Revelações da revelação - Livro II

A alma após a morte

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Pergunta 149
Pergunta 150
Pergunta 150a
Pergunta 150b
Pergunta 151
Pergunta 152
Pergunta 153
Pergunta 153a

149. Que sucede à alma no instante da morte? Volta a ser Espírito, este é, volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara momentaneamente.

Como já dissemos, se a alma volta a ser espírito depois da encarnação e também o era antes, ela sempre foi e será o espírito.

Não há diferença entre alma e espírito. Alma seria apenas, vamos dizer assim, um nome para o espírito encarnado: nada mais que isso.

Esta informação é importante porque na presente resposta há uma frase que, se levada ao pé da letra, pode gerar uma má interpretação. Está dito que ‘a alma volta ao mundo dos espíritos’. Isto, se interpretado friamente nos levaria a compreender que o mundo dos espíritos é alguma coisa separada do mundo material.

Acontece que o termo voltar está mal usado nesta questão. Ele não significa sair de um lugar e ir para outro, já que voltar ao mundo dos espíritos é retornar à consciência espiritual.

Participante: Outra coisa estranha nesta resposta é que ela afirma que ele volta a ser espírito. Quer dizer que ele não era quando estava encarnado?

Realmente fica estranho, não? O espírito, enquanto em provações, deixa de ser o princípio inteligente do Universo e depois volta a sê-lo? Não faz sentido, não é mesmo?

Veja. Para Kardec existe uma distinção entre espírito e homem e entre mundo material e espiritual. Mas, isso não é real.

Isso foi deduzido a partir deste ensinamento. Mas, esta dedução não é real: não existe distinção entre os espíritos encarnados ou não e nem entre os mundos. Aliás, esta compreensão já deveria ter sido abolida, pois a literatura pós Kardec (literatura espírita) mostra um mundo invisível que coexiste junto com o material.

Não há um mundo dos espíritos e um material; não há um espírito e uma alma. O que existe na verdade são dois elementos no Universo (o espírito e a matéria) que estão em todos os lugares que você pode imaginar.

Esta é a primeira coisa que queria dizer. A segunda: a matéria é sempre a mesma, pois a coisa material, o objeto da Terra, é formada da coisa espiritual, da matéria espiritual.

Sendo assim, não podemos fazer distinção entre estas coisas, se não vamos ter que jogar tudo o que estudamos deste livro até agora fora.

Participante: Ao comentar deste jeito, o senhor está mudando o sentido do livro. Não seria apenas uma interpretação sua

Na realidade a versão que você conhece não foi criada por Kardec, o autor do livro, mas sim uma interpretação de outrem. Então, o que você conhece também é uma interpretação.

Acontece que interpretar este ensinamento desta forma, altera todas as informações que até agora foram passadas. Por quê? Porque está escrito antes: existe um átomo universal, um elemento que compõe os objetos terrestres e esse elemento é espiritual.

A mesa é composta de elementos espirituais e, por isso, é espiritual e não material. Sendo espiritual ela tem que estar no mundo espiritual e não material. Portanto, o mundo onde a mesa está é espiritual e o mundo onde ela existe apenas como matéria universal também.

Na verdade tudo é uma questão de interpretação que fizeram, mas a interpretação que vocês conhecem (que existem dois mundos distintos) torna-se falha na hora que buscar as informações que até agora foram estudadas neste livro. Ela não encontra respaldo na totalidade dos ensinamentos.

Participante: Então quer dizer que tudo foi criado por um ser espiritual é espiritual? Seria isso?

Não criado: formado. Tudo que é formado pelo elemento espiritual é espiritual.

A menor partícula das matérias conhecidas no planeta Terra é o átomo. Por este motivo, poderíamos dizer que materiais seriam todas as coisas que fossem formadas por átomos. Acontece que o átomo não é um elemento primário: ele é formado por um elemento espiritual, por um elemento que não está em densidade do planeta terra.

Se esse elemento não está na densidade do planeta Terra, não é terrestre. Se não é deste planeta, só pode ser espiritual. Sendo espiritual, só existe um mundo – o espiritual – onde existem matérias formadas por um só elemento, mas em densidades diferentes.

Essa mesa, por exemplo, para você faz parte do mundo material. Ela é uma coisa do mundo material. Mas, se a dividirmos até alcançar a sua menor partícula, teremos que entender que ela é espiritual, que está no mundo espiritual, pois chegaremos a um elemento do mundo espiritual.

Portanto, esta mesa é espiritual e está no mundo espiritual, mas existe numa densidade que vocês chamam de material.

Participante: O que o senhor chama de matéria espiritual?

