Vida cristã - Estudo da carta aos Efésios

O amor de Cristo

Por essa razão, eu me ajoelho diante do Pai, de quem todas as famílias no céu e na terra recebem o seu verdadeiro nome. (Capítulo 3 – versículos 14 e 15)

De quem você recebe o verdadeiro nome? De Deus. O que será que Paulo está querendo dizer com isso?

Participante: que não somos o nome que recebemos nesta encarnação. Está querendo dizer que eu não sou Maria nem ele José.

O nome não é esse. Isso é o seu prenome.

Participante: acho que ele está querendo dizer que somos todos filhos de um único Pai.

Sim, ele está querendo dizer que todos pertencemos a um mesmo ramo familiar, a uma mesma família. Está afirmando que no universo todos possuem um único sobrenome, pois todos somos da mesma família.

Apesar disso, vocês querem cultuar as suas famílias humanas. Querem defender a honra familiar contra aqueles que neste mundo possuem outros sobrenomes. Não veem, mas com isso estão criando núcleos familiares distintos do único ramos familiar que existe.

Não importa qual o seu sobrenome, o último nome de cada um é Deus. Só existe uma única família no universo: a família divina.

É isso que Paulo está nos ensinando. Quando ele fala que todas as famílias possuem o mesmo sobrenome, ou seja, todas as famílias individuais do planeta pertencem a família universal de Deus, está nos dizendo que devemos abandonar esta ideia e nos integrarmos ao nosso verdadeiro clã.

Portanto, você querer separar a sua família humana da universal é uma desonra para você.

E peço a Deus que, da riqueza da sua glória, dê a vocês o poder por meio do seu Espírito, para que sejam fortes no íntimo de vocês mesmos. Peço também que, por meio da fé, Cristo viva nos seus corações. E oro para que vocês com raízes e alicerces profundos no amor, compreendam bem, junto com todo o povo de Deus, o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade. (Capítulo 3 – versículos 16 a 18)

Vejam que beleza esta afirmação de Paulo: vocês são incapazes de conhecer bem o amor de Cristo. Por isso pede a Deus que lhes instrua sobre este amor.

Para vocês, o amor de Cristo é servidão. Imaginam que apenas porque o mestre lhes ama deve lhes servir atendendo a tudo que desejam. Só que o apóstolo diz antes: ‘peço também que, por meio da fé, Cristo viva nos seus corações’.

Quando Paulo nos falou isso quis dizer que os seres só compreenderão o amor de Cristo quando tiverem a fé, quando tiverem confiança e entrega absoluta a Deus. Enquanto isso não existir, é impossível se compreender o amor de Cristo.

Digo isso porque o amor de Cristo não é aquele que objetiva lhe satisfazer, mas é o real, o puro, o sublime. É aquele que não se preocupa em satisfazer as vontades do outro, mas sim em auxiliar a todos na sua evolução espiritual, no processo de universalização, em aproximar cada um de Deus.

Para entender isso, é preciso que haja a fé, ou seja, que o ser mesmo que ainda queira algo, não se entregue ao querer individual. Melhor era não querer, mas se ainda há vontade, o ser não deve se entregar a ele. Só assim, ele pode compreender o amor de Cristo.

Quem tiver a fé verá no assaltante que entra na sua casa, no seio da sua família humana, o amor de Cristo. Compreenderá que ele não é um intruso que está atacando a sua família, mas alguém que pertence ao mesmo ramo familiar que você e que por isso também é dono daquilo que ele pegou para si.

Verá no ataque à sua individualidade, na injustiça, o amor de Cristo. Isso porque compreenderá que não há ataques, mas uma nova oportunidade de aproximar-se de Deus, de elevar-se espiritualmente.

Sim, peço que vocês venham a conhecer o seu amor, ainda que ele não possa ser completamente conhecido, para que assim o próprio Deus encha o nosso ser. (Capítulo 3 – versículo 19)

Paulo fala que precisamos conhecer realmente o amor de Cristo, mas logo depois nos alerta: apesar de buscar esta compreensão, o ser não irá compreender completamente este amor.

O que Paulo está nos falando é que o ser encarnado jamais conhecerá na profundidade os seus carmas. Jamais compreenderá, por exemplo, o amor de Cristo que manda o bandido entrar na sua casa. Ele diz isso porque o ser humanizado quer saber para poder amar.

