Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

A vida dos filhos de Deus

Vocês são filhos queridos de Deus e por isso precisam ser como ele. Que as suas vidas sejam dominadas pelo amor, assim como Cristo nos amou e deu a sua vida por nós, como oferta de perfume agradável e como sacrifício que agrada a Deus. (Capítulo 5 – versículo 1 a 2)

Vamos falar sobre duas coisas deste trecho. Primeira: vocês devem ser como Deus. Para falar disso, devemos nos ater a explicação de Paulo sobre o que é agir como Deus: viver só com o amor. É a partir destas duas afirmações que quero fazer um comentário.

No planeta Terra hoje, os ditos espiritualistas e espíritas, estão concentrados em buscar conhecer a Deus, em querer saber quem é Deus, mas a estrutura do Senhor é algo que não é concebível a nós, espíritos em evolução. Por isso, a única coisa que podemos conceber é que Deus é o Amor Sublime.

Qual a diferença entre um amor qualquer e o Sublime? O amor Sublime é aquele que não mede esforços para realmente ajudar o próximo, mesmo que no amor acabe ferindo vontades e desejos do próximo.

Esse é o Amor Sublime. Trata-se de um amor sublimado. Ele deveria ser o do pai, da mãe. É um Amor onde apenas se ama e não tem preocupação alguma em satisfazer aquele que é amado.

O amor comum é aquele onde o ser vive para satisfazer o outro, mesmo que isso não sirva para nada a ele. Tem gente que ama o outro fazendo as vontades dele. Desse jeito não ajuda ninguém. O amor verdadeiro, o de Deus, está acima disso.

Este é o primeiro comentário que faço sobre este trecho. Gostaria também de falar sobre o trecho onde Paulo fala da oferta de Cristo a Deus, da oferta perfumada e agradável do mestre.

Cristo na verdade ofereceu seus desejos, suas vontades a Deus, mas vocês, se hoje forem fazer a mesma coisa, sofrerão com este sacrifício. Neste caso, não estarão fazendo uma oferta perfumosa a Deus, mas sim flagelada.

A oferta perfumosa que Paulo fala se consiste no fato de Cristo ter abandonado todos os seus desejos individuais sem sofrer por causa disso. Ele entregou a sua vida a Deus sem sofrimento. Só que o ser humano não vive desse jeito. Ele busca a Deus através do sacrifício, da flagelação, ou seja, sofrendo por não ter. Isso não dá certo, porque Deus é o Amor e por isso não pode exultar-se com a dor.

O que estou querendo dizer é que Cristo fez o seu trabalho de elevação, passou por carências humanas, sem sofrer. Vocês, no entanto, fazem sacrifícios, abandonam as coisas materiais para poder chegarem a Deus, mas quando fazem isso mostram a falta que faz aquilo que abandonaram.

É a respeito dessa diferença de oferta que Paulo está nos alertando.

Já que vocês são povo de Deus, não está certo que a imoralidade, a indecência ou a avareza sejam nem mesmo assuntos de conversa entre vocês. Não usem palavras indecentes nem digam coisas tolas ou sujas, pois isso não convém a vocês. (Capítulo 5 – versículo 3 e 4)

Vamos comentar a fala de Paulo onde ele diz: ‘não está certo que a imoralidade, a indecência ou a avareza sejam nem mesmo assuntos de conversa entre vocês’.

A espiritualidade que traz mensagens a este mundo já chamou a atenção dos seres encarnados com relação as conversas sem propósitos. As brincadeirinhas sem graça, as maledicências embutidas nas conversas. Fazer comentários sobre pessoas, tanto elogiando como criticando, não leva a lugar nenhum. É pura perda de tempo.

A vida é curta para o tanto que o espírito precisa fazer. No entanto, perde tempo com coisas que não vão lhe levar a lugar algum. Só prendem cada vez mais na matéria.

Há textos de Emmanuel muito bonitos a respeito da palavra tola, frouxa. Buda também fala muito disso. Krishna fala do silêncio da mente para que a boca seja silenciada.

Quando se fala em buscar a Deus, é preciso criar alguns direcionamentos diferentes à vida. Quando se cria um novo direcionamento, há a necessidade de que se abandone o antigo. Entre os novos direcionamentos que lhes indico está o livrar-se das coisas supérfluas desta vida.

Oriento para que abandonem tudo que não é importante para a vida eterna, pois se ficarem apegados a esta coisa, não farão nada do que deve ser feito.

