Senhor da yoga - Cap. 9 - Caminho da verdadeira ciência

Versículo 4

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04. Todos estes mundos estão compenetrados por Mim, em Meu estado imanifesto. Todos os seres estão em Mim, porém Eu não estou neles.

Há algum tempo uma pessoa em uma de nossas conversas me disse que tinha feito uma figura para entender o universo e Deus. Ela disse que imaginou que o Universo era o próprio Deus, que cada planeta era órgão Dele e que cada um dos seres que habitam estes mundos eram como células dos órgãos. Com este ensinamento de Krishna posso dizer que se vocês conseguirem escapulir da visão material que têm das coisas e somente pensarem em corpos, esta figura é sim uma a grande verdade.

Tudo está compenetrado em Deus e por isso tudo é Ele, faz parte Dele. Tenho apenas uma ressalva a fazer a esta figura.

Apesar de estar comparando Deus a um corpo humano, digo que não se deve comparar cada planeta a um órgão humano. Fazendo isso, vocês podem chegar a conclusões errôneas, já que para vocês os órgãos de um corpo podem ser distinguidos por importância. Por exemplo: vocês dão mais valor ao coração do que aos intestinos.

Portanto, façam esta comparação, mas não apliquem importância aos órgãos de Deus. Todos os planetas possuem a mesma importância dentro do universo que é deus.

Para melhorar a figura, sugiro que vocês comparem o universo a uma cadeira. Neste objeto não existem partes mais importantes que outras. Todas são iguais. Portanto, fazendo esta comparação, Deus é a cadeira, cada planeta uma parte dela e cada átomo da cadeira é um ser do universo.

Participante: usando a mesma comparação que o senhor fez, porque Deus deixa algumas partes serem cancerosas, ou seja, que sejam elementos que fazem maus para os outros?

Os que ainda não alcançaram a perfeição não são células doentes, mas ainda em desenvolvimento. Ou seja, são células que ainda não sabem executar perfeitamente a sua função. São células que ainda não sabem trabalhar perfeitamente e não más.

Sim, no universo existem células assim, mas Deus quer que isso exista. Porque Ele quer criar uma célula que ainda não saiba executar perfeitamente a sua atividade? Por causa do equilíbrio das coisas. Se todas as células fossem perfeitas, haveria um desequilíbrio.

O corpo são é aquele que tem doença equilibrado com saúde. O corpo perfeito não é um corpo são, mas aquele que tem saúde equilibrada com doença. Um Todo perfeito é um Todo equilibrado.

Participante: Se Deus é Supremo, Ele já é o próprio equilíbrio. Por isso não precisaria haver células sãs e doentes.

Ele é o próprio equilíbrio, mas para que qualquer coisa esteja em equilíbrio é preciso haver dois pólos. Estando cada lado em perfeita harmonia com o outro há o equilíbrio. Mas, se houver um lado apenas, a balança estará desequilibrada.

Ora, se Ele é o próprio equilíbrio, isso quer dizer que precisam haver células menos desenvolvidas que contrabalancem com outras que estão mais avançadas. Agora, por favor, não fale em células más, mas células que ainda não executam suas funções perfeitamente.

O corpo de Deus, ou seja, o conjunto de seres do universo, é o equilíbrio e por isso tem que ter dois pólos: os espíritos que ainda não sabem fazer o seu trabalho e aqueles que já sabem. Com isso se alcança a perfeição.

Compreenda que atingir a perfeição não é ter nada que possua algo que seja apenas perfeito. Ela só existe quando há o equilíbrio entre os menos e os mais perfeitos. Justamente por que Ele é o equilíbrio, tem que ser equilibrado e não formado apenas por um pólo.

Portanto sempre haverá espíritos com menos conhecimento que outros para que haja o equilíbrio?

Sim.

Por conta desta eterna necessidade de existência de seres em diversos níveis de desenvolvimento volto a dizer que quando você busca a elevação espiritual como caridade, para abrir espaços para outros avançarem, está se universalizando. Isso porque ao crescer você poderia causar um desequilíbrio no universo, pois alguém saiu do menos desenvolvido para mais. No entanto, como Deus faz outro avançar para o lugar que você estava, Ele equilibra o universo sempre. É assim que Deus vai organizando o universo e mantendo o equilíbrio universal.

