Libertando-se da humanidade - Carta aos Gálatas

Os judeus e os não judeus são salvos pela fé

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Nós somos judeus de nascimento e não pecadores como os não-judeus. Porém sabemos que todos são aceitos por Deus pela fé em Jesus Cristo e nunca por fazerem o que a Lei manda. Assim nós também temos crido em Cristo Jesus para sermos aceitos por Deus pela nossa fé em Cristo e não por fazer o que a Lei manda. Pois ninguém é aceito por Deus por fazer o que a Lei manda. Quando procuramos ser aceitos por meio de Cristo, fica claro que somos pecadores como os não-judeus.

Ninguém é aceito por Deus por fazer o que a lei manda! Isto quer dizer que de nada adianta ir à missa todo domingo, ao centro espírita toda quarta feira, à macumba as sextas, se vai por “obrigação”, para cumprir um mandamento legal.

Não adianta nada procurar sua elevação espiritual, se a está procurando por obrigação, para satisfazer uma lei. A salvação não está no cumprimento das leis, mas na fé: confiança e entrega absoluta a Deus.

Sem a fé não existe de maneira alguma a “salvação”. Só quando o ser humanizado se voltar para Deus e der as costas para lei, ou seja, quando deixar de fazer viver preso às obrigações da lei e começar a fazer por amor ao Pai acima de todas coisas e ao próximo como a si mesmo é que conseguirá a “salvação”.

Voltando ao que estávamos conversando anteriormente, a vida carnal pode ser vivenciada por dois caminhos: um leva à “salvação” mas, o outro, não leva à perdição, mas à “não salvação”, que não quer dizer que seja perdição, porque o espírito não retroage, não se “perde”.

Portanto, a vida é composta por dois caminhos diferentes e você é livre para optar por um ou outro. Agora, o que precisa compreender é a base de cada caminho, ou seja, como percorrer cada um deles. No caminho da elevação espiritual se vive pela fé; o caminho da materialização é aquele onde o ser humanizado se conduz pela obrigação e pela satisfação.

São dois trilhos diferentes que levam a lugares diferentes, mas são dois trilhos que o próprio Deus colocou. Por isto não podem ser errados.

No entanto, é preciso sempre se lembrar: um termina numa estação e o outro continua e transpõem continentes. Você é que sabe o que quer fazer da sua vida: se quiser, pode ir até uma estação apenas passear e, depois, voltar para pegar o trem que atravessa oceanos, ou se escolhe logo a caminhada mais longa.

Mas será que isso quer dizer que Cristo ajuda o pecado a progredir? Claro que não! Se eu começo a construir de novo o que destruí, isso prova que estou quebrando a Lei. Portanto, quanto à Lei, estou morto pela própria Lei, a fim de viver para Deus.

Relembrando o que Paulo já havia nos ensinado, “a lei é que cria o pecado”. Mas, por lei não podem ser entendidos apenas os códigos doutrinários das religiões, mas todo dualismo com que vive o ser humanizado.

O dualismo é que cria o “certo” e o “errado”, o “bonito” e o “feio”, o “limpo” e o “sujo”. Quando o ser humanizado vivencia o dualismo, cria um código individual de leis que faz o surgir o lado negativo que não haveria se não houvesse a aplicação desta característica da humanização do ser espiritual.

Portanto, quando Paulo diz que está morto para a lei, mas está vivo para Cristo, ele afirma que não cria dualismos para poder viver pelo amor. Quem está vivo para o amor precisa estar morto para lei porque senão o lado negativo surgirá inexoravelmente e ele é a ação do não amor.

Para quem vive o amor crístico não existe “certo” ou “errado”, “bonito” ou “feio”, “limpo” ou “sujo”, porque tudo é Perfeito, é obra de Deus.

Eu fui morto na cruz com Cristo. Assim já não sou eu quem vive, mas Cristo é quem vive em mim. E esta vida que agora eu vivo, eu a vivo pela fé no Filho de Deus, quem amou e se deu a si mesmo por Deus, que me amou e se deu a si mesmo por mim. Não rejeito a graça de Deus. Pois, se é por meio da Lei que as pessoas são aceitas por Deus, então não adiantou nada Cristo morrer!

