Escolha das provas

Carma dessa vida

259 – Do fato de pertencer ao Espírito a escolha do gênero de provas que deva sofrer, seguir-se-á que todas as tribulações que experimentamos na vida nós as previmos e buscamos? Todas, não, porque não escolhestes e previstes tudo o que vos sucede no mundo, até às mínimas coisas. Escolhestes apenas o gênero das provações. As particularidades correm por conta da posição em que vos achais; são, muitas vezes, consequências das vossas próprias ações. Escolhendo, por exemplo, nascer entre malfeitores, sabia o Espírito a que arrastamentos se expunha; ignorava, porém, quais os atos que viria a praticar. Esses atos resultam do exercício da sua vontade, ou do seu livre-arbítrio. Sabe o Espírito que, escolhendo tal caminho, terá que sustentar lutas de determinada espécie; sabe, portanto, de que natureza serão as vicissitudes que se lhe depararão, mas ignora se se verificará este ou aquele êxito. Os acontecimentos secundários se originam das circunstâncias e da força mesma das coisas. Previstos só são os fatos principais, os que influem no destino. Se tomares uma estrada cheia de sulcos profundos sabes que terás de andar cautelosamente, porque há muitas probabilidades de caíres; ignoras, contudo, em que ponto cairás e bem pode suceder que não caias se fores bastante prudente. Se, ao percorreres uma rua, uma telha te cair na cabeça, não creias que estava escrito, segundo vulgarmente se diz.

Pode não estar escrito, mas não foi acaso. É resultante da decorrência de seus atos. Deixe-me explicar o que estou falando.

Vamos usar o exemplo que o Espírito da Verdade colocou: você pede para nascer numa família de malfeitores para vencer determinada coisa. Ao pedir isso, você também projeta resultados: ‘vencendo essa situação, quero ir por esse determinado caminho. Quero estudar, ter essa profissão. Agora, se eu não vencer, vou ser um malfeitor, um assaltante’.

Ao propor essa vida, você não sabe quem irá assaltar se tornar-se um bandido. No entanto, sabe que será um assaltante, sabe que irá para a cadeia, sem saber qual. Ou seja, conhece a grosso modo a existência que terá, mas não conhece as particularidades dela.

Por que isso? Porque Deus precisa a dar a quem precisa o que merece. Se você mereceu se transformar num assaltante, Deus o utiliza para assaltar quem merece. Se tiver que ser condenado, Ele o colocará na cadeia onde estejam outros seres que precisem de atos que você pediu para praticar.

O que estou querendo dizer é que existem dois carmas. O de vidas anteriores, que embasa a programação da existência antes do nascimento, e o dessa vida, que é criado pelas circunstâncias pós nascimento. Pelo primeiro você se torna assaltante, pelo segundo assalta aquele que precisa e merece passar por esse acontecimento.

Participante: o que faz com que escolhamos determinadas coisas?

A vontade de vencer provas, de vencer a individualidade.