Na verdade, as diferenças entre os espíritos é que justifica a existência de Deus. Se tudo fosse um mar de rosas, se tudo fosse idêntico e agisse apenas de uma forma, para que uma Inteligência Suprema para organizar as coisas? Além do mais, se não houvesse tudo isso você nem existiria, pois não haveria razão para existir. O universo precisa de uma razão para existir e essa é o equilibrar-se sempre constantemente.

Isso é o que quer dizer a primeira parte deste ensinamento. Vamos para a segunda. Krishna afirma: todos os seres estão em Mim, mas eu não estou neles. Vamos entender isso...

Deixe-me só lembrar um ensinamento que já falamos: Deus manifesto, imanifesto e manifestado. O que quer dizer cada um destes deuses? Vamos relembrar este ensinamento porque ele é muito precioso para quem quer a evolução espiritual e porque nos ajudará a compreender o que o Bendito Senhor está falando aqui.

No universo existem seres e matérias, ou seja, espíritos e matéria universal. Nada mais existe a não ser isso. O que é ser um espírito? É ser a parte inteligente do universo. Tudo que possuir inteligência é espírito e o que não possuir é matéria.

O que é inteligência? É a capacidade de receber, analisar e arquivar informações. Se a sua perna ou a cadeira não tem capacidade de receber, analisar informações e tomar decisões, isso quer dizer que ela não é um espírito. Só quem tem é você, aquele que comanda a identidade humana.

Segundo o livro Gênesis da Bíblia, Deus ao criar a forma humana disse assim: façamos o homem – que na verdade não era o homem, mas sim o espírito – à nossa imagem e semelhança. Se adotamos isso como verdadeiro, podemos dizer que Deus lhe fez à imagem e semelhança Dele. Ora, isso quer dizer que se você é um espírito, Ele também é um espírito. Se você é igual a Ele e você, pela análise do ensinamento do Espírito da Verdade que fala dos elementos universais, é um espírito, isso quer dizer que Ele é um espírito.

Este é o Deus manifesto, ou seja, o Deus personificado. O Deus que é algo. Deus é um espírito, um ser que não tem nome, sexo, cor, raça e que você rotula como Deus assim como se imaginam ser Maria ou José.

Este é o Deus manifesto. Ele não é manifestado. Manifestados são aqueles que se manifestam por Ele, aqueles que se manifestam pelo Deus ser. A diferença entre o Deus manifesto e os manifestados é o grau de universalismo. Entendamos esta questão.

Uma das propriedades do espírito é o universalismo, é a perfeita integração com o todo, é o não viver para si, mas para servir a todos. Vou dar um exemplo para entendermos. Dentro da cadeira há milhares de átomos, milhares. Estes átomos não vivem para si mesmos, mas trabalham para que a cadeira exista. Dentro do corpo humano há milhares de células. Elas não vivem para si mesmas, mas sim para o corpo.

Universalismo é isso: é ser uma célula que compõe um órgão do corpo físico. É a capacidade que o espírito tem de trabalhar (viver) para o Todo e não para si mesmo.

Participante: é como no nosso emprego, nós trabalhamos para o bem da empresa e não para o nosso...

Quando isso acontece, sim é assim. No entanto, na maioria das vezes cada um trabalha para si mesmo e não para a empresa. É por este motivo que muitas empresas acabam.

Ora, se anteriormente comparamos as células do corpo aos seres do universo e se também dissemos que Deus é um destes espíritos, temos que admitir que ele também entra nesta questão do universalismo. Mas, como será que Ele vivencia o universalismo, ou seja, a capacidade de viver para o Todo?

Ele é a célula que possui o mais alto grau de universalismo, o ser que possui a maior capacidade de viver para o Todo. Ele é a célula que mais abriu mão de tudo que fosse individual. Quem alcança o estágio de entrega do total do eu em benefício do Todo não possui o menor resquício de individualismo. Aliás, Ele nem se vê como um ser, mas como o todo do qual faz parte. É desta conclusão que surge a frase que define tudo o que existe: o universo é Deus e Ele é o universo...

