Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Trabalho de Paulo entre os não judeus

Por essa razão, eu, Paulo, que sou prisioneiro de Cristo Jesus por amor a vocês, os não judeus, oro a Deus. Com certeza já sabem que Deus na sua graça me deu esse trabalho para o bem de vocês. Deus mostrou seu plano secreto e me fez conhece-lo. (Capítulo 3 – versículos 01 a 03)

Deus mostrou o plano secreto a Paulo e o fez conhece-lo. Para que fez isso? Para que o Senhor fez isso com Paulo? Porque revelou-se a ele? Porque ensinou a este apóstolo?

O próprio Paulo diz antes: por causa de vocês. Não é por causa dele, não é pelo merecimento de Paulo nem para que os ensinamentos sejam úteis a ele, mas para que o apóstolo possa servir ao próximo.

Desde o início de nossos estudos venho dizendo: quem busca a elevação espiritual para si, com a intenção de ganhar alguma coisa, não consegue chegar a lugar algum. Toda a mensagem que Deus lhes revela é para servir ao próximo e com isso se elevar e não apenas para que você ganhe alguma coisa.

Os ensinamentos não existem para que você os compreenda e com isso ganhe paz, mas para que saiba como dar paz aos outros. Não é para compreendê-los e da compreensão tirar a sua felicidade, mas para dar felicidade aos outros.

Os ensinamentos não são para que você ganhe, mas para que saiba como lidar com os outros. Eles não existem para que entenda a sua vida (como age, para que age, porque age), mas para que possa agir auxiliando o próximo.

Essa parte dos ensinamentos de Paulo é muito importante e reforça algo que digo há muito tempo: enquanto vierem aqui me ouvir buscando receber individualmente nada conseguirão. Isso porque Deus não vai revelar-se à vocês que vivem assim.

Saibam que Deus jamais se revelará àquele que espera ganhar alguma coisa com a aproximação do Pai. Por isso, a transmissão dos ensinamentos jamais tem a intenção de que cada um consiga uma vitória individual. Se isso pudesse ser feito, ainda haveria a possibilidade de se estar dando a alguém o que ele não merece.

Na verdade tudo o que vocês aprendem junto a mim é um trabalho mental interior para agir interiormente, não em atos, mas junto ao pensamento que fala do mundo exterior. É um trabalho não para que justifiquem a agressão ao próximo, mas simplesmente para que não tenham raiva dos outros. É um trabalho não para justificar o que o outro faz, mas amar o que aconteceu.

É isso que estamos ensinando desde o início. Agimos assim porque o que é preciso fazer para se conseguir a elevação espiritual é amar e servir ao próximo.

Se hoje você aprendeu que Deus é a Causa Primária de todas as coisas e que por isso ninguém faz nada, é necessário, para que obtenha a elevação espiritual, colocar esse ensinamento para criar consciência sobre coisas do mundo externo, ao invés de ficar simplesmente justificando a si mesmo. O ensinamento deve ser usado para gerar uma consciência que faça o ser amar o próximo e não que faça com que os outros o ame.

É o resultado, a ação da cultura que pode levar a elevação espiritual, que pode lhe levar a receber a aproximação de Deus, e não a própria cultura. Se a cultura, as informações, o aprender, fossem a base da elevação espiritual, Cristo teria sido professor ou editor de livro. Ele editaria os livros com os ensinamentos e daria a todos. Mas, não é isso que ele fez e por isso posso afirmar que não é isso que faz o ser aproximar-se de Deus.

Não se trata de conhecer para si, mas agir junto ao que é pensado usando o que está aprendendo. Só assim se pode servir ao próximo.

(Eu escrevi isso em poucas palavras e, se vocês lerem o que escrevi, poderão saber como entendendo o segredo de Cristo). (Capítulo 3 – versículos 03 e 04)

Como será que Paulo entende o segredo de Cristo? Como uma oportunidade de serviço ao próximo.

Este é o segredo do plano de Deus para os espíritos. A sua vida humana não é para ser vivida no eu, mas uma oportunidade de servir ao próximo, viver para o outro. Você não participa dos momentos para ser servido, mas para servir. Não participa de estudo para se elevar individualmente, mas para servir ao próximo.

É isso que Paulo está nos dizendo; é o segredo que ele aprendeu. Aprendeu que tudo que recebeu nesta vida não foi para ele individualmente, mas um instrumento que Deus criou para que servisse ao próximo.

Quem vai a igreja buscando para si, buscando de uma forma individual, nada consegue. Para poder receber algo, espiritualmente falando, é preciso que se frequente o culto com o objetivo de servir ao próximo. A frequência em lugares religiosos deve ser feita não para cada um ganhar, mas para se juntar a uma corrente e com isso fortalecer aqueles que estão ou não na igreja.