Veja bem: se uma pessoa for aceita por Deus simplesmente porque cumpriu a lei, porque fez tudo aquilo que é apontado como certo pela humanidade, então, posso afirmar que Cristo não foi aceito por Deus.

Isto porque durante a encarnação “Jesus Cristo”, o espírito mestre da humanidade vivenciou a quebra de todas as leis da época. Até o não matar foi quebrado por ele ao “matar” uma figueira que não estava produzindo, numa época que não deveria mesmo dar frutos.

Portanto, se o mestre durante aquela encarnação não cumpriu a lei, não foi aceito por Deus. E se Cristo não foi aceito por Ele e você o segue, ou seja, se diz cristão, então é participe do diabo, ou seja, do inimigo de Deus.

 Mas, Cristo foi aceito por Deus e a ressurreição prova isto. Portanto, isto quer dizer que para você atingir a elevação espiritual precisa não se tornar prisioneiro da lei, não se sentir obrigado a fazer tudo que é “certinho”, não fazer tudo de acordo com as normas, como Cristo também não se sentiu.

O que precisa ser alcançada não é a obediência cega à lei, mas aquilo que o mestre alcançou. Segundo João, Cristo era o “verbo”, ou a ação do amor. Portanto, é a ação praticada com a “consciência amorosa” (amor em ação) que leva à aceitação por Deus.

Não importa o que você ou outra pessoa faça, ame a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Esta é a única garantia que você tem de elevação espiritual, pois foi ela que Cristo lhe deixou.

Este é o testamento, o Evangelho deixado pelo mestre. Quando Cristo come nos sábados, o que era contrário aos códigos de leis judaicos deixa bem claro para os professores da lei que o acusam: vocês não sabem o que quer dizer nas Sagradas Escrituras quando Deus fala “Eu não quero que queimem incensos em meu louvor, mas que sejam bondosos”.

Quando um ser humanizado faz só porque é certinho, porque está dentro da lei, está queimando incensos a Deus e não agindo por bondade ao próximo, por amor ao Pai. O amor à Deus e ao próximo se traduz pela não aplicação do “certo” e “errado”, mas por viver praticando todas as ações em louvor a Deus.

E aí nos lembramos do ensinamento de Krishna: fazer tudo sem intencionalidade, sacrificando-a a Deus. “Deus eu não queria vir a este lugar, mas estou aqui: louvado seja o seu Nome. A minha intenção de não estar aqui eu dôo em sacrifício ao nosso amor e vivo feliz, estando aqui”.

Esta é a consciência amorosa em prática. Ela se traduz através de uma célebre frase de Cristo que eu já cansei de dizer que deve ser o guia da vida de vocês: Pai afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade e eu estarei feliz do mesmo jeito. Este é o ensinamento maior que o ser humanizado pode compreender durante a existência carnal.

Isto porque se eu disser que é necessário que você deixe de querer, de ter intenções, não conseguirá, pois cada ser humanizado tem o seu ego lhe impondo vontades constantemente e isto não poderá ser alterado até o fim da encarnação.

Desta forma, o máximo que você pode fazer neste sentido durante a encarnação é o ego lhe cobrar e você reagir dizendo: “Pai, o ego está me cobrando isso, mas não foi isto que o senhor fez acontecer. Louvado seja o Senhor”.

Aliás, eu gostaria de recomendar às pessoas a leitura das tentações de Cristo no deserto. Veja se a sua vida não se baseia exatamente nas tentações que estão lá estampadas.

Observação: Estas são as três tentações que Cristo sofreu no deserto.

1. Diabo: “Se você é Filho de Deus, mande que estas pedras virem pão”. Cristo: “As Escrituras Sagradas afirmam que o ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo o que Deus diz”.

Trata-se da tentação de utilizar a vida carnal para gozar o bem material (pão). A vida carnal não é feita com esta finalidade, mas para se “aprender o que Deus diz” (o amor, a comunhão universal).

2. Diabo: “Se você é Filho de Deus, jogue-se daqui de cima”. Cristo: “Mas as Escrituras Sagradas também dizem: não ponha à prova o Senhor, o seu Deus”.

 A tentação de usar Deus para conseguir o bem material. Quem cede a esta tentação é aquele que busca em Deus a segurança para viver o bem material durante esta vida.