Participante: o senhor nos ensinou que Deus é que nos dá o pensamento de acordo com o que sentimos. Quando se fala destas conversas tolas que Paulo cita, como não conseguimos identificar o sentimento que está por trás, temos que começar, então, controlando estas palavras?

Isso, controlando o pensamento.

Quando o seu pensamento se fixar sobre o que acontecerá na novela hoje, por exemplo, lembre-se que isso não tem importância alguma na sua vida e liberte-se dele. Qual a importância da novela na sua vida?

Participante: então, não existe lazer?

O lazer para quem busca Deus é divino e não mundano.

O problema é que vocês se consideram humanos que estão tendo experiências espirituais. Por isso, guardam momentos para viver a divindade e vivem o resto do tempo humanamente falando. O momento de lazer é um destes.

Vocês vivenciam o lazer de uma forma humana, ou seja, sem amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo. Fazem assim porque acham que aquele é um momento onde devem descansar de tudo que sério, de tudo que tenha algo a ver com responsabilidade. Só que as provações de uma encarnação não cessam em momento algum. Como disse Cristo, os passarinhos têm seus ninhos, as raposas as suas tocas, mas o ser humano não tem onde descansar a cabeça. Por isso é preciso estar constantemente alerta para usar o amor que o mestre ensinou.

Só que quando falo assim, não estou me referindo a acontecimentos materiais. Vocês têm o direito de fazerem o que quiser, praticarem a ação que praticarem, seja nos momentos de lazer como nos de trabalho durante a vida humana. Podem beber, brincar, cantar, dançar, ver novelas, etc. Nada disso tem problema.

Como sempre falo, a questão está no mundo interno e não no externo. Vocês podem fazer o que quiserem, mas fazendo o que estão fazendo devem manter o seu mundo interno ligado neste amor. Aí é que surge o problema.

Como não estão ligados na questão espiritual, no divino, nos momentos de lazer tanto como nos outros, acabam deixando de amar. Se alguém quer passar os seus momentos de lazer assistindo futebol e vocês não gostam desta diversão, logo o criticam. Se vocês gosta do campo e o outro da praia, mais críticas. Se alguém quer ficar em casa relaxando e você quer sair, esta pessoa não sabe o que é bom, não é mesmo?

Este é o problema. Claro que vocês podem lazer, mas o fato é que acabam nestes momentos se dispersando e com isso deixando de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Ao contrário, digam palavras de gratidão a Deus. Estejam certos disto: nenhuma pessoa imoral, indecente ou cobiçosa (porque a cobiça é um tipo de idolatria) jamais receberá a sua parte no Reino de Cristo e de Deus. (Capítulo 5 – versículo 5)

‘A cobiça é um tipo de idolatria’. Idolatria a o que? Ao eu ...

A cobiça é idolatria a si mesmo. Você cobiça porque quer ter, não importa o que seja. Por isso é que cobiça é idolatria a si mesmo.

É isso que estamos dizendo há muito tempo: o falso ídolo que estão adorando nessa vida chama-se ‘eu’. Vivem na idolatria ao ‘eu’, porque tudo tem que ser o que ‘eu’ quero, ‘eu’ acho, ‘eu’ sei e ‘eu’ gosto. Só o que atende estes requisitos é considerado como certo ou perfeito por vocês. Por conta desta idolatria, o que os outros querem, acham e gostam está sempre errado. Isso é cobiça. Quem sabe o que é certo, cobiça a verdade, pois quer tê-la.

Não existe apenas cobiça por elementos materiais, objetos. Esta é outra coisa que precisaremos estudar muito ao longo dos tempos, pois existem sentimentos que vocês acham que são reprováveis apenas quando direcionados a objetos materiais, mas não. Quem cobiça não precisa necessariamente estar usando este sentimento com relação a objetos, mas a diversas coisas.

Pode ser que ele cobice ter a razão, ter a verdade, o poder. O ser humanizado pode cobiçar diversas coisas que não são representadas por objetos materiais.

Por isso, aquele que quer sempre estar certo e que os outros estão errados, é alguém que tem cobiça. Ele cobiça a verdade, a razão, o poder. Está fazendo isso por idolatria a si mesmo, ao ‘eu’, que imagina ser.

Por isso digo amar a Deus sobre todas as coisas é amá-Lo acima de tudo, inclusive de si mesmo.