Aquela que está fora da densidade do mundo material que vocês vivem.

Na verdade, o que foi chamado de mundo material é o lugar onde existe a matéria espiritual numa densidade que vocês conseguem perceber e de mundo espiritual aquele onde a matéria existe em densidades não perceptíveis pelo espírito encarnado.

Participante: Existe o mundo espiritual mais denso?

E o menos denso, mas tudo é mundo espiritual e não material e espiritual: é isso que estou dizendo...

Participante: E porque não chamar esse mundo espiritual mais denso de material? É somente um nome.

Certo, chame como quiser, mas compreenda que não há um mundo separado do outro.

Estou fazendo a distinção entre as coisas porque a densidade do mundo material não lhe confere uma individualidade diferente da do espiritual. Isso é muito importante compreender.

Não há um mundo material distinto do espiritual: eles se entrelaçam, coexistem... É isso que eu estou querendo mostrar.

Foi por isso que disse: a mesa está no mundo material, mas como é feita de elementos espirituais, é espiritual. Ou seja, o mundo espiritual e o material existem entrelaçados e não como elementos distintos. É isso que quero deixar bem claro.

150. A alma, após a morte, conserva a sua individualidade? Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?

O que é uma individualidade?

Participante: É uma consciência.

Uma consciência o que?

Participante: Única.

Exatamente.

Cada espírito no Universo é único. Não existem dois seres iguais. Isso precisa ficar bem claro: não existem dois espíritos iguais.

Agora, pergunto: se os mestres nos ensinam que todos os espíritos são filhos de Deus, criados de uma forma igual, eles não teriam que ser idênticos? E sendo idênticos, não teriam que ser iguais? Como podem, então, serem únicos e diferentes entre si?

Todos os espíritos são idênticos, mas, ao mesmo tempo diferentes. Dá para compreender isso? Acho que não. Como eles podem ser idênticos e diferentes ao mesmo tempo? Vou tentar explicar isso.

Todos os espíritos são idênticos em constituição e cultura, mas diferem um do outro porque existe neles o individualismo. Ou seja, eles são iguais, mas tornam-se diferentes de acordo com o grau de individualismo que vivem.

Por causa disso, posso afirmar que você e Cristo têm o mesmo grau de conhecimento – conhecimento universal, não das coisas da matéria – mas, são diferentes por causa do individualismo que nutrem ao vivenciar os acontecimentos de suas vidas.

O cabedal cultural de todo espírito é igual e por isso não gera diferenças entre os seres. Mas, o usar este conhecimento em benefício próprio (querer ganhar, ter prazer, ser famoso, receber elogios), ou seja, o individualismo com o qual se vive o que se sabe, é que diferencia os seres universais.

Vou dar um exemplo. Você, por favor, volite (voar) agora.

Participante: Eu não sei fazer isso...

Claro que sabe. Você é um espírito e todos os seres sabem fazer isso. Portanto, volite agora.

Participante: Não consigo.

Por quê? Porque você tem um grau de individualismo que o levaria, se Deus deixasse acessar essa informação que está nos seus conhecimentos, a utilizar desse processo para o seu bem individual. Buscando para si, certamente feriria outro.

É isso que eu estou dizendo. Todos os espíritos sabem a mesma coisa, mas não conseguem acessar o conhecimento. Por quê? Porque o acesso ao conhecimento depende do grau de individualismo, ou seja, da vontade de satisfazer.

Participante: Mas, uns possuem mais conhecimento do que outros. Isso é fácil de constatar.

Não é que um saiba mais que outro: uns conseguem acessar mais informação.

Lembre-se: todos são iguais e por isso sabem a mesma coisa. Todos os espíritos passaram pela mesma escola, estudaram nas mesmas salas, tiveram os mesmos professores.

Então veja: todo espírito tem uma individualidade e ela é um reconhecimento de quem é ele. Esta individualidade, ou seja, este acesso à cultura que existe na memória nenhum espírito pega.

150a. Como comprova a alma a sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material? Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.

Participante: Aqui se trata a individualidade como forma física.

Isso porque neste trabalho ainda se estava muito preso ao mundo material.

Por este motivo, nesta questão se fala da individualidade a nível de forma, mas nós já superarmos isso. Estamos buscando a individualidade além da forma.

Mas, por que estamos buscando além da forma física? Porque se nos prendermos à forma física como característica da individualidade, encontraremos muitas contradições. Senão vejamos.

