Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

Unidos em Cristo

Vocês não são judeus e por isso são chamados de incircuncidados pelo judeus, que chamam a sai mesmos de circuncidados. (Capítulo 2 – versículo 11)

Só relembrando o valor dos termos. Os circuncidados eram o povo de Deus e os incircuncidados não eram considerados como povo de Deus, como filho de Deus.

É sobre esta ótica que Paulo está falando Só porque um ser não tinha esta marca no corpo, ele jamais poderia entrar no reino do céu. Este era o pensamento dos judeus.

Não importava onde o ser humano tinha nascido, de que família tinha nascido, se colocasse essa marca no corpo, seria considerado do povo de Deus pelos judeus de então.

Isso se refere ao que os homens fazem nos seus corpos. Lembrem-se do que vocês eram no passado. Naquele tempo vocês estavam separados de Cristo. Eram estrangeiros e não pertenciam ao povo escolhido de Deus. Não tomavam parte nos seus acordos, que eram baseados na promessa de Deus ao seu povo. Era sem esperança e sem Deus que vocês viviam nesse mundo.

Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram trazidos para perto dele, pela morte de Cristo na cruz. (Capítulo 2 – versículo 11 a 13)

Então veja, não é uma marca no corpo que vai determinar se você é do povo de Deus ou não, mas a forma como vive essa vida. O que determina é como se une ao Cristo, ou seja, o quanto busca a vivência espiritual como o mestre buscou. Neste momento se transforma em um elemento do povo de Deus.

Não é preciso outra marca qualquer. Não é preciso ter aparência externa alguma para poder ser considerado filho de Deus, mas sim ter a aparência interna de filho de Deus.

É o mesmo que Cristo ensina no Evangelho de Tomé: é preciso que você se reconheça como filho de Deus para que Ele o reconheça como tal.

Pois o próprio Cristo nos trouxe a paz, fazendo dos judeus e dos não judeus um só povo. Por meio do sacrifício do seu corpo, ele desfez a inimizade que os separava como se fosse um muro. Ele aboliu a lei dos judeus, os seus mandamentos e regulamentos e dos dois povos formou um só povo, novo e unido com ele. (Capítulo 2 – 14 e 15)

Repare: Paulo diz que Cristo aboliu as leis dos judeus e os seus mandamentos. Como ele pode falar isso se até hoje esta lei e mandamentos estão presentes no cristianismo?

O cristão não segue os dez mandamentos? Como, então, o apóstolo de Cristo diz que os mandamentos foram abolidos pelo mestre? É interessante Paulo falar isso, não?

Cristo aboliu a lei judaica no tocante a tudo que é externo. No tocante a haver necessidade de ter uma casa de oração, a haver necessidade de coisas materiais que identifiquem o ser como cristão ou não, a viver desta ou daquela forma. Ele acabou com todas estas leis.

Aliás, eu já tinha dito há muito tempo: Cristo foi crucificado porque quebrou todas as leis mosaicas. O rabino, o mestre dos judeus, vivia vestido de ouro, Cristo vivia vestido de trapos; o rabino guardava fervorosamente os sábados, Cristo alimentou-se, pregou e fez milagres neste dia.

É isso que precisamos compreender. Não adianta se querer pegar a lei mosaica e coloca-la como regra para ser cristão. Isso porque cristão não será os que seguirem os mandamentos de Moisés, mas sim aqueles que amarem a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmos.

Ficou claro isso? É preciso que sim porque é fundamental. Digo isso porque mesmo nós que aqui estudamos os ensinamentos de Paulo ainda buscamos leis para viver. Ainda buscamos o certo e abominamos o errado.

Estas leis não existem para os que se unem a Cristo. O mestre ofereceu seu corpo e a si mesmo em sacrifício para acabar com todas as leis. Porque, então, devemos continuar presos a elas?