Só que vocês vão a estes lugares pedirem para si mesmos: ‘Deus, meu Pai, liberte-me deste vício’. Liberte-me do desemprego, do câncer, etc. Espiritualmente falando, jamais receberão nada por ações deste tipo. Só merecerá desde que sirva ao próximo.

Isso é o que Paulo entendeu e é o que conduz o seu trabalho.

É por isso que há mais de cinco anos venho falando para vocês: parem de querer compreender o que digo, parem de formar cultura com o que falo e comecem a colocar os ensinamentos em prática. Comecem a amar o mundo, sem prazeres ou sem depender de qualquer coisa. Comecem a amar o mundo sem dizer que esse ou aquele estão errados. Todos estão sempre certos, todos são perfeitos.

Participante: eu costumava fazer numa gira um trabalho de doação de energia. Qual o valor dele pelo seu lado espiritual?

A ação em si não tem valor algum espiritual. Vou colocar melhor ...

Você ir a um centro realizar qualquer trabalho, para a vida espiritual, para a sua existência eterna, não possui valor algum. O que determinará o valor do que acontece é a intenção ao praticar o ato e não ele mesmo. Vou explicar isso.

Se comparece a uma gira para fazer uma doação esperando receber posteriormente ou esperando determinados resultados, mesmo que seja que quem está doando receba o que é doado, praticará a ação, mas para você, espiritualmente falando, isso não valerá de nada. Isso porque o ato que praticou foi feito com uma intenção individual e não para serviço ao próximo.

Agora, digamos que vá ao centro, pratique seu ato, faça a sua doação sem esperar nada em troca, sem querer nada, fazer simplesmente por fazer, isso é um ato espiritual que nos auxilia no merecimento no sentido da aproximação de Deus.

Pelo que pode se observar do que acabei de dizer, fica bem claro, então, que não podemos nos prender apenas aos atos que são feitos, ou seja, sentir-se melhor do que outro por fazer essa ou aquela ação. Dizer que é melhor porque vai à igreja ou porque frequenta e trabalha num centro espírita. Não, de nada adianta essas frequências, se ainda se busca para si mesmo, se ainda se espera conquistas individuais.

Só quando você vai a algum lugar sem intenção individualista alguma, ou seja, dentro do sentido estrito da doação ao próximo, aí pode receber alguma coisa, espiritualmente falando.

Participante: e o outro que está recebendo pode fazer com a doação?

Muita coisa ou nada; vai depender de cada um. Vou tentar explicar isso ...

A escolha sentimental, que é a única ação espiritual que vocês fazem, é sugestionada pela quantidade de determinado sentimento que cada ser possua. Vou dar um exemplo para isso ficar mais claro. Digamos que um ser tenha muita raiva dentro de si. Por este motivo ele tem a propensão de escolher raiva face a alguns acontecimentos do mundo humano.

Só que todos os seres universais possuem o livre arbítrio: podem escolher o sentimento que quiserem. Ao fazer esta escolha, não optam obrigatoriamente por aquele que possuem em maior quantidade. Por exemplo: um espírito pode ter dentro de si noventa e nove por cento de amor e apenas um por cento de outros sentimentos e, se quiser, escolher esse um por cento. Fazendo isso, nada pode mudar esta escolha.

Quando se doa amor para essa pessoa, aumenta-se a quantidade dele dentro do outro, o que poderá facilitar a escolha desse sentimento. Agora, se o ser que receber a sua doação não quiser usar o amor, nada pode obriga-lo a isso.

Por isso disse que quem está recebendo a doação pode ou não fazer alguma coisa com ela. Você doa, mas se ele não quiser usar, de nada valerá o que foi recebido.

De tudo isso tira-se mais uma conclusão: o trabalho de doação deve ser o de dar sem esperar, inclusive, que o outro use o que recebeu. O seu trabalho deve ser feito no sentido de elevar o amor que exista dentro do outro para que haja um equilíbrio de forças que leve aquele ser a aumentar a probabilidade de escolher amor. Só que há mais um detalhe que quero abordar a esse respeito.

Quando um ser escolhe uma emoção, ele mesmo se auto energiza com ela. Cada vez que o ser gasta um sentimento, recupera do universo o mesmo. Digamos que um ser ame durante um acontecimento da vida humana. No momento que estiver amando, estará recebendo mais desta energia do universo.