Que ninguém engane vocês com as conversas tolas, pois é por causa dessas coisas que o castigo de Deus virá sobre os que não lhe obedecem. Portanto, não tenham nada com esse tipo de gente. Porque antigamente vocês mesmos viviam na escuridão, mas desde que se tornaram povo de Deus, estão na luz. Por isso vivam como gente que pertence a luz. Pois a luz produz uma grande colheita de toda espécie de bondade, honestidade e verdade. (Capítulo 5 – versículo 6 a 9)

O que é a luz? Porque quando se fala em espírito elevado se fala em ser de luz? Porque quando se fala em Deus, em universo espiritual se fala em luz? Porque isso?

A luz tem uma propriedade de iluminar o ambiente. Quando ele está iluminado você vê as coisas com mais clarezas. Portanto, quando se fala em espírito de luz, se fala em um ser que vê as coisas com mais clarezas do que outros.

Quando se fala na luz de Deus, está se falando da clareza com que o Senhor vê as coisas. Quando se fala na luz dos espíritos, se fala na clareza com qual eles veem as coisas. É isso que quer dizer ser de luz: é um ser que possui uma clareza, uma visão muito mais clara sobre as coisas do que aquele que não possui luz.

Este está na escuridão. Para ele as coisas não se distinguem facilmente.

Participante: antes de começarmos a estudar com você, já tínhamos feitos dívidas pelas coisas que queríamos, pelos nossos desejos materiais. Agora temos que pagá-las. Como encará-las?

Como uma dívida. O que se faz com uma dívida? Se quita. Pois bem, quite-as. Tudo tem seu preço no universo. Portanto, se comprou pague.

‘Ah, mas hoje estou apertado e não tenho como pagar’, você me diria. Está certo, mas um dia quis ter aquilo, não é verdade? Por isso deve pagar por aquilo

Só que há um detalhe nesta história: o tem que. Isso não existe. Quantas coisas são tomadas como obrigações por algumas pessoas e mesmo assim elas não conseguem fazer aquilo?

Na verdade, o que posso lhe dizer é que se pagar, pagou. Neste caso fique feliz porque pagou. Agora, se chegar no mês seguinte e acontecer um problema e você não puder pagar, fique feliz. Não sofra porque não pode pagar a prestação que fez.

Se por causa do seu atraso alguém vier lhe cobrar, permaneça feliz e em paz. Não julgue, não critique quem vem lhe cobrar, pois ele só está fazendo isso porque você não pagou o que tinha combinado.

Este é o processo: esteja feliz sempre. Quando comprar, quando pagar ou quando não puder fazer e for cobrado, mantenha sempre a sua paz, a harmonia com o mundo e a felicidade.

Só mais um detalhe: se não puder pagar o que comprou, não compre mais nada. O problema é que movido pelo desejar vocês saem procurando coisas para ter e como o dinheiro não dá para tudo acabam deixando de pagar o que já compraram. Neste momento você está deixando de amar, pois ainda está preso ao que quer, aos seus desejos.

Portanto, não preocupe-se em pagar suas contas, mas as pague no dia que vencer.

Participante: e seu eu não tiver o dinheiro?

Porque não tem: porque foi comprar outra coisa, atender seu desejo? Isso é egoísmo.

Não tem porque aconteceu um imprevisto? Então, não era para pagar aquela conta.

Procurem descobrir quais são as coisas que agradam ao Senhor. Não participem das coisas inúteis que os outros fazem e que pertencem à escuridão. (Capítulo 5 – versículos 10 e 11)

Quais são as coisas inúteis que pertencem a escuridão? Tudo que é humano, que satisfaz o seu ego. Tudo que satisfaz desejos, tudo pelo qual você tenha paixão, tudo que que possua: tudo isso são coisas humanas e por isso pertencem a escuridão.

Desejar uma casa, tê-la, gostar dela, tem alguma coisa de espiritual nisso?

Participante: depende do ponto de vista. Se eu chegar a comprar é porque era para isso.

Sim, concordo, mas não foi isso que perguntei. O que questionei é se desejar ter uma casa, gostar da que tem ou querer controlar o que acontece com ela é algo espiritual ou material? Não.

Participante: acho que é, porque pode fazer parte do carma, da prova do espírito.

Pode, não: é parte da prova do espírito. Tudo o que acontece é fruto da lei do carma, é provação para o ser. Portanto, relacionar-se com a casa com estas emoções faz parte do carma de um ser. Agora, viver o carma internamente, não é provação: é resposta.

Ter o pensamento que desejável ter a casa, é o carma. Desejar, ou seja, viver a ideia como certa, é a resposta à prova. Esta está em desacordo com o mundo universal, pois o ser quando liberto da influência das ideias materiais, ou seja, do egoísmo, não quer nada que não tenha.