Já foi dito em O Livro dos Espíritos que o ser quando encarna toma um corpo de acordo com o mundo que ele vai viver. Sendo assim, se este ser sair deste planeta e for morar em Marte terá que tomar um corpo do mundo marciano. Para tomar este corpo, como também já vimos, ele teria que alterar o seu perispírito. Ou seja, teria que alterar a sua forma espiritual.

Isso quer dizer que ele, o espírito, mudará sua individualidade? Não. A individualidade espírito continua a mesma indiferente do corpo material ou perispiritual que ele veste.

150b. A alma nada leva consigo deste mundo? Nada, a não ser a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso que ela fez da vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futilidade do que deixa na Terra.

Falemos da seguinte forma: o espírito não leva nada de matéria para o mundo de densidade menor, mas leva consigo apenas as lembranças dos acontecimentos.

Na verdade, nem as lembranças das histórias dos atos ele leva. Como está dito aqui, leva a lembrança rancorosa, amargosa ou a feliz do acontecimento. Leva apenas a lembrança do sentimento que sentiu em cada momento e não da história que aconteceu.

Participante: É como se ao nascer nos esquecemos tudo, e quando morremos esquecemos novamente?

Não, o espírito não chega a se esquecer das coisas do mundo humano quando retorna ao espiritual.

Enquanto estiver preso à identidade criada para a encarnação, o ser se lembrará da história da sua vida. Mas, depois que se liberta daquela identidade, não mais precisa se lembrar da história que marcou a existência dela.

Ele lembra-se do sentimento que sentiu em cada momento, em cada lugar, em cada situação, ou seja, do conjunto de sentimentos com os quais viveu a vida. Isso porque são estes que influenciam a elevação espiritual.

Este ensinamento é muito importante para nos ajudar a despossuir as coisas: nada daqui lhe acompanha na eternidade espiritual.

Você não vai levar essa mesa, mas sim a relação sentimental que tem com ela. Você não vai levar seu filho, mas sim a relação sentimental que tem com ele. Mantendo durante a encarnação uma relação sentimental com ele fundamentada na posse, levará a lembrança de ter possuído, ou seja, sairá dessa vida sentindo posse.

Cristo nos ensinou que devemos despossuir as coisas, mas para aprender a viver desta forma, não temos que aprender a praticar atos com as pessoas ou com as coisas. Devemos aprender a despossuir sentimentalmente.

Despossuir o seu papel de mãe não é apenas não ligar para a hora que seu filho chega em casa, mas viver com ele de uma forma não maternal. Ao invés de vivermos uma relação fundamentada no sentimento maternal, devemos ter com ele – e com todas as coisas – uma relação fundamentada no amor universal. Quando vivermos os relacionamentos desta vida fundamentados no amor universal, ao sairmos da carne só levaremos este sentimento.

 Sendo assim, posso dizer que o que precisamos despossuir não é a coisa em si, mas realizar um trabalho sentimental de mudar qualquer sentimento que se nutra por qualquer objeto ou pessoa para o amor universal. Ou seja, nós temos que deixar de sofrer ou ter prazer nos relacionamentos com os outros. Temos que nos relacionar com felicidade plena com todos e com tudo.

‘Ah, minha televisão quebrou. Ah, o meu carro bateu. Oba, passei no concurso’. Estes são exemplos de relacionamentos da vida onde o sofrer ou ter o prazer existem. Eles são comuns para os seres humanizados, mas aquele que busca a Deus sabe que precisa ir além deles e alcançar a felicidade plena, que não se abate ou orgulha com o que está acontecendo.

Mas, uma coisa precisa ficar bem clara: estou falando individualmente com cada um. O buscador sabe que os outros têm outros sentimentos, mas para não relacionar-se com eles preso à possessão, não quer ensiná-lo. Ele não se preocupa em julgar os outros ou em querer mudá-los, pois sabe que a felicidade universal não é alcançada por aqueles que se dizem mestres ou professores da lei.

Portanto, julgue você e tente se mudar, mas não queira tornar-se um juiz do mundo para poder ao sair da carne levar consigo apenas o amor universal.

151. Que pensar da opinião dos que dizem que após a morte a alma retorna ao todo universal? O conjunto dos Espíritos não forma um todo? Não constitui um mundo completo? Quando estás numa assembleia, és parte integrante dela; mas, não obstante, conservas sempre a tua individualidade.

Alguns dizem que o espírito quando sai da carne volta ao todo universal. Isso é uma verdade, mas tal fato não acarreta uma perda de individualidade. Ou seja, o espírito volta ao todo universal mantendo a sua individualidade.

É o exemplo que o Espírito da Verdade dá: quando uma pessoa está num grupo, é ela mesma, mas vive em função do grupo. Ela passa a ter o mesmo ideal do grupo, abandonando momentaneamente seus próprios ideais. Aprende a conviver com todos fazendo do grupo uma individualidade, sem deixar de ser um.