Sendo assim, ele irá querer saber porque mereceu que aquilo acontecesse, o que fez antes para agora ter que viver esta situação. Essas resposta, nesta vida, ele jamais terá. Por isso, não conseguirá, enquanto encarnado, conhecer em profundidade o amor de Cristo.

É isso que Paulo está nos ensinando. Ele espera que o ser humanizado compreenda o amor de Cristo, mesmo sabendo que jamais terá a compreensão plena. Com isso ele está nos alertando que devemos nos sentir amado mesmo sem conhecer o porquê das coisas, o para que, o como, quando ou o que fiz. Simplesmente se sinta amado por Cristo e Deus sem compreender a motivação que levou o amor a se expressar daquela forma.

Sei que muitos imaginam que são capazes de descobrir a lógica que levou a vivenciar determinadas coisas. Por exemplo: algumas pessoas imaginam que perderam a mão nesta vida porque em outra tirou o braço de alguém. Só que essa lógica é ilógica, porque é apenas humana e não divina, já que é gerada pela mente.

Lembremo-nos do que Paulo já nos ensinou: Deus não deixa o homem conhece-Lo através da sua lógica Por isso o apóstolo fala que é importante que o ser não compreenda totalmente o amor de Cristo para que Deus lhe encha mais. Se o ser conhecesse a lógica, soubesse o porquê das coisas, seria ela que iria lhe encher e não o amor de Deus.

Além do mais, quando não se tem lógica, o que se tem? A fé, que é o que Paulo diz que é o instrumento para se viver o amor de Cristo.

A lógica humana é a comprovação material, o saber, a cultura. Quando o ser sabe porque as coisas aconteceram, é este saber que lhe dirige a ação é não a fé. Não há exercício da fé quando se usa a lógica. Como Deus dá de acordo com o exercício da fé, como ensinou Cristo – ‘foi sua fé que lhe curou – se o ser soubesse o porquê e para das coisas que acontecem na vida humana, dentro da lógica divina, ele nada poderia receber.

Por isso, a ausência de conhecimento do porquê e para que das coisas é o único instrumento que pode fazer Deus lhe dar tudo o que Ele prometeu.

Participante: engraçado que o senhor já vem nos falando isso há algum tempo, mas nunca esperei encontrar essas coisas na Bíblia.

Vou lhe dizer uma coisa: isso já falamos também no estudo do Evangelho de Tomé. O problema é que como falamos muitas coisas, o que vai sendo dito vai sendo esquecido. Agora, na verdade, nunca falamos nada diferente do que está nos livros sagrados. Não podemos falar coisas diferentes porque a mensagem é uma só.

Você me diz agora que nunca pensou encontrar o que falamos na Bíblia, mas vive esta surpresa porque não sabe que a Bíblia é a base de tudo. O problema não é este livro, mas não saber lê-lo.

Os seres humanizados não sabem ler a Bíblia porque não juntam todos os pedacinhos dela. O que estamos fazendo é esta junção.

As pessoas leem apenas olhando o que está na sua frente naquele momento. Se prendem apenas às palavras que se apresentam naquele momento. Não juntam o que estão lendo agora com as mensagens anteriores que já foram divulgadas.

Na verdade, falta uma coisa para que a humanidade aprenda a ler Bíblia: a busca espiritual. O problema é que a maioria busca neste livro a satisfação humana, o prazer, a satisfação dos seus anseios materiais. Por isso gera uma interpretação nos ensinamentos aqui presentes para poder ter este prazer.

É a ilusão que Krishna fala. É querer através do ensinamento de Deus conseguir a felicidade material.

Portanto, se juntar todos os ensinamentos, se costura-los usando como linha o amor universal, o anseio de aproximar-se do Pai, entenderá de uma forma. Mas, se for buscar nela ciência, cultura ou promessas de benefícios para esta vida, encontrará coisas diferentes.

E agora glória seja dada a Deus, que, por meio do seu poder que age em nós, pode fazer muito mais do que pedimos ou pensamos. Glória a Deus por meio da Igreja e de Cristo Jesus, por todos os tempos e para sempre. Amém! (Capítulo 3 – versículos 20 e 21)

Com as graças de Deus.