O ser elevado, aquele que está em ligação com o universo, pode, quando encarnado, comprar uma casa, mas o faz sem a ânsia de possuir uma. Ele apenas constata que possui o dinheiro e compra a casa, ao invés de ficar acalentando por anos o sonho da casa própria.

O ser humanizado, aquele que está preso as ideias mundanas, se preocupa em ter uma casa própria. Acha que é certo e que deve fazer isso para poder deixar algo de bem para os filhos. Isso são ideias materiais, ideias que estão presas ao egoísmo, pois quem pensa assim, na verdade está querendo buscar a fama de ser um bom pai e não pensando no filho propriamente.

É isso que Paulo está se referindo. Ele está dizendo, por exemplo, que o verdadeiro cristão não deve se preocupar em comprar casa ou não. Fala que aquele que vive uma vida cristã não perde tempo se preocupando em comprar carro, pois sabe que se tiver que compra-lo, fará isso.

O ensinamento é neste sentido, a ação espiritual do ser é neste sentido. O espírito não se preocupa com ações externas. Elas, para ele, acontecem normalmente. Já o ser humano vive na preocupação com os acontecimentos. ‘O que vai acontecer amanhã? Será que amanhã eu terei trabalho? Será que amanhã conseguirei comprar um carro, uma casa, etc.? Será que amanhã conseguirei fazer isso ou aquilo’?

Tudo o que ser pensar com relação a acontecimentos de sua vida material, além de ser posse, é perda de tempo, o amanhã pertence a Deus. Como ensina Cristo, os humanos não têm como fazer um fio da cabeça deles ficar branco.

O amanhã será do jeito que Deus quiser. Por isso é perda de tempo ficar se preocupando com os acontecimentos de amanhã. Espiritualmente falando isso é uma total ignorância, pois ele já está traçado.

Além do mais, o amanhã é o resultado do hoje. Por isso, se neste momento você está preocupado com o amanhã, não tem nada hoje para poder gerar um amanhã para você, a não ser a preocupação com o futuro. Assim, de presente em presente, o ser humano vai vivendo preso ao amanhã e jamais vive o dia único que existe para viver: o agora.

É isso que Paulo está nos ensinando nesta carta. Nela ele nos fala da vida cristã, da vida daqueles que sabem que são espíritos. Estes devem se preocupar com a vida espiritual, com o seu futuro eterno. Eles não se preocupam com o seu futuro material nem com o dia a dia da sua existência material.

Ao invés de se preocupar com o que vai fazer amanhã, o que precisa realizar materialmente, aquele se sabe espírito preocupa-se com o merecimento que irá gerar para o amanhã. Por isso, ocupa-se como o momento de agora.

‘Vou prestar bem atenção em como estou vivendo hoje, para poder saber o que merecerei amanhã’. Este é o pensamento de quem vive uma vida cristã.

Participante: é difícil deixar de planejar a vida ...

Sim, mas porque isso acontece? Porque o ser humano não sabe abrir mão do suposto comando que possui das coisas.

Abrir mão do suposto comando é dizer ‘seja o que Deus quiser’ para o futuro. ‘Amanhã vou na escola. Não sei se irei. É apenas um pensamento que me veio, mas não sei se conseguirei realizar essa ação’. Esta é a forma de pensar de quem vive uma vida cristã, mas quem não vive dá ao pensamento pensado o caráter decisivo. A partir disso, o ir à escola amanhã pensado transforma-se numa certeza.

Quem disse que porque este pensamento veio com certeza a ação será realizada? O ser humano pensa que porque decidiu ir à escola chegará lá. Ele pode até sair de casa para fazer o que imaginou, mas quantas coisas podem acontecer no caminho que levem este ser a não chegar ao seu destino? Acontecendo isso, culpará alguém, outro ou a si mesmo, reclamará de alguma coisa, perderá sua paz e felicidade. Com a vivência dessas coisas, deixou de amar

É isso que Paulo está nos ensinando. Ele está dizendo: se preocupe com a vida espiritual. Se ocupe em estar atento ao hoje para poder descobrir o que receberá no amanhã, para que quando ele chegue, você possa amar a Deus acima de Todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Ao contrário, tragam tudo isso para a luz. Pois é vergonhoso até falar sobre o que eles fazem em segredo. E, quando tudo é trazido diante da luz, então se descobre a sua verdadeira natureza. Porque o que é claramente revelado se torna luz. (Capítulo 5 – versículo 11 a 13)

Reparem neste ensinamento de Paulo: tudo que é falado nesta vida precisa ser exposto a luz, a Deus. Tudo que o ser humano pensar deve ser exposto a Deus.

