Senhor da Yoga - Cap. 3 - Caminho da ação

Versículo 28

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Senhor da yoga - versículo 28
Senhor da yoga - versículo 28

28 - Porém, ó tu de braços poderosos! Sabe que os Sábios discernem corretamente a verdade relacionada à distinção dos gunas e do Karma (ou ação intencional e sua conseqüência). Percebem claramente como os gunas, em seu papel de sentidos (pensantes ¬pensados), se pousam sobre os mesmos gunas, mas agora em seu papel de objeto (pensado, gunas esses que são a falsa dualidade psicofísica sobreposta), e graças a essa reta percepção o Sábio jamais se apega a nada.

O sábio sabe que tudo que tudo que vive como realidade é fruto da sua intenção. Ao ter esta consciência, ao invés de declarar que aquilo é verdade, luta contra a sua formação sacrificando o fruto da sua intencionalidade a Deus. Ele não sacrifica a prática da ação, mas o fruto dela.

Os sábios percebem que as qualidades que aplica as coisas surgem do seu individualismo e por isso busca sempre a intenção universal. Por exemplo. Um banco, conforme a percepção de cada um pode ser sujo, bonito, feio etc. A intenção universal, no caso, é saber que está percebendo um banco; já as qualidades creditadas a ele, desde a forma até sua limpeza e estado de conservação, estão fundamentadas no individualismo de cada um.

Agora, engana-se aquele que pensa que o sábio não tem formações mentais que afirmem que o banco não é limpo. Ele tem, mas sacrifica a qualidade que está na formação mental criada pelo guna a Deus. Ele zela para pensar desta forma: 'ali existe um banco, já a sujeira que estou vendo nele é coisa da minha cabeça, do meu individualismo'.

O que Krishna está dizendo neste trecho é que o sábio sabe quando sua percepção repousa sobre a Realidade Real ou não. Por exemplo: o que é sua esposa? O sábio diria apenas que é um instrumento do seu carma; o aprisionado ao seu individualismo diria que é sua companheira, a qualificaria como bonita ou feia, afirmaria se gosta ou não dela, etc.

Quando há uma desavença entre o casal, o sábio, ao invés de culpar a esposa pelo que fez, zela para pensar desta forma: 'eu acho que ela não deveria ter feito isso, mas se fez, tinha de fazer'. Com isso ele está sacrificando o seu achar a Deus.

Por este sacrifício, o sábio denota o seu zelo pelas coisas espirituais. Já o não sábio critica a esposa. Com esta crítica, ele demonstra o seu zelo pelo individualismo, por sua vontade de estar certo. Para sustentar esta vitória está sempre atento em descobrir erros nos outros para poder criticá-los.

Para se alcançar a verdadeira sabedoria é só estar atento ao pensamento e zelar para vivenciar o universalismo, para viver para o ser.