o ego cria, deve libertar-se dos valores fundamentados na essência humana que ele aplica aos demais seres encarnados, mesmo que estando você na materialidade.

Enquanto, por questões de higiene, separarem banheiro de mulher e de homem, não vão conseguir jamais...