‘Acho que aquela pessoa quer fazer mal a mim’. Exponha este pensamento a Deus. Como é que você acha que Deus responderia a isso? Tenho a certeza que Ele lhe dirá: ‘se você merecer, acontecerá, mas se não, jamais Eu permitirei que isso aconteça. Só que lembre-se que se não amá-lo, ou seja, se persistir na acusação, estará gerando o merecimento de receber’.

É isso que é expor os seus pensamentos a Deus, é confiar Nele: ‘você acha que eu deixarei alguém gratuitamente lhe ferir? Claro que não. Apenas se você merecer eu deixarei que isso aconteça para que possa aprender a amar incondicionalmente’.

Participante: de qualquer maneira, Ele deixa o mal nos acontecer.

Não, neste caso não é mal, mas é bem, pois lhe dá uma oportunidade de evolução.

Viu como as coisas mudaram? E, porque mudaram? Porque expusemos o que compreendemos, o que é pensado, a Deus.

Portanto, precisamos expor aquilo que é pensado a Deus para que possamos clarear nossas ideias. ‘Eu gostaria de ter uma casa. O que você acha disso, Deus? Minha filha, se tiver que ter, certamente Eu lhe darei. Por isso, não se preocupe com essas coisas’.

É isso que Paulo está nos ensinando. É uma técnica fabulosa de vivência dos acontecimentos da vida para que se atinja uma vida cristã. Essa técnica consiste-se em expor tudo o que é pensado a Deus, ou seja, em tentar refletir sobre as coisas deste mundo a partir da ótica de Deus. Tente imaginar como o Pai lhe responderia àquele pensamento ao invés de ficar preso à sua própria razão.

Estou falando no Deus verdadeiro, aquele que é Justiça Perfeita, que é Amor Sublime, que possui a Onipotência, Onipresença e Onisciência e não aquele que vocês imaginam: um ser que existe apenas para satisfazer os seus desejos. Estou falando do Deus da oração, o Pai Nosso, e não aquele que existe apenas para lhe dar aquilo que você se quer.

Tenho certeza que se fizer esta exposição você ouvirá o que Ele tem para lhe dizer.

Participante: expor as ideias a Deus é conscientemente ou inconscientemente?

Conscientemente. É agir no momento em que o pensamento lhe vem colocando a questão que foi levantada sob a ótica de Deus.

Vou dar um exemplo para ficar mais claro o que estou dizendo. Digamos que esteja em dúvida de alguma coisa e acha que o que está pensando é a saída para a indecisão. Pergunte a Deus se é a mesmo: ‘o Senhor acha que essa é a saída’? Melhor: digamos que tenha formado um conceito sobre algo. Pergunte a Ele o que acha sobre o conceito que possui.

É isso que deve fazer, mas conscientemente e não inconsciente. Como você pode fazer alguma coisa inconscientemente se não tem consciência do que faz?

Participante: acho que depois que começamos a fazer isso nos acostumamos com este questionamento constante e acabamos agindo assim automaticamente.

Tudo que o ser humano é feito se transforma em hábito. Apenas tome cuidado, pois o hábito pode tornar-se vício.

Sim, se você praticar este trabalho pode se tornar num hábito e aí as coisas ficam mais fáceis. Só tome cuidado para quando o hábito se estabelecer não se acusar quando não fizer. Isso porque neste caso tornou-se vício, dependência, e fazer o que nos consideramos obrigados a fazer é egoísmo e não amor.

Como já disse outras vezes, este ainda não é um mundo de regeneração. Portanto, a mudança ainda não deverá ser total. Por isso haverá momentos onde conseguirá a prática enquanto que em outros não conseguirá. Quando isso acontecer, não se acuse, não sofra.

É por isso que se diz: “Você que está dormindo, acorde! Levante-se da morte e Cristo o iluminará”.

Portanto, vejam bem como vivem. Não vivam como ignorantes, mas como sábios. Aproveitem bem o tempo porque os dias em que vivemos são maus. Não ajam como pessoas sem juízos, mas procurem entender o que o Senhor quer que vocês façam. (Capítulo 5 – versículos 14 a 17)

Paulo está nos dizendo que no tempo dele, o mundo era mau. Hoje vocês dizem que são os tempos de agora que são maus. O que isso quer dizer? Que o mundo sempre foi e sempre será mau, para os humanos.