3. Diabo: “Eu lhe darei tudo isto se você se ajoelhar e me adorar”. Cristo: “As Escrituras Sagradas afirmam: adore o Senhor, o seu Deus, e sirva somente a ele”. (Marcos – 4,4-10).

A tentação de viver a vida carnal pelo sentido material que humanidade impõe: crescer materialmente, culturalmente, socialmente. Quem cede a esta tentação adora ao diabo (ao ego) e não a Deus e por isto não transforma a elevação espiritual como objetivo primário da existência.

Aí está um belo exemplo de uma vida cristão, de uma vida espiritual: saber renegar a materialidade e os desejos oriundos da humanização e colocados por Deus através do ego como provação ou missão.

No entanto, é preciso que você sofra a tentação de viver a materialidade, pois sem ela não há vitória. Se não houvesse o ego para lhe tentar você não teria o que vencer e, desta forma, não poderia alcançar a elevação espiritual.

É preciso compreender que a elevação espiritual é adquirida pelo merecimento que é gerado quando se “vence” algo. Sem vitória não há merecimento e sem ele não há motivos para a existência da vida carnal.

Então, se você ficar esperando matar o ego para alcançar a sua elevação espiritual jamais conseguirá. Você precisa ser tentado pelo ego, ou seja, ter desejos, vontades individualistas, mas o ao mesmo tempo necessita, pela fé (confiança e entrega a Deus) suplanta tudo o que o ego lhe impõe para, assim, retirar o condicionamento da realização destes desejos para ser feliz e alcançar a bem-aventurança.

Realizar a elevação espiritual, portanto, não é tão difícil assim: não há necessidade de se eliminar o ego (parar de desejar), mas apenas aprender a conviver com o desejo agindo através da fé.

Participante: Até então havia compreendido que tínhamos que vencer os desejos. Não é bem assim? Posso até desejar, mas se não sofrer por não conseguir já me aproximo de Deus? Por exemplo, se eu desejo um carro novo, posso até continua desejando, mas se não o conseguir não devo sofrer: é isto?

Veja bem: a evolução espiritual se dá em etapas. Ninguém pula ou elimina qualquer das fases da evolução. Por isto, para se alcançar o objetivo da existência carnal (alcançar a perfeição, se elevar) tem que ser igual a preto-velho: custa a colocar o pé na frente, mas quando põe não tira.

Baseado nisto podemos afirmar que o ideal é não ter desejos, pois todos eles são condicionamentos à felicidade. Enquanto houver desejos haverá condicionamentos. Portanto, se você ainda deseja um carro, só será feliz realmente se tiver a posse deste bem: isto Krishna deixa bem claro no ensinamento dele.

Um caminho para se chegar à evolução espiritual é reconhecer que este desejo não é seu, é do ego e não alimentar à sua personalidade humana com sofrimento quando não realiza o seu desejo. Portanto, se o ego lhe dá desejos e você na mais se escraviza à realização dele para ser feliz, já colocou um “pé à frente” na elevação espiritual, mas ainda não realizou nada.

A frase que citei anteriormente como um guia para existência carnal de alguém que busca se elevar (Pai afasta de mim este cálice, mas se não foi possível que seja feita a vossa vontade) é um caminho, mas não um objetivo final de elevação espiritual. Pode até ser objetivo secundário, mas não é objetivo primário, não a finalidade da vida.

Desta forma, se você hoje conseguir ser feliz incondicionalmente tendo ou não aquilo que deseja, já começou a melhora. Agora se você ainda cria dependência da felicidade na posse das coisas, sejam elas objetos, pessoas ou acontecimentos, ainda nem começou a caminhada.

Ampliei um pouco mais o ensinamento incluindo algo mais do que o carro da sua pergunta, porque para alguns é muito fácil libertar-se da tentação de bens materiais, mas existem outros elementos com maior dificuldade de se obter esta liberdade.

Para se alcançar a elevação espiritual não basta apenas lutar contra a tentação de possuir um carro novo, mas também é preciso lutar contra a tentação de que seu filho, que é rebelde e luta contra você, se mude; que seu marido, que gosta de ir ao futebol e não passeia com você, não altere seu proceder; que o seu colega do trabalho que quer exigir um determinado padrão para execução de serviços não se mude.