Voltando aos deuses do universo que comentamos, posso dizer que existe um Deus manifesto, o ser Deus, mas também existe um imanifesto: o próprio universo. Isso porque para Deus o universo é Ele. Se o universo é composto pela soma dos seres que habitam nele, eu posso, então, dizer que cada espírito é um Deus imanifesto.

Sendo assim, quando Krishna fala no Deus imanifesto (‘Todos estes mundos estão compenetrados por Mim, em Meu estado imanifesto’), fala nos espíritos que compõem o universo e nas matérias universais que existem. Tudo está Nele. Só que Krishna também diz: ‘Todos os seres estão em Mim, porém Eu não estou neles’. Sendo assim, podemos dizer que tudo que existe está em Deus, mas Deus não está nas coisas. Vamos entender isso...

Por que será que todos não estão dentro do Deus universo? Por causa da capacidade de universalização. Deus está em todos porque é a universalização personificada, ou seja, porque não se vê como um, mas como tudo o que existe. Já os seres do universo possuem menor capacidade de vê-se como o todo e por isso ainda possuem resquícios do um, de um identidade individual Por conta desta visão de si mesmo, ainda existe o individualismo e por isso eles não estão em Deus.

Cristo também falou isso. Ele disse: Deus está em todos e todos não estão em Deus. Buda falou disso. Portanto, este assunto é algo que precisamos compreender perfeitamente.

Falo isso porque existe uma teoria (Panteísmo) que diz que o espírito é uma fagulha que sai de Deus. O Senhor do universo seria uma bola que igual sol envia parte di se para o exterior. Aplicando esta teoria aos conhecimentos espíritas, poderíamos dizer que a compreensão seria que o Pai desprenderia espíritos que encarnam e depois que morrem e voltam a fazer parte de Deus. Retornam à bola.

Na verdade isso acontece. O espírito quando desencarna retorna de onde saiu para viver a vida carnal. No entanto, o espírito não volta para o Deus manifesto, mas sim para o imanifesto, o próprio universo. Esta é uma coisa que devemos ter em mente para bem compreender a existência eterna do espírito.

Voltando ao que Krishna está ensinando neste trecho, que Deus não está nos seres, mas eles estão Nele, e ainda usando o que falamos do retorno ao Universo, podemos dizer que quando o espírito adianta-se no universalismo a sua individualidade não é perdida, ou seja, não perde a individualidade. Isso porque apenas Deus tem a capacidade suprema de ver-se como o Todo, sem qualquer resquício de eu. Mas, se o espírito não perde a individualidade, o que acontece quando ele avança no universalismo? Ele perde o individualismo. Individualismo é viver para o eu, individualidade é o próprio eu.

Visto, então, o Deus manifesto e os deuses imanifestos, falta apenas para compreendermos a trindade que compõe o universo falarmos do Deus manifestado. Este Deus é representado pelos acontecimentos que ocorrem no universo. Tudo aquilo que os deuses imanifestos promovem é um deus manifestado.

Agora podemos compreender bem o que o Sublime Senhor está nos ensinando neste trecho. Ele diz que você faz parte do Deus imanifesto, o universo, mas não faz parte do Deus manifesto, o ser que existe e é igual a você. É isso que precisamos compreender deste trecho. Sei que esta compreensão não surge espontaneamente para aqueles que não conhecem a trindade que forma o universo, mas isso ocorre porque ainda existe uma só palavra para designar o que é Deus.

Portanto, sempre que eu ou qualquer outro mentor disser que você faz parte de Deus, assim como Krishna fala neste trecho, é preciso compreender que está se falando do Deus imanifesto e não do Deus ser.

De tudo o que falamos vocês devem estar imaginando que o universo é muito mais complexo do que vocês imaginavam, não? Apesar de isso ser real, posso dizer que viver nele é simples. Na verdade viver no universo é algo muito simples, mas vocês complicam.

A complicação acontece quando vocês criam um padrão para a existência para que possam considerar que existe uma vida. Estou falando dos desejos. Vocês só dizem que estão vivos, felizes, quando conseguem o que sonham, almejam. Acontece que quando o seu sonho de hoje se realiza, você já quer mais, já exige mais da vida para se considerar vivo. Na verdade nunca se contentam.