Aliás eu já disse: se Cristo fosse seguir a lei, teria que sentar no trono mais alto e exigir ser servido. Teria que exigir que todo povo fizesse a sua vontade. Só que ele viveu exatamente ao contrário. Andou descalço pregando e sempre fez a vontade do povo, mesmo quando lhe pediram a sua crucificação.

Ser Cristão é viver no amor, é viver na solidariedade real. É viver em perfeita harmonia servindo ao próximo, Isso é ser cristão. Todo o resto que se impõe que seja realizado externamente é para ser católico, evangélico ou qualquer coisa, menos cristão.

Participante: pelo que parece, ouvindo os diversos pastores das diversas igrejas, dá a impressão que para cada igreja existe um céu, um deus, um paraíso diferente, particular para cada uma.

Exatamente. Você está perfeito.

Mas, não se restrinja apenas aos pastores. Ouça os médiuns espíritas que verá que a sua lógica é real. Ouvindo os mestre do hinduísmo e do budismo também encontrará o que falou. Na verdade, cada homem de uma religião faz um deus e um céu de acordo com a vontade do seu povo. Vou dar um exemplo.

O céu islâmico, por exemplo, é uma tenda onde aquele que morrer encontrará virgens nos eu harém. O céu católico é um pomar, é o paraíso. O céu espírita é a cidade espiritual onde a busca do saber é consagrada.

Cada um criou esse céu ao seu bel prazer, porque nenhum mestre ensinou estas figuras. Não existem estas alegorias, por exemplo, no ensinamento de Kardec. Isso foi criado depois, para satisfazer aquelas pessoas.

É a religião à serviço da humanidade, enquanto deveria estar à serviço de Deus. Deveria aplicar os ensinamentos na sua íntegra e na intenção deles. Falo isso porque esta é a grande diferença. As religiões aplicam os ensinamentos com a intenção contrária com que foram ditadas.

Todo ensinamento do Cristo, por exemplo, foi ditado com a intenção de que você se mude nesta vida e entre numa nova vida. No entanto, a igreja católica ou evangélica faz ao contrário. Diz: permaneça como está, mas frequente nossos cultos que garanto que a sua vida material muda.

Não muda, porque a vida material não pode ser alterada depois que o espírito encarna. Isso Kardec ensinou...

Portanto, sim, você está perfeito na sua observação. Não dá a impressão que isso acontece, mas isso é a realidade: cada religião foi adaptada para o interesse de um povo, daquele que frequenta aquela religião e aquela igreja.

Apesar de dizer isso, deixe-me falar algo: não estou culpando ninguém. Aqueles que fizeram a religião desta forma não foram culpados de nada. Eles são instrumentos de carma.

Esta forma de proceder é prova para ver se você está buscando a Deus, ou se diz que O está buscando, mas está esperando ser servido pelo Pai.

Participante: mas, isso acontece porque é do interesse do povo ou das pessoas que dirigem essas religiões?

Juntou a fome com a vontade de comer.

Eu fiz um trabalho recente dentro de um centro de umbanda. Lá disse bem claro: a entidade que vem aqui para satisfazer a vontade dos seres humanos não está falando em nome de Deus.

Aquela entidade que promete trazer o marido de volta, arrumar emprego, curar, não fala em nome de Deus. A entidade precisa ser positiva: alentar, mas nunca prometer mudar os acontecimentos da vida para satisfazer os anseios humanos do ser.

Só que na hora que isso acontecer, ou seja, na hora que as entidades pararem de prometer resolver os problemas da vida do ser humano, não haverá mais frequência no centro. Na hora que a igreja católica se mudar e passar a usar os ensinamentos de Cristo dentro do mesmo objetivo que ele transmitiu, ou seja, ir lá nos invasores de terra e dizer que eles não podem invadir terras, mas que devem aceitar o governo, os sem-terra não vão mais à igreja. Portanto, é interesse dos dois: da religião em manter o seu fiel e do fiel que quer a ilusão de que ele pode conquistar o reino do céu na Terra.

Então, sim, é dos dois. Os dois se iludem. Até porque, todos os dois são seres humanos.