Para alcançar a elevação espiritual é preciso ser feliz com todos os parâmetros que se têm nesta vida, vivendo com felicidade os acontecimentos e seus instrumentos (outras pessoas) do jeito que estão, mesmo desejando que as pessoas lhe “entendesse” e se mudassem.

Participante: A partir do que o senhor está comentando, me veio um raciocínio sobre o isolamento. Todos os mestres que estudamos até agora depois da “revelação” se isolam do mundo. Paulo inclusive falou nisto hoje: ele se isolou depois da “revelação”. Mas isto também aconteceu com Buda, com o próprio Cristo. Mas, a sua fala, o seu ensinamento, não coloca isto como uma regra: não é preciso isolar-se fisicamente para as tentações. Se os mestres precisaram do isolamento para solidificar a “revelação” que receberam, existe uma fórmula para nós solidificarmos o que estamos aprendendo, sem o necessário isolamento?

Deixe-me explicar uma coisa. A ação de cada ser humano, a “vida” de cada ser na carne, é diferente. Cristo, Buda, Paulo, tiveram uma “vida“ diferente da sua. Nela cada um destes espíritos precisava ter muito claro o caminho da elevação espiritual porque a missão deles era fundamental para a humanidade.

Então, estes espíritos missionários tiveram, como Paulo disse, que subir ao mais elevado céu e para isto foi necessário o período de isolamento para a solidificação de tudo o que iriam ensinar. Agora, você não tem a missão de ser um “Paulo”, um “Jesus” ou um “Buda”, mas apenas de cuidar de sua própria elevação. Diria, então, que você tem que aprender para você mesmo e não para transmitir aos outros. Portanto, você não precisa fazer este isolamento para poder atingir a perfeição que os outros atingiram.

Veja bem: a palestra de hoje foi basicamente sobre o não se prender a normas e padrões para se atingir à elevação espiritual. O que fez agora? Criou um padrão baseado na existência de outros espíritos.

Não existem padrões. No entanto, a sua vida e a de noventa e nove por cento dos habitantes do planeta é isto mesmo: a luta de, hoje “erra”, amanhã “acerta”, constantemente.

Como eu disse, o plano Terra hoje é um mundo de provar a Deus que é capaz de buscá-Lo. Este planeta ainda não vive um Mundo de Regeneração, ou seja, de mudança completa. Só quando os seres encarnados lá viverem é que terão que se regenerar, ou seja, mudarem-se completamente.

Este é um mundo de busca, de provação a Deus que se quer buscá-Lo. Dentro deste objetivo, se o ser humanizado alcançar uma média cinco e meio, seis, já está bom. Ou seja, se sessenta por cento do seu tempo conseguir não sofrer já terá realizado o que tinha que ser feito nesta encarnação.

O problema é que hoje a maioria da humanidade vive noventa e nove por cento do tempo em sofrimento e um por cento aprisionada ao prazer. A felicidade incondicional, ou seja, estar acontecendo o que o ser humanizado não quer, mas mesmo assim permanecer em paz, ainda é utopia nesta vida.

Isto precisa ser o seu estado de espírito em sessenta por cento do seu tempo. Neste momento estará aprovado para o próximo mundo.

Participante: Mas, se você diz que temos que aprender para nós mesmos, como diz que todo aprendizado só serve para alimentar o ego? Conforme você afirmou, enquanto eu desejar a minha elevação não conseguirei. Para procurar mudar temos que conhecer os caminhos antes de ir e para isso precisamos desejar conhecê-los.

Conhecer um caminho é uma coisa; desejar seguir este caminho é outra. Veja: tudo que nasce como fruto de um desejo, de uma vontade, é dualista, ou seja, pode acontecer ou não. Se acontecer, você tem prazer (eu queria e consegui); se não acontecer, você sente dor (eu não queria e aconteceu). Portanto, tudo que é dual não pode levar à felicidade incondicional.

Aliás, esta é a segunda observação que Buda fez e que o levou à elevação espiritual: tudo é sofrimento. Na “Primeira Nobre Verdade” Sidarta Gautama diz o seguinte: estar com quem se quer é sofrimento, mas não estar também é. A não aproximação de Deus (sofrer) não se contempla por estar ou não, mas apenas por desejar estar.

