Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

A preocupação de Paulo pelos Gálatas

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No passado, quando vocês não conheciam Deus, eram escravos de deuses que de fato não são deuses. Mas, agora que vocês conhecem Deus, ou melhor, agora que Deus os conhece, como é que querem voltar àqueles poderes espirituais fracos e sem valor?

Estes “deuses” a quem Paulo se refere não é Atenas, Mercúrio, Apolo, ou seja, os deuses romanos, mas a qualquer coisa que o ser humanizado endeusa que seja poder espiritual da Terra e não do “céu”.

Este “poder espiritual da Terra” não é compreendido pelos seres humanizados. Eles imaginam que isto seja exercido por espíritos desencarnados, mas os próprios objetos e sensações podem ter poder espiritual. Vamos entender esta questão do “poder espiritual” para depois voltarmos ao ensinamento de Paulo.

A vida carnal é uma encarnação que objetiva aproximar o ser universal de Deus. O fruto que será recolhido por aquele que conseguir elevar-se durante a encarnação será a “prometida felicidade” que receberá pela sua realização e que Cristo chamou de Bem-Aventurança.

Este é poder espiritual que será conferido por Deus àquele que, alcançando a consciência amorosa da ação aproximar-se Dele: ser feliz. Portanto, Deus, para nós é tudo aquilo que pode nos conferir este poder.

Vou dar um exemplo para ficar mais fácil a compreensão. Quando uma pessoa elege a quietude de seu filho, que é inquieto, como fonte da sua felicidade, criou um deus: a quietude. O deus que possui o poder espiritual da Terra a que Paulo se refere neste texto é todo elemento da vida carnal ao qual os seres humanizados conferem o poder de lhes trazer a felicidade.

Portanto, se um ser humanizado acha que a sua felicidade depende da posse de um carro, idolatrou, endeusou o carro. Achando que a sua felicidade depende de um prato de comida, endeusou, idolatrou o prato de comida. Se a sua felicidade depende da submissão do marido, esposa ou amigo, idolatrei a submissão do próximo.

Então, quando Paulo diz “agora que você conhece Deus”, ou seja, que conhece a ação de Deus (prover o necessário para cada um durante a sua encarnação), porque vai voltar a esta entrega a estes deuses materiais? Porque vai de novo vincular a sua felicidade a coisas terrestres?

Quem encontra Deus realmente, não volta. Se ainda volta é porque não encontrou a Deus realmente: encontrou um ídolo, que pode ser até a sua idealização de Deus, o que é diferente.

Portanto, para o trabalho da reforma íntima precisamos deixar de endeusar os elementos materiais, mesmo que seja a compreensão da ação de Deus: por que estou vivendo isto, para que? Ser feliz por ser feliz e não ser feliz racionalmente, condicionalmente. Paulo nos fala de uma felicidade natural, sem endeusamento, mesmo que seja ao próprio Deus.

É isto que estamos tentando ensinar a cinco anos: sou feliz, porque sou e não a partir da realização de condições impostas para ser feliz. Mesmo que esta condição seja a compreensão do próprio Deus, da Sua ação, porque senão nós endeusamos Deus e não entramos na perfeita harmonia amorosa com o Pai.

Por que querem se tornar escravos deles outra vez? Por que dão tanta importância a certos dias, meses, estações e anos?

Aprofunde-se na explicação de Paulo: por que será que você dá tanto valor as horas, as situações, aos objetos, aos diversos elementos materiais que não tem valor para o espírito? Esta é a pergunta de Paulo.

Para quem conhece Deus, quem entra na comunhão amorosa com o Pai, nada mais tem valor, ou seja, nada mais pode ter o poder de trazer a felicidade à não ser o próprio Pai.

Participante: Eu costumo dizer que ser feliz é um estado de espírito. Está certo isto?

Está. A felicidade é um estado do espírito.

“Estado” no sentido de sentimentos, ou seja, o sentimento que você nutre no momento lhe cria um “estado de espírito”. Você pode, por exemplo, ter um estado de espírito feliz, sofredor, raivoso ou invejoso, porque todo sentimento que nutre lhe confere um estado de espírito.

Portanto, a felicidade é um dos estados que o espírito pode sentir, mas o prazer e a satisfação também o são. Agora, para se aproximar de Deus é necessário que você não alterne os seus estados de espírito, mas viva sempre na sentindo felicidade.

Por isto é muito importante viver sempre, ou o maior tempo possível, no estado de espírito feliz. Mas o que é este estado de espírito, quando você o vivencia? Quando a felicidade vem de dentro, ou seja, você coloca felicidade no que acontece.

O que é o prazer? É um estado de espírito que é alcançado quando o sentimento vem de fora para dentro, ou seja, você é feliz por causa de (condicionamento). Isto não é felicidade, é prazer, e lhe leva a afastar-se de Deus, pois não reflete uma comunhão amorosa. O estado de espírito de prazer existe quando você ama apenas o que Deus lhe dá, quando Ele satisfaz os seus desejos, e não o próprio Deus.

Agora, quando você coloca a felicidade de dentro para fora, ou seja, é feliz com tudo que Deus lhe dá sem que seja necessário nada mais para alcançar este estado de espírito, alcançou a verdadeira felicidade.

Estou muito preocupado com vocês! Será que todo o trabalho que tive com vocês não valeu nada?

Meus irmãos, peço que sejam como eu. Afinal sou como vocês, e vocês não me ofenderam em nada. Lembrem-se por que foi que lhes anunciei pela primeira vez a Boa-Notícia do Evangelho? Foi porque eu estava doente. Mas vocês não me desprezaram nem me rejeitaram, embora o meu estado de saúde fosse uma dura prova para vocês. Ao contrário, vocês me receberam como um anjo de Deus ou mesmo como Cristo Jesus. E como estavam felizes! O que foi que aconteceu? Eu posso afirmar que, se pudessem, vocês teriam arrancado os seus próprios olhos para me darem! Será que agora eu me tornei inimigo de vocês porque disse a verdade?