Digo isso porque o mundo não está aqui para satisfazer a humanidade que o ser vivencia, mas para servir a eles como campo de provas espirituais. Por isso, para aqueles que querem viver esta vida humanamente, o mundo sempre foi e sempre será mau.

O mundo é mal porque está sempre pronto para contrariar o ser humano. Se ele não fizesse isso, não haveriam as provações dos espíritos.

Não se embriaguem, pois a bebida os levará à desgraça. (Capítulo 5 – versículo 18)

Quero falar disso ...

A bebida foi criada por quem? Por Deus. Por isso ela não pode ser má. Apesar disso, o ser humanizado não deve se embriagar. Porque isso?

O que acontece quando um ser humanizado se embriaga com bebida? Ele perde o controle sobre si.

Participante: como isso ocorre?

Isso ocorre pela má ligação do espírito com a mente. Não é uma má ligação causada verdadeiramente pela bebida, mas pelo excesso de prazer. Digo isso porque a mesma situação inebriante é vivida por aquele que consegue uma coisa que queria muito.

Mas, voltando ao assunto que estávamos falando, Paulo nos orienta que não devemos nos embriagar. Só que antes ele disse que tudo provém de Deus e que tudo que vem do Pai é perfeito. Portanto, não pode estar falando mal da bebida em si. A que ele se refere então? Ao embriagar-se, ao perder o controle sobre si mesmo.

Eu diria que você não é você quando está bêbado. Não bêbado de bebida alcoólica, mas embebedado pelo prazer, pela satisfação do seu desejo.

Portanto, o problema é perder o controle sobre si mesmo e não beber. Digo isso porque se estiver embriagado pelo desejo humano, você não consegue viver uma vida cristã.

Sei que vocês dizem que o prazer de conseguir o que se quer não tem problema algum, mas se enganam. O prazer é o resultado da cobiça. Só quem quer ter alguma coisa sente prazer ao conquista-la.

Por isso, vocês precisam compreender que a mente humana, que é egoísta por natureza, está sempre ávida por beber o prazer, por se embriagar com o prazer mundano. Ele está sempre pronto para inventar histórias que justifiquem o ingerir prazer. Ele diz que é justo que você tenha, que é certo que consiga, que você merece, mas isso são razões como as que têm aqueles que mesmo sabendo que são viciados em bebida vivem razões para isso.

A mente cria a ideia de que alguém está reagindo as suas palavras de determinada forma. Diz que ela está fazendo isso para lhe atacar. Faz tudo isso para que você ache que deve reagir aquela situação. Com isso, mesmo que você não veja, ele está bebendo o prazer de ter sobreposto a sua razão a do outro.

Tudo isso não é seu, mas da sua mente. Ele age dessa forma para que você compactue com as próximas ações dela (criticar, falar mal de um para outro, etc.) e com isso ele poder se alimentar de prazer, da satisfação.

É isso que quero que compreendam para poderem entender a ação do ego junto a vocês. O que não veem é que ela lhes enrola. Por não perceberem a forma dele agir, ficam presos as ilusões e imaginam que não há problema algum em querer, sem desejar e conseguir.

Sempre que ele precisar de mais prazer, estará lhe jogando ideias formadas em critérios de justiça e merecimento para que você se deixe levar por isso e beba todo o prazer que puder ser conseguido. Com isso não vê que está se afastando de Deus, que está deixando de viver uma vida cristã.

Sei que só se preocupam com a embriaguez oriunda da ingestão da bebida alcoólica. Por isso não veem o problema desta outra embriaguez. É a esta embriaguez que Paulo está se referindo.

Participante: através de qual chacra absorvemos este prazer?

Através de todos. Só que no meio da testa existe um que possui dupla função. Por isso diria que o prazer é ingerido em maior quantidade por este.

Como disse, este chacra possui dupla função. Quando você escolhe uma emoção para vivenciar alguma coisa, a joga para o universo através deste chacra. Quando isso acontece, a mesma onda eletromagnética que leva a emoção captura outra igual. Isso quer dizer que se você sentir raiva de alguém, emitirá esta emoção pelo meio da testa, mas ao mesmo tempo captura mais raiva para si.

Participante: o beber na hora da refeição soma o prazer de comer com o de beber e pode não nos levar a embriaguez. Isso é um prazer saciado ou não?

Todo prazer é saciado, pois a saciedade é ter o prazer. Agora, com relação a este assunto precisamos nos atentar em algumas coisas.