Apesar de conscientizar-se do que estou falando, lembre-se: não adianta culpar ninguém. ‘Ah, o bispo, o padre, o papa são culpados de alguma coisa’. Não, eles são apenas instrumentos do carma dos outros.

Você, ao compreender isso, não deve se enveredar pelo caminho da culpa, mas sim extrapolar as verdades deles e auxiliar o próximo. Agora, se ficar apenas criticando os professores da lei não adianta nada.

E assim fez a paz. Pela sua morte na cruz, Cristo destruiu o ódio. Por meio da cruz, ele uniu judeus e não judeus em um só corpo e os trouxe de volta para Deus. Assim Cristo veio e anunciou a todos a boa notícia de paz, tanto a vocês, os não judeus, que estavam longe de Deus, como aos judeus, que estavam perto dele. (Capítulo 2 – versículos 16 e 17)

Vamos entender isso: através da sua crucificação Cristo trouxe a paz. Vamos pensar nesta afirmação?

A que paz Paulo está se referindo? Que união é essa? Cristo foi morto pelos não judeus e o próprio Paulo, no início, matou os judeus que seguiam Cristo. Portanto, que paz é essa, que harmonia é essa que Cristo pode ter nos trazido através da sua crucificação?

Se você for se apegar a fatos, a crucificação de Jesus Cristo é o início de uma guerra entre os não judeus, os romanos, que crucificaram um judeu, o próprio Jesus Cristo. Mas, a forma como Jesus Cristo passou pela sua crucificação é o anúncio da paz.

Ele extinguiu o ódio; a sua crucificação extinguiu o ódio. Isso quer dizer que Jesus Cristo não teve ódio daqueles que o crucificou. A sua crucificação harmonizou o mundo, ou seja, ele estava em harmonia com o mundo, mesmo quando este se tornou ser crucificado.

Pensando desse jeito, pergunto: onde está a paixão de Cristo como vocês conhecem? Onde está o sofrimento na cruz? Se Cristo sofresse no momento da crucificação, ou seja, tivesse se sentindo ferido ou magoado, não poderia, com a sua crucificação, ter implantado a paz, mas teria gerado uma guerra.

Essa é a prova maior que traz alguém que nem viu Cristo na cruz do fato de que ele não pode ter subido ao seu calvário em desarmonia com Deus. Sem estar em felicidade. Só assim ele pode trazer a paz.

E esse é o nosso caminho. A harmonia com o outro, mesmo quando a situação é contrária ao que você quer, é o instrumento que cria a paz. Isso é que traz a elevação espiritual.

Só quando você receber uma bofetada e não guardar mágoa ou rancor desta pessoa poderá encontrar a paz.

Participante: é a paz de espírito ...

Sim, é a paz de espírito, o estado de espírito de paz, cuja definição nós já demos: ele existe quando você não tem armas para atacar o próximo. Quando não tem verdades ou sensibilidades feridas, não está magoado com ninguém.

É esta a mensagem de Paulo embutida nestas poucas linhas que vocês não perceberiam se fossem ler sozinhos esta carta. Por isso estamos lendo atentamente e buscando compreender tudo o que Paulo ensina. A crucificação de Cristo só pode trazer paz e harmonia se ela foi vivenciada em paz e harmonia.

Participante: isso é impossível...

Será impossível o quanto você ache impossível. Será tão difícil quanto você achar que é.

Eu já disse aqui: é tão possível que muitos já realizaram. É só buscarmos nas lembranças os santos de verdade, não os que tiveram sua santidade comprada.

Mais um coisa: a prova de que é possível para você pode ser obtida apenas observando o fato de que você está encarnada. Ou seja, se você está vivendo esta vida é porque você e Deus acharam que tinha condição de executar.

Agora, entre achar que pode lá em cima e fazer aqui, tem uma diferença: aquilo que você acreditar. Se acreditar que é impossível, será impossível fazer.

Participante: a carne é propensa a vingança ...