Esses homens mostram grande interesse por vocês, mas a intenção deles não é boa. O que eles querem é separar vocês de mim para que vocês sintam por eles o mesmo que sentem por mim. Não faz mal ter um interesse tão grande por um objetivo bom; e isso é verdade sempre e não somente quando estou com vocês.

Paulo levava a seguinte mensagem aos não judeus, que é a mensagem do próprio Cristo: seja feliz incondicionalmente, mas para isso é preciso que abandone toda a sua intencionalidade, os seus desejos e suas paixões. Esta é uma mensagem ingrata de se trazer aos seres humanizados que são, por natureza, apaixonados por si mesmo, por suas verdades e escravos dos desejos que o ego lhes dá.

Eu sei que muitos são os seres humanos que vêm aos nossos encontros e não mais retornam. Isto acontece porque, como Paulo e Cristo, não prometemos felicidade neste mundo, ou seja, não prometemos resolver os problemas destes seres humanizados, fazê-los atingir suas aspirações, levá-los a realizar suas vontades.

Paulo, como apóstolo de Cristo, agia assim. Mas, tanto na época dele como nos dias de hoje, esta missão era árdua, pois muitos outros que se diziam apóstolos, como prova, como tentação, utilizavam o mesmo ensinamento para dizer ao povo: “Deus lhe ama, por isso vai fazer o que você quer”.

No entanto, se Deus amasse seus filhos desta maneira teria um amor inconseqüente. Veja o exemplo dos pais e das mães terrestres e compreenderão o quero dizer. O progenitor terrestre sabe muito bem que fazer toda vontade do seu filho é um amor inconseqüente. Que amar desta forma não ensina nada, não constrói, não ajuda o filho a preparar-se para o futuro.

Se Deus, a Inteligência Suprema, não soubesse disso, que Universo seria este? Portanto, quando estes ditos apóstolos prometem que Deus vai lhe satisfazer, estão prometendo algo que o Senhor Supremo nunca poderá fazer porque não é inconseqüente.

Deus ama todos os seus filhos com maturidade. Ele nutre um amor maduro e sublime que não O leva a fazer o que você, ser humanizado, quer, mas sim o que é “melhor” para você, o espírito, o filho de Deus.

Deus só faz por cada um aquilo que realmente pode auxiliá-lo a construir o seu futuro espiritual, pois para o senhor não existe o ser humanizado, mas o espírito que é Seu filho. Por isto nunca dará ao espírito encarnado algo sem valor que ele irá, como a criança, brincar rapidamente e logo depois largará, ou seja, que não o ajudará a construir nada para o futuro.

Portanto, desde o tempo de Paulo, ou melhor, desde que o mundo é mundo, alguns prometem este amor inconseqüente de Deus. Agora, resta a você compreender a leviandade destes apóstolos ou não.

Por isto, quando falei dos apóstolos que prometem a ação de Deus satisfazendo os desejos humanos, disse que agiam desta forma como tentação. É mais uma provação onde você, utilizando o livre arbítrio que Deus lhe deu, pode acreditar ou não nelas. Veja bem: quem se deixa levar por estas promessas inconseqüentes (utiliza o livre arbítrio para idolatrar quem promete a satisfação material) é tão inconseqüente quanto quem promete, porque se vê como humano e não como ser universal que é.

Quando você raciocinar à partir da sua Realidade (sou um espírito encarnado), entenderá que Deus não pode lhe dar o que quer, mas o que precisa para o seu crescimento evolutivo espiritual.

Agora tenha a certeza que, se o que você precisar para este crescimento for umas “palmadas na bunda”, Deus está pronto para lhe dar, mesmo que isso magoe a criança espiritual, aquele que acredita ser o ser humano. Porque ele é Pai do espírito e não um amigo que passa a mão na cabeça para não perder a amizade.

Agora, neste texto uma coisa precisa ficar bem clara: eu não estou criticando ou acusando quem promete. Isto ocorre porque tenho a plena convicção que eles são instrumentos de Deus.

Como Cristo disse, o escândalo é necessário, mas para que este algo necessário ocorra, tem que existir quem crie o escândalo. Desta forma, é necessário que existam aqueles que prometem um ato inconseqüente de Deus.

Portanto, nossa atitude não pode ser de julgar e condenar aqueles que são instrumentos do Pai, mas, no íntimo de cada um, analisar friamente a Realidade do Universo e escolher se entregar nesta inconseqüência, transformando-se em inconseqüente também ou se escolhe à submissão ao Pai, amando tudo o que ele lhe der.

Mas, para assumir esta opção é preciso que se dirija a Deus desta forma:

“Pai, eu cansei de ser criança espiritualmente falando; quero ser adulto.

Vou me relacionar com o Senhor dentro de uma relação madura e não como uma criança que não entende que tudo o que Você faz é para o meu próprio ‘bem’.

Pai, a ti me entrego, porque sei que Você sabe o que faz e, por amá-Lo profundamente, me submeto aos seus desígnios.

A partir deste instante deixo Você me guiar sem murmurar contra suas decisões, porque sei que por mais que eu ande pelo vale da morte, Você sempre estará me conduzindo à verdes campos.

Amém”.

Meus queridos filhos, como uma mãe que tem dores de parto, estou sofrendo por vocês. E continuarei sofrendo até que Cristo esteja presente no meio de vocês. Como gostaria de estar aí agora para poder falar de modo diferente. Estou muito preocupado com vocês!