Quem deseja estar e consegue realizar seu desejo, tem prazer; quem deseja e não consegue, tem dor. Em todos os dois casos a bem-aventurança ou felicidade incondicional não foi alcançada.

Portanto, o que precisa ser eliminado não é o estar ou não, mas o desejo. Retirando-se este elemento que o ego dá aos seres humanizados, não importa o que aconteça, a felicidade, a paz de espírito e a paz estarão presentes junto ao ser humanizado.

Desta forma todo meu ensinamento, tudo que conversamos, não pode ser para lhe criar obrigações, ou seja, gerar paixões, pois elas são as raízes dos desejos. Eles devem servir para eliminar paixões e não criá-las. Aliás, eu já disse: elevação espiritual não é acréscimo, é destruição, destruir o que já tem.

Portanto, na hora que você conviver no momento que está “fraca” com relação à elevação espiritual (não conseguiu realizar os ensinamentos) e no que estiver “forte” sem alterar o estado de espírito, o ânimo, alcançou a elevação. Agora, se você tiver o desejo de realizar sempre, só estará feliz quando tiver “forte” (houver conseguido por em prática) e, desta forma, nada conseguiu na verdade: apenas contentou uma paixão e gozou o prazer de viver aquilo que queria.

Buda e Krishna têm uma palavra para definir a forma “correta” de se relacionar com os acontecimentos da vida: equanimidade. Ser equânime com a vida, ou seja, viver com o seguinte estado de ânimo os acontecimentos de suas existência: “eu queria a minha elevação espiritual, mas fiz esta besteira aqui; louvado seja Deus”. Você não sofre, mas vive harmonicamente com as suas “besteiras”.

Agora, se você se prender ao querer fazer certo (uma paixão) e cometer “erros”, o que certamente fará, terá o seguinte estado de ânimo: “eu sou uma “droga”, não presto para nada”.

Não adiantou nada querer a elevação espiritual, querer fazer diferente. Aliás, o querer, a padronização de ação, é que lhe fez ver a “droga” que você fez, pois se estivesse sem querer nada agiria equanimente: “tanto faz eu ter feito como não ter”.

Por isto é que afirmo: a elevação espiritual só vai acontecer quando você libertar-se de tudo que tem dentro da mente como padrões e verdades, inclusive os ensinamentos que passei.

Na verdade, tudo que eu falei, não é obrigação: é caminho. Caminho que é precisa ser vivenciado com consciência amorosa e com fé em Deus. Não se trata de um caminho cultural, uma sabedoria, informações técnicas.

Na hora que vocês compreenderem isto, jogarão todas as técnicas que debatemos todos estes anos e viverão, na alegria ou na tristeza, na doença ou na saúde, na pobre ou na riqueza, com felicidade incondicional.

A elevação espiritual, aliás, é como um casamento: você casando-se com Deus.

Participante: Isto que o senhor está ensinando é incompreensível para mim. O que estou fazendo aqui se não tiver a intenção de evoluir, de melhora, de avançar? Eu não consigo entender e acho que a maioria das pessoas não consegue também. Será que não está na hora de nós entendermos ainda?

Vou lhe dizer apenas uma coisa: não venha para cá com intenção de evoluir: venha por amor a Deus. Não venha para cá: esteja aqui. Esta é a diferença.

Enquanto você vier para cá, está subtendida uma intenção individual; na hora que estiver aqui porque Deus lhe colocou aqui e pelo amor que nutre por Deus ouvir o que eu tiver que dizer, ele não entrará como cultura, mas como ensinamento, como amor de Deus.

Mas, enquanto você viver aqui, ou seja, prender à hora, ao dia, à obrigação de estar aqui, estará realizando o que quer, mas não vindo aqui com Deus. Está vindo aqui com seu individualismo.

Acho que este ensinamento ficou muito claro durante a realização de “Terceira Jornada Espiritualista” em Uberlândia quando disse para uma pessoa que havia uma psicografia a ser feita e ela não conseguiu escrevê-la. E não conseguiu porque ela esqueceu que aquela reunião não era uma aula para ela ir, mas um ato de louvor a Deus. Ela ao invés de ligar-se a Deus estava ligada nela e em mim.