Isso é importante entendermos, pois o espírito jamais vai perder a sua individualidade. Agora, é preciso que entenda que esta individualidade tem que ser como uma peça de um quebra-cabeça, ou seja, que apenas quando se junta à sua comunidade a sua individualidade passa a ter um sentido, vai continuar individualista, egoísta.

Todos nós somos uma peça de um grupo universal. Sei que hoje não nos vemos assim. Imaginamos que não precisamos nos juntar a nada nem ninguém para ser alguma coisa. Mas, isso não é realidade. Para realmente sermos alguma coisa, precisamos nos unir a tudo que existe, isto é, universalizar-se.

Enquanto estivermos presos à ideia de sermos uma individualidade completa e independente continuaremos sendo individualista, egoísta. Apenas quando nos integramos ao grupo universal, mantendo a individualidade, mas abandonando o individualismo, poderemos realmente descobrir o que somos e o papel que representamos no Universo.

Sendo assim, o trabalho conhecido como reforma íntima que leva à elevação espiritual não se trata de anular a sua individualidade, mas mudar a forma de ação da individualidade. Ou seja, ao invés de viver o que a individualidade vive com o individualismo (viver a partir do eu e para o eu), viver com o universalismo (privilegiar o bem comum).

Devemos, portanto, ser individualidades que trabalham para o todo, ao invés de trabalhar para nós mesmos.

Só que a resposta do Espírito da Verdade nesta questão não foi completa. Ele não respondeu sobre a questão do espírito retornar ao todo. Não fez isso, porque o espírito quando sai da carne não volta ao todo universal. Por quê? Ele já está.

Se o mundo material, como já vimos, não é um separado do espiritual, ou seja, é apenas uma condição de vida especial, mas que não altera a essência do ser (ser espírito), posso dizer que os encarnados já fazem parte do todo universal.

Você já é uma peça do universo, você já faz parte do todo universal. Não precisa sair da carne para se transformar, para integrar-se ao Universo. Você já está integrado ao Todo.

Isso também é importante compreendermos, pois se não ficamos deixando para começar a colocar em prática o universalismo depois do desencarne. Como se só depois fossemos nos unir ao Universo.

Você já está unido ao Universo; já é um elemento deste grupo. Mesmo agora, durante a vida carnal que está vivenciando, você já é um elemento do Universo. Não é preciso morrer para isso.

Por isso é que Cristo disse que o trabalho é em vida e não depois da morte. Ele disse isso quando respondeu a Nicodemos que não se trata de reencarnar, mas de renascer.

Renascer durante a própria vida: esse é o trabalho da reforma íntima.

Isso é importante conhecer, pois tem muita gente que deixa este trabalho para depois que morrer. Agem assim porque acham que só vão se integrar ao todo universal depois que houver a morte carnal. Mas, não sabem que o espírito leva o que conquista durante a encarnação.

Portanto, ao mesmo tempo em que a resposta do Espírito da Verdade é verdadeira, também é uma visão que separa o mundo material do universal o que, segundo outras respostas dele mesmo, não é real.

Participante: Quando isso que o senhor ensinou (sentir-se parte do Todo) será realidade para nós humanos?

Quando houver a integração cósmica do planeta Terra, o que até hoje não aconteceu.

O homem já foi a lua, já mandou foguetes que saíram bem longe do que ele conhece, mas ainda não se integrou ao cosmos. Ele ainda não se considera um elemento do Universo. Acha que o que existe no universo é extra ele. Não é: todos somos farinha do mesmo saco, somos membros do mesmo grupo.

Não existem extra terrestres ou terrestres: o que existe são seres do universo, da comunidade espiritual universal.

Os terráqueos vivem presos em si mesmo, por isso não se consideram integrantes do Todo. Acham que o Universo é, vamos dizer assim, o rabo do planeta Terra, uma continuação deste, algo que precisa seguir o outro.

Acham que o Universo pertence ao planeta Terra e que por isso precisa se adaptar às regras, normas e costumes que existem aqui. Ainda não entenderam que o planeta Terra é apenas um dos elementos do Universo e que por isso precisa pertencer a esta assembleia, ao invés de querer dirigi-la.

152. Que prova podemos ter da individualidade da alma depois da morte? Não tendes essa prova nas comunicações que recebeis? Se não fôsseis cegos, veríeis; se não fôsseis surdos, ouviríeis; pois que muito amiúde uma voz vos fala, reveladora da existência de um ser que está fora de vós.