Portanto, quando você ajuda o próximo dando mais amor, está ampliando a chance dele amar. Com isso, está aumentando a chance dele posteriormente se auto energizar com mais amor. Mas, de qualquer maneira, tudo depende dele, do seu livre arbítrio sentimental.

Participante: então é válido continuar fazendo esta prática? Digo isso porque este ano não participei da gira. Devo ir mais vezes lá?

Não, não deve ir: simplesmente vá. Vá, mas sem obrigação alguma.

Não vá por obrigação, mas por amor. Vá para auxiliar o próximo e não para fazer o trabalho. Estou falando de coisas diferentes e a diferença entre elas está vinculada a questão da intencionalidade que falei. Portanto, apenas vá.

Agora, se este trabalho é válido ou não, eu lhe digo que os seres fora da carne não fazem outra coisa a não ser tentar energizar vocês. Não fazem mais nada do que tentar equilibrá-los, através da energização constante. Fazem isso sem interferir no livre arbítrio de vocês: deixam escolher o sentimento que querem.

Então, se essa é a ação do espírito fora da carne, também deve ser a sua. Aliás, não deveria ser outra. Agora, repito: só não faça por obrigação ou esperando ganhar alguma coisa. Faça por amor.

No passado esse segredo não foi mostrado à humanidade, mas agora Deus o revelou pelo seu Espírito aos seus santos apóstolos e profetas. O segredo é este: por meio do evangelho os não judeus têm parte com os judeus nas bênçãos divinas. Eles são membros do mesmo corpo e participam da promessa que Deus fez por meio de Cristo Jesus. (Capítulo 3 – versículos 5 e 6)

Através do evangelho ... O que é o evangelho? O acordo de Deus com a humanidade através de Cristo.

Se você seguir o que Cristo fez receberá o que ele recebeu. Este é o significado do acordo de Deus.

Agora, este acordo não é específico para um povo nem uma raça, mas para toda a humanidade. Portanto, todos os seres encarnados fazem parte do acordo de Deus com os seus filhos, os espíritos.

Aliás, Deus vive fazendo acordo com os espíritos. Fez através de Noé, de Abraão, de cristo, de Buda, de Krishna e de todos os mestres.

Eu fui colocado como servo do evangelho, pelo dom especial de Deus, que Ele me deu por meio do seu grande poder. Eu sou o menor de todos que pertencem a Deus. Porém Deus me deu este privilégio de anunciar aos não judeus a Boa notícia das imensas riquezas de Cristo. E também me deu o privilégio de fazer que todos vejam como funciona o plano secreto de Deus. (Capítulo 3 – versículo 7 a 9)

Qual a riqueza de Cristo que Paulo mostra a todos? Os ensinamentos. A riqueza de Cristo é a sua vida, o conjunto dos seus ensinamentos.

Agora, qual o plano secreto de Deus para o espírito? A vida carnal, a encarnação. Esse é o plano secreto de Deus para cada um dos seus filhos.

Participante: seria o livro da vida?

Acho que não, porque o livro da vida é uma decorrência da existência da encarnação. O plano secreto de Deus é a própria encarnação e não o que ela contém.

É secreto para aqueles que estão encarnados, porque imaginam que a encarnação é uma vida, mas como já vimos, ela é uma ilusão. O ser vive num mundo ilusório onde ocorrem acontecimentos ilusórios, onde acha diversas coisas, mas nada do que vê, pega, ouve, toca ou sente é real.

Tudo é ilusão: faz parte do plano de Deus. Ou melhor: faz parte do programa de computador que Deus criou para os espíritos viverem essa ilusão.

Porque ele, que criou tudo, guardou o seu segredo em todos os tempos. E foi assim para que agora, por meio da Igreja, as autoridades e os poderes angélicos do mundo celestial conheçam a sabedoria de Deus em todas as suas formas. (Capítulo 3 – versículos 9 e 10)

Paulo fala assim porque há espíritos fora da carne que acham que a vida material é uma vida, que as coisas daqui são reais. Por isso o apóstolo está falando que esse segredo foi mostrado também aos angélicos, ou seja aos espíritos fora da carne.

A revelação de Cristo é exatamente essa: tudo neste mundo é ilusão. Por causa disso, pode viver com amor, com felicidade, se compreender que tudo que busca para si mesmo é uma ilusão, não existe.

Deus fez isso de acordo com o seu eterno propósito, que ele contemplou por meio de Cristo Jesus, o nosso Senhor. (Capítulo 3 – versículo 11)

Qual o eterno propósito de Deus? Para que Deus vive?

Participante: para criar espíritos.

Não. Ele não vive apenas para gerar espíritos. Ele não é um Pai desnaturado que apenas gera e depois deixa o rebento se virar sozinho.

Qual o propósito de Deus?

Participante: que o ser ame o tempo inteiro.

Não, Deus não está preocupado com o amor por ele mesmo. Por isso o propósito Dele não é o amor em si mesmo.

Participante: o trabalho de reforma íntima de cada ser.

Nem isso é o propósito de Deus.

O que Ele objetiva é que o universo esteja em perfeita harmonia o tempo inteiro e que cada um dos seus filhos evolua e viva harmonicamente. Este é o propósito de Deus.

Ele criou o universo, todas as galáxias, todos os planetas e todas as vidas do universo com o sentido único de estabelecer um sistema equilibrado onde cada espírito, por uso do seu livre arbítrio, opte em conviver harmonicamente com o outro e que tenha a paz e a felicidade. Esse é o objetivo de Deus. É para isso que Ele vive. É isso que faz o tempo inteiro.

É por isso que Ele gera espíritos. É por isso que Ele é a Causa Primária das coisas, pois se não fosse, não haveria equilíbrio.

Esse é o propósito de Deus e quando vivemos dentro da nossa individualidade, dentro do nosso individualismo acusando erros no universo, estamos afirmando que não é este o propósito de Deus. Dizemos que o universo é o caos, que é uma bagunça. Só que se as coisas deste mundo é uma bagunça e se o Pai só existe para manter a harmonia, teria que pensar que Ele perdeu o comando das coisas deste planeta.

Só que isso não é verdade. Como já estudamos anteriormente, um ato praticado aqui, se não comandado por uma Causa Primária, causaria reflexos até em Plutão. Por isso não podemos imaginar que Ele tenha perdido o controle, deixado de ser a Causa Primária das coisas, das coisas deste planeta, pois se assim fosse, Ele teria perdido o controle de o universo. Se isso acontecesse, o universo estaria desequilibrado e por isso s desintegraria.

Como o universo está equilibrado, todos os planetas estão no lugar certo nem há guerra interplanetária, começamos a compreender que Deus está no comando. Se isso é real, não há nada errado.

É só raciocinar além da vida material que compreendemos o que Paulo está nos ensinando. O problema é que vocês vivem só no micro.

Hoje aqui, por exemplo existem pessoas de três cidades diferentes. Cada grupo vive apenas o seu próprio local de residência, a cidade onde mora, ou seja, pouco conhece da totalidade do mundo, mas mesmo assim nenhum de vocês abre mão de dizer que conhecem o mundo inteiro, que sabem como as coisas podem ser certas ou erradas.

Como podem dizer que conhecem todas as coisas, se raramente deixaram suas cidades? Apesar disso acham que conhecem, acham que sabem quais as coisas são certas neste mundo e que por isso todos têm que se submete; acham que conhecem o que cada um deve fazer em cada caso; acham que sabem quando o outro está agindo errado. O que estou querendo dizer é que apesar de conhecerem apenas um mundo micro, vocês se acham capazes de gerar a norma que determine o que todos os outros seres do mundo devem fazer, ou seja, o certo.

Só que vocês não conhecem o mundo inteiro, nem irão conhecer. Como, então, querem ser o gerador das normas que determinam o certo e o errado, o bom e o mal, o bonito e o feio?

Entendam que não conhecem e nem jamais saberão o que se passa pelo mundo. Por isso, não dá para que vocês tenham uma visão global das coisas. Na verdade, não conseguem saber o que está acontecendo no quarto ao lado, que dirá imaginarem-se com o poder de determinar o que pode ou não ser feito, o que é bonito ou não.

É isso que o ser humanizado precisa cair na realidade. Ele precisa se conscientizar da sua incompetência de governar o mundo. Afirmo isso porque na hora que conseguir vivenciar esta consciência, o ser pode se mudar. Mas, enquanto se imaginar competente para governar o mundo, para ditar as normas de certo e errado, o ser irá querer governa-lo, porque este anseio é inerente ao ser ligado à humanidade.

Isso ficou claro?

E unidos com Cristo, por meio da nossa fé nele, nós temos a liberdade de entrar com toda confiança na presença de Deus. Portanto, não se desanimem por eu estar sofrendo por vocês, pois tudo isso que está acontecendo é honra para vocês. (Capítulo 3 – versículos 12 e 13)

Unidos em Cristo, podemos chegar a Deus.

Unir-se com Cristo não é usar crucifixo no pescoço, não é ir para a igreja rezar, não é fazer novena. Unir-se em Cristo é viver com a consciência crística, viver com os mesmos valores que o mestre viveu a sua vida carnal.