Não. Não é a carne: é a humanidade do ser ...

Participante: é isso que quero dizer: é o fato de estarmos humanos.

Sim, enquanto for ser humano terá que vingar-se. Acontece que você nasceu justamente para vencer sua humanidade. Por isso, ao invés de usá-la como justificativa, busque vencê-la.

Lembre-se do Cristo ensinou: eu não vim trazer a paz, mas a espada. Cristo não veio para comandar sua vingança, trazer a paz para você, mas sim para trazer uma espada para que lute contra si mesmo. Portanto, é possível sim, desde que lute contra você e deixe de lutar contra o mundo.

Apesar de já lhe ter respondido, deixe-me dizer mais uma coisa: é por causa do seu pensamento que as igrejas estão cheias. Já que os seres imaginam que é impossível se vencer a humanidade, eles se entregam à busca dos prazeres mundanos e usam a religião como instrumento para pressionar a Deus a satisfazer os seus anseios mundanos.

Presos nesta busca, quando depois da visita à igreja acontece o que eles querem, se iludem e acham porque foram contemplados com seus anseios, estão mais puros, estão se elevando. Por isso, continuam apenas indo a missa e não buscando tornar-se um Cristo para poder aproximar-se de Deus.

Foi o que respondi agora a pouco sobre as religiões. Se toda fonte de luz ensinasse a realidade dos ensinamentos, a necessidade da luta conta si mesmo seria mais real. Mas, como elas ensinam a ilusão, vocês acreditaram que só podem realizar a ilusão.

Trata-se de condicionamento mental. Condicionando-se mentalmente a buscar sempre a vida em harmonia com o que acontece, buscará. Agora, condicionando-se, ou seja, acreditando que precisa reagir, reagirá.

Participante: mas, Jesus chorou na cruz. Ele ficou triste. Ele foi humilhado e desprezado. Eu sei que ele sabia que passaria por tudo isso, mas ficou triste por tudo que aconteceu. Será que essa paz de espírito não é um modo de simbolizar que é possível cumprir nossa missão com todas as adversidades?

Você está falando de duas coisas diferentes.

Primeiro: o choro e a tristeza de Jesus. Para lhe responder esta questão, pergunto: será que ele ficou triste? Você estava lá? Você viu este momento? Não. Posso lhe dizer que ele não ficou triste.

Você afirma também que Jesus chorou na cruz. Isso não aconteceu. Isso são visões materiais.

O ser humano acha que porque se estivesse no lugar de Jesus naquele momento choraria. Por isso escreve que ele chorou. Por imaginar que se ele estivesse no lugar de Jesus na cruz sofreria, o ser humano afirma que Jesus sofreu. Mas, nem uma coisa nem outra aconteceu.

Até porque, se levarmos em conta o evangelho de Bartolomeu, logo depois da crucificação Jesus desceu ao inferno e foi trabalhar. Ele nem teve tempo de ficar triste.

A grande verdade é que se você reparar em toda a missão Jesus Cristo, ele nunca ficou triste. Nunca parou para lamentar-se durante a sua missão. Falava uma coisa, se ninguém entendia o que estava fazendo ou dizendo, não perdia tempo lamentando-se: partia logo para nova missão. Nunca perdia tempo para lamentar-se porque falava ou mostrava coisas que as pessoas não entendiam.

Participante: a não ser quando pede ao Pai que afaste o cálice ou quando pergunta porque me abandonastes ...

Sim, esses acontecimentos ocorreram, mas que foram vividos sem tristezas. O que existe é uma constatação: ‘Pai, afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade’.

Voltando à sua pergunta original, no final dela você fala algo interessante: ‘será que esta paz de espírito não é um modo de simbolizar que podemos cumprir nossa missão com todas as adversidades’? Sim, o estado de espírito de Cristo na hora da crucificação simboliza o que você precisa vivenciar quando tiver adversidades.