Ainda a respeito de individualidade, deixe-me dizer uma coisa: não vamos confundir individualidade do espírito com a individualidade de uma encarnação. Estou dizendo isso porque esta resposta pode nos levar a entender que podemos reconhecer o espírito que viveu determinada vida. Vou dar um exemplo do que estou dizendo para ficar mais claro.

Na época que o Irmão X começou a passar mensagens, os seres humanos foram buscar detalhes dos textos deste mentor espiritual quando encarnado, para ver se o que agora era trazido realmente era escrita do mesmo ser humano que tinha desencarnado. Ou seja, quiseram pegar uma identidade ou individualidade espiritual e comprovar suas palavras comparando com as da individualidade de uma encarnação.

Isso é fantasia. O espírito vive diversas encarnações e em cada uma delas, ou seja, em cada identidade, ele cria uma individualidade diferente.

Ontem um espírito pode ter vivido uma individualidade que era homem, que tinha alto grau de cultura, que possuía determinados pensamentos sobre as coisas. Hoje pode viver uma personalidade completamente diferente. Ou seja, as características da individualidade compõem apenas uma identidade para viver uma vida carnal na Terra.

Amanhã, quando este ser voltar (reencarnar), pode vir com uma identidade completamente diferente. Este ser humano possuirá a mesma individualidade (espírito) do outro, mas terá uma individualidade (personalidade) completamente diferente.

Então veja: quando se fala que o espírito tem uma individualidade fora da carne, não se pode querer comprovar esta existência através da individualidade com o qual ele viveu determinada encarnação.

Outro exemplo? O meu.

Eu não sou preto, não sou velho, não sou Joaquim e nem falo deste jeito. Querer encontrar-me buscando uma individualidade que tenha sido escravo em determinado lugar, é pura perda de tempo.

Aliás, querer buscar um espírito por características conhecidas de uma das suas encarnações ou apresentações por vidência, é besteira. O espírito pode assumir diversas características que nada tenham a ver com suas encarnações na hora que quiser.

Desculpem, falei algo errado: na hora que quiser não; na hora que for necessário.

Eu já vi, por exemplo, espíritos incorporarem para um trabalho usando o nome de um sambista já morto e os médiuns pedirem para ele cantar um samba para comprovar que era ele mesmo.

153. Em que sentido se deve entender a vida eterna? A vida do Espírito é que é eterna; a do corpo é transitória e passageira. Quando o corpo morre, a alma retoma a vida eterna.

A vida do espírito é eterna: esta informação é antiga e acredito que é tratada por vocês como certa, não?

A partir disso, pergunto: quanto tempo dura a eternidade?

Participante: Sempre, o tempo inteiro...

Mas, se levarmos em consideração a ideia de que a individualidade do espírito se altera quando ele encarna, teríamos que dizer que esta resposta está errada.

Sim, a resposta estaria errada, pois se a vida do espírito acaba para começar a vida do ser humano e recomeça quando esta acaba, ela não é eterna, não dura para sempre, o tempo inteiro.

Só que o que está sendo dito pelo Espírito da Verdade nesta resposta é completamente diferente disso. Ele diz: a vida do espírito é eterna.

O que isso deve nos levar a entender? Que a vida na carne faz parte da vida do espírito. Por isso volto a afirmar: não existe alma, como concebida por algumas correntes filosóficas.

Não existe o fim da vida espiritual e o início de uma vida diferente (material). O que existe é a mesma existência eterna sendo vivenciada dentro e fora da carne.

Sendo assim, tudo que se aplica ao espírito no mundo que você chama de espiritual, se aplica a você no mundo carnal. Portanto, não existe a separação que você quer que exista.

‘Minha hora de trabalho material é sagrada e o meu afazer profissional não tem nada a ver com os meus momentos de espiritualização’. Este é o pensamento de quem separa o mundo em dois. Mas, quem faz isso quebra a vida do espírito em diversos fragmentos: neste momento sou homem, aqui sou espírito, agora volto a ser homem.

A vida do espírito é uma só, eternamente. Por isso deve se viver todos os acontecimentos da existência na carne ou fora dela como espírito, preocupados com as coisas espirituais.

153a. Não seria mais exato chamar vida eterna à dos Espíritos puros, dos que, tendo atingido a perfeição, não estão sujeitos a sofrer mais prova alguma? Essa é antes a felicidade eterna. Mas, isto constitui uma questão de palavras. Chamai as coisas como quiserdes, contanto que vos entendais.

Fale o que quiser, divida como dividir, mas compreenda: não há duas vidas. Existe uma única vida que é vivenciada o tempo inteiro pelo espírito.