Será que comer e beber significa necessariamente ter prazer? Acho que não. Se fosse assim, teria que orientá-los a não comer e com isso vocês morreriam de fome. Por isso é preciso comer e beber. Só que tem gente que ao fazer isso se entregar ao prazer, enquanto que outros conseguem viver o mesmo momento sem esta emoção.

Estou falando daqueles que saboreiam a comida, que ligam a comida a vontade de comer. Eu diria que são os que vivem para comer. Só que existem alguns que comem para viver. Estes não têm prazer.

Quem vive para comer é aquele que escolhe o que ingerir. Estou falando daqueles que escolhem alimento quer pelo seu sabor como pela sua qualidade. Estou falando daqueles que se preocupam em comer o que gostam ou que lhes faz bem. Estes comem ou bebem com prazer. Já aqueles que comem para viver são os que se alimentam do que está sob a mesa, sem escolher se é atende ao seu paladar ou se lhes faz bem para a saúde. Os primeiros não veem, mas estão se embriagando com o prazer.

Portanto, o prazer não está no alimentar-se ou no beber, mas busca de saciar o seu paladar ou a sua segurança alimentar.

Antes de continuarmos nossa conversa, gostaria de voltar a questão do ego. Tenham a certeza de que tudo o que pensam, tudo, é a sua mente lhe forçando a escolher uma emoção entre prazer ou dor para que ele se alimente.

O espírito humanizado não pensa, não raciocina. Todo raciocínio é dado por Deus através da mente do personagem humano. Sendo assim, tudo que o pensamento espelha é uma ação do ego que tem por finalidade lhe levar a optar pelo prazer ou pela dor e não uma verdade, uma realidade.

‘Se isso é verdade, devemos, então, agir contra o pensamento’, você me perguntaria. Também não é assim. Se fizesse isso, primeiro teria que agir com o pensamento, que é exclusivo do ego e mesmo que conseguisse essa ação, ainda assim nada teria feito, pois estaria apenas trocando de verdade, mas ainda continuaria preso a coisas que lhe embriaga, que lhe leva a viver o prazer ou a dor.

O que estou falando é que vocês não devem se prender ao que é pensado. Vamos supor, por exemplo que sua mente lhe diga que determinada pessoa não presta. Ao invés de se prender a esta verdade ou querer muda-la, acreditar que ela presta, não se prenda ao que é pensado. Diga apenas para si mesmo: ‘não sei se ela presta ou não’.

Acreditando que ela não presta, goza o prazer e a dor e com isso o ego se alimenta mais de egoísmo. Se diz que ela presta, novamente está se alimentando apenas das emoções humanas e com isso mais uma vez deu de comer para a mente. Por isso é que o caminho do meio é não se prender ao que é pensado.

Aliás, podemos fazer mais. Podemos, como já foi comentado aqui, mostrar o nosso pensamento a Deus. Para isso, exponha a Deus a ideia de que você acha que tal pessoa não presta. Qual será a resposta Dele a isso? ‘Ela é minha filha, você acha que Eu posso ter um filho que não preste’?

Ao contrário, encham-se do Espírito de Deus. Animem uns aos outros com salmos, hinos e canções sagradas. Cantem hinos e salmos ao Senhor, com gratidão nos seus corações. Agradeçam sempre a Deus, o Pai, todas as coisas, em nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Sejam obedientes uns aos outros, pelo respeito que têm a Cristo. (Capítulo 5 – versículo 18 a 21)

Sejam obedientes um aos outros pelo respeito que têm a Cristo.

Participante: qual o sentido da palavra obediente?

O que é uma pessoa obediente? Aquela que obedece. Portanto, Paulo está nos dizendo que devemos obedecer aos outros.

Participante: o senhor está falando de doar a razão e servir ao próximo?

Sim, mas deixe-me explicar o que Paulo está falando porque é bem diferente do que vocês estão imaginando.

Digamos que vocês me digam que querem que eu faça determinada coisa. Posso neste momento lhe servir e dizer que farei ou posso nesse momento lhe dizer: ‘quem é você para mandar em mim? Quem você acha que é para poder me dizer o que devo fazer’? Posso, ainda, lhe dizer que não vou fazer porcaria nenhuma do que está falando porque eu sei o que deve ser feito. Posso, também, lhe dizer que não farei porque não quero.

Não importa o que diga para justificar, se lhe disser que não farei o que me pede estarei sendo desobediente. Só quando digo que atenderei o seu pedido estarei sendo obediente.