Deixe-me só lembrar: quem está sofrendo não vai se preocupar em responder ao marginal que está ao lado dele e dizer que ainda hoje ele estará no reino do céu, como Cristo fez. Isso é uma coisa que estava na missão Cristo, mas pode não estar na sua. Portanto, não se preocupe com as ações, mas com o estado de espírito que Cristo viveu.

Preocupe-se com a tranquilidade, com a harmonia, com o não sofrimento que o Cristo viveu, pois ele simboliza o que você tem que realizar na hora das suas crucificações.

Participante: desde pequeno na escola nunca me preocupei com o que os padres falavam, mas sim com meus sentimentos. Estudei onze anos numa escola marista, onde usava batina e tudo...

Pobre coitado. Eu não queria estudar lá nem um dia. Não porque seja ruim, mas porque ali não se forma seres espirituais, mas se condiciona o pensamento para ser dirigido pela santa madre igreja.

Participante: mas, já que nada acontece por acaso, isso não faz parte do carma?

Claro que sim. Estou dizendo que não queria, mas se tiver que ir, eu vou. ‘Pai afasta de mim este cálice, mas se não for possível que seja feita a vossa vontade’.

Por isso digo que você não deve ficar agora acusando os padres de nada, pois foi o seu carma.

Participante: voltando ao caso de Jesus, acho que ele veio preparado para esta vivência que o senhor falou.

Claro, mas você também veio. Se está na carne, é porque está preparada para isso.

Veja, se acredita que não veio preparada, você está me dizendo: ‘eu estava muito faceira no céu e alguém me deu um chute e me jogou na carne’. Isso é mentira. Você estava preparada para viver isso e por isso pediu a encarnação. E por estar preparada entrou numa fila esperando a sua hora de encarnação.

Sim, Jesus Cristo estava preparado para a vida dele, mas você está preparada para a sua. Lembre-se: Deus não dá a cruz mais pesada que você possa carregar.

Participante: condicionamento mental puro, eu acho impossível o ser humano conseguir ...

Isso já é um condicionamento mental.

Participante: achar que não consegue?

Dizer que é impossível o ser humano conseguir.

Deixe-me relembrar algo. Chico Xavier foi um ser humano e conseguiu. Madre Teresa de Calcutá foi ser humano e conseguiu. Francisco de Assis foi ser humano e também conseguiu.

Aí você, por estar condicionada, me dirá: esses foram elevados ... Não, esses se elevaram. É o que já me perguntaram anteriormente: Chico Xavier ou Madre Teresa vieram preparados para conseguir? Eu respondi, sim, mas você também.

Agora, se declararmos que somos meros seres humanos e que eles são elevados, sem entender que eles se elevaram nessa encarnação, estaremos simplesmente mistificando o mundo espiritual. Todos que vêm à carne estão preparados para atingir a sua perfeição. Para atingir aquilo que se propuseram alcançar antes da vida carnal.

Se você está tendo a oportunidade de entrar em contato com este tipo de ensinamento é porque estava preparada antes da encarnação para ele. Se não estivesse, jamais estaria aqui. Estaria na igreja católica ou na evangélica, porque estava preparada para aquilo e não para isso.

Participante: até acho possível nos condicionarmos mentalmente, mas só em conjunto com o trabalho espiritual e emocional.

Participante: Chico Xavier conseguiu junto com a espiritualidade e não através de um condicionamento mental puro.

Sim, Chico Xavier conseguiu junto com a espiritualidade, mas eu lhe pergunto: quem está do lado dele que não está ao seu lado?

Todos nós temos nossos guardiões. Temos nossos mentores, nossos mestres e anjos da guarda, mas não os buscamos. Viramos de costas para eles lutando para que nesta vida aconteça o que queremos, para que os outros sejam aquilo que desejamos que sejam, para que nossas verdades prevaleçam sobre a dos outros.

Então, veja, tudo que vocês alegarem será inútil, pois Deus seria injusto se desse a Chico Xavier alguma condição a mais que não dá a vocês. O que vocês, como humanos que são, estão fazendo, é justificar a prisão aos conceitos. Estamos justificando a nossa omissão, a indolência espiritual.