Viver não é esperar acontecer o que deseja para que se viva, mas sim saber conviver com o que se tem. Eu diria que existe uma ciência que precisa ser aprendida: a de viver. O ser humano esqueceu o que é viver. Quando consegue relaxar um pouco até descobre o que é viver, mas é por acaso e não por ciência. Acho que dedicar a vida a aprender a viver é ganhar a vida.

Participante: Ah, mas aí vou viver quando? Se eu não passar a minha vida inteira estudando como viver, quando vou viver?

 Quando estiver morto. Quando estiver morto vai viver o que aprendeu aqui. Como morrer você vai de todo jeito, se não aprender a viver aqui quando estiver morto ainda não viverá.

Se eu tivesse alguma coisa a ensinar a vocês depois destes cinco anos de conversa, seria ensinar a viver. Isso porque quem sabe viver chega à luz. Este sempre viverá em comunhão com Deus, porque como estudamos hoje, Deus é a vida porque é tudo o que existe e a ação destes elementos.

Deus não é a cadeira, mas para que ela exista é preciso que haja Deus. Na hora que você compreender isso aprenderá a viver, pois viverá com Deus e não com uma cadeira. Na hora que aprender que viver não é fazer o que quer, o que gosta, o que deseja ou que o resultado de uma ação seja sempre aquele que você espera, mas que independente do que está acontecendo você está vivendo com Deus, poderá ser feliz, poderá sentir-se vivo.

A vida tão difícil para vocês, tão amargurada, tão problemática, estressante, quando vivida com Deus vira um passeio. Passa a ser um caminhar numa aléia cercada de flores, num jardim que tem flores que possuem os perfumes mais maravilhosos. Será um caminhar num caminho onde existem cachoeiras que cantam a queda d água. Isso é a vida, mas vocês não conseguem viver assim porque estão presos aos seus individualismos.

Para libertarem-se dos seus individualismos e viverem a vida que descrevi vocês precisam compreender uma coisa: a vida não está ligada aos anseios humanos. Para quem aprende a viver como falei, o barulho da queda d’água do jardim em que vive pode ser o mesmo da bomba que mata. O cantar da bomba soa para quem vive a vida ligada a Deus igual ao d’água caindo na pedra. A flor perfumosa que este encontra pelo caminho pode ser o lixo que se junta e degrada o meio ambiente. Para que este caminho bonito e perfumado seja realidade, basta você aprender a viver com Deus no lixo e na bomba.

Na hora que você puser a mesma essência na cachoeira que canta e na flor que perfuma que coloca na bomba que mata e no lixo que polui, viverá a mesma coisa nas duas situações. Além do mais, não estará faltando à realidade, já que elas são a mesma coisa: Deus, são deuses imanifestos.

Este é o ensinamento mais profundo que podemos trazer e que há cinco anos estamos falando. Não adianta você plantar um jardim humano para poder alcançar a vida; é preciso plantar o jardim dentro de você mesmo. Quando isso acontecer viverá tudo como se estivesse no jardim.

O jardim que os chineses e japoneses fazem como caminho para a elevação espiritual não está fora deles, mas sim dentro de cada um. O problema é que quando estamos no trabalho espiritual e nos lembramos de Deus vivemos o jardim interno, mas quando estamos na frente de um problema, do que não se gosta, do saldo do banco negativo, do prato de comida que está vazio, nós saímos deste jardim. No entanto, se nos mantivermos no jardim na frente de tudo isso, o jardim estará sempre lá, porque ele está dentro de cada um.

Tem uma história que dizia que Deus se decepcionou com os espíritos. Por isso quis se esconder deles. Conta que ele procurou milhares de lugares para se esconder, mas não achou nenhum. Sempre o espírito O achava. Até que um dia o Pai se escondeu dentro de cada um e aí o espírito não mais o encontrou.

Se nos voltarmos para dentro, vamos encontrá-lo. Mas, se ainda estivermos do lado de fora, olhando para fora, procurando Deus fora de nós não acharemos. Enquanto esperarmos que as bombas cessem e que o lixo seja reaproveitado, que a maldade suma e que os homens tenham vergonha na cara, não acharemos Deus.

O Senhor não está fora de nós, mas sim dentro. Portanto, para achá-lo é preciso que nos voltemos para dentro e mudemos os nossos interiores para que Ele esteja lá. Se continuarmos buscando-O fora, jamais O encontraremos.