Agora, será que dizer que farei o que você me pede é garantia de que conseguirei realmente realizar o seu desejo: Não. Porque? Porque só acontecerá o que Deus quiser que aconteça. Sendo assim, quando lhe disser que farei tenho que ter a certeza de que isso não gera um comprometimento.

O que Paulo está ensinando é que devemos respeitar o direito dos outros ao invés de querer retrucar. Devemos aceitar o que os outros nos pedem sem querer impor nossa vontade a ele, mas, ao mesmo tempo, devemos nos libertar da ideia de que porque assentimos com o que foi dito estamos obrigados a fazer.

O ser que respeita os outro não possui nem mentalmente nem emocionalmente a certeza de que fará o que foi pedido. A única coisa que ele faz é não se contrapor a quem lhe pede alguma coisa.

Participante: isso é doar a razão?

Sim.

Ficou claro isso? É neste ponto que o apóstolo afirma que sejamos obedientes aos outros, pelo menos em respeito a Cristo.

O espírito que governa o planeta veio, juntou-se a Jesus e transmitiu o caminho para o amor universal, o plano secreto de Deus, a vida vivida sem prazeres materiais, sem vontades, sem desejos. É em respeito a este trabalho que os cristãos deveriam tentar pelo menos amar o próximo. Só que você que é cristão, quando não quer aceitar a opinião dos outros não respeita esta missão.

Ele veio, fez a ligação, perdeu o seu tempo trazendo os ensinamentos para os seres humanizados e você, que se diz seguidor dele, não liga para o que foi ensinado. Isso mostra o quanto está afastado dele.

Dizer-se cristão e não colocar em prática o que o mestre ensinou é falta de respeito ao próprio Cristo. Viver a vida apenas buscando a sua própria satisfação e orando aos céus para que os momentos de sofrimento não cheguem é falta de respeito a Cristo, Buda, Krishna, Espírito da Verdade e a todos os milhares de espíritos que operam junto ao orbe terrestre no sentido de ajudar os encarnados a aproximarem-se de Deus.

Participante: interessante o senhor falar isso. No sábado por exemplo teve um churrasco na minha casa e as pessoas comeram, beberam e colocaram músicas comuns. O que o senhor está dizendo é que eu deveria parar tudo e colocar apenas cânticos?

O que é música?

Participante: são ondas sonoras.

Isso. Agora, qual o problema de uma onda sonora de um tipo e de outro? Qual a diferença de uma onda sonora de samba para uma onda sonora de hino a Deus? Nenhuma. Tudo é onda sonora. A partir disso, pergunto: qual o problema de se cantar samba? Nenhum.

Participante: depende do que é falado no samba.

Não, isso também não é problema.

O que é uma palavra? Também é uma onda sonora. Se isso é verdade, qual o problema, então? Cantar samba estando com uma atitude de cantar hino.

Essa é a diferença. Eu já disse que o mundo é interno e não externo, e vocês ainda continuam querendo mudar o lado de fora.

O problema não é ouvir samba, mas usá-lo para ter prazer individual. O problema é usar o samba para ganhar alguma coisa. O problema é usá-lo para se satisfazer. Tendo esta postura interna pode inclusive ouvir hinos que de nada adianta.

Você pode estar dentro de uma roda de samba com Deus no coração e na mente. O problema é que não conseguem estar nem numa igreja com Ele no coração.

Portanto, vá ao seu churrasco, mas vá com Deus no coração. Firme-se na sua intenção de aproveitar a vida para alcançar a elevação espiritual e vá ao seu churrasco. Fazendo isso, pode ter certeza que não terá problema algum.

O problema é que simplesmente ao saber que haverá um churrasco onde terá comida e bebida, vocês se concentram na busca do prazer e nem se preparam para estar lá de uma forma espiritual. Estão preocupados em comprar a carne, comprar a bebida, escolher a música, mas não se ocupam com a preparação espiritual para poder estar presente num ambiente desse.

Essa é a última coisa que passam na cabeça de vocês neste momento: fazer um preparo espiritual para estar presente em locais de busca do prazer humano. Não buscam equilibrar-se para poder se expor às energias que emanarão naquele momento. A cabeça não está nem aí para isso, só pensa nas coisas materiais. Só pensam se o carvão vai dar, se a carne é suficiente, se há bebida à vontade.

A música, a bebida e a comida por si só não constituem problemas. Tudo vem de Deus, é Ele, por isso nada é proibido, feio ou imoral. Não existe ritmo ou letra de música imperfeita para um cristão. Sendo assim, nada contra ouvir qualquer música, desde que se esteja atento à emoção com a qual se ouve a música.