Participante: A evolução espiritual, na realidade, é mais uma realização que alcançamos se agirmos em uma determinada direção. Ela não pode ser uma meta. Na realidade ela será a conseqüência da realização de um determinado caminho trilhado. Ou seja, a evolução espiritual será conquistada por trilhar-se determinado caminho. Até porque não se sabe também como é a evolução espiritual para cada um.

São coisas diferentes que você está falando. Primeira coisa é o que você chamou de objetivo de vida, de meta: isto é preciso ter. Não como desejo, mas como fundamento, como o que objetiva para esta vida.

Participante: O que eu entendi que o senhor falou hoje é que estamos aqui para decidir esta meta. Neste momento justamente o objetivo é decidir esta meta, que é o procurar a Deus.

Eu não diria que você nasceu para decidir isto: esta decisão você já tomou antes de encarnar. Deixe-me deixar isto bem claro, porque esta pergunta é fundamental.

Eu disse assim: você vem à carne para provar a Deus que é capaz de buscá-Lo. A partir desta afirmação você me diz que esta encarnação tem como objetivo decidir buscar a Deus.

Não foi isto que quis dizer, pois você já decidiu que ia buscar a Deus antes da encarnação. Aliás, você só está na carne porque se declarou apto e decidido por Deus.

É isto que eu quis dizer quando afirmei anteriormente que todos que estão encarnados têm a condição de realizar a reforma íntima. Se você, no mundo espiritual, antes de vir para carne, não tivesse optado pela busca a Deus não estaria encarnado. A opção de buscar a Deus, portanto, você fez antes desta vida.

Depois que encarna, o que você vem fazer aqui é provar se vai manter esta opção ou não. É diferente do que tinha compreendido: você não tem que optar por Deus depois de encarnado, porque já o fez.

O que irá provar nesta encarnação é se você é um espírito “de palavra”, que cumpre seus acordos. Fora da encarnação optou por Deus e agora vai provar a Deus que tem palavra e passar por todas as tentações sem murmurar, sem abandonar o caminho estreito.

É completamente diferente do que você falou (agora vou optar por buscar a Deus ou não): esta opção você já fez antes da encarnação, senão não estaria na carne. Você agora veio provar a Deus que é capaz de manter a sua opção espiritual.

Este é o primeiro detalhe da sua pergunta. Segundo: ninguém conquista elevação espiritual, mas a recebe de Deus. Isto porque elevação espiritual é uma graça de Deus dada a você.

Posso lhe dizer que a elevação espiritual é recebida quando você atinge um estado de inércia espiritual. Não estou falando de inércia material, ou seja, praticar atos.

Quem se eleva espiritualmente continua praticando atos físicos, mas não tem atividade espiritual, ou seja, não exerce o livre arbítrio para escolher entre o bem e o mal.

Quem consegue receber a elevação espiritual é porque silenciou o poder adquirido por ter se alimentado do fruto da árvore do conhecimento, ou seja, ele não escolher mais entre o “certo” e o “errado”, o “bom” ou o “mal”.

Quem vive desta forma está preso unicamente na freqüência do amor. Ele Não tem atividade espiritual, ou seja, não fica mudando de freqüência sentimental (gostar ou não gostar, satisfazer-se ou não).

Isto é a elevação espiritual, ou seja, um estado de espírito que é dado ao ser humanizado pela graça de Deus. Mas, você só chegará a esta freqüência quando provar a Deus que é um homem de palavra e Ele lhe levar a esta freqüência.

O desejo de atingir esta freqüência ainda é um trabalho numa freqüência “muito mais baixa” que a do amor universal. Você precisa eliminar o desejo para poder ser levado por Deus para a freqüência do amor.

Então, são duas coisas na sua pergunta. Agora, uma coisa é fundamental ser compreendida em tudo isto: você é capaz de receber de Deus esta graça.

O fator mais importante para tanto, optar por Deus, você já realizou, porque o fato de estar na carne comprova que se sentiu capaz de provar a Deus que saberia honrar a sua opção.

É baseado nesta realidade que muitos apóstolos falam em viver para honrar a Deus, mas na verdade é viver para honrar a sua opção por Deus que fez antes da encarnação.

No entanto, chega na carne você não honra a sua palavra: opta pelo seu individualismo, pelo prazer, pela satisfação, por ser o “dono do mundo”.