Tudo que vocês falaram são justificativas, pois a verdade é que o universo é igual para todos, pois Deus não pode dar mais a um do que a outro. Portanto, se Chico Xavier fez, isso aconteceu porque ele fez. Ele fez com a ajuda dos espíritos? Sim, pois sem a ajuda dos espíritos vocês não conseguem nada. Mas, isso não foi privilégio dele, pois vocês também têm esta ajuda à disposição para fazerem.

Participante: estou colocando o condicionamento mental junto com outras coisas: espírito, evolução, etc. O que o senhor acha?

Nós estamos debatendo sobre um condicionamento mental, mas na verdade o que teríamos que criar era um condicionamento sentimental, ou seja, você se condicionar a usar apenas o amor. Mas, infelizmente, o sentimento para vocês é algo inconsciente. Vocês não sabem o que é o amor, não sabem amar.

Portanto, como o pensamento, raciocínio, é uma decorrência do sentimento, na hora que você condiciona o pensamento estará conseguindo condicionar o sentimento. Por isso, quando falo em condicionar a mente, estou falando em condicionar o pensamento para que ele reflita um sentimento condicionado, o sentimento de amor puro.

Participante: não consigo separar a mente do espírito e da emoção.

Mas, isso não se separa. Mente e espírito, para vocês, são a mesma coisa. Sentimento é a ação do espírito, por isso é o reconhecimento do que o espírito está vivendo.

Você não consegue separar estas coisas, porque elas, no nível de vocês, são inseparáveis.

Participante: mas, você consegue identificar a ação do ego?

Nem sempre. Na maioria das vezes é identificável, mas você não consegue identificar. Porque? Porque você pensa que é o ego.

Então, quando falo em condicionamento da mente, estou falando em condicionamento para lutar contra a ação do ego. O ego diz eu quero e você diz não preciso. O ego diz que gostaria, você diz: não é necessário. É isso que estou querendo dizer.

Este é o trabalho da evolução espiritual: libertar-se do ego. Para isso é preciso condicionar-se a combater o ego, a ação intencional.

É por meio de Cristo que todos nós, judeus e não judeus, podemos ir, em um só Espírito, até a presença do Pai.

Portanto, vocês, os não judeus, não são mais estrangeiros nem estranhos. Agora vocês são cidadãos que pertencem ao povo de Deus e são membros da família dele. Vocês são como um edifício e estão colocados sobre o alicerce que os apóstolos e os profetas puseram. E o próprio Cristo Jesus é a pedra fundamental desse edifício. É ele quem mantém o edifício todo bem ajustado e o faz crescer como templo dedicado ao Senhor. Assim também vocês, unidos com Cristo, são construídos, junto com os outros, para se tornarem uma casa onde Deus vive por meio do seu Espírito. (Capítulo 2 – versículos 18 a 22)

Reparem no que Paulo fala: são construídos.

Vocês não se constroem, são construídos por Deus. Ou seja, o que vocês chamam de destino é algo tecido passo a passo no sentido da construção do edifício da elevação espiritual.

Cada momento da sua existência é um tijolinho criado por Deus para que se construa a sua casa na terra do Senhor. Mas, não é você que manuseia o tijolo, mas sim Deus. Não é você quem cria a situação, é Deus quem faz isso. Por isso não se pode dizer que é o outro que age, mas sim que o Senhor utiliza o outro como instrumento da ação.

A você cabe apenas assentá-lo ou não. Como se faz isso? Quem vive cada momento da sua vida em comunhão com o Pai, vive cada momento da existência com paz, amor e felicidade, como Cristo ensinou, assenta o tijolo. Quando vivencia o momento no egoísmo, querendo o prazer, a satisfação de ver suas posses, paixões e desejos contentados, joga fora o tijolo feito por Deus.

É isso que Paulo está nos ensinando quando fala que a sua casa espiritual é construída